Causos e Contos da Força Expedicionária Brasileira – II
O Amuleto!
Um pracinha do 1º RI, foi escalado para tirar o serviço de sentinela na linha de frente. Quando entrou em forma, o sargento responsável pelo serviço, percebeu que o soldado estava com um sapato feminino pendurado a seu cinto de campanha. Ele chega bem próximo do ouvido do soldado, e começa a falar:
– Que merda é essa no seu cinto soldado? Tá mudando o uniforme de campanha? Ficou louco? – O sargento fala sem alvoroço.
O soldado, meio assustado com a reação do sargento, conta o motivo do objeto feminino estranho a uma soldado na guerra.
– Sargento, esse não é o meu primeiro serviço na linha, e esse sapato é da minha mulher, e me salvou a vida – falando já suspirando.
O sargento com cara de surpresa, arregala os olhos.
– Salvou sua vida? Como? – pergunta o sargento.
– É que quando eu sai do Brasil, não houve tempo de me despedir da minha mulher, já que ninguém sabia quando era o embarque, e sempre vinha aqueles cansativos treinamentos de embarque e desembarque, até que entramos no navio e chegamos aqui. Só que como eu moro próximo da Estação do trem que passamos para o porto, consegui ver minha mulher no caminho e ela me viu. Claro, a gente só se viu a distância, então ela pegou esse sapato e jogou e mim, gritando para que eu levasse o sapato comigo o tempo todo, para lembra dela. E eu sempre fiz isso. No meu último serviço na linha, eu estava guardando uma estrada, protegido por sacos de areia em cima de um pequeno morro. A noite, peguei o sapato para matar um pouquinho a saudade. Só que o sapato escorregou da minha mão e caiu no sopé do morro, fiquei com medo de ir buscá-lo, mas resolvi descer, não podia perder a única lembrança da minha mulher, e se eu voltar para o Brasil sem isso, vai dar merda pro meu lado. Assim que desci, e peguei o sapato, explodiu um granada de artilharia no meu posto, tudo foi pelos ares! Se não fosse o sapato eu não estaria aqui hoje, tinha explodido no meu posto. Portanto, o senhor pode me prender, mas esse sapato vai ficar exatamente onde está! – Fala decididamente
O sargento não pergunta mais nada, bate no ombro do soldado e leva o grupamento para o serviço na linha.
O brasileiro amigo da artilharia inimiga
O Sargento Rigoberto contou que certa vez, que a sua companhia estava sofrendo uma barragem de artilharia e todos estavam abrigados. Quando ouvia um dos pracinhas gritando cada vez que um projétil de artilharia passava por suas cabeças.
“Alta demais…baixa a Alça!” – quando o projétil passava muito alto.
E quando o projétil explodia à frente da Companhia ele reclamava com o inimigo.
– “Foi muito…aumenta a merda da Alça!!”
A cada tiro, o brasileiro tentava guiar a artilharia alemã. Até que o capitão, comandante da Companhia, resolveu tomar uma decisão:
– Tirar esse desgraçado da linha, antes que algum alemão que fale português entenda o que ele está falando. – E o soldado foi retirado da linha
O soldado corajoso para guerra, mas com alguns medos.
Certa vez, uma patrulha do 6º RI , comandado por um sargento, estava atuando próxima a uma pequena vila, quase abandonada. Quando resolveram descansar em uma casa mais afastada de dois andares. Eles resolveram ficar no segundo andar para poder observar o território. O sargento deu ordens para um soldado ficar de sentinela, enquanto o resto do grupamento descansava. A sentinela ficou próxima a uma janela, observando o movimento. Só que a casa tinha um caminho a sua retaguarda, e uma porta que dava acesso direto ao interior da casa. Quando o sargento percebeu, a casa estava com praticamente um pelotão de alemães alojados. Ficar ali, no segundo andar, era perigoso demais, qualquer barulho, chamaria a atenção do pelotão. Então o sargento observou um poste próximo a uma das grandes janelas da casa, e ordenou que os homens pulassem da janela para o poste, e descessem. Já no chão, poderiam se afastar e pedir apoio da nossa artilharia que não estava longe, tudo isso tinha que ser feito sem chamar a atenção do inimigo. Então, todos começaram a pular, um por um, até que ficou apenas o sargento com o soldado Inácio. Soldado considerado um dos mais combativos do regimento, voluntário para patrulhas. O sargento, mandou o Inácio pular, e o bravo soldado ficou estático e só balançava a cabeça – O que foi Inácio? Desce logo essa merda! – xinga o sargento.
– Não posso sargento, tenho medo de altura! – fala o corajoso guerreiro
– Como assim medo de altura? Você tá na merda, tá vendo o inimigo lá embaixo não? Pula logo, antes que empurre você pela janela!
Inácio, se prepara, chega até a janela e volta com lágrimas nos olhos!
– Sargento, consigo não! Tô quase me mijando de medo dessa altura! – fala já com lágrimas no olhos.
– Inácio, se tu num pular de vez, eu vou pular e deixar você resolver com os tedescos lá de baixo – ameaça o sargento
Outra tentativa, desta vez Inácio quase escorrega, e se agarra com o sargento, e chora! Já desesperado, os outros soldados gesticulavam para o sargento. Então ele olha pra baixo:
– O que é? – Pergunta o desesperado sargento
Um soldado que conhece o Inácio desde os tempos de escola, diz que Inácio tem mais medo de injeção do que de altura. Então é a solução! O enfermeiro que estava acompanhando a patrulha, jogou o seu estojo e dentro o sargento tirou uma injeção de penicilina, e já falando para o Inácio:
– O seguinte soldado, você vai pular dessa janela agora, se você voltar aplico essa merda em você – Aponta a seringa para o pobre soldado
Inácio, respira fundo, corre e se joga no poste. A técnica era se jogar com o pé batendo no poste de forma que pudesse cair girando no poste, afim de minimizar o impacto da queda, mas o guerreiro se jogou de pernas abertas! E o poste maltratou profundamente suas partes mais sensíveis, praticamente ficou estatalado, abraçado com o poste alguns segundos, até cair completamente no chão.
E todos ficaram felizes em ver o pobre Inácio gemendo no chão! Mesmo com todas as dificuldades a patrulha se afasta e aciona a artilharia brasileira, passando as coordenadas da casa com os inimigos.
- Fig. 1 – Soldado Francisco de Paula
- Integrantes do 9º BE
- Patrulha da FEB na região entre Montese e Fanano antes do ataque final
- Fig. 2 – Guarnição de artilharia da FEB. O soldado Francisco de Paula aparece ao fundo, o terceiro da esquerda para a direita, de frente para a foto, já ocupando a posição padrão do C3 – Sd carregador da peça
- Desfile da Vitória
- Patrulha Brasileira – Ao Fundo a Cidade de Montese
- Militares brasileiros fazem varredura em Montese após combate
- Patrulha do Tenente Iporan sob fogo inimigo
- 2º Pelotão à frente da 8ª do 11º RI deixando Montese após vitória contra os alemães
- Montese – Igreja e Torre detruídas após bombardeio de 1945
- Vista parcial de Montese após ataque
- Montese destruída pela fogo alemão e aliado
Sempre acompanho o Site Vida no front, mas com grata surpresa descobri outro site
super interressante, estão de parabens.
nossa muitooooo legal essas historias, a do sapato eu ja conhecia agora a do inacio foi a melhor, mas nao esperava menos do que mais uma postagem perfeita no melhor site, blog seja o que for, da segunda guerra mundial que eu ja vi!