Arquivo
O Papa Pio XII e o Regime Nazista!
Engraçado como a História se repete de forma quase subliminar. O mundo inteiro acompanhou a eleição do Cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, agora Papa Francisco (particularmente uma excelente escolha). Logo que iniciou o seu papado, o Bispo de Roma passou a receber criticas sobre sua conivência em relação ao regime militar que governou a Argentina de 1966 até 1983. Como líder da congregação jesuíta, o então padre Bergoglio não fez oposição à repressão militar que se acentuava naquele período.
Essa não é a primeira vez na história que um Papa é criticado por sua atuação perante um regime totalitário. Claro, em aspectos e circunstâncias diferentes, mas que no final das contas, objetivam analisar a posição de um dos símbolos de referência moral do cristianismo, o Papa.
Pio XII foi nomeado para seu pontificado em abril de 1939. O então secretário do Vaticano, o Cardeal Pacelli, nome do futuro Papa Pio XII, era um diplomata e negociador. Durante o período da guerra e após o conflito foi duramente criticado por sua postura em relação ao Nacional Socialismo, quando passou a ser taxado de o “Papa de Hitler”. Pacelli não é acusado apenas de omissão, mas de se envolver diretamente com os objetivos alemães na Europa, já que ele declarava que o comunismo ateísta era inimigo da igreja, portanto o nazismo Alemão, que inicialmente era inimigo declarado das terras de Stálin, surgiu possível aliada da Santa Sé. Uma dessas acusações feitas contra o Papa fora a deportação de judeus para campos de concentração na Eslováquia, que era governado por um Padre Católico. Em 1943 judeus italianos foram também deportados na “janela do papa”, sem que este proferisse qualquer defesa, mesmo com o incentivo do embaixador alemão. Essas são apenas algumas de tantas outras acusações que foram feitas ao Papa Pio XII, por alguns pesquisadores, entre eles o católico John Cornwell.
Mas é necessário critério na composição de uma visão distorcida do Papa Pio XII. Nenhum registro consolidar a existência de qualquer apoio do Bispo de Roma com Hitler, pelo contrário, sempre houve oposição velada ao regime. Por que velada? As declarações do Papa tinham um grande peso e, por isso, podiam surgir represarias contra católicos nos territórios ocupados. Chegou um momento da guerra que o próprio Pio XII se tornou refém de Hitler. Trava-se de um Chefe de Estado sem um Exército, como a máxima do ateu Stálin: “O Papa? Quantas Divisões ele comanda?”.
O mundo passava por uma crise de valores e tudo era relativo, inclusive a fé! Neste período o que realmente importava era o poder bélico. Portanto, por mais atributos morais que revestem a figura de um Papa, nada é válido perante o poder e ganância das conquistas das nações.
Assim como o Papa Francisco, Pio XXI deve ser julgado com parcimônia e através de uma justa análise histórica, sem qualquer predisposição em uma possível condenação.
O que há de PODRE no cristianismo brasileiro.
O cristianismo brasileiro é um panteão que nos arremeta para as divindades grego-romanas, a diferença, claro, se concentra na quantidade de deidades. Muito embora, Jesus, para os cristãos tupiniquins possui tantas faces que supera em muito qualquer deus das antigas religiões do mediterrâneo. A visão distorcida do cristianismo contemporâneo no Brasil idealizou visões teológicas distorcidas, transformando a religião em um conglomerado mercadológico da fé que beira a insensatez. É Jesus pra todos os gostos, Jesus para Rico, Pobre e Endividado, Jesus para Homem, Mulher, Menino e Papagaio…O importante é dedicar! Dedicar tempo, fé, esperança. E tudo isso será medido segundo o tamanho da sua oferta. Não basta mais o dízimo declarado nos evangelhos, se a igreja for pedir apenas 10% de quem quase nada tem, o que adiantará? A fé é medida justamente pelo tamanho da OFERTA, essa sim é merecedora do reino dos conglomerados religiosos, é a oferta onde o pobre, pela fé, vende sua casa, entrega seus bens para colocar aos pés dos pastores de vidas suntuosas e com a única preocupação na vida: “vender seu peixe”.
Falar de cristianismo brasileiro seria envolver inclusive igrejas que não pactuam com as práticas neo-penteconstalistas de angariar recursos, contudo temos observado que os diversos ramos das chamadas correntes evangélicas têm se envolvido direta ou indiretamente em espaço na mídia, seja através de um mercado consumidor voraz, onde os lucros geram estrelas dignas de contratos estratosféricos, seja na política na busca pelo poder, seja apoiando candidatos presidenciáveis, seja se candidatando com apelos de bordões cristãos para conseguir os votos dos “servos-eleitores” de Jesus. Por falar nisso, os cristãos católicos deveriam realizar consultorias aos evangélicos, tendo em vista que a relação poder-igreja católica é milenar, e a mesma possui uma larga experiência no assunto.
Por fim é necessário que possamos ter uma reflexão profunda sobre: a vontade de Deus para o Homem, e a Vontade do Homem para o Homem. Impor desejos meramente interesseiros e capitalistas jamais, em tempo algum, levará qualquer fiel à salvação e a Jesus. Não há intermediário entre o homem e Deus, exceto Cristo. Só através de um Cristianismo Puro e Simples idealizado na obra de C.S. Lewis, que, diga-se de passagem, não era pastor, nem doutor em teologia, mas era um cristão com um coração puro e longe do egoísmo miserável que assola as camadas cristãs da sociedade brasileira.
Não fale de Igreja sem conhecimento de causa. Poupe meus ouvidos!
Impressionante quanto o mercado da fé movimenta em cifras mensais, sem qualquer controle externo. Esses impérios neo-pentecostais formalizam um verdadeiro panteão de deidades humanas que se julgam santas e perfeitas instituições a serviço de Jesus, que diga-se de passagem, não tem nada haver com isso. Tais igrejas – embora, o termo conglomerado empresarial da fé seja mais adequado – prostituem o que há de mais puro no homem comum, a fé; tributando-a de tal maneira que seu tamanho é proporcional a sua doação.
A sublime adoção de uma prática de fé verdadeira e fundamentada nos ensinamentos de Jesus não passar pela “fé” professada pelos conglomerados. Deve-se salientar que existem Igrejas sãs, que à luz da bíblia sagrada evoca os preceitos difundidos por Cristo, em oposição às idealizadas por esses universalinos e seus co-irmãos. Infelizmente a ignorância de muitos torna qualquer igreja que aclame Jesus, como uma única religião: A religião evangélica. Cair nesse erro é tornar podre todas as igrejas cristãs.
É lamentável como percebemos que as pessoas não sabem diferenciar uma igreja histórica de uma igreja pentecostal ou neo-penteconstal. Colocam tudo sobre uma mesma “bandeira”, e isso é um erro.
Para que possamos entender, de forma bem simples é necessário responder a um pergunta simples: Quem poderá tirar o lugar de Edir Macedo da Igreja Universal? Resposta: Ninguém! Pois a igreja pertence a ele! A mesma coisa vale para a maioria das igrejas neo-pentecostais, possuem um DONO! As Igrejas Cristãs Verdadeiras pertencem, claro, a Jesus Cristo.
Entendo uma Igreja Cristã Verdadeira
As igrejas tradicionais históricas possuem uma liderança, e seus membros são co-participantes de toda sua estrutura física, espiritual e legal, todos são provedores e fiscalizadores do bem comum, e nem mesmo o pastor, poderia tomar decisões sem submeter a igreja, que delibera e vota os assuntos de interesse da igreja. Igrejas Históricas Tradicionais são oriundas ou da Reforma Protestante ou dos movimentos resultantes desta, por exemplo, IGREJAS BATISTAS e IGREJAS PREBISTERIANAS, embora que destas denominações saíram o que ficou conhecido de “Movimento Pentecostal”, um grupo de igrejas que possuem doutrinas diferentes, principalmente interpretações bíblicas com relação aos dons de línguas. Mas boa parte tem fundamentação administrativa idêntica as Tradicionais. Esse modelo de Igreja tem sua origem nos primórdios da igreja primitiva, a igreja fundada por Jesus.
Para finalizar, é importante que as pessoas falem quando possuem conhecimento de causa, expressar opinião sem conhecimento de causa pode recorrer a erros grosseiros. É necessário entender que nem todas as igrejas possuem pastores ricos e cheios de dinheiro dos membros, pelo contrário, nas igrejas sérias e dedicadas a Deus, acontece justamente o contrário, a maioria dos pastores trabalham em outras atividades para se manter e, quando não, passam por privações severas. Nem todas as igrejas tradicionais são ricas, pois esse não é o objetivo. Conhecemos igrejas que lutam para manter as contas básicas, como água e luz em dia, simplesmente por entenderem que o mais importante é levar a Palavra de Deus todos os dias!
Vamos estudar e entender qualquer coisa antes de abrir a boca para falar de algo que não conhecemos!
Castelo Forte – Martinho Lutero
Castelo Forte é o Nosso Deus.
Do alemão Ein feste Burg ist unser Gott, um hino muito conhecido entre o povo cristão, composto por Martinho Lutero em 1529. O texto é baseado no Salmo 46, “Deus é o nosso refúgio e fortaleza…”.
Castelo Forte é uma dos principais hino dos protestantes e das religiões cristãs tradicionais e oriundas da Reforma. Considerado o HINO DA BATALHA DA REFORMA PROTESTANTE, devido ao efeito produzido no apoio à causa dos reformistas.
O mais antigo hinário existente, em que este hino aparece, é o de Andrew Rauscher (1531), mas é provável que ele figurasse no hinário de Wittenberg, de Joseph Klug, de 1529, do qual não existe cópia. Seu título era Der xxxxvi. Psalm. Deus noster refugium et virtus. Antes disso é provável que tenha figurado no Hinário de Wittenberg, de Hans Weiss de 1528, também extraviado. Esta evidência reforça a idéia de que fora escrito entre 1527 e 1529, já que os hinos de Lutero eram impressos imediatamente após serem escritos. A tradição diz que o Rei Gustavus Adolphus da Suécia fez executar esse hino, enquanto suas tropas marchavam para a Guerra dos Trinta Anos. O Salmo já tinha sido traduzido para a língua sueca, em 1536. Muitos séculos depois, a canção se tornaria o hino nacional do antigo movimento socialista sueco. Existem várias versões portuguesas desse hino; vide ligações externas abaixo. Talvez ironicamente, dado ao seu pedigree de Reformador, é atualmente um hino sugerido nas missas católicas, figurando na segunda edição de “O Livro Católico do Louvor”, publicado pela Conferência Canadense dos Bispos Católicos.
Em Alemão (original)
1. Ein’ feste Burg ist unser Gott, Ein’ gute Wehr und Waffen; Er hilft uns frei aus aller Not, Die uns jetzt hat betroffen. Der alt’ böse Feind, Mit Ernst er’s jetzt meint, Groß’ Macht und viel List Sein’ grausam’ Rüstung ist, Auf Erd’ ist nicht seins Gleichen. |
3. Und wenn die Welt voll Teufel wär’ Und wollt’ uns gar verschlingen, So fürchten wir uns nicht so sehr, Es soll uns doch gelingen. Der Fürst dieser Welt, Wie sau’r er sich stellt, Tut er uns doch nicht, Das macht, er ist gericht’t, Ein Wörtlein kann ihn fällen. |
2. Mit unsrer Macht ist nichts getan, |
4. Das Wort sie sollen lassen stahn |
Traduções
J. Eduardo Von Hafe (em Português)
1. Castelo forte é nosso Deus. Espada e bom escudo; Com seu poder defende os seus Em todo transe agudo. Com fúria pertinaz Persegue Satanás, Com artimanhas tais E astúcias tão cruéis, Que iguais não há na terra. |
3. Se nos quisessem devorar Demônios não contados, Não nos podiam assustar, Nem somos derrotados. O grande acusador Dos servos do Senhor Já condenado está; Vencido cairá Por uma só palavra. |
2. A nossa força nada faz, |
4. Sim, que a palavra ficará, |
A MÚSICA ORIGINAL EM GERMÂNICO:
Considerando que é uma canção belíssima e secular se torna gratificante a História envolta dessa obra de arte musical.
PS. PARA O MEU AMIGO, PROFESSOR, FILOSOFO E ESTUDANTE DE ALEMÃO…”POUCA FÉ”.
A Bíblia é um MITO
O título assusta a muitas pessoas que acreditam na bíblia como a Palavra de Deus. Claro que podemos analisar sistematicamente as origens históricas e espirituais da bíblia, passando uma eternidade discutindo e não chegaríamos a um consenso sobre a autoridade dos relatos descritos na bíblia, por isso essa retórica é sempre um fantasma presente quando analisamos evidências da fé humana.
Segundo o pensamento grego, MITO é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (origem dos astros, da Terra, do homem, das plantas, dos animais, do fogo, da água, do vento, do bem e do mal, etc.). A palavra mito vem do grego, mythos, e deriva de dois verbos: do verbo mytheyo (contar, narrar, falar alguma coisa para outros) e do verbo mytheo (conversar, contar, anunciar, nomear, designar).
Para os gregos, mito é um discurso pronunciado ou proferido para ouvintes que recebem como verdadeira a narrativa, porque confiam naquele que narra; é uma narrativa feita em público, baseada, portanto, na autoridade e confiabilidade da pessoa do narrador. E essa autoridade vem do fato de que ele ou testemunhou diretamente o que está narrando ou recebeu a narrativa de quem testemunhou os acontecimentos narrados.
Quem narra o mito? O poeta-rapsodo. Quem é ele? Por que tem autoridade? Acredita-se que o poeta é um escolhido dos deuses, que lhe mostram os acontecimentos passados e permitem que ele veja a origem de todos os seres e de todas as coisas para que possa transmiti-la aos ouvintes. Sua palavra – o mito – é sagrada porque vem de uma revelação divina. O mito é, pois, incontestável e inquestionável.
Segundo essa exposição grega, podemos afirmar categoricamente que a bíblia cristã se enquadra no conceito de mito. Contundo as comparações podem parar por ai. Primeiro que mitologia grega, como mencionado anteriormente, se refere à criação explícita de todas as coisas, com isso, segue abaixo a seguinte narrativa sobre a criação do males que assolam a humanidade:
“Um titã, Prometeu, mais amigo dos homens do que dos deuses, roubou uma centelha de fogo e a trouxe de presente para os humanos. Prometeu foi castigado (amarrado num rochedo para que as aves de rapina, eternamente, devorassem seu fígado) e os homens também. Qual foi o castigo dos homens? Os deuses fizeram uma mulher
encantadora, Pandora, a quem foi entregue uma caixa que conteria coisas maravilhosas, mas nunca deveria ser aberta. Pandora foi enviada aos humanos e, cheia de curiosidade e querendo dar a eles as maravilhas, abriu a caixa. Dela saíram todas as desgraças, doenças, pestes, guerras e, sobretudo, a morte. Explica-se, assim, a origem dos males no mundo.”
Como a ciência explica, a verdade é alterada ao longo dos anos, século e milênios, embora ela possa parecer algo abstrata e completamente interligada as convicções dos seus narradores, existem conceitos e preconceitos que se estabelecem culturalmente e transforma-se em legado cultural que é passada de geração a geração.
Então, a bíblia como um mito enquadrado e conceituado na visão grega, descrita anteriormente, estaria complemente equilibrada no contexto de inverdade repetida ao ponto de se transformar em verdade? Absolutamente. A verdade se sustenta por meio das evoluções filosóficas do homem, colocada na berlinda da racionalidade. Podemos dizer, sem margem de erro que um MITO é verdadeiro até que se prove que ele é um mito – segundo o conceito contemporâneo do termo mito (abstração). A Bíblia passou os últimos dois milênios sendo sistematicamente dessecada e, ainda assim, não há provas sérias que a desqualifique do seu objetivo principal, de Sua Verdade.
Por fim, mitologia é um termo que perdeu seu sentido original e não se enquadra mais na etimologia grega, mas isso não impede de resgatarmos o termo, segundo seu princípio histórico e formalizar a perspectiva bíblica-mitológica.
A inquisição evangélica
A inquisição foi criada inicialmente em 1184 em Languedoc (França), era basicamente um tribunal eclesiástico dedicado inicialmente para monitorar judeus e muçulmanos convertidos em territórios cristãos e também o sincretismo (fusão de doutrinas). A Inquisição foi uma das manchas mais contundentes do cristianismo católico romano ao longo de quase 640 anos de exploração da fé pelo medo. Em 1821 a Inquisição foi extinta em Portugal.
Atualmente desfrutamos em nosso país, e na maioria dos países cristãos, a liberdade religiosa, podemos declarar-nos seguidores dessa ou daquela religião sem a preocupação da morte e julgamento iminente. Contudo, sempre que andamos em lugares públicos não é difícil perceber um evangélico realizando uma “pregação”. Nada demais, pois vivemos em um país cujas características políticas já foram citadas acima, e nós, como cristão, estamos sempre dispostos a inclinar os ouvidos à palavra de conforto no meio da agitação do cotidiano. Infelizmente não é isso que acontece, não basta muito tempo para perceber que o tom da pregação quase sempre é baseado na inteira pregação do “julgamento eterno e do medo pela fé”, evidentemente, guardando as devidas proporções com a Inquisição católica romana, mas o tom de morte eterna é o mesmo, no processo do julgamento medieval tinha-se como desculpa “matar o corpo para salvar a alma”, em muitas pregações em ônibus, praças e ruas Brasil a fora, a alma já não tem mais salvação, exceto pela conversão a igreja “A” ou “B” em detrimento a uma conversão comportamental de valores baseado nas doutrinas e no amor a Jesus Cristo, ou seja, uma conversão cristã bíblica. Ouvir delírios demasiados em forma de palavras desconexas, erros gramaticais bárbaros e radicalismo religioso não são a receita para a propagação do nome de Jesus, pelo contrário, transfere a antipatia muitas vezes irreversível do ponto de vista espiritual de um ouvinte mais atento, e isso é uma forma, mesmo que branda e inocente de “Inquisição”.
A pregação ela tem uma papel importante no cristianismo contemporâneo, e cada cristão tem por obrigação vigorar a propagação do conhecimento sobre Jesus Cristo. Mas lembremos que podemos “pregar” de várias formas, não apenas pelos alto-falantes e microfones, mas também (principalmente) pelos nossos atos, personalidade, bondade, disposição para ajudar e amor ao próximo, ou seja, as características que são inerentes a um verdadeiro cristão. É preocupante ver um cristão aos berros enquanto há outras pessoas, muitas vezes ao seu lado, que precisa simplesmente ser ouvido, de desabafar e receber conforto ou simplesmente de um pão para se alimentar. Muitas vezes somos robustos em falar e esbanjar salvação cristã, enquanto todos os outros estão destinados ao fogo do inferno e, enquanto gritamos em nosso pedestal divino como uma raça ariana escolhida, observamos, com olhar de desprezo, uma seguidor do espiritismo arrecadando ofertas para alimentar quem tem fome, então, coloquemos em check, quem é mais cristão neste momento?
Ressurreição de Jesus, Posso Provar? III Parte – Final
Nos textos anteriores o principal objetivo era responder, de forma mais satisfatória possível, duas perguntas simples: Existe fundamentação histórica para dizer que Jesus de Nazaré viveu no primeiro século? Alguns podem questionar a abordagem, contudo o resultado final da resposta é inegável; SIM, o homem existiu. A segunda pergunta: há alguma dúvida histórica contundente que negue sua prisão e julgamento ou que permitam incoerências históricas que podem anular o relato? Não podemos negar que os detalhes bíblicos dos relatos acerca do Julgamento de Jesus são coerentes como a atuação do judiciário judaico do I século e a condução do processo como um todo.
Portanto, vamos ao principal fato: posso afirmar ou negar que Jesus ressuscitou? Vamos analisar os acontecimentos.
Jesus afirmava ser o Filho de Deus e pregou com essa ênfase aproximadamente três anos. Com sua mensagem, revolucionária para época, atraia multidões pela sua sabedoria, inteligência e, principalmente, demonstrações públicas de virtudes não encontradas em outros “messias” que nasceram e morreram naquele período, e não foram poucos. Não sejamos tolos! Como já citado anteriormente, havia na palestina do primeiro século dezenas de pessoas se declarando o “messias”, “salvador”, isso é um fato canônico e secular (Nos Pergaminhos do Mar Morto lemos sobre um Messias que teria existido antes do primeiro século chamado Menahem, o essênio; Com a destruição do Segundo Templo de Jerusalém em 70 d.C., temos uma pausa na aparição de “messias”. Foi uma época em que os judeus começaram a peregrinação por muitos outros países em busca de um lugar para viver. Ainda no I século, um movimento político-messiânico de grandes proporções teve lugar, com Shimeon Bar Kochba (também Bar Kosiba) como líder. Este líder da revolta contra Roma foi saudado como o Rei-Messias pelo Rabi Aquiva, que se referiu a ele, como: “Uma quarta estrela de Jacob virá e o cetro irá erguer-se fora de Israel, e irá golpear pelos cantos do Reino de Moab,”, e Hag. ii. 21, 22;) , então, o que distingue Jesus desses outros tanto “profetas”?
Temos que compreender que Jesus não era um ignorante ou um inculto, ele não teve formação rabínica, mas foi instruindo dentro de um nível bastante elevado para os padrões de outras regiões do mundo. O sistema judeu de ensino permitia que o jovem aprendesse sobre sua cultura através de estudos dos livros antigos judaicos, e ele mostrou-se em diversos relatos tendo profundo conhecimento em filosofia, leis, tradições judaicas, posição social e econômica de seu povo, portanto Jesus foi um homem instruído, vivendo em uma mundo helenizado. Contudo, nenhum outro “pregador” teve um discurso tão libertador. Enquanto há relatos de “Messias Guerreiros”, sua mensagem era de AMAR AO PRÓXIMO, e o impacto dessa mensagem era de proporções inimagináveis. Estamos nos referindo ao Mundo Antigo, isso quer dizer que a expansão era através das guerras, e só através dela o “status quo” era mantido. As palavras desse homem caíram como uma bomba devastadora em um mundo que até então, era regido pela espada. Não estamos nos limitado a uma visão histórica, mas lógica.
A questão é: Se os indícios sobre Cristo fossem uma mentira deslavada, isso não teria encerrado com sua morte não? É inconcebível entender que uma mensagem de Revolução a partir da crença de uma ressurreição fosse aceita por um grupo e mantida pelos seus inimigos sem qualquer retaliação. Hoje, podemos ter exemplos disso: políticos, artistas, personalidades e tantos outros que ao longo dos anos são pegos por indiscrições e imperfeições que revelam o manto das incorreções humanas. É só sair uma biografia que vemos o quanto as pessoas são tão falhas e incorretas, quanto qualquer outra pessoa perdida no meio da multidão. Sobre Jesus Adam Schaff filósofo marxista polonês e ateu comentou:
“Este Jesus de Nazaré, sem dinheiro nem armas, venceu milhões a mais do que Alexandre, César, Maomé e Napoleão; sem ciência nem erudição formal, derramou mais luz sobre questões humanas e divinas do que todos os filósofos e sábios juntos; sem a eloqüência das escolas, falou tais palavras de vida como nunca se falou antes nem depois e que produziram efeitos que estão além do alcance de um orador ou de um poeta; sem escrever uma únic alinha, fez moverem-se mais penas, e forneceu temas para mais sermões, discursos, discussões, volumes eruditos, obras de arte e hinos de louvor do que todo o exército de grandes homens dos tempos antigos e modernos”. (Ramm, 1953, p. 177)
Acredito que já deve ter ficado claro que a personalidade de Jesus era irrepreensível, e por isso os inimigos declarados do cristianismo desde o nascimento dela como seita podem atacar a religião, mas nunca o seu fundador. Isso é importante para esclarecer um fato curioso ainda sobre a personalidade de Jesus, já que todos os relatos passam a idéia de um homem calmo e sereno, mesmo quando foi sobre ameaça de uma morte brutal. Não podemos negar nem afirmar que os relatos dos evangelhos são uma visão histórica, claro não há como afirmar, já que não existe provas materiais dos acontecimentos, contudo o relato é inquietante pelos detalhes relacionados ao procedimento jurídico, nomes dos lugares, pessoas envolvidas e todas evidências que apontam se não para a confirmação dos acontecimento, mas proíbem uma negação. Por isso, a relação com o que um relato canônico e um relato secular de outras fontes é uma linha tênue que pode ser confiada para a verificação dos fatos ocorridos com a pessoa de Jesus. Vamos analisar do ponto de vista do homem Jesus mais uma vez, vejamos:
Vamos levar em consideração que Jesus era mentiroso, isso mesmo, o maior mentiroso da história, fazendo com que centenas de pessoas acreditassem que ele era um mestre e passaram a segui-lo.
Essa ideia não é nova, contudo é absurda, como já repassamos anteriormente, os próprios inimigos de Jesus ao longo dos séculos exaltavam sua conduta. Uma outra observação é que Jesus cultivou discípulos por anos, ninguém poderia passar tanto tempo sem ter seus desvios de caráter externados em algum momento. E por último, por melhor que fosse a mentira não valeria a pena morrer por ela, correto? Quem morreria? A primeira atitude de qualquer pessoa seria negar ou fugir. Jesus conscientemente permaneceu e aceitou sua condenação;
Ele não era mentiroso e sim louco, achava que era o próprio Filho de Deus encarnado, por isso aceitou completamente sua condenação, pois estava fora de si, um lunático.
Essa também não é uma acusação nova, e inaceitável, pois o comportamento expressado por Jesus vão de encontro a essa opinião. Jesus ficou conhecido em sua região em seu tempo por sua tranquilidade. A respeito escreve o historiador cristão C. S. Lewis:
“Nunca foi superada satisfatoriamente a discrepância entre a profundidade e a sensatez do Seu ensino moral por um lado e, por outro, a enorme megalomania que teria de estar por trás de Seu ensino Teológico a menos que Ele fosse realmente quem se declarou ser.” (Lewis, 1958, p.32)
Jesus foi uma lenda?
- Já conversamos anteriormente sobre isso, mas vamos colocar alguns pontos, a saber: segundo descobertas arqueológicas recentes (Quoram – Mar Morto) é claro que os três evangelhos sinóticos, mais o livro de João, tem sua origem ainda no primeiro século, portanto ratifica a idéia de que eles foram escritos por testemunhas dos acontecimentos ou transcrito por pessoas que estiveram ligados as testemunhas (Não há nenhuma razão para acreditarmos que qualquer um dos evangelhos tenham sido produzidos depois do ano 70. d.C. – Dr. William F. Albright – Um dos maiores autoridades em Arqueologia do mundo moderno).
Então, supomos que é possível que as afirmações sobre Jesus tenham uma boa probabilidade de se apresentarem como fatos históricos; podemos enfim discutir sobre sua ressurreição sob uma perspectiva da investigação histórica.
Levando em consideração que as teorias científicas que podem perscrutar uma grande descoberta são baseadas em cogitações, é assim que os cientistas teóricos trabalham, montando cenários possíveis e impossíveis, projetam situações para chegarem a uma conclusão, se possível, dentro de uma lógica aceitável para corroborar com suas afirmações. A ressurreição não é algo factível cientificamente, claro, embora todas as coisas que o homem não compreende se encaixe no termo “não factível”, exemplo seria “a Teoria das Cordas”, A Física Quântica quanto apresentada por Niels Bohr no início do século XX foi dada como absurda e destemperada pela comunidade científica da época e atualmente faz parte da doutrina de qualquer físico teórico. Então como podemos afirmar ou provar algo que não é compreensível ou esteja dentro do entendimento humano? Assim como os cientistas teóricos pelas evidências, pela lógica para chegar mais próximo de uma verdade! Se chegamos a conclusão que o relato da prisão e julgamento de Jesus é algo aceitável historicamente e a existência do próprio Jesus é uma fato, então podemos dizer que Pedro e outros seguidores, estavam com medo de serem presos, conforme o relato bíblico, mas que pouco tempo depois, se jogaram a um cruzada para levar uma mensagem de que Jesus não morreu, mas estava vivo. Como explicar essa mudança de comportamento dos seguidores de Cristo?
Evidências apontam que algo aconteceu, algo tão radical que mudou a forma deles enxergarem a morte. Algo parecido como viria a acontecer com Paulo de Tarso, ou Saulo, não há dúvidas que possam levantar sobre esse homem, que nasceu de uma linha rabínica farisaica, discípulo de Gamaliel, um dos grande mestres judeus de seu tempo. Paulo surge na narrativa bíblica como perseguidor da recém formada seita sobre um tal de Jesus de Nazaré. Sua convicção é tamanha que ele solicita cartas ao Sinédrio para as sinagogas de outras regiões, dando-lhe poderes para prender qualquer um que pregassem sobre esse tal de Jesus. Sua viagem foi em outra direção (segundo um relato bíblico um encontro com o próprio Jesus) que o faz mudar de comportamento, mudar de postura; o perseguidor passa a ser o perseguido e os próximos 50 anos serão de peregrinação para levar a mensagem de ressurreição de Jesus que agora é chamado de Cristo (O Salvador). Provas? Claro, a própria expansão do cristianismo é a prova cabal e inegável do trabalho efetivo desse homem, considerado por muitos o instrumento maior de promoção da Fé Cristã.
Estudos recentes da Universidade de Princeton apontam para a “causa mortis” de Jesus, segundo o estudo, o relato da lança transpassando sua lateral e a liberação de um fluxo que é identificada como “água” misturada com sangue é algo comum em vítimas de mortes violentas causada pelo colapso dos órgãos vitais, popularmente é conhecida por “morte por agonia”. O relato também informa que o próprio Pilatos, a pedido dos sacerdotes, deu ordens específicas para que soldados pretorianos montassem guarda (indicava que o número de soldados poderia variar de quatro a dezesseis soldados) no local do sepultamento até o final do terceiro dia. Falando especificamente sobre os soldados pretorianos, a elite do exército romano, soldados treinados sob todos os aspectos e agindo sempre sob um rígido código de disciplina tornava-os integrantes de um dos maiores e mais vitoriosos exércitos do mundo antigo. Para um soldado do exército romano, dormir do posto significava a morte certa, portanto, é inconcebível e muito pouco provável pela disciplina imposta a esses homens que eles ficaram desatendo ao ponto de permitir qualquer intruso ou até mesmo um grupo de seguidores retirassem o corpo de Jesus para simular uma ressurreição. Outro ponto a considerar é o túmulo lacrado. Uma invasão deliberada seria totalmente rechaçada quando o boato da ressurreição começasse a percorrer, havendo provas materiais, poderiam ser apresentadas e tudo seria explicado e o cristianismo jamais sairia dos arredores dos vilarejos da Galileia.
O cristianismo não nasceu como uma febre que alienou completamente seus adeptos, muito pelo contrário, ele foi visto com ceticismo por dezenas de anos, levando em consideração que a religião estava mais equacionada para uma seita ligada ao judaísmo e a ênfase da pregação dos primeiros cristãos foi a mesma que é hoje: ressurreição de Jesus Cristo. Se houvessem provas inquestionáveis sobre uma farsa elaborada para criar um culto a um homem morto e enterrado, será que os mesmos homens que condenaram a morte esse profeta não usariam para intimidar seus seguidores? Há relatos claros que expressa a preocupação do corpo eclesiástico judeu para acabar com qualquer suspeita de revolta ou divisão dentro das camadas sociais e religiosas, então como foi possível permitir que os seguidores de Jesus continuassem a pregar não apenas suas palavras mais também que Ele ressuscitou ao terceiro dia? Seria incoerente e ilógico não atentar para os fatos posteriores ao sepultamento de Cristo. Se levarmos as narrativas históricas que afirmam que Jesus apareceu a várias pessoas após sua morte, inclusive a um grupo de mais de 50 pessoas ao mesmo tempo, não seria possível desmentir tal boato; se esse aparecimento não fosse verdade não haveria testemunhas para relatar os acontecimentos? Dizer que as aparições são frutos de uma visão coletiva é tão ou mais absurda quanto negar o Jesus histórico. Espiritualistas também alegam o aparecimento do “espírito” de Jesus. Bem, se isso for realmente um argumento, poderíamos usar o exemplo de Tomé que era completamente descrente e teve um encontro pessoal com Jesus para expressar o seguinte: “Senhor meu, Deus meu!”, logicamente é um encontro que estaria ligado a um contra-argumento as experiências com o “espírito” de Jesus.
Finalmente, podemos argumentar que o resultado final da expansão do cristianismo credencia a lógica da ressurreição, já que com base nessa retórica, a religião passou de um mero movimento liderado por um pobre carpinteiro, de uma pobre e dominada região para nortear todo o rumo da história da humanidade nos últimos dois milênios. Se pararmos para entender as fases do cristianismo veremos que houve uma série de acontecimentos interligados que a simples lógica não resultaria em um resultado convincente para os incrédulos, embora não precise de mais para entender o rumos de seita que se transformou em religião de massa, onde os impérios foram destruídos e outros se levantaram, onde homens morreram e outros reviveram para uma nova vida, perceber isso é mais profundo do qualquer tipo de raciocínio lógico, mas teorizar é possível, por isso mesmo Jesus Cristo de Nazaré é um fenômeno, um paradigma que pode e deve ser entendido como um acontecimento único na história da humanidade. A explicação científica para os fatos que circundam a vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo são mais lógicos do que ilógicos, são um paradoxo que podemos ser explicados à luz dos acontecimentos, embora nossa compreensão esteja intrinsecamente ligada as nossas crenças e a nossa formação moral e religiosa. Negar o que Ele fez é impossível, isso nos levar diretamente a questão fundamental: “Ele estava falando a verdade?”. Se alguém entender que a resposta é SIM, então para essa afirmação podemos acreditar que ele realmente RESSUSCITOU. Se alguém responder negativamente então pode viver como se Ele não existisse. Contudo a meia afirmação é inconcebível, ou Ele é quem disse ser ou Ele não é. Não há meio termo. Não há meia verdade, isso é a convergência entre Jesus e a ciência: ou a afirmação é verdadeira ou é falsa, uma operação booleana que não deixa margem para indagações sem uma afirmação afirmativa ou negativa. Contudo a resposta chega sempre em seu tempo…
…“SE JESUS NÃO RESSUSCITOU COMAMOS E BEBAMOS POIS AMANHÃ MORREREMOS!”
…MAS O TÚMULO ESTÁ VAZIO!”.
Ressurreição de Jesus, Posso Provar? II Parte
Os fatos que iremos discutir: Jesus de Nazaré morreu por volta do ano 32 d.C. por ordens do Procurador Romano Pôncio Pilatos, segue o relato da prisão descrito no Evangelho segundo João:
“Tendo Jesus dito isto, saiu com os seus discípulos para além do ribeiro de Cedrom, onde havia um horto, no qual ele entrou e seus discípulos. E Judas, que o traía, também conhecia aquele lugar, porque Jesus muitas vezes se ajuntava ali com os seus discípulos. Tendo, pois, Judas recebido a coorte e oficiais dos principais sacerdotes e fariseus, veio para ali com lanternas, e archotes e armas. Sabendo, pois, Jesus todas as coisas que sobre ele haviam de vir, adiantou-se, e disse-lhes: A quem buscais? Responderam-lhe: A Jesus Nazareno. Disse-lhes Jesus: Sou eu. E Judas, que o traía, estava com eles. Quando, pois, lhes disse: Sou eu, recuaram, e caíram por terra. Tornou-lhes, pois, a perguntar: A quem buscais? E eles disseram: A Jesus Nazareno. Jesus respondeu: Já vos disse que sou eu; se, pois, me buscais a mim, deixai ir estes; para que se cumprisse a palavra que tinha dito: Dos que me deste nenhum deles perdi. Então Simão Pedro, que tinha espada, desembainhou-a, e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. E o nome do servo era Malco. Mas Jesus disse a Pedro: Põe a tua espada na bainha; não beberei eu o cálice que o Pai me deu? Então a coorte, e o tribuno, e os servos dos judeus prenderam a Jesus e o maniataram. E conduziram-no primeiramente a Anás, por ser sogro de Caifás, que era o sumo sacerdote daquele ano. Ora, Caifás era quem tinha aconselhado aos judeus que convinha que um homem morresse pelo povo.”
Sobre Caifás: A Mixná (Parah 3:5) se refere a ele como Ha-Koph (“O Macaco”), trocadilho com seu nome, por ter se oposto ao Mishnat Ha-Hasidim. (O Talmude Babilônico (Yavamot 15b) dá o seu sobrenome como Kuppai, enquanto o Talmude de Jerusalém (Yevamot 1:6) menciona Nekifi).
Sobre Anás: Citado por Flávio Josefos como o sacerdote o mais influente de sua época (Josefo, “Antiguidades Judaicas” XVIII).
Segundo os relatos acima podemos estabelecer alguns pontos cruciais sobre esse acontecimento. Inicialmente estamos falando de um homem público, claro, guardando as devidas proporções com relação a ser um homem público de uma pequena província romana. Mas o importante nesse caso é que ele aplicou sermões, peregrinou por várias cidades da região, visitou várias vezes o templo de Jerusalém. Então, qual o motivo da prisão furtiva de Jesus? Os relatos bíblicos informam que Jesus foi preso pelos guardas do templo; isso é coerente com a historicidade, tendo em vista que era a única força militar aprovada pelos Romanos, o Sinédrio, era responsável pela segurança dos peregrinos na visitação ao Templo Sagrado de Jerusalém e cabia à Guarda do Templo essa tarefa. Roma respeitava a religiosidade dos povos conquistados dando liberdade de culto e os guardas ministravam a segurança do próprio Sinédrio, de seus membros e atuavam como força policial durante as festividades do calendário judaico. O relato de uma prisão noturna é compreensível e aceitável, já que Jesus era sempre seguindo por dezenas de pessoas, e uma prisão diurna traria mais instabilidade para uma região que estava sob domínio estrangeiro e que combatia uma guerrilha armada de um grupo denominado Zelotes que lutava pela independência da região. Por esses motivos, não deveria haver qualquer apelo público pela prisão de Jesus. Para garantir que a pessoa certa fosse presa, nada mais adequado do que um de seus seguidores o identificar perante os soldados, evitando prender a pessoa errada ou outro seguidor que quisesse proteger seu mestre. O relato de sua prisão, portanto, não há qualquer incompatibilidade com o relato da prisão de Jesus, exceto pelo fato narrado ter ocorrido fora das muralhas do templo. A Guarda do Templo não teria jurisdição para prender qualquer pessoa, fora da área do templo. Isso denota a importância dada ao fato e, principalmente, como os sacerdotes premeditaram de forma meticulosa cada passo para tirar Jesus do caminho.
Então vamos para o relato do primeiro julgamento de Jesus:
“E os que prenderam a Jesus o conduziram à casa do sumo sacerdote Caifás, onde os escribas e os anciãos estavam reunidos. E Pedro o seguiu de longe, até ao pátio do sumo sacerdote e, entrando, assentou-se entre os criados, para ver o fim. Ora, os príncipes dos sacerdotes, e os anciãos, e todo o conselho, buscavam falso testemunho contra Jesus, para poderem dar-lhe a morte; E não o achavam; apesar de se apresentarem muitas testemunhas falsas, não o achavam. Mas, por fim chegaram duas testemunhas falsas, E disseram: Este disse: Eu posso derrubar o templo de Deus, e reedificá-lo em três dias. E, levantando-se o sumo sacerdote, disse-lhe: Não respondes coisa alguma ao que estes depõem contra ti? Jesus, porém, guardava silêncio. E, insistindo o sumo sacerdote, disse-lhe: Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus. Disse-lhe Jesus: Tu o disseste; digo-vos, porém, que vereis em breve o Filho do homem assentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu. Então o sumo sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo: Blasfemou; para que precisamos ainda de testemunhas? Eis que bem ouvistes agora a sua blasfêmia. Que vos parece? E eles, respondendo, disseram: É réu de morte. Então cuspiram-lhe no rosto e lhe davam punhadas, e outros o esbofeteavam, Dizendo: Profetiza-nos, Cristo, quem é o que te bateu?[…]
[…]E, chegando a manhã, todos os príncipes dos sacerdotes, e os anciãos do povo, formavam juntamente conselho contra Jesus, para o matarem; 2 E maniatando-o, o levaram e entregaram ao presidente Pôncio Pilatos.”
Apontaremos para alguns fatos. Dado as circunstâncias dos acontecimentos, alguns críticos ao longo dos anos contestam que o Sinédrio (A Corte Jurídica e eclesiástica dos judeus do I século) não poderia se reunir à noite, tendo em vista que seria proibida a formação de um corpo de sacerdotes para um julgamento noturno.
Vamos observar uma circunstância lógica, Jesus antes de ser preso passa por um episódio relatado nos livros sinóticos como “A purificação do Templo”, onde ele açoita os negociadores do Templo, dizendo “Não está escrito: A minha casa será chamada casa de oração para todas as nações? Vós, porém, a tendes transformado em covil de salteadores.” Baseado neste relato era eminente e imperativo que os sacerdotes fizessem algo tão radical ao ponto de se reunirem, contra suas leis, para aplicar uma punição severa a um agitador que, naquele episódio, poderia transformar uma peregrinação religiosa em derramamento de sangue. O momento político-econômico foram os grandes precursores da prisão e morte de Jesus, que até então, era visto como mais um pregador a ser observado entre tantos outros que existiam naquele momento. Politicamente a região estava a mercê de ataques deliberados dos Zelotes, que utilizavam tática de guerrilhas para impor o separatismo; economicamente Jerusalém era um centro de peregrinação, lucrativo demais para ter sua principal festividade, a Páscoa, onde todo o povo Judeu em todas as partes do mundo conhecido se dirigia para a cidade realizavam suas ofertas. É perfeitamente justificável a proteção de tal evento.
O julgamento de Jesus foi um acontecimento atípico na vida jurídica judaica, por isso, podemos entender os acontecimentos que sucederam e a posterior condenação do réu, por si tratar de um agitador político e religioso que estava atentando contra a ordem pública, e principalmente, contra a sustentação econômica da vida de uma elite estabelecida. Portanto, era essencial que a prisão e o julgamento fossem algo premeditado e preparado para um desfecho brutal para aquele Galileu que ousou defender ideias contra todo um sistema estabelecido.
Após a prisão, dado a gravidade dos fatos, era necessário que o Sinédrio fosse, de forma extraordinária, reunido para o julgamento do agitador, como visto anteriormente. É importante entender que a historicidade do julgamento de Jesus seria facilmente negada pelos opositores históricos dos cristãos, os próprios judeus do I século, por exemplo, contudo não há negação dos acontecimentos relacionados ao julgamento, condenação, pelo contrário, os indícios históricos nos levam a confirmação dos acontecimentos através dos escritos do século I e II.
Segundo o relato do julgamento, observamos, por exemplo, a confirmação da tendência para uma condenação capital, mas qual é a acusação? As acusações são principalmente de natureza teológica, como violação das leis mosaicas e blesfemicas, quando Jesus declara ser “Filho do Altíssimo”, mas isso era motivo de condenação à morte? Como queriam os inquisidores de Jesus? A resposta era NÃO para qualquer das acusações. Novamente sob a óptica da lógica política-social histórica, podemos concluir que os fatos descritos no julgamento de Jesus se encaixam em um contexto histórico em acordo com a narração bíblica. Historicamente a pena capital não era possível ser aplicada pelo Sinédrio, pois tal condenação só poderia ser deliberada pelas autoridades romanas. Novamente, há um sincronismo entre o relato bíblico com as condições histórico-judaica, eis, portanto, o motivo de ter o relato de Jesus a Pôncio Pilatos.
Quando Jesus é apresentado a Pilatos fica claro, segundo o relato bíblico, a hesitação do mesmo na aplicação da pena solicitada pelos sacerdotes, o motivo era simples, durante as festividades de páscoa judaica era extremamente impopular esse tipo de pena dado a brutalidade da morte do condenado, sendo só justificável em caso da culpabilidade do individuo ser explícita, no caso Jesus isso NÃO se aplicava.
Ressurreição de Jesus, Posso Provar? I Parte
A filosofia é a primeira ciência a ser estudada ao ingressar na Academia. Não por acaso, é considerada a mãe de todas as ciências. Ela é, por definição, a constante racionalização do homem como ser pensante, racional. Portanto, por natureza somos racionais. Essa é a verdadeira força de nossa predominância na terra, o resto, os 99% de nosso DNA, nada diferencia-nos de qualquer outro ser vivente. Os homens racionais podem se deliciar sobre sua própria existência, cogitando os produtos da physis e confabulando o incompreensível. Evoluímos na esteira da racionalidade socrática, no avanço das ideias revolucionárias dos grandes pensadores, que por séculos e séculos colocaram à disposição seu intelecto acerca de tudo e de todos, abrindo caminho a auto-suficiência humana, e predominância da ciência.
Embora tenhamos chegado tão longe, nunca deixamos de entender racionalmente o produto de nossa fé. O campo inexplorado da filosofia que ainda constrange centenas de letrados. É possível vislumbrar nossa fé a luz da ciência, também. Será?
Nessa vanguarda ferrenha do conhecimento científico; na busca desenfreada para entender metodologicamente tudo, podemos nós, realizar análises científica de crenças basilares da fé? Levando em consideração que a própria ciência é dinâmica e muda de lado ante novas descobertas; levando em consideração que, existindo provas, ou instrumento argumentativo que aponte uma tese com probabilidade e consistência, a própria ciência outorgará crédito. Nenhuma descoberta é de fato uma verdade, nenhum experimento ou teoria poderá potencializar algo absoluto, imutável, ao ponto de não ser inconteste. Isso vale também para perguntas sobre as crenças humanas. Perguntas no campo filosófico que repercutem em outras ciências. Como surgiu a vida? Quem criou a universo? Ou como o universo foi criado? Deus existe? São perguntas inquietantes que a ciência ou discorda ou se exime da resposta.
Mas será que não podemos aplicar uma metodologia científica como se fosse um objeto de estudo qualquer, nas questões relativo a nossa fé? Tal como um cientista teórico que tem o papel de argumentar algo que ele não consegue ver, mas consegue apontar evidências que para sua tese?
Esse artigo pretende jogar luz racional sobre a crença basilar do Cristianismo: A Ressurreição. Apesar de audacioso, apenas argumentaremos a partir de um lógica argumentativa a partir de pressupostos histórico consagrados. Claro que não queremos explicar o retorno à vida de um corpo declarado morto. Não se trata disso. Queremos evidenciar que a cadeia de acontecimentos que ocorreu corroboram para sustentar a tese que algo ocorreu após a morte do Galileu pelos romanos. Nossa objetivo teorizar de forma racional, o que realmente ocorreu.
O cristianismo é a única religião que professa abertamente que Seu Deus não morreu.
Para entender essa confissão de fé e dar respostas plausíveis à luz da racionalidade humana é necessário enveredar para o lado da descrença, antes de tomar partido. Exatamente isso, para que possamos ter juízo de causa para construir uma opinião sobre o assunto é necessário conhecer a “estória” em sua plenitude sem nos deixarmos levar pelo simples ceticismo, já que podemos racionalizar sobre a vida daquele que se declarou ser O Cristo.
O primeiro passo é conhecer um pouco mais desse Judeu chamado de Deus por seus seguidores; se esse homem realmente falou as coisas que estão registradas nesse conjunto de livros que chamamos de Bíblia; se esses mesmos livros são uma grande farsa ou se o próprio Jesus é apenas uma estória criada por outros homens que se tornou verdade com o passar dos anos. Podemos fabular todas as teorias que caracterizam o pensamento racional, sempre buscando a verdade ou, quando não for possível, chegar o mais próximo dela. Por isso, devemos como pesquisadores e juízes da racionalidade, estarmos prontos a identificar e analisar fatos, quando não for possível a análise dos fatos, devemos reunir evidências sistemáticas que nos levem a um veredicto. Enfim, devemos nos despir de quaisquer preconceitos de cunho religioso ou doutrinário que possa atrapalhar nosso ponto de vista teórico sobre as confirmações científicas.
O primeiro passo para tentar esclarecer e jogar um pouco de discussão é tentar buscar identificar o Homem Jesus, o cidadão que nasceu entre os anos 4 à 6 a.C. Vamos atender. Jesus não nasceu no ano 0, a data do nascimento de Jesus foi erroneamente calculada pelo monge Dionísio, o Pequeno, no século VI durante a elaboração do calendário gregoriano, tal erro só foi admitido pela igreja romana 1.400 anos depois, em 1987 pelo Papa João Paulo II. Contudo a informação não é substancial para o entendimento da vida histórica do homem Jesus.
Antes desse período há evidências que comprovavam que os governantes e homens públicos, citados por fontes bíblicas, estavam realmente no poder no período do nascimento de Jesus, portanto, não há controvérsias históricas sérias de que tais pessoas indicadas como figuras bíblicas não sejam personagens históricos reais. Baseado nisso, desmascarar qualquer tentativa de ludibriar uma pesquisa que remota a um passado de mais de dois mil anos, a pergunta: há evidências contemporâneas sobre a existência de governantes, senadores, procuradores, juízes, reis ou imperadores do período que é citado a existência de qualquer personagem supostamente histórico? Para Jesus, a resposta é SIM! Para todos os homens públicos citados em fontes bíblicas e não bíblicas.
Graças à ascensão do Iluminismo da Europa, eram amplamente divulgadas declarações de que Jesus de Nazaré nunca existiu, essas declarações eram sempre bombásticas e causava alvoroço nas igrejas cristãs, contudo com pouca ou nenhuma base científica. Nenhum cientista ou pesquisador sério sustentou tal teoria, então vamos a mais algumas evidências:
Evidências 01:
“Tácito, romano do primeiro século, que é considerado um dos mais precisos historiadores do mundo antigo, mencionou “cristãos” supersticiosos (“nomeados a partir de Christus”, palavra latina para Cristo), que sofreram nas mãos de Pôncio Pilatos durante o reinado de Tibério. Seutônio, secretário chefe do Imperador Adriano, escreveu que houve um homem chamado Chrestus (ou Cristo) que viveu durante o primeiro século (“Anais” XV,44).”
Evidências 02:
“O Talmude da Babilônia (Sanhedrin 43 a) confirma a crucificação de Jesus na véspera da Páscoa, e as acusações contra Cristo de usar magia e encorajar a apostasia dos judeus.”
Evidências 03:
“Julio Africano cita o historiador Talo em uma discussão sobre as trevas que sucederam a crucificação de Cristo (Escritos Existentes, 18).”
Pesquisas contemporâneas mostram com uma boa exatidão que viveu na região da Galileia um homem chamado Jesus e exerceu liderança religiosa efetiva durante um curto período de tempo, e por esse motivo foi crucificado por ordens do Procurador romano Pôncio Pilatos por volta do ano 32 a. C., tal castigo só poderia ser aplicado por ele tendo em vista a natureza brutal da condenação.
Existem textos não canônicos que se referem a essa crucificação em especial, portanto a formulação de uma ideia racional passa em ter bases argumentativas que impliquem no entendimento do Homem Jesus; Flávio Josefus historiador judeu do século I, fala o seguinte sobre os acontecimentos referente a prisão, condenação e morte de Jesus de Nazaré:
Evidência 04:
“Flávio Josefo é o mais famoso historiador judeu. Em seu Antiguidades Judaicas, se refere a Tiago: “o irmão de Jesus, que era chamado Cristo.” Há um verso polêmico (XVIII,3) que diz: “Agora havia acerca deste tempo Jesus, homem sábio, se é que é lícito chamá-lo homem. Pois ele foi quem operou maravilhas… Ele era o Cristo… Ele surgiu a eles vivo novamente no terceiro dia, como haviam dito os divinos profetas e dez mil outras coisas maravilhosas a seu respeito.” Uma versão diz: “Por esse tempo apareceu Jesus, um homem sábio, que praticou boas obras e cujas virtudes eram reconhecidas. Muitos judeus e pessoas de outras nações tornaram-se seus discípulos. Pilatos o condenou a ser crucificado e morto. Porém, aqueles que se tornaram seus discípulos pregaram sua doutrina. Eles afirmam que Jesus apareceu a eles três dias após a sua crucificação e que está vivo. Talvez ele fosse o Messias previsto pelos maravilhosos prognósticos dos profetas” (Josefo, “Antiguidades Judaicas” XVIII,3,2).”
Algumas informações que circularam nos anais históricos contrários a Jesus Histórico:
“Nos documentos existentes de gregos, hindus e romanos dos Séculos I e II, constata-se que eles jamais ouviram falar de algum Jesus”.
Na verdade essa argumentação e insustentável já que os gregos e romanos no século I e II já tinham igrejas constituídas a amplamente ativa, ao ponto do Imperador Nero em 82 d. C. incendiar Roma e declarar os cristãos como culpados, já que era uma seita proeminente e ativa no império e a igreja grega foi uma das primeiras a ser fundada pelo próprio apóstolo Paulo em suas viagens missionárias. Com relação aos Hindus estamos falando de uma religião amplamente divulgada na Índia, portanto região alcançada pelo cristianismo apenas no século XV com as viagens marítimas.
“Ninguém, entre escritores e historiadores, que teriam vivido na mesma pretensa época que Jesus, falou algo sobre ele ou sobre qualquer aparição pública ou tumulto religioso encabeçado por Jesus.”
Já citados: Flávio Josefo, tácito, o romano, Plínio, Fílon de Alexandria e outros. Todos contemporâneos de Jesus de Nazaré ou no período imediatamente posterior.
“Os documentos que descrevem sobre a atuação de Pôncio Pilatos nada falam sobre alguém que chamado Jesus Cristo […]”
Exatamente, não há registro sobre a crucificação de Jesus por Pôncio Pilatos, na verdade não registros dele sobre absolutamente nada, inclusive até o século XIX as evidências históricas eram textuais de outras fontes, contudo foi encontrado na década de 70 uma pedra que indica a construção de uma edificação durante a administração de Pôncio Pilatos, é uma prova arqueológica da existência do Procurador Romano, citando uma fonte, Eusébio de Cesaréia, em sua História Eclesiástica, afirma que Pilatos caiu em desgraça junto ao imperador e cometeu suicídio por volta do ano 37 d.C..
Portanto, dado as evidências textuais até o momento, e na inconsistência de uma argumentação contrária não é possível precisar fatos da vida de Jesus, mas sua existência, morte e crucificação são fatos históricos declaradamente factíveis.
Agora pensamos como investigadores imparciais que não possuem todas as circunstâncias claras de um acontecimento. Por dever, é necessário levantar as hipóteses e evidências que possam nos conduzir a uma certeza absoluta do que realmente aconteceu ou, caso não seja possível, chegar o mais próximo possível da verdade dos fatos, sendo coerente entre o que é possível e o que não é possível ter acontecido, ou o mais próximo disso. A ciência também trabalha sob essa perspectiva, levantar as cogitações, interpelações, consultar fontes e transparecer qualquer possibilidade para lucidar um ocorrido, claro que tudo isso será declaradamente examinado e a conclusão, como qualquer descoberta científica, poderá ser questionado em qualquer tempo.
Podemos cita um simples exemplo, a morte de Getúlio Vargas, um acontecimento histórico, suicidou-se em 1954 com um tiro no peito, em seu quarto, no Palácio do Catete na cidade do Rio de Janeiro, então capital federal. Esse acontecimento é incontestável pelos olhos da história contemporânea, contudo ele não é conclusivo e poderá, em qualquer momento, baseado em argumentos de evidências factíveis, apresentarem uma nova versão para os acontecimentos ocorridos naquela noite de 24 de agosto de 1954.
Agora vamos indagar o seguinte: Será que poderemos ter uma mentalidade definitiva sobre qualquer acontecimento do passado? Claro que não! Devemos questionar fatos e formar uma opinião pessoal somente, e tão somente, após a análise desses fatos. Uma visão fechada sobre um acontecimento, uma pessoa histórica ou produção literária poderá nos levar a um erro e a uma injustiça sobre um determinado acontecimento e/ou pessoa.
Uma segunda visão: Hamilet, obra prima da dramaturgia atribuída a William Shakespeare, escrita entre 1599 e 1601. Boa parte da obra foi alterada com o passar dos séculos, segundo estudos, cerca de 62% dos escritos de Shakespeare foi objeto de alterações por copistas, e mesmo assim não há um só questionamento sobre o valor da obra, inclusive até a própria autoria da obra é questionada, inclusive há teorias que sustentam que Shakespeare nunca existiu. Absurdo, claro. Fazendo um paralelo direto com textos bíblicos: Os Manuscritos do Mar Morto formam uma coleção de cerca de 930 documentos descobertos entre 1947 e 1956 em 11 cavernas próximo de Qumran, todos datados do I século da era cristã, ou seja, produzidos no período contemporâneo aos apóstolos ou imediatamente após. Foi encontrado uma quantidade significativa de passagens do Livro de João. Estudos mostram que há 96% de compatibilidade literária com a atual versão utilizada do Evangelho de João, utilizado pelo mundo atual. Afinal, o que isso significa? Que temos em nossas mãos um relato real dos mesmos documentos que circulavam no período dos originais que encontramos, alguns do século I e II.
Para chegarmos a discutir a ressurreição do ponto de vista lógico, de forma a estabelecer um parâmetro coerente, foi necessário entender que o Jesus histórico é inegável e que os relatos bíblicos podem ser vistos à luz da historicidade teórica, contudo não estamos discutindo a validade histórica do livros bíblicos, apesar de ser necessário uma breve discussão para compor um cenário real das evidências da ressurreição de Jesus.