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A Alemanha e a Invasão da União Soviética – Entendimento
O processo de invasão da União Soviética estava na mente de Hitler desde a sua formação ideológica total. Era um projeto de poder. E todos sabiam do antagonismo dos regimes alemães e soviéticos. Por isso o pacto de não agressão Molotov-Ribbentrop, assinado à surdina de 23 de agosto de 1939, causou tanta estranheza as nações ocidentais. Todos foram pegos de surpresa com a declaração da assinatura do pacto. O resultado imediato permitiu uma invasão à Polônia coordenada com as forças soviéticas, ao ponto de terem estabelecidos todas as áreas de influências antes mesmo que qualquer tiro fosse disparado. Até hoje os defensores do regime comunista não acreditam que a figura de Stálin se alinhou com Hitler e caminharam juntos com os mesmos objetivos de 1939 a 1949. Argumentam que é uma mentira reconhecida dos capitalistas para denigrir a imagem de Joseph Stálin ou uma maravilhosa estratégia do líder soviético para ganhar tempo e se preparar para uma guerra inevitável. Duas argumentações, diga-se de passagem, falhas e sem cabimento. Primeiro é necessário entender que não há qualquer dúvida que o Pacto delimitava as condições de avanço alemão e previa as condições depois da capitulação polaca. Não há qualquer argumentação histórica séria que vá de encontro às condições a este cenário. Com relação à visão de que Stálin se preparava para uma guerra com a Alemanha, isso é uma argumentação extremamente difícil de ser defendida. A invasão da União Soviética ocorreu com um avanço territorial significativo durante as primeiras semanas de campanha, com pouca ou nenhuma resistência. O próprio Stálin já esperava uma invasão a Rússia, inclusive com um plano de abandonar a capital russa e realizar a transferência das fábricas bélicas para os Montes Urais. Hitler opta por avançar em direção ao Cáucaso, a revelia do pensamento de militares expoentes como Guderian e von Rundstedt que acreditavam na conquista da capital. No sentido geral, não argumentosque possam embasar que se tratava de uma estratégica stalinista, estava mais para uma guerra desesperada pela sobrevivência. E a guerra não foi ganha pelas estratégias russa, quando estavam defendendo seu território, mas pela tenacidade de seus jovens soldados.
Segue galeria da invasão alemã a território russo.
Rússia, 1941. Uma Guerra Sem Louros – Parte XXIII
É pessoal, chegamos ao fim desta série traduzida pelo linguista ARaquenet, publicado inicialmente na WebKits e gentilmente cedido para o BLOG Chico Miranda. Portanto apreciem a última publicação da fidelidade dos fatos no Front Russo.
Uma forte desintegração ética era o resultado das atrocidades as quais causavam um impacto negativo sobre o componente moral do poder de luta no front leste. Ideais, mesmo aqueles voltados para os fins ideológicos do Nacional Socialismo estavam comprometidos. O exército cristão que invadiu a Rússia estava se comportando da mesma maneira que os Cavaleiros Teutônicos do século XIII, retratados no filme Alexander Nevsky do diretor Einsenstein. Este causou uma forte impressão nas platéias dos cinemas de uma nação soviética ameaçada e oprimida. Paradoxalmente, tal comportamento diluía o poder de luta uma vez que a brutalidade apoiada oficialmente pelo Estado promovia o questionamento sobre a natureza fundamental e solidária do ser humano que, por sua vez, levava ao questionamento sobre os motivos. E isto tudo afetava a força de vontade. Ao mesmo tempo, o componente moral do inimigo ficava fortalecido. Tais indignações aumentavam massivamente a resolução em resistir. E o soldado alemão começou a perceber que, com a falta de um sucesso garantido, pela primeira vez nesta guerra sua própria sobrevivência estava em jogo. Ao mesmo tempo, o soldado russo sabia que ele não tinha outro recurso a não ser lutar até o fim. Era um beco sem saída.
O Unteroffizier Harald Dommerotsky, servindo em uma unidade da Luftwaffe perto de Toropez, era uma testemunha das “execuções quase que diárias de partisans por enforcamento pelos serviços de segurança da SS.” Enormes multidões – predominante russas – se juntavam. Ele comentou: “Pode ser uma característica humana esta predileção de sempre estar presente quando um de nós é apagado.” Ele continua ao afirmar que não fazia diferença “se fosse inimigo ou algum deles.” Enforcamentos públicos em Zhitmonir na maioria das vezes acabavam em aplausos quando os caminhões aceleravam e deixavam as vítimas pateticamente penduradas no meio da praça central. Uma testemunha descreveu como mulheres ucranianas, com roupas típicas, seguravam suas crianças acima das cabeças para que pudessem ver enquanto que espectadores da Wehrmacht berravam ‘devagar, devagar!” de modo que pudessem tirar as melhores fotos.
Em Toropez uma enorme forca foi construída. Caminhões se aproximavam, cada um com quatro partisans em pé na parte de trás. Os laços eram colocados em volta dos seus pescoços e os caminhões arrancavam. Dommerotsky se lembra de uma ocasião em que apenas três dos quatro corpos ficaram balançando na ponta das cordas. Uma vítima estava esparramado no chão devido à corda arrebentada. “Isso não faz diferença” comentou um sargento da Luftwaffe enquanto que a vítima foi recolocada no caminhão e empurrada de novo. A mesma coisa aconteceu. Insistentes, seus carrascos repetiram o processo macabro e mesmo assim a vítima caiu no chão, ainda viva.
“Meu amigo, ao meu lado, comentou: ‘É julgamento de Deus’. Eu também não conseguia entender e apenas respondi: ‘Agora eles provavelmente vão deixá-lo ir’.”
Eles não deixaram. Na quarta vez o caminhão acelerou e a corda se manteve esticada em volta do pescoço da vítima. Ele mexia as pernas enquanto que a fumaça do escapamento se dispersava. “Não houve nenhuma lamentação nem lamúria” lembrou-se Dommerotsky. “Estava um silêncio sinistro.”
Essa que era a Kein Blumenkrieg – uma guerra sem louros (O que o autor expressa aqui é o fato de que nos primeiros conflitos da Segunda Guerra Mundial, as vitórias alemãs – Polônia e França – eram comemoradas com o desfile da tropa vitoriosa com o consequente arremessar de flores e louros pela multidão simbolizando as conquistas – N. do T.).
F I M
Rússia, 1941. Uma Guerra Sem Louros – Parte XXII
Desumanizar o inimigo fornecia algo como um salvo-conduto emocional. Se o inimigo não era gente e sim Untermenschen (sub-humano), então o que acontecia com eles não tinha tanta importância. Soldados à deriva em um mar de violência dentro de um ambiente letal apenas respondiam aos comandantes de suas unidades, aos responsáveis que se encontravam por perto e a mais ninguém. Talvez seja pouco realista exigir que tropas de combate façam escolhas morais. Diante de dilemas humanos impossíveis, é bem mais fácil obedecer ordens. Aqueles incapazes de reconhecer que havia uma escolha eram ideologicamente e frequentemente absolvidos de forma oficial da sua responsabilidade.
O doutro Paul Linke, um oficial e médico da infantaria, sempre acreditou que executar os comissários russos era boato de caserna até que o comandante do batalhão ordenou que um amigo próximo, tenente Otto Fuchs, executasse um. Fuchs, um advogado na vida civil, teve o seu protesto gaguejante interrompido pelo seu oficial superior. Este disse: “Tenente Fuchs, eu não quero ouvir mais nenhuma palavra. Saia e cumpra a ordem!” O médico, com um pensamento rápido, ofereceu-se para acompanhar o seu infeliz amigo na sua sombria obrigação e prontamente o levou ao corpo de um soldado russo que havia previamente descoberto em uma vala próxima. O comissário russo foi incentivado a trocar o uniforme e enterrar o corpo agora com o uniforme de comissário. Depois foi solto para que pudesse voltar às linhas russas. Dois tiros de pistola contra o chão disfarçaram a encenação. Linke “esperava que tinha ficado bem claro para o comissário que ambos seríamos executados se o truque viesse a ser descoberto.” O russo, agradecido, sumiu na noite. O jovem médico, “percebia que valia a pena manter sua honra como oficial – nós não executamos prisioneiros indefesos” disse ele. Fuchs teve de se apresentar ao comandante do batalhão e confirmar que a ordem de execução tinha sido executada. Este admitiu: “Me desculpe Fuchs. Eu também não queria fazê-lo. Em uma análise final, eu deleguei a responsabilidade desta ordem para você.” A integridade em comum era, em última instância, uma questão de escolha pessoal. Alguns soldados na verdade tinham apreço pela violência mas, para a maioria, o principal fator que os unia era a solidariedade do grupo no qual eles viviam. Sobrevivência dependia do companheiro. Certo ou errado não era a questão. Na realidade, havia variações dentro do “errado”.
O tenente Peter Bamm, outro oficial médico do Grupo de Exército Sul, observou que os massacres de judeus depois da tomada da cidade de Nikolaev não eram aprovados pelos soldados da linha de frente. Estes achavam que suas vitórias “ganhas após uma batalha cruel e prolongada” estavam sendo usadas pelos “outros” – a SS e a SD. “Mas não era uma indignação que vinha do coração.” Depois de sete anos de domínio pela SS e pela SD, a corrupção moral “já tinha feito muito progresso, mesmo entre aqueles que a teriam negado veementemente.” Tais protestos poderiam ser silenciados através de ações contra as famílias que estavam na Alemanha como foi o caso de um Oberst na sua divisão. As atrocidades russas também tiveram um impacto sobre a perpetuação de sua integridade moral. Os soldados faziam qualquer coisa necessária para sobreviver. “Não havia uma indignação feroz” admitiu o tenente Bamm. “O vírus já estava inoculado há muito tempo.” Neste momento, não havia como voltar. Caso o inimigo conseguisse alcançar o Reich, o ajuste de contas deveria ser feito diretamente com o diabo.
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Rússia, 1941. Uma Guerra Sem Louros – Parte XXI
“Quando nós invadimos a União Soviética nós éramos vistos inicialmente como libertadores e éramos recebidos com pão e sal. Fazendeiros repartiam conosco o pouco que tinham” declarou Hans Hewarth von Bittenfeld, um sub-oficial de infantaria. Tudo isso mudou com o ciclo auto-perpetuado e vicioso composto de atrocidades e ataques de vingança. E os povoados ficavam indefesos no meio. “O desastre aconteceu quando os nazistas conseguiram jogar de volta para os braços de Stalin aqueles que desejavam cooperar conosco” continua von Bittenfeld. A sua opinião é de que “nós perdemos devido ao fato de lidarmos mal com a população soviética.” Os ‘Hiwis’ russos que trabalhavam para a Wehrmacht não eram necessariamente forçados a fazê-lo. Ele explica que “a ideia originou a partir dos soldados e não do oficialato.”
As atrocidades eram uma realidade da vida da qual não havia escapatória. O tenente F. Wilhem Christians também contou que foi ”recebido com grande entusiasmo” na Ucrânia. “Mas logo atrás dos panzers vinham as tropas de segurança da SD” o que era “uma experiência muito cruel e triste.” Christian lembra que em Tarnopol “os judeus foram reunidos com a ajuda, eu devo dizer, dos ucranianos os quais sabiam onde as vitimas viviam. Quando eu reportei isto para o meu general, sua reação foi de tornar terminantemente proibida a participação de qualquer membro de sua divisão em tais atos.”
Havia uma miríade de fatores que fazia com que o soldado alemão participasse ou ignorasse esses excessos. Eles estavam isolados em uma terra estranha, assolados por inúmeros fatores e tinham que, é claro, representar a violência disciplinada que se esperava de um soldado durante uma guerra. Muitos deles nunca antes tinham saído da Alemanha ou mesmo dos distritos onde nasceram. Eles estavam então sujeitos a formarem uma insanidade em grupo. Uma guerra corrompe, independente de qual seja a crença política e um alto nível de cultura não necessariamente é uma garantia da perpetuação dos valores civilizados. O oficial da SS, Peter Neumann da 5ª Divisão ‘Wiking’ lembra como um amigo, de forma fria, executou um grupo de civis russos da ITU (essa era a Administração Central para Treinamento Corretivo – Isspraviteino Turdovnoie Upalvelnnie – responsável pelo envio de pessoas as campos de concentração russos). Ele atirou neles com o seu fuzil Mauser. Neumann observou que:
“Esses tipos não eram de forma alguma santos e provavelmente não hesitariam em enviar um pobre diabo, culpado de um crime menor, para as minas na Sibéria. Mas mesmo assim por um momento eu fiquei paralisado devido ao incrível sangue frio do Karl. A sua mão nem mesmo tremia. Será que era possível que esse era o mesmo rapaz que uma vez eu vi, de calção, jogando bola na areia dos quebra-mares de Aussen-Alster em Hamburgo?”
A maioria dos soldados diria que apenas aqueles que estiveram lá realmente entenderiam tal dilema. Estes mesmos homens poderiam ser também rotulados de “pessoas legais” por seus contemporâneos. O Batalhão Policial 101, responsável por excessos cruéis, era composto por “homens comuns” e sem muito brilho. Depois que um soldado matava pela primeira vez, a próxima vez se tornava proporcionalmente mais fácil. Em cada setor da sociedade existem os tipos criminosos que formam parte do inexplicável lado sombrio que compõe o ser humano. E os soldados não são uma exceção. Na realidade, a violência aceita no campo de batalha apresenta as oportunidades para aqueles emocionalmente suscetíveis a atos destrutivos e malignos. O Obergefreiter da artilharia Heinz Flohr viu mães serem obrigadas a testemunhar a execução dos próprios filhos em Belaja-Zerkow no verão de 1941. Ele contou, visivelmente emocionado: “Eu tive de me perguntar se eram mesmo seres humanos que estavam cometendo tais atos?” Estupros nem sempre eram ideologicamente repulsivos. O Gefreiter Herbert Bütnner impediu que um Feldwebel do corpo médico molestasse uma menina russa, mas mais tarde o mesmo Feldwebel humilhou um grupo de judeus ao cortar metade de suas barbas e cabelos durante um despejo feito à força.
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Traduzido Por A.Reguenet
Rússia, 1941. Uma Guerra Sem Louros – Parte XX
Parte 20
Peter Petersen se lembra de um velho colega de escola, um Untersturmführer da SS que estava de licença do front. Ele tinha recebido “uma repreensão severa” por parte dos seus superiores devido à sua resistência em executar prisioneiros. Petersen chamou a atenção para o fato dele ter mudado desde os antigos tempos de escola:
“Foi dito a ele que aquela não era uma guerra para crianças (A tradução correta seria Guerra de Jardim de Infância – Kindergaten Krieg – embora a expressão “guerra para crianças” seja mais adequada – N. do T.). Ele seria enviado para assumir o comando de um pelotão de fuzilamento onde ele teria que executar partisans, desertores alemães e sabe-se lá o que mais. Ele me disse que não tinha coragem em desobedecer tal ordem já que, se o fizesse, seria executado.”
Um sentimento de incerteza reinava atrás das linhas do front. Soldados se sentiam cercados e isolados. O Korück 582 – uma unidade de segurança operando atrás das linhas do front do 9º Exército – era responsável por 1.500 vilas em uma área de mais de 27.000 km quadrados. Ele tinha apenas 1.700 soldados sob o seu comando para executar tal tarefa. Nenhum apoio era oferecido pelo 9º Exército o qual, no início da campanha, tinha uma carência de 15.000 homens. As atividades dos partisans abrangiam 45% da área operacional. Tais unidades de segurança eram, na sua maioria, comandadas por oficiais incompetentes e idosos que tinham entre 40 e 50 anos comparados com os oficiais das linhas de frente que tinham em média 30 anos. Os comandantes dos batalhões do Korück 582 tinham praticamente 60 anos e seus soldados receberam pouco treinamento. Os sentimentos de vulnerabilidade e de um perigo constante eram freqüentes nestas zonas as quais, paradoxalmente, poderiam ser tão ativas e perigosas quanto as linhas de frente.
Walter Neustifter, um infante e operador de metralhadora, contou que “você sempre tem que ter em mente os partisans.” E atrocidade gerava mais atrocidade.
“Eles atacaram toda uma equipe de transporte e logística, despiram os soldados, colocaram as suas roupas e distribuíram todo o material capturado e alguns rifles. Então, para assustá-los, nós enforcamos 5 homens.”
Peter Neumann, um oficial da 5ª Divisão SS ‘Wiking’ explicou após um massacre em represália aos ataques de partisans contra soldados alemães:
“Nós da SS podemos ser cruéis, mas os partisans também travam uma guerra desumana e não mostram nenhuma misericórdia. Talvez nós não possamos culpá-los por estarem defendendo a sua própria terra, mas mesmo assim está bem claro o nosso dever de exterminá-los… e onde está o senso de justiça? Como se tal coisa existisse…”
C O N T I N U A
Traduzido Por A.Reguenet
- Utilizando granada. Infantaria alemã.
- Russia, Novembro de 1941 – O frio nas terras conquistadas
- Russia, Julho 1941 – Soldado da Infantaria Alemã exausto pela investida no território russo.
- Russia, 01 Julho 1941 – Stalin passou de aliado de Hitler a principal inimigo
Rússia, 1941. Uma Guerra Sem Louros – Parte XIX
Os soldados alemães também eram assolados pelos franco-atiradores. O motorista Helmut K., escrevendo para os seus pais em 7 de julho, reclamou que a sua unidade, transportando material de Varsóvia para o front, tinha sofrido 80 mortos, “32 deles por franco-atiradores.” As medidas repressivas resultantes só aumentavam o nível de violência. Virtualmente não havia nenhuma atividade de partisans na Ucrânia após o início da invasão, a não ser de grupos que ficaram para trás constituídos por oficiais do Exército Vermelho e de grupos especiais da NKVD. Após as batalhas que resultaram no cerco de Kiev, as operações efetuadas por partisans no Grupo de Exércitos Sul aumentou consideravelmente. Na área do Grupo de Exércitos Centro, os grupos de partisans chegariam a controlar 45% da região ocupada, mas as atividades de início eram em pequena escala. Os franco-atiradores eram a primeira manifestação de resistência. Durante o avanço em direção a Leningrado, o artilheiro Werner Adamczyk foi recebido a tiros por pessoas que “nem estavam de uniforme” e que “não atiravam tão mal”. Ele ficou surpreso e indignado:
“Agora parece que vamos ter de lutar contra os civis! Já não era bastante lutar contra o Exército Vermelho. Agora nem nos civis nós podemos mais confiar.”
Qualquer resistência as áreas da retaguarda era referida como “bandidos ou “civis”. Karl D. escreveu no seu diário no início de julho:
“À nossa direita havia campos de trigo. Precisamente neste momento um civil atirou a partir da plantação. Uma procura foi feita no campo. Aqui e ali se ouvia um tiro. Deveriam ser franco-atiradores. Havia também soldados russos que estavam escondidos na floresta. De vez em quando um tiro era disparado.”
Outro soldado, Erhard Schaumann, descreveu como:
“Nós percebemos depois que a população russa não tinha fugido, mas se escondido em abrigos subterrâneos. Nós recebemos tiros de morteiros extremamente precisos no nosso acampamento o que causou pesadas baixas. Nós pensamos que devia haver russos (observando) por perto para estarem mirando tão bem.”
Ao investigarem, eles desentocaram várias pessoas dos abrigos subterrâneos. Schaumann ficou relutante em explicar o desenrolar da situação:
“Schaumann: Ja , eles foram trazidos e interrogados… foi o que eu ouvi.
Entrevistador: E para onde eles foram levados?
Schaumann: Para o comandante do batalhão ou do regimento ou para o comandante da divisão, e então eu ouvi tiros e sabia que eles tinham sido executados.
Entrevistador: Você viu isso também?
Schaumann: Eu vi.
Entrevistador: Você participou disto?
Schaumann: Eu tenho que responder a isso? Por favor, me poupe de responder isso.”
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Traduzido Por A.Reguenet
- E assim por diante – inexoravelmente – Tropas avançando para o leste
- Bateria de Armas Pesadas alemães mudam de posição
- A face da guerra – cidades e aldeias incendiadas
- Avião lança sua sombra na estrada. A visão do Comandante para supervisionar a avanço da tropa
- Ataque dos bombardeiros de mergulho na ponte Dnepr
- Uma unidade ciclista trabalha abrindo cominho até uma inclinação
- Durante a ação perto Rogatchev, um ponto forte importante da Linha de Stalin, a infantaria cruza o rio Drut
- Cavalaria alemã em Minsk
- A Linha de defesa de Stálin é quebrada em todos os setores importantes em 12 de julho. Depois de unidades soviéticas em Dnepr serem derrotadas, o líder da tropa dá instruções antes de atravessar o rio
- Prisioneiros de guerra bolcheviques
- Bolcheviques caídos no campo de batalha perto de Mogilev
- Tropas alemãs em Minsk
- Panzerjagers destroem um tanque soviético
- Barcos finlandeses atravessam um lago da floresta sob o fogo de artilharia inimiga
- No setor norte da frente perto Plescau (Pskov), as tropas alemãs que passam na aldeia queimada
- Em 2 de julho de tropas romenas cruzam o rio Prut, juntamente com as tropas alemãs e penetram na Bessarábia. Agora, as tropas aliadas formam a linha de frente contínua a partir do norte do Oceano Antártico até às margens do Mar Negro.
- Em 3 de julho unidades de cavalaria atravessam rio Beresina
- Bolchevistas, capturados na zona sul de Rozany Bialyistok
Rússia, 1941. Uma Guerra Sem Louros – Parte XVIII
Os excessos eram cada vez mais comuns. Ao final de agosto, o Gefreiter Georg Bergmann do Regimento de Artilharia 234 perto de Aunus no front finlandês ao norte, testemunhou um espetáculo bizarro proporcionado por veículos de uma unidade sendo dirigidos a uma alta velocidade com prisioneiros se empoleirando no capô do motor e nos pára-lamas. Ele disse que: “A maioria caiu devido à altíssima velocidade e foram ‘fuzilados enquanto tentavam escapar’.” O Gefreiter de infantaria Jakob Zietz contou sobre seis prisioneiros de guerra russos capturados por sua companhia da 253ª Divisão de Infantaria, os quais foram obrigados a trabalhar carregando munição perto de Welikije Luki. “Eles estavam completamente exaustos devido à ação do calor e dos seus esforços e caíram no chão, incapazes de continuar a marchar.” Eles foram executados a tiros. Outros morreram limpando campos minados ou carregando munição para a linha de frente.
Durante a noite de 27 de agosto, milhares de prisioneiros soviéticos foram apinhados dentro de um ponto de coleta de prisioneiros em Geisin, perto de Uman. O complexo foi projetado para comportar entre 500 a 800 pessoas, mas a cada hora que passava, de 2.000 a 3.000 prisioneiros chegavam para serem alimentados e enviados para a retaguarda. Nenhuma comida havia chegado e o calor era sufocante. Ao anoitecer, 8.000 se acotovelavam dentro do local. O Oberfeldwebel Leo Mallert, um dos guardas da 101ª Divisão de Infantaria, ouviu então “gritos e tiros” vindos da escuridão. O som dos tiros indicava que era obviamente de grosso calibre. Duas a três baterias de Flak 88mm que estavam por perto começaram a atirar diretamente contra um silo de grãos que estava dentro do perímetro de arame farpado “porque os prisioneiros tinham alegadamente tentado fugir.” Mais tarde um dos vigias disse a Mallert que entre 1.000 e 1.500 homens tinham sido mortos ou gravemente feridos. Má organização e péssima administração resultaram em um superlotação crônica, mas o Stadtkommandant (Comandante Militar) de Geisin não podia arriscar uma fuga em massa.
Não há local, dentro da disciplinada cultura militar alemã ou dentro de sua doutrina tática para lidar contra civis irregulares. Este tinha sido historicamente o caso durante a guerra Franco-Prussiana de 1871 e que se repetiu durante as primeiras fases de ocupação da Primeira Guerra Mundial. Os soldados alemães consideravam errado, ou de alguma maneira injusto, o fato do inimigo continuar a lutar na retaguarda depois de ter sido isolado ou cercado, lutando em um situação sem esperança. Na Rússia, diferentemente do que tinha até então acontecido no oeste, o inimigo se recusava a em seguir as regras de uma rendição ordenada. Os irregulares eram chamados de “bandidos” de acordo com o linguajar militar alemão e tratados como tais. Milhares de soldados russos acabaram ficando separados de suas formações de origem nas grandes batalhas durante as operações de cerco. No dia 13 de setembro de 1941, o OKH ordenou que soldados soviéticos que se reorganizassem e continuassem a resistir após serem ultrapassados pelas forças alemãs, deveriam ser tratados como partisans ou “bandidos”. Em outras palavras, eles deveriam ser executados. Oficiais da 12ª Divisão de Infantaria receberam a seguinte orientação do seu comandante:
“Prisioneiros feitos atrás da linha de frente (…) a única ordem é atirar! Todo soldado deve atirar contra qualquer russo que for encontrado atrás da linha de frente e que não tenha sido feito prisioneiro durante a batalha.”
Tais ordens não soariam absurdas aos soldados simpatizantes ao acordo tácito de que a guerra deveria ser limpa e justa desde que, é claro, se observasse a superioridade tecnológica, tática e organizacional alemã.
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Rússia, 1941. Uma Guerra Sem Louros – Parte XVII
Parte 17
Pode ter havido dúvidas sobre a “justeza” da causa alemã, embora elas não fossem disseminadas. “Nós sabíamos que essa não era uma guerra de defesa forçada contra nós.” admitiu Klemig. “Era uma guerra de agressão estúpida e uma olhada no mapa mostrava que ela não poderia ser ganha.”. As pressões também se manifestavam de outras maneiras preocupantes. O Schütze Benno Zeiser teve de impedir que seu amigo Franzl espancasse prisioneiros soviéticos. Ele dizia:
“Me deixa! Eu não agüento mais! Parem de olhar para mim dessa maneira! Eu estou louco! Eu sou um lunático! Nada além dessa miséria infernal todo o tempo. Nada além dessas criaturas, esses vermes miseráveis! Olhe para eles se arrastando pelo chão! Não consegue ouvi-los gemendo? Eles tem que ser pisoteados de uma vez por todas, bestas imundas! Remover da face da terra!”
Claro que Franzl estava sofrendo um colapso nervoso. Ele dizia: “Você tem que entender, eu não agüento mais!”.
A propaganda Nacional Socialista havia “desumanizado” o inimigo mesmo antes do início da campanha. Quando da sua captura, os Comissários russos eram separados dos soldados e executados. Os maus-tratos e a execução indiscriminada dos prisioneiros de guerra russos não eram apenas resultado das ordens específicas vindas de cima e nem eram necessariamente conduzidas de uma maneira disciplinar. Os relatórios das Divisões e de outras unidades indicam que as execuções indiscriminadas e violentas dos prisioneiros soviéticos começaram mesmo desde os primeiros dias da campanha. Os oficiais mais graduados tinham objeção ao fato, mais por questões disciplinares do que por questões morais. O medo era de que os excessos pudessem levar a uma situação anárquica dentro das fileiras e, ao mesmo tempo, intensificar a já feroz resistência russa. O General Lemelsen, comandante do XXXXVIIIº Corpo Panzer, após três dias de campanha, repreendeu a sua tropa ao reclamar que:
“Eu observei que tem ocorrido a execução indiscriminada tanto de prisioneiros de guerra quanto de civis. O soldado russo quando feito prisioneiros ainda utilizando o uniforme e após ter lutado bravamente, tem o direito a um tratamento decente.”
Ele, porém, não questionou a “ação impiedosa” que o Führer havia ordenado “contra partisans e comissários bolcheviques”. Os soldados interpretaram esta ordem de forma tão liberal que uma nova diretiva foi instaurada após 5 dias de modo a coibir os excessos.
“Apesar das minhas instruções de 26/04/1941, (…) ainda se observa o fuzilamento de prisioneiros de guerra e de desertores conduzidas de uma maneira criminosa e sem sentido. Isso é assassinato! A Wehrmacht Alemã está conduzindo uma guerra contra o Bolchevismo, não contra o povo russo.”
Lemelsen foi perceptivo o suficiente para compreender que “as cenas de incontáveis corpos de soldados deitados nas estradas, claramente mortos por causa de um tiro na cabeça à queima-roupa, sem suas armas e com as mãos para cima, rapidamente serão propagadas pelo exército inimigo.”.
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Traduzido Por A.Reguenet
- Ensopado!
- Esses caras atrás estão meio carinhosos uns com os outros!
Rússia, 1941. Uma Guerra Sem Louros – Parte XV
Uma ordem do OKW datada em 8 de julho de 1941 com relação ao tratamento de prisioneiros de guerra preconizava que “as equipes médicas russas, bem como seus doutores e suprimentos médicos devem ser utilizados primeiramente” antes que o material alemão fosse requisitado. Os transportes da Wehrmacht não deveriam estar disponíveis. Duas semanas mais tarde, o OKH sancionou mais limitações de modo a “prevenir que a pátria sofra uma enxurrada de feridos russos.”. Apenas os prisioneiros levemente feridos e que ainda fossem capazes de andar depois de uma espera de quatro semanas é que teriam permissão para serem evacuados. Os remanescentes deveriam ser condicionados em “hospitais improvisados para os prisioneiros” administrados “essencialmente” por equipes russas usando “apenas” suprimentos médicos soviéticos. Tais diretivas eram obedecidas sem nenhum questionamento. A 18ª Divisão que fazia parte do 2º Panzergruppe do Generaloberst Guderian, ordenou que “sob nenhuma circunstância os prisioneiros russos deverão ser tratados, acomodados ou transportados juntamente com prisioneiros alemães. Eles deverão ser acondicionados em carroças ‘Panje’ (movidas a cavalo).”.
Os prisioneiros soviéticos capturados após as batalhas nos bolsões de resistência, estavam não apenas em estado de choque; muitos estavam feridos e machucados. Neste estágio inicial e sendo gratos por ainda estarem vivos, eles na maioria das vezes estavam tão exaustos e intimidados que não cogitavam a possibilidade de fugir. Estando em um nível tão baixo tanto em termos psicológicos quanto físicos, eles dependiam do sustento a partir de quem os tinha capturado. Era este fenômeno que fazia com que as enormes colunas de prisioneiros se mantivessem coesas. O tenente Hubert Becker, um apaixonado cinegrafista amador, filmou tais concentrações de prisioneiros e descreveu as imagens após a guerra:
“Eles foram reunidos em um vale e receberam tratamento para as feridas. As enfermeiras se moviam de um lado para outro. A maioria estava gravemente ferida e em um estado lamentável, moribundos devido à sede e resignados com o seu destino. A falta de água em um calor reluzente, seco e abrasador da estepe era terrível. Prisioneiros lutavam até mesmo por uma gota de água. Alguns deles, mantendo um sentimento forte de disciplina, evitavam que os mais saudáveis (aqueles que tinham as melhores condições para caminhar) não bebessem toda a água. Desse modo, aqueles que mais precisavam poderiam ainda pegar algumas das gotas que sobrassem. Estas pessoas estavam tão inertes e felizes por terem escapado do inferno que eles mal percebiam a minha câmera. Eles nem mesmo tinham me visto!”
Becker, ponderando ironicamente sobre o destino daquela multidão de humanos que enchia as suas lentes, admitiu que “o que afinal aconteceu com tantos e tantos soldados eu realmente não sei e é melhor que ninguém saiba.”. Alguns faziam o que podiam. Um médico trabalhando junto ao Ponto de Coleta do 9º Exército (9AG SSt) falou sobre “ilhas de humanidade dentro de um mar intransponível de miséria dos prisioneiros de guerra.”. Ninguém estava disposto a cooperar. Requisições de suprimentos, comida e remédios eram completamente ignorados. Em um campo perto de Uman em agosto de 1941, entre 15.000 e 20.000 prisioneiros soviéticos encontravam-se a céu aberto. O Schütze Benno Zeiser, vigiando este campo, deu uma ideia sobre o que tal negligência podia acarretar:
“Praticamente todos os dias homens morriam por fadiga. Outros levavam os seus mortos para o campo para enterrá-los lá. Eles carregavam os corpos em turnos e nunca pareciam estar ao mínimo emocionados pela situação. O cemitério do campo era muito grande; o número de homens sob o solo deveria ser bem maior do que o número dos que ainda estavam vivos.”.
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- Tropas de cavalaria em movimento
- A barragem perto Zaporozhie ao sul de Dnepropetrovsk foi tomada em 25 de agosto
- He-111 sobre o porto Nikolaev
- Em 16 de agosto Nikolaev, porto naval importante e porto comercial no Mar Negro, caiu em mãos alemãs
- Utilizando granada. Infantaria alemã.
- Sepulturas Bolscheviks no campo de batalha de Uman (Ucrânia), onde na primeira semana de agosto 25 divisões foram destruídas. Mais de 103.000 prisioneiros foram levados, entre eles os comandantes do 6º e do 12º Exército. 317 veículos blindados, 858 pistolas, 242 armas antitanque e canhões antiaéreos, 5250 caminhões e 12 trens.
- Tropas de montanha sabem como lidar não só com qualquer animal
- Henschel 126 na missão de reconhecimento perto do círculo polar
- Não há como escapar de Smolensk. No lado leste da cidade, bolchevistas se rendem em massa. Os resultados dos primeiros dias de agosto, quando a batalha estava quase no fim: cerca de 310.000 prisioneiros, 3205 veículos blindados e 3120 armas
- Avanço, após a batalha de Smolensk
- Moscou com fábrica em chamas após bombardeios noturno
- Na Ucrânia alemães, italianos, húngaros, romenos e soldados eslovacos continuam seu avanço. Perto Medvin a infantaria avança sob a proteção dos veículos blindados
- Bateria de artilharia Eslovaca em avanço
- As tropas alemãs abrem o seu caminho através da floresta em chamas
- Avião lança sua sombra na estrada. A visão do Comandante para supervisionar a avanço da tropa
- Prisioneiros de guerra bolcheviques
- Em 11 de julho, Vitebsk está nas mãos dos alemães
- Em 13 de julho, forças armadas finlandesas tomam ambos os lados do lago Ladoga e se preparam para o ataque – barco tempestade no lago Ladoga
- Bombas caem sobre um trem de transporte bolschevista – transporte de munição explode
- A face da guerra – cidades e aldeias incendiadas
- Em 18 de julho tropas romenas e alemãs cruzam o rio Dnestr
- A Linha de defesa de Stálin é quebrada em todos os setores importantes em 12 de julho. Depois de unidades soviéticas em Dnepr serem derrotadas, o líder da tropa dá instruções antes de atravessar o rio
- Bolcheviques caídos no campo de batalha perto de Mogilev
- Cavalaria alemã em Minsk
- Durante a ação perto Rogatchev, um ponto forte importante da Linha de Stalin, a infantaria cruza o rio Drut
- Os membros do Exército de Todt mantem o caminho para o avanço alemão em um excelente ritmo.
- Uma unidade ciclista trabalha abrindo cominho até uma inclinação
- Avanço em todos os segmentos da imensa frente – unidades de um regimento de infantaria
- Artilharia antiaérea alemã na luta perto de Vitebsk
- Bolchevistas, capturados na zona sul de Rozany Bialyistok
Rússia, 1941. Uma Guerra Sem Louros – Parte XIV
O resultado era a desumanização. “Muitos alemães optaram por não olhar para tais acontecimentos” admitiu o tenente de pioneiros Paul Stresemann. “Se eu soubesse tudo o que estava acontecendo… eu provavelmente teria saído correndo.”. Stresemann argumenta que, apesar de todo o sofrimento, “eu posso dizer que, durante todo o meu tempo de serviço no exército, não vi uma simples atrocidade.”.
As próprias circunstâncias estavam causando condições intoleráveis. “É claro que, quando um número tão grande de prisioneiros é feito na Rússia, obviamente haverá um certo caos na alimentação, etc. já que tudo estava virado em uma terrível bagunça.”. Knappe achava que os “prisioneiros pareciam apáticos e sem expressão. Seus uniformes simples criavam a impressão de uma enorme massa opaca e desinteressante.”. Benno Zeiser recuou diante do horror provocado pela negligência institucionalizada:
“Assim que nós rapidamente demos passagem para aquela nuvem nauseante que os cercava, o que vimos nos deixou paralisado e imóveis e acabamos esquecendo daquele cheiro nojento. Eram eles realmente seres humanos, aquelas figuras marrom-acizentadas, aquelas sombras se arrastando em nossa direção, tropeçando e cambaleando, formas em movimento no seu último suspiro, criaturas que obedeciam às ordens de marchar apenas por causa de uma última centelha de vontade de viver?”.
Soldados tendem a não se prender por demais diante de visões perturbadoras e as tropas alemães não eram exceção já que estavam mais preocupadas com a necessidade de sobrevivência. O tenente Paul Stresemann alegou que “eu não fazia ideia que tantos daqueles pobres diabos acabariam passando fome ou morrendo no ocidente depois de terem ido embora marchando por vários e vários quilômetros e em longas colunas.”. Siegfried Knappe explicou: “era uma situação terrível, mas não era pelo fato de que eles foram ignorados – era simplesmente porque não existia a possibilidade de alimentá-los em tal número e ainda alimentar as nossas próprias tropas.”.
Ele está enganado. Tal política era deliberada. A desculpa inconsistente utilizada era de que a União Soviética não havia ratificado o acordo da Convenção de Genebra em 1929 com relação aos prisioneiros. Porém, a Alemanha estava vinculada à lei internacional que abrangia todos os países e a qual demandava um tratamento humanitário dos prisioneiros de guerra na ausência de um acordo padronizado entre as partes. E tanto o Terceiro Reich quanto a União Soviética haviam ratificado o Acordo de Genebra em 1929 com relação aos feridos obrigando um tratamento específico para os enfermos e feridos.
C O N T I N U A
- As ferrovias passam a ser cruciais para o transporte de reforços, armamentos e suprimentos.
- Carregado com material e armamento, nosso comandante está preocupado em manter nosso linha de suprimento.
- fotos fazem os soldados sorrirem.
- Missão reparar a estrada para os veículos do regimento
- Soldados e oficiais ouvem as notícias do Alto Comando Alemão. Estamos sempre querendo saber como estão o avanço das outras tropas
- Soldado russo morto em ação em 1941. Foi só um grupo avançado, esperamos encontrar mais resistência
- Pertences do oficial soviético de 1941. Não demorou muito até os soldados tentarem aproveitar algum coisa
- Reforços foram vítimas do fogo de metralhadora. Isso nos deixa tristes pois muitos nem tiveram a chance de se defender.
- Descanso da marcha, bebida refrescante. As marchas sempre são longas de desgastantes, ficamos dias em movimento, atravessamos campos e estradas, o medo faz parte do nosso dia, mas a certeza da vitória também nos acompanha, nosso comandante sempre nos lembra isso. 1941
- Prisioneiros de guerra russos no Quartel General
- Comandante do Batalhão Krauze do III/506 (no centro), Voigtlander capitão (à direita) e Tenente Meinel (à esquerda) discutem plano de ações, julho de 1941.
- De artilharia de apoio na marcha, na Letônia
- Coluna de infantaria em marcha, Letônia.
- Quando iniciou a operação logo percebemos que na floresta também havia civis refugiados. Eles passaram semanas dentro dos pântanos russos
- Na área havia defesas russas preparadas com comunicação
- Área defendida por um unidade russa. Foram os primeiros combates para tomada da região e consolidação da posição.
- Os pântanos de Volchov são quase inespugnáveis.
- Começamos a capturar prisioneiros russo na investida.
- Tinhamos posições de comunicações avançadas
Rússia, 1941. Uma Guerra Sem Louros – Parte XI
PARTE 11
Um médico Gefreiter da 125ª Divisão de Infantaria escreveu para casa relatando a extensão da “crueldade judia-bolchevique e que qualquer um acharia difícil de acreditar”:
“Ontem nós atravessamos uma grande cidade e passamos por sua prisão. Ela fedia devido aos cadáveres, mesmo a uma longa distância. Enquanto nós nos aproximávamos, mal dava para suportar o cheiro. Dentro dela estavam os corpos de 8.000 prisioneiros civis, nem todos fuzilados, mas que também foram espancados e assassinados – um banho de sangue produzido pelos bolcheviques um pouco antes de se retirarem.”
Os soldados eram extremamente influenciados por aquilo que viam. Isso afetava tanto a moral quanto a ética. Um sub-oficial escreveu: “Se os soviéticos já assassinaram milhares dos seus próprios cidadãos ucranianos indefesos, mutilando-os de forma brutal e matando-os, o que eles farão então com os alemães?” A sua própria e profética opinião era de que: “se estes animais, nosso inimigo, vierem a entrar na Alemanha, haverá um banho de sangue tal qual o mundo nunca viu antes.”.
A publicidade em torno da atrocidade de Lvov, veiculada nos cinejornais e nos periódicos só fez por aumentar as suspeitas e o mal-estar que já se fazia sentir entre o povo na Alemanha. Suas preocupações eram repassadas para aqueles que serviam no front, aumentando o isolamento e o pessimismo que começava a emergir dentro de cada um diante das perspectivas da campanha se tornar ainda mais longa. Uma dona de casa de Düsseldorf confessou ao seu marido:
“Nós temos uma ideia do que parece estar acontecendo aí no leste a partir do (cinejornal) Wochenschau, e acredite em mim: essas imagens tem produzido tamanho pavor que nós preferimos fechar os olhos enquanto que algumas cenas são projetadas. E essa realidade – o que lhe parece? Eu acredito que nunca nós conseguiríamos imaginar.”
As informações confidenciais do Serviço Secreto da SS sobre os assassinatos dos ucranianos em Lvov confirmam que estes “produziram uma profunda impressão de repugnância” durante a segunda semana de julho. “Muitas vezes era perguntado que destino os nossos soldados podem esperar se eles se tornarem prisioneiros e, de nossa parte, o que estamos fazendo com os bolcheviques os quais nem mais são humanos?”.
C O N T I N U A
Traduzido Por A.Reguenet
Rússia, 1941. Uma Guerra Sem Louros – Parte X
Qualquer dúvida sobre o que poderia acontecer ao ser capturado pelo Exército Vermelho foi dissipada pela publicidade que se seguiu após a tomada da cidade polonesa/ucraniana de Lvov pela 1ª Divisão Gerbisjäger em 30 de junho de 1941. Quatro mil corpos foram encontrados em vários estágios de decomposição dentro da prisão de Brygidky (ex-prisão militar de Samarstinov) quando esta ainda ardia em chamas. O NKVD (Comissariado do Povo para Assuntos Internos, mais conhecido popularmente como Serviço Secreto ou Polícia Secreta Soviética – N. do T.) havia começado a executar os detentos (na maioria intelectuais ucranianos) dois dias após o início das hostilidades. Seguiram-se então os progroms (Progrom é um termo de origem russa que significa um ataque violento por parte de grupos populares contra judeus e, mais genericamente, contra grupos étnicos e religiosos. Tais ataques são caracterizados pela violência e pela destruição das propriedades das vitimas – N. do T. ) realizados pelos cidadãos poloneses e ucranianos e dirigidos contra os judeus locais. A contribuição por parte da SD e da SS acabaria por adicionar mais 38 professores poloneses e, pelo menos, 7.000 judeus a este sombrio número final. Porém, inicialmente, o foco público estava centrado no crime perturbador promovido pela polícia secreta russa. Devido à natureza terrível que este fuzilamento perpetrava, a capitalização do evento por parte da propaganda alemã o tornou ainda mais convincente.
O marido de Maria Seniva tinha sido preso pela NKVD. Ela contou que:
“Havia uma mensagem dos alemães no rádio. Dizia: “Esposas, mães, irmãos e irmãs: venham para a prisão.” Eu cheguei na entrada, não me lembro de qual. As pessoas estavam em pé em toda a volta dos portões. Através deles eu podia ver os corpos. Eles estavam no pátio, enfileirados no chão. (…) Eu percorri para cima e para baixo pelas fileiras e parei para olhar um dos corpos que estava coberto. Eu levantei o cobertor e lá estava ele, eu o achei (ela começou a chorar nesta parte). Eu não sei o que tinha acontecido com ele, mas seu rosto estava todo enegrecido. Ele não tinha olhos, não havia nada lá, e estava sem o nariz.”.
Jaroslaw Hawrych, também emocionalmente abalada, se lembra de achar o seu cunhado entre “as centenas de milhares” de corpos dispostos no pátio:
“Eu não o teria reconhecido, ele estava seminu. Havia ferimentos no seu corpo e seu rosto estava inchado, todo preto e azul. Ele levou um tiro na cabeça e suas mãos tinham sido amarradas com um pedaço de corda. Eu só consegui reconhecê-lo quando vi a sua meia. Ele tinha uma meia no seu pé, uma meia com listras coloridas. Eu reconheci aquela meia pois foi tricotada pela minha mãe.”
Rússia, 1941. Uma Guerra Sem Louros – Parte IX
A escuta das transmissões dos rádios russos bem como a captura de documentos fornecem uma ampla diversidade de razões para a eliminação dos prisioneiros de guerra alemães. Aqueles soldados inimigos que lutavam ao invés de se renderem bem como os prisioneiros problemáticos eram, na maioria das vezes, sumariamente executados. O desenrolar de situações táticas não previstas e/ou a falta de transporte para os prisioneiros poderiam contribuir para selar o seu destino. Execuções sumárias durante o interrogatório poderiam acontecer como resultado diante da recusa de fornecer informações militares ou para encorajar que outros falassem. Em resumo, os excessos praticados pelos alemães sofriam uma resposta paga na mesma moeda. Alimentação sempre era escassa e, sendo assim, não disponível prontamente para os prisioneiros. Recompensas também eram oferecidas para aqueles que provocassem o maior número de baixas entre o inimigo. A execução dos oficiais alemães e dos nazistas também acontecia, manifestando uma indignação por parte dos soviéticos e que era expressa através da matança do tipo “olho por olho”. De qualquer maneira, o enfrentamento contra o soldado alemão deveria ser levado até o fim. Um documento do 5º Exército Soviético datado de 30 junho revelou:
“Tem acontecido freqüentemente o fato de soldados do Exército Vermelho e seus comandantes, afetados pela crueza dos porcos fascistas (…) não fazerem nenhum soldado alemão ou oficial prisioneiro, mas sim o executarem ali mesmo no local.”.
Tal prática era criticada devido à perda de informações para o serviço de inteligência bem como pelo fato de desencorajar a deserção por parte do inimigo. O major general Potapov, comandando o 5º Exército Soviético, ordenou que seus comandados explicassem aos soldados de que matar os prisioneiros de guerra “é prejudicial aos nossos interesses.”. Ele enfatizava que os prisioneiros deveriam ser tratados adequadamente. Ele ordenou: “Eu categoricamente proíbo qualquer iniciativa individual de fuzilamento.”. Outro documento capturado e proveniente do 31º Corpo Soviético, assinado pelo Comissário Chefe do departamento de propaganda e datado de 14 de julho de 1941, revelava que “prisioneiros tem sido enforcados e esfaqueados até a morte.”. Tal ordem argumentava que “tais comportamentos para com os prisioneiros de guerra são um prejuízo político para o Exército Vermelho e apenas aumentam a vontade do inimigo em lutar (…) O soldado alemão, quando capturado, deixa de ser um inimigo.”. O objetivo era de “fazer tudo o que for necessário para capturar soldados e, especialmente, oficiais.”.
Porém, a realidade em nível de tropa era de que o soldado russo – da mesma maneira que o seu adversário – tinha sido igualmente e rapidamente brutalizado pela natureza de uma luta ideológica e impiedosa. Os interrogatórios dos prisioneiros de guerra soviéticos conduzidos pelos alemães em Krzemieniec no mês de julho de 1941 descobriu que:
“Nenhuma ordem definitiva havia sido dada para que se executasse todos os oficiais, sub-oficiais e soldados alemães quando da sua captura. Os oficiais, comissários e médicos soviéticos capturados explicam que os fuzilamentos e as torturas até a morte dos militares alemães são oriundos de iniciativas individuais ou por ordens especiais. Estas eram repassadas por oficiais, comissários ou ambos. Um comissário afirmou que tais ordens, na sua maioria, são dadas pelos comandantes de regimentos e de batalhões e por quem os comissários são responsáveis.”.
C O N T I N U A