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Desvendando Adolf Hitler IV: Viena, Uma Outra Fase!

Em 1908 Adolf Hitler chega em definitivo para morar em Viena. A ideia era recomeçar a vida depois da morte da sua mãe. Não tinha dúvidas sobre sua admissão na Academia de Belas Artes ou sobre seu futuro artístico brilhante. Hospedou-se em um pequeno quarto no segundo andar de uma casa em Stumpergasse, 31, perto da Westbahnhof de propriedade da senhora Frau Zakreys, uma senhora de origem tcheca, localizada em um Distrito escuro e sujo.

Não demorou muito para que seu amigo Gustl se juntasse a ele. Há muito Hitler insistia para que o jovem mudasse para Viena afim de tentar a sorte como músico, fato que ocorreu poucos meses depois. Os dois, agora dividindo o quarto da residência da senhora Zakreys, estavam maravilhados com as possibilidades da capital, mas também não abriam mão de desfrutar do lazer que Viena poderia proporcionar. Quase que diariamente frequentavam o Teatro, acompanhando as principais Óperas dos consagrados músicos alemães, dos quais seu favorito, Wagner, era de longe o mais visto. Passavam horas na fila para assistir apresentação ao preço de duas Coras, nos locais mais baratos do Teatro.

O tempo passou, a pressão começou. Hitler estaria cursando a Academia de Belas Artes e Gustl acabara de ser admitido no Conservatório de Música de Viena. Seria perfeito para os dois aspirantes artísticos, se não fosse pelo detalhe que Hitler novamente teria sua admissão rejeitada pela Academia. Desta vez, ele não comentou com ninguém, e passou a gastar seu tempo perambulando pela cidade. Certo dia, durante uma discussão com o amigo, Hitler confessou que não estudava na Academia e que não sabia o que fazer. O jovem Hitler, naquele momento estava completamente sem rumo.

Hitler mencionaria os anos vividos em Viena como miseráveis, de fome e pobreza. Levando em consideração que ele recebeu parte da herança da mãe, a quantia referente ao empréstimo feito por sua tia e mais a pensão de órfão que teria direito, pelo menos naquele ano de 1908, essa declaração não procede. Muito embora, tal quantia não permitisse uma vida de luxo, era suficiente para manter uma vida digna. Os custos com alimentação eram poucos, sua dieta diária era basicamente de pão, manteiga, pudins de farinha doce e algumas vezes um pedaço de bolo de nozes ou papoula, acompanhado de leite ou suco de frutas. Já nesse período, ele não consumia álcool. Sua única extravagância, realmente eram as noites nas óperas.

Não demorou muito para a parceria com Gustl se encerrar. Em julho de 1908, quando Gustl voltou a Linz para as férias de verão, Hitler deixou a moradia em Stumpergasse. Em novembro, quando o amigo retornou para início do ano letivo, não encontrou ninguém. Hitler deixara a residência da senhora Zakreys, sem informar seu novo endereço. Os dois só voltariam a se encontrar novamente em 1938.

Em 18 de outubro daquele ano, Hitler registrou-se na força pública como um “estudante” morando próximo a Westnahnhof. Ele escolhera uma nova fase para sua vida. Tempos difíceis ainda estariam por vir.

Desvendando Adolf Hitler III: Viena, o início de Hitler!

                    Augusto Kubizek, conhecido como Gustl, um jovem que sonhava ser músico famoso, foi um dos poucos que conviveram com Hitler nos últimos anos em Linz, depois da morte do seu pai. Já nesse período, Hitler estava convencido que os estudos convencionais não mais eram importantes, falando abertamente para sua mãe. Passou a viver uma vida entre o teatro lírico as horas de conversas com o seu amigo, Gustl. Era um fervoroso apaixonado por Wagner. Esse período Ian Kershaw considera que Hitler vivia no “mundo de fantasia”:

“[…] episódio, que se passou por volta de 1906, ilustra bem o mundo de fantasia que Adolf vivia. Depois de comprar com o amigo um bilhete de loteria, ele teve tanta certeza de que ganhariam o primeiro prêmio, que desenhou com visão detalhada como seria a futura residência deles. Os dois moços levariam uma existência artísticas, cuidados por uma senhora de meia-idade que cumprisse as exigências artísticas de ambos[..]” (Kershaw, 2001)

                   As custas da mãe, em 1906, realizou a primeira viagem para Viena, acreditava que ele iria estudar a galeria de quadros do Museu das Cortes. Durante duas semanas ou mais, permaneceu na capital do império, fascinado com quantidade de atrações culturais. O interesse de Hitler em ingressar para a Academia Vienense de Belas Artes nasceu nesta viagem.

                 Um ano depois, aos 18 anos, Adolf sofria pressão da família para trabalhar. Todos eram unânimes que ele deveria mudar de vida e achar algum objetivo. Hitler convenceu Klara que seu futura estava na pintura. A mãe, já diagnosticada com câncer, já direcionava quase todos os recursos da família para seu tratamento. Para não decepcionar o sonho de Adolf, sua tia Johanna , fez um empréstimo de 924 coras para financiar o sobrinho. Era tudo que Hitler precisava.

                 A saúde de Klara já estava bastante comprometida. Com câncer de mama, tinha sido operada em janeiro, por um médico judeu, Dr. Bloch, mas os custos do tratamento da matriarca eram cada vez mais pesados e os resultados cada vez menores, ela estava morrendo. Mesmo com doença da mãe os planos de Hitler não foram alterados, em setembro de 1907, estava em Viena realizando as provas de admissão para Academia de Belas Artes.

               Os testes iniciais da Escola de Belas Artes de Viena eram realizados com a apresentação de obras pessoais, essa era a primeira fase. De todos os candidatos, Hitler fora um dos 133 candidatos aceitos, sendo que 33 candidatos foram excluídos imediatamente. Em outubro, novamente outra e decisiva etapa na admissão. Cada um iria realizar desenhos sobre temas específicos e apresenta-los a banca julgadora. Apenas 28 candidatos foram aceitos, Hitler não estava entre os aprovados. No parecer da Escola, constava: “Exame de desenho insatisfatório. Poucas aptidões”. Em sua obra, Hitler confirma a decepção:

“Convencido que seria brincadeira de criança passa no exame[…] Eu estava tão certo que teria êxito que, quando recebi minha rejeição, foi como se caísse um raio do céu sobre mim. ” [Hitler, 1926]

               Em outubro retorna para perceber que sua mãe não resistiria mais tempo. Em 21 de dezembro de 1097, morreria Klara Pölzl Hitler. A realidade dura se abate sobre Hitler. Sem mais o que fazer em Linz, Hitler retorna para Viena, desta vez para permanecer lá por alguns anos . “Eu queria me tornar arquiteto” – disse Hitler anos depois – “obstáculos não existem para que nos rendamos a ele”.

                Hitler chega para morar em Viena com 25 coroas mensais, pensão para órfãos, e cerca de mil coras como herança deixada pela mãe. Já a herança deixada pelo pai só teria acesso quando completasse 24 anos. De qualquer forma, Hitler poderia viver aproximadamente um ano em Viena sem se preocupar com trabalho.

                Diferentemente do que tenha dito anteriormente, nada Hitler fez em Viena para ser arquiteto. Ele retomou a ociosidade desinteressada que estava acostumado, mas, não se tratava de uma pequena província do Império Austríaco como Linz, a cosmopolita Viena fervilhava em vários aspectos, conforme explicou Kershaw:

“[…] o deslocamento do provincianismo aconchegante em Linz para o caldeirão político e social de Viena marcou uma transição crucial. As experiências na capital austríaca deixariam uma marca indelével no jovem Hitler e moldariam de modo decisivo a formação de seus preceitos e fobias” (Kershaw, 2001)

 

Hitler começava a tomar forma.

 

Desvendando Adolf Hitler Parte I: O garoto da mamãe!

         No dia 7 de junho de 1837, em uma pequena aldeia na fronteira austríaca com a Baviera chamada Strones, nascia Aloys Schicklgruber, filho ilegítimo de Maria Anna Schicklgruber, então com 41 anos de idade. A família de Anna morava na cidade de Waldviertel, uma região pobre a noroeste da Áustria. Para o rigor do tradicionalismo germânico, conceber um filho fora do casamento era ter a certeza da completa rejeição social, mas Anna teve sorte. Cinco depois, já estaria casada com Georg Hiedler e, mesmo depois da morte do seu marido em 1852, seu cunhado Johann, não deixou que nada faltasse para o sustento do jovem Aloys.

          O que um nascimento indesejado em uma pequena cidade do interior da Áustria interessa tanto? A identidade do pai de Aloys foi estudada e pesquisada de forma exaustiva, infelizmente nenhuma resposta conclusiva foi efetivamente apresentada. Três teorias foram formuladas a partir do início dos anos de 1930 e, posteriormente, colocada em evidência no pós-guerra, até os nossos dias. Vamos a elas:

  1. Teoria da paternidade de Johann Georg Hiedler: Segundo os registros oficias, Georg casou-se com Anna Schicklgruber em 1842, quando Aloys tinha cinco anos de idade, tornando-se seu padrasto. Em 1876, o próprio Aloys declarou que o padrasto era na verdade seu pai e que, desejava em vida, realizar o reconhecimento. O padre da paróquia de Döllersheim, aceitou o pedido. O fato é defendido como real por historiares contemporâneos como Kershaw, reforçados por Alan Bullock e William Shirer.

 

  1. Teoria da paternidade de Johann Nepomuk Hiedler: A teoria de que o pai de Aloys teria sido o irmão de Georg foi apresentada por Werner Maser. Johann tivera u m caso extraconjugal com a senhora Anna e pediu para que o irmão, assumisse o relacionamento. Após a morte de Georg, o garoto foi criado pelo “tio” e recebeu parte de sua herança. Essa teoria é rechaçada pelo biógrafo J. Fest.
  1. Teoria da paternidade de Johann Frankenberger: Essa teoria foi inicialmente muito bem aceita, principalmente para aqueles que interessavam o resultado dela. Sustenta que a senhora Anna trabalha para uma importante e tradicional família israelita chamada de Frankenberger, na cidade de Glaz. Seria fruto de um relacionamento com o filho do patriarca, Leopoldo Frankenberger. Segundo H. Frank, em sua obra publicada em 1953, o pai de Leopoldo passou a pagar as despesas de Anna quando ela retornou a sua cidade natal. O que mais contra essa teoria é que os judeus foram expulsos de Graz no século XV só retornando em 1860, portanto década depois do nascimento de Aloys. Kershaw e Joachim Fest consideram a teoria difamatória.

               Por que essa gravidez indesejada é importante? Simplesmente pelo fato de estarmos tratando do pai de Adolf Hitler. O fato foi tão controverso e traumático para Hitler que, em maio de 1938, ele determinou que Waldviertel, cidade natal de sua família, fosse usada como campo de treinamentos e manobras do Exército. Três meses depois, aldeias como Strones e Döllersheim (local de batismo do seu pai), foram totalmente destruídos, nada sobrou, o cemitério local fora revolto e arado no cumprimento de determinações particulares de Hitler. Não sobrou pedra sobre pedra, e todas as considerações sobre a genealogia de Hitler ficaram no campo da teoria.

             O certo é que Aloys, o garoto pobre a indesejado, cresceu e ascendeu socialmente. Em 1855, então com 18 anos, tinha um emprego modesto no Ministério das Finanças austríaco. Em 1861 já supervisionava um posto de serviços alfandegários e em 1871 mudou-se para Braunau, onde chegou ao cargo de Inspetor Alfandegário em 1875.

           Funcionário público respeitado, em 1876, solicitou oficialmente a mudança de seu nome. Aloys Schicklgruber. A alegação para mudança de nome, se deu pelo reconhecimento de seu padrasto Johann Georg Hiedler como pai legítimo, um detalhe é que Johann já tinha morrido há décadas. A autorização final ocorreu em 1877. Aloys resolveu usar uma variação menos antiquada de “Hiedler”, passando a assinar a partir de então como Alois Hitler.

Curiosidade:

                O nome “Hitler” possui variações, tais como: Hytler, Hiedler, Hütler, Hüttler que traduzido quer dizer: “pequeno proprietário”. A árvore genealógica compilada em 1934 pelos peritos nazistas faz remotar ao século XV o aparecimento da família Hitler: um certo Mattheux Hydler figuraria nos registros da Abadia de Hurzemberg , em 1445, como comprador de uma propriedade agrícola, mais tarde o nome se difundiu em várias grafias.

                Segundo Konrad Heiden, “o raro e pouco estranho sobrenome Hitler encontra-se mais frequentemente entre os judeus orientais do que entre os alemães, e precisamente na Galícia, Bucovina, Romênia e Polônia

           Alois tem uma vida amorosa conturbada, casa-se inicialmente com Anna Glasserl, uma mulher muito mais velha, que se separou em 1880. Logo encontrou Franziska Matzelberg de apenas 21 anos de idade. O matrimônio com a jovem Franziska, onde teve dois filhos Alois e Angela. A primeira grande tragédia para Alois, aconteceu quando Fraziska, conhecida como Fanni, contraiu tuberculose. Alois convidou Klara Pölzl filha de Johann Nepomuk Hiedler, portanto prima de Alois, para cuidar de sua jovem esposa. Contudo, Fanni morreria pela doença em agosto de 1884. Não demorou muito para que Alois buscasse novo casamento, dessa vez em definitivo com sua prima, Klara. Os dois estariam juntos até a morte de Alois em janeiro de 1903.

           Gravidez seguidas geraram três filhos com Alois, infelizmente não tardou para que tragédia se abatesse sobre a vida do casal. O último dos três filhos, Otto, morreria logo depois do nascimento e Gustav e Ida, os mais velhos, morreriam de difteria alguns meses depois. A jovem Klara nunca se recuperou totalmente da tragédia.

           Em 1888 Klara estava novamente grávida. Às 18h30 de 20 de abril de 1889, um sábado de Páscoa, nascia no Hotel Gashof zum Pommer, Vasrtadt nº 219, o filho mais esperando de Klara Pölzl e Alois Hitler, e aquele mudaria a história do século XX: Adolf Hitler.

  1. Desvendando Adolf Hitler Parte I: O garoto da mamãe!
  2. Desvendando Adolf Hitler II: A Infância!
  3. Desvendando Adolf Hitler III: Viena, o início de Hitler!

Fontes:

Hitler / Kershaw, Ian – tradução Pedro Maia Soares, São Paulo: Companhia das Letras, 2010

Hitler, pró e contra – O julgamento da História – edições melhoramentos, 1975.

A. Hitler, Mein Kampf, Zentralverlag, NSDAP, 1936

H. Frank, Im Angesicht des Galgens, Munique, 1953

Hitler, das Leben eines Diktators, Konrad Heiden,  – Europa, Verlag, Zurique, 1936-37.

Conversas Secretaria de Hitler, Richter, 1954.

Maser, Werner Hitler: Legend, Myth and Reality Penguin Books

Fest, Joachim C. Hitler Verlag Ullstein, 1973

Série Desvendando Adolf Hitler – Apresentação

              Quem não conhece Hitler? Qualquer jovem que passa pelo Ensino Médio deve, indiscutivelmente, conhecer o principal personagem da Segunda Guerra Mundial. Adolf Hitler é a figura mais presente nos estudos históricos do século XX e continuará a ser, sem sombra de dúvida, por centenas de anos. Mas quem é de fato Adolf Hitler? Quem era Hitler, antes de Hitler? Ele tinha o sangue judeu? Como ele chegou a ser o Fürher da Alemanha? Como ele chegou ao apogeu do sucesso político e militar e, pouco tempo depois, cravou um tiro na cabeça encerrando sua existência? Teria ele morrido realmente naquele bunker em abril de 1945? Hitler fez alguma coisa boa para a humanidade? O messias alemão de sua época ou a besta encarnada? São perguntas que balizam a pesquisa e não as respostas.

                Toda a composição histórica desse personagem possui centenas e centenas de variáveis e interpretações, que foram exaustivamente estudadas por dezenas e dezenas de pesquisadores, mas muita ideologia do pós-guerra tornou a imagem histórica do austríaco de bigode engraçado turva e sem a transparência exigida pela ciência. Contudo, passado 70 anos do fim do conflito, uma nova geração de pesquisadores tem provido substanciais pesquisas sobre a figura de Hitler, desprovida do ideologismo faceiro dos vencedores da Segunda Guerra Mundial. O mito da besta bíblica encarnado passa a dar lugar à figura histórica que foi produto do seu tempo.

                Levando em consideração todos os elementos que compõem a recente visão histórica de Hitler, vamos criar um Especial Semanal sobre Adolf Hitler, desde sua infância como filho de um funcionário alfandegário, passando pela sua tentativa de ganhar a vida em Viena; seu alistamento no Exército até o início de sua carreira política, ascensão e queda. Nosso objetivo, bastante audacioso, diga-se de passagem, é considerar Hitler enquanto figura histórica, desprovida de qualquer tipo de motivação ideológica ou política para defender ou condená-lo. Deixaremos para você julgá-lo de forma definitiva.

                Todo sábado, uma publicação sobre Desvendando Adolf Hitler:

  1. Desvendando Adolf Hitler: O garoto da mamãe!

Afinal! Onde Hitler Morreu? Berlim ou América do Sul?

Um dos maiores nomes da ciência História, um dos expoentes da Escola de Annales, o inglês Eduard Carr, vai afirmar em uma das principais obras que analisa a História enquanto ciência, que o fato histórico deverá ser embasado em evidências e considerações por parte do historiador, segundo Carr: “Como qualquer historiador ativo sabe, se ele para pra avaliar o que está fazendo enquanto pensa e escreve, o historiador entra num processo contínuo de moldar seus fatos segundo sua interpretação e sua interpretação segundo seus fatos. É impossível determinar a primazia de um sobre o outro”. (Carr, 1973). Portanto, cada historiador deverá se policiar para que sua interpretação não tenha primazia sobre o fato, incorrendo em defender inverdades como fatos.

Uma dos acontecimentos que é mais castigado por interpretações, em termos de Segunda Guerra Mundial, é a morte de Adolf Hitler em 30 de abril de 1945. Ao longo das décadas, muitas teorias e especulações foram sendo elaboradas com o objetivo de negar o suicídio de Hitler em Berlim. Uma fuga negociada e executa com o aval dos Estados Unidos do Führer e de seus assessores para a América do Sul são as que mais ganham cobertura dos adeptos da teoria. Alguns escritores narram detalhes da vida de Hitler no exílio. Entre os adeptos da tese, fazemos menção a duas em especial. A primeira é a obra da Simoni Renée Guerreiro Dias que realizou dissertação de mestrado com o tema, Hitler no Brasil – Sua Vida e Sua Morte.  O interessante na pesquisa é que ela afirma que o ditador teria fugido com a tutela e a ajuda do Vaticano. Hitler teria recebido da Igreja Católica direito a um mapa contendo a localização de um tesouro jesuíta do século XVIII. Não encontrando o tesouro, Hitler se instala em definitivo na cidade de Nossa Senhora do Livramento, em Mato Grosso, onde teria constituindo família, com uma brasileira negra, para não levantar suspeitas, claro. Hitler teria morrido com 81 anos de idade; a segunda teoria, publicada por Ediciones Absalón, “El Exilio de Hitler”, sustenta a passagem de Hitler por Barcelona, antes de formar um comboio de submarinos em direção a América do Sul. É importante observar que, em conjunto com os seus assessores, Hitler embarcou com uma carga de ouro.

Um novo capítulo inicia com a liberação de um documento do FBI, datado de 21 de setembro de 1945, que trata exatamente um encontro com uma fonte que testemunhou que altos representantes do governo Argentino receberam o comboio de Hitler com mais de 50 pessoas.

Agora vamos realizar uma pequena exposição que tem que ser explicada antes de qualquer afirmação. Constantes em vasta bibliografia.

Os ataques sobre Berlim iniciaram de forma contundente em 21 de abril de 1945. Hitler foi transferido com seus assessores no dia seguinte para o bunker, vamos aos relatos:

Em 21 de abril, Hitler foi levantado cerca de 09h30m e informado de que Berlim estava na linha de fogo da artilharia russa. Burgdorf bem como outros ajudantes esperaram por ele na antecâmara.

            Na antecâmara, esperavam por Hitler Burgdorf, Schaub, Below e Günsche.

                – Que está acontecendo? De onde vem o tiroteio? – perguntou. Burgdorf informou que o centro de Berlim estava sob pesado fogo de artilharias russas, aparentemente postadas a noroeste de Zossen. Hitler empalideceu. – os russo estão assim tão perto?

                Às primeiras horas da manhã de 22 de abril o fogo da artilharia russa aumentou…

                As bombas russas frequentemente explodiam em Tiergarten e por vezes mesmo nos jardins que circundavam os ministérios da Wilhelmstrasse (Chancelaria). O seu estrondo arrancou Hitler do sono às nove da manhã.

 Tão logo se vestiu chamou Linge e perguntou nervosamente: “Qual o calibre?” Para acalmar Hitler, Linge respondeu que o fogo vinha de baterias antiaéreas no Tiergarten e de canhões russo isolados, de longo alcance. Após o café em seu gabinete, Hitler voltou ao quarto, onde Morell lhe aplicou como de costume uma injeção estimulante.

                A conferência militar foi convocada para o meio-dia. Por volta de meio-dia reuniram-se no bunker de Hitler as seguintes pessoas: Doenitz, Keitel, Jodl, Krebs, Burgdorf, Winter, Christian, Voss Fegelein, Bormann, Hewel, Lorenz, Below, Günsche, Johannmeyer, John von Freyend e Von Freytag-Loringhover.

                Foi a conferência militar mais rápida de toda a guerra. Muitos rostos estavam transfigurados. Em vozes abafadas a mesma pergunta era repetida várias vezes: “Por que não pode o Führer se decidir a abandonar Berlim?”

                Hitler chegou dos seus aposentos particulares e parecia mais curvado do que nunca. Laconicamente saudou os membros da conferência e deixou-se cair na cadeira. Krebs começou a relatar os fatos. Comunicou considerável agravamento da situação das tropas alemães que defendiam Berlim. Os tanques russos tinham conseguido avançar para o sul, via Zossen, e alcançado os arredores de Berlim. Nos subúrbios leste e norte havia violenta luta. As tropas alemãs postadas no Óder ao sul de Stettin estavam inapelavelmente cercadas. Os tanques russos tinham-se infiltrado através de uma brecha e penetrado profundamente nas posições defensivas alemãs.

                Hitler se levantou e curvou-se sobre a mesa. Pôs-se a apontar algo no mapa, suas mãos tremendo. Subitamente empertigou-se e jogou seu lápis de cor sobre a mesa. Inspirou profundamente, sua face ficou rubra, seus olhos esbugalhados. Recuou um passo da mesa e numa voz brusca gritou: “É o fim! Em tais circunstâncias não posso comandar! A guerra está perdida! Mas vocês estão enganados, cavalheiros, se pensam que vou deixar Berlim! Daria antes um tiro na cabeça! ”

                Todos fixaram os olhares horrorizados sobre ele. Mal levantou a mão. “Obrigado senhores”. Então, abandonou a sala. (Bezymenski, 1968)

               Apesar de algumas contradições encontradas no relato, principalmente sobre os participantes da Conferência Militar do dia 22 de abril, não há qualquer dúvida que houve a reunião e que as condições de saúde e o cenário militar descrito, correspondem à realidade de Berlim.  O próprio Almirante Doenitz deixa Berlim naquele mesmo dia, confirmando assim que havia ainda condições de entrada e saída da cidade, e que o cerco dos soviéticos ainda não estava completo. No dia 23, Hitler recebe a visita de Alberto Speer e no dia seguinte chega à família do ministro Goebbels. No dia 26 todas as linhas de entrada e saída de Berlim estavam completamente tomadas, para se sair da cidade, apenas fugindo do cerco imposto pelos soviéticos. No dia 29 de abril, deu-se a reunião final. O General Weidling, governador militar de Berlim, e comandante da LVI Corpo Panzer, ainda aventou a possibilidade de uma escapada pelas linhas soviéticas, mas Hitler o dissuadiu. Não tinham nem tropas, nem equipamento, nem munições, para qualquer tipo de operação. Era ficar e morrer!

O Führer então despediu-se formalmente das pessoas mais próximas que ainda o seguiam até aquele momento.

Baseado no que já temos como relato, podemos identificar algumas questões:

  • O médico particular de Hitler, Theodor Morell, afirma que a saúde de Hitler era delicada. Inclusive, estudos recentes apontam sintomas de Mal de Parkinson.
  • Várias testemunhas confirmam que Hitler estava no bunker em 30 de abril de 1945, portanto a possibilidade de uma fuga sob o forte cerco soviético se não era impossível, era muito pouco provável.
  • Goebbels confessa a Hitler que ficaria com ele até o fim. Joseph e Marta Goebbels estiveram no bunker e assassinaram seus seis filhos, depois se mataram. Soa como ilógico que eles não tenham fugido com o Hitler.
  • Blondi sua cadela é encontrada morta nas proximidades do bunker, mais uma evidência que Hitler não deixou Berlim.

Os soviéticos antes de chegarem a Berlim promoveram uma corrida interna entre as suas unidades para quem trouxesse Hitler, vivo ou morto. Também outros altos membros do partido nazista estavam na lista. No início de maio, foram encontramos 02 corpos em caixas de munição nos arredores de Berlim, estes foram enviados imediatamente para autópsia e investigados pela NKVD. Identificaram que eram os corpos de um homem e uma mulher. Foram em busca dos registros dentários e do próprio dentista de Hitler que, confrontando com os registros, confirmaram que o corpo do homem era do líder nazista.

Os fatos aqui observados são embasados em vasta bibliografia fruto de pesquisa de vários historiadores e pesquisadores do tema. Isso não quer dizer que os acontecimentos que cercam A MORTE DE HITLER, estejam completamente sacramentados, pois a própria História como ciência passa por revisões e podem sofre alterações, contudo não há ainda qualquer evidência séria, apesar das tentativas insípidas, de mude o fato de que Hitler não morreu em 30 de abril de 1945, no bunker em Berlim.

No dia 31, a partir das 21h00, será transmitido ONLINE pelo Hangout um vídeo Chat com João Barone e os convidados Marcelo Madureira, Arthur Dapieve e Chico Miranda. Falaremos sobre a Segunda Guerra Mundial, abordando, inclusive a participação brasileira.

  Para participar é só Clica neste LINK: https://plus.google.com/u/0/events/c3u0jqefnibrf8h2keekcgdqcs4

 Confirme sua presença e mande sua pergunta! PARTICIPEM!

MAIS INFORMAÇÕES: http://seuhistory.com/programas/guerras-mundiais

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30 De Abril de 1945 – A Humanidade Celebrou Uma Morte. Hitler!

 A História julga cruelmente a construção de um personagem. Hitler ficou personificado como a imagem do mal para a História Oficial, apesar de ser celebrado como um revolucionário por meia-dúzia de seguidores modernos. Sem levar isso em consideração, se o ditador alemão tivesse morrido antes de setembro de 1939, teria entrado para História como sendo um dos maiores símbolos da Alemanha, por devolver o orgulho e fortalecer a Alemanha economicamente. Porém, para o curso da História não há “SE”, há fato. Ele deflagrou o maior conflito armado da História da Humanidade e tornou o mundo moderno o que conhecemos hoje.

   Impressiona como as desventuras das notícias podem criar mitos e desvirtuar a verdade histórica. Isso quer dizer que um fato histórico pode ser diretamente influenciado por boatos e inverdades que circulam ao longo dos anos. É como se alguém lançasse um boato sobre alguma coisa e, depois de cem anos, aquele boato fosse testificado por pessoas como sendo um fato histórico, e isso, por mais incrível que possa parecer, acontece de forma muito contundente nos meios de comunicação, principalmente na internet.

   Um acontecimento histórico que tem sido vitima latente dos boatos e lendas urbanas recai sobre a Morte de Hitler. Desde o dia 01 de maio de 1945 (um dia após a sua morte) até os dias atuais, são constantes os boatos sobre a sorte do destino que envolve a morte, sepultamento e o corpo do homem que mudou o século XX e a história da humanidade.

   Berlim começou a sofrer os primeiros ataques da Primeira Frente Bielo-russa, em 21 de abril de 1945, e a cada dia os avanços eram maiores, enquanto a Wehrmacht lutava desesperadamente para manter a capital. Hitler se transferiu para o Bunker, que ficava próximo a Chancelaria, no dia 22 de abril e de lá não saiu mais. Todos os colaboradores do líder nazista também foram transferidos para lá. Outro fator importante era a saúde de Adolf Hitler, que desde o atentado, ocorrido em julho de 1944, deixou-o com sequelas no ouvido e, desde então, ele andava cada vem mais curvado. Todos os dias seu médico particular aplicava doses cada vez maiores de adrenalina para lhe dar ânimo.

   Esse era o cenário que se encontrava Berlim. Um Líder que nem mesmo de longe lembrava aquele homem que os guiou em 1939 para vitórias militares avassaladoras, enquanto o avanço dos “Ivans” sobre sua capital, o coração do “Reich de Mil Anos” , ocorria violentamente.

Um Relato inicial:

Uma das principais testemunhas dos acontecimentos ocorridos no bunker em 30 de abril de 1945 é Otto Günsche membro da SS-Sturmbannführer, juntamente com Heinz Linge forma um importante testemunho oral:

                Em 21 de abril, Hitler foi acordado cerca de 09h30m e informado de que Berlim estava na linha de fogo da artilharia russa. Burgdorf, bem como outros ajudantes, esperaram por ele na antecâmara. Como de costume fez sua própria barba. Nem mesmo seu barbeiro pessoal, August Wollenhaupt, tinha permissão de barbeá-lo; ele dizia que não suportava ter alguém com uma navalha encostada à sua garganta.

                Na antecâmara, esperavam por Hitler Burgdorf, Schaub, Below e Günsche.

                – O que está acontecendo? De onde vem o tiroteio? – perguntou. Burgdorf informou que o centro de Berlim estava sob pesado fogo de artilharias russas, aparentemente postadas a noroeste de Zossen. Hitler empalideceu. – os russos estão assim tão perto?

                Às primeiras horas da manhã de 22 de abril o fogo da artilharia russa aumentou…

                As bombas russas frequentemente explodiam em Tiergarten e por vezes mesmo nos jardins que circundavam os ministérios da Wilhelmstrasse (Chancelaria). O seu estrondo arrancou Hitler do sono às nove da manhã.

                Tão logo se vestiu chamou Linge e perguntou nervosamente: “Qual o calibre?” Para acalmar Hitler, Linge respondeu que o fogo vinha de baterias antiaéreas no Tiergarten e de canhões russo isolados, de longo alcance. Após o café em seu gabinete, Hitler voltou ao quarto, onde Morell lhe aplicou como de costume uma injeção estimulante.

                A conferência militar foi convocada para o meio-dia. Por volta de meio-dia reuniram-se no bunker de Hitler e as seguintes pessoas: Doenitz, Keitel, Jodl, Krebs, Burgdorf, Winter, Christian, Voss Fegelein, Bormann, Hewel, Lorenz, Below, Günsche, Johannmeyer, John von Freyend e Von Freytag-Loringhover.

                Foi a conferência militar mais rápida de toda a guerra. Muitos rostos estavam transfigurados. Em vozes abafadas a mesma pergunta era repetida várias vezes: “Por que não pode o Führer se decidir por abandonar Berlim?”

                Hitler chegou dos seus aposentos particulares e parecia mais curvado do que nunca. Laconicamente saudou os membros da conferência e deixou-se cair na cadeira. Krebs começou a relatar os fatos. Comunicou um considerável agravamento da situação das tropas alemães que defendiam Berlim. Os tanques russos tinham conseguido avançar para o sul, via Zossen, e alcançado os arredores de Berlim. Nos subúrbios leste e norte havia violenta luta. As tropas alemãs postadas no Óder ao sul de Stettin estavam inapelavelmente cercadas. Os tanques russos tinham-se infiltrado através de uma brecha e penetrado profundamente nas posições defensivas alemãs.

                Hitler se levantou e curvou-se sobre a mesa. Pôs-se a apontar algo no mapa, suas mãos tremendo. Subitamente empertigou-se e jogou seu lápis de cor sobre a mesa. Inspirou profundamente, sua face ficou rubra, seus olhos esbugalhados. Recuou um passo da mesa e numa voz brusca gritou: “É o fim! Em tais circunstâncias não posso comandar! A guerra está perdida! Mas vocês estão enganados, cavalheiros, se pensam que vou deixar Berlim! Daria antes um tiro na cabeça! ”

                Todos fixaram os olhares horrorizados sobre ele. Mal levantou a mão. “Obrigado senhores”. Então, abandonou a sala.

 Texto Extraído do Livro: A Morte de Adolf Hitler – Lev Bezymenski – 1968

O Que a História Ensina Sobre Julgamentos Com Parcialidade

Um determinado Grupo populista se levantou com propostas radicais e nacionalistas em país em crise. Sua propaganda enfatizava uma Nova Ordem, por sinal, segundo eles, a única que poderia obter sucesso na solução dos problemas e anseios do povo.  Esse Grupo investia na imagem de um homem. Apesar de pouca cultura, era a referência política e ideológica em que se baseavam os demais integrantes. Certa vez, dotado de um espírito revolucionário, este Grupo tentou tomar o poder a força. Não conseguiram. Durante a ação, fizeram prisioneiros, destruíram jornais locais e roubaram uma quantia expressiva em moeda. A ação foi controlada por tropas legalistas e foi encerrada com um saldo total de 18 mortos e vários feridos. Todos os principais líderes do Grupo foram presos, inclusive o “chefe”.

 

Depois de alguns meses de prisão, iniciou o julgamento do “chefe”. Ele ameaçou abrir a boca para e dizer quem foram às personalidades que apoiaram a tentativa de Golpe. Começam os acertos políticos para um julgamento ameno. Primeiro o “chefe” seria transferido para um Foro “privilegiado”, pois o julgamento seria realizado na sua própria cidade, ao invés do julgamento ocorrer na capital, como previa a forma jurídica. Evitava-se um tribunal sem controle.

 

Iniciado o julgamento e com ampla cobertura jornalística, deu-se amplo direito de defesa para o “chefe”, ele discursa por quatro horas sobre sua motivação política e ideológica. Alguém ouve o juiz declarar em baixo tom: “fantástico esse senhor!”.  Depois do início do julgamento, um próprio juiz é pressionado para condená-lo, pressão popular e de vários setores da sociedade. Sem embasamento jurídico que o absorva, o parcial magistrado resolve condená-lo a cinco anos de prisão. Pena essa que seria revertida facilmente em liberdade assistida. Ignorando completamente as argumentações jurídicas da gravidade do fato para uma condenação certa, o magistrado nem mesmo se esforçou para embasar sua decisão, que segue abaixo:

“Hitler é um austro-alemão. Ele se considera alemão. Na opinião do tribunal, o sentido e a intenção dos termos da seção 9, parágrafo II da Lei de Proteção da República não se aplicam a um homem como Hitler, que pensa e sente como alemão, que serviu como voluntário durante quatro anos e meio no Exército alemão em guerra, que alcançou altas honras militares graças à notável bravura diante do inimigo, foi ferido, sofreu danos a saúde e foi dispensado das Forças Armadas em controle do Comando do Distrito de Munique ”

(Kershaw, 2010)

Isso mesmo, o “Chefe” em questão é Adolf Hitler e a tentativa de Golpe ocorreu em Monique em 08 de novembro 1923 e ficou conhecido como Putsch da Cervejaria, as primeira tentativa

Hitler: Uma Visão Diferente!

Deixando de lado os pensamentos da figura vil de Hitler pós-guerra e analisando a figura política do estadista alemão do início da década de 30, vamos perceber o fascínio que esse austríaco exercia sobre as pessoas. Não me refiro apenas aos discursos extremistas que enxertavam esperança na mente dos alemães quando nada mais parecia funcionar no país. O que podemos observar é que Hitler criou de forma proposital a figura idiomática de um verdadeiro “Messias salvador”, sem família, sem pretensões pessoais, apenas com único objetivo de liderar a nação ariana para a conquista do Lebensraum  (Espaço Vital). Para tanto contou com o mestre referenciado até os dias de hoje como o inventor da propaganda moderna. Joseph Goebbels foi seu vassalo até o limite da vida. Hitler contou com toda a nova forma de vender sua imagem, e conseguiu com isso uma nova guerra, dando forma a um novo mundo.

Para mostrar uma visão diferente desse austríaco que mudou a história da humanidade de forma pouco louvável, algumas fotografias que mostram as facetas do ditador.

Geli Raubal: Sobrinha e Amante de Hitler!

Sempre esteve presente nos estudos históricos a relação entre  Hitler e Eva Braun, principalmente pelo fato deles se casarem pouco antes de cometeram suicídio em 30 abril de 1945. Contudo Eva Braun não foi a grande obsessão amorosa de Hitler. Muitos pesquisadores, entre eles Marc Vermeeren e a britânica Angela Lambert, sustentam que a sobrinha Angela Geli Raubal tenha sido a mulher que conseguiu canalizar a atenção do líder alemão e foi preponderante para sua conduta política.

Geli era filha da meia-irmã de Hitler, Angela Franziska. Hitler trouxe sua irmã para Berchtesgaden como sua governanta no final da década de 20.  Geli, então com 17 anos, passou a conviver com seu tio. Essa aproximação se tornou um relacionamento em pouco tempo, muito embora o próprio Hitler negasse insistentemente os rumores que já eram públicos.

Historiadores sustentam que Hitler possuía uma obsessão doentia pela sobrinha, inclusive mantendo relações sexuais sadomasoquistas, fato que foi confidenciado pela própria Geli a Otto Strasser. O que é certo é que Hitler mantinha a sobrinha sob rígido controle. Ela morava em uma luxuoso apartamento de Munique, onde fazia aulas de canto e teatro.

Apesar da opressão, Geli se envolveu com Emil Maurice, o motorista particular de Hitler. Geli declarou que seu desejo era casar-se com Emil. Deixando seu tio furioso.

Na manhã do dia 19 de setembro de 1931, a jovem de 23 anos foi encontrada morta no chão de seu quarto. Em cima do divã, a pistola do tio. Nunca se soube exatamente o que aconteceu. Rumores davam conta de que a jovem havia sido assassinada por um namorado ciumento, pela SS (a organização paramilitar do Partido Nazista) ou por Hitler em pessoa, enraivecido por uma possível gravidez ou relacionamentos com outros homens, incluindo seu motorista Emil Maurice, com quem Geli almejava se casar. A polícia, sob pressão do Partido Nazista, encerrou o caso com uma declaração de suicídio feita por um legista.

O tempo passado ao lado de Geli marcou a vida de Hitler. Inclusivamente, depois, ele comparava cada nova mulher que conhecia com a perdida Geli. Sua dor foi tão profunda que encerrou a sua habitação em Prinzregentenstrasse. Durante vários dias, Hitler falou de suas próprias intenções de suicidar-se, e descobriu que já não podia comer carne: “É como comer um cadáver”, afirmava, segundo testemunhas. Algumas fontes afirmam que Hitler se fez vegetariano a partir deste facto, mas a verdade é que, já desde 1924 poucas vezes Hitler comia carne. Este episódio destroçou emocionalmente Hitler, que optou por seguir o mesmo caminho. Hitler tentou suicidar-se por sua morte, mas seu fiel amigo e secretário Rudolf Hess conseguiu tirar-lhe a pistola das mãos no último minuto. Mais tarde, Hitler diria: “É a única mulher que tenho querido”. Segundo os mais experientes historiadores de Hitler, Geli e sua mãe Klara Hitler foram as duas únicas pessoas que tiveram um factor emocional determinante na vida de Hitler.

Hitler fez uma estátua a Geli e, todos os anos, no aniversário de sua morte, fechava-se durante horas no quarto da falecida Geli, onde passava horas, olhando suas roupas, fotos e demais lembranças. Até o princípio da guerra, Hitler também passou as vésperas de Natal sozinho nesse quarto. Sempre na cama de Geli, Hitler depositava flores de forma afectiva . Só Anny Kramer-Winter, a dona-de-casa de Hitler a partir de 1929 até 1945, e ele, entravam naquele quarto. Qualquer outra pessoa tinha o acesso proibido. A cada aniversário de seu nascimento e de sua morte, Hitler depositava um ramo de flores aos pés de um quadro de sua sobrinha. Durante toda a guerra, retratos de Geli se conservaram no Berghof e na Chancelaria do Reich, até o final da guerra. Aquele golpe foi terrível para o futuro líder da Alemanha nazista e, após este facto, virou-se determinadamente para a política, sustentando unicamente relações com Eva Braun, a assistente do estudo fotográfico de Heinrich Hoffmann.

Fontes:

 Marc Vermeeren. “De jeugd van Adolf Hitler 1889-1907 en zijn familie en voorouders”. Soesterberg, 2007, 420 blz. Uitgeverij Aspekt

“A História Perdida de Eva Braun”, Angela Lambert. Ed. Globo. 2007

http//pt.wikipedia.org/wiki/Geli_Raubal

“Hitler’s Women, Guido Knopp. Routledge. 2003

O Schalke 04 e o Nazismo – A Alemanha e o futebol de Hitler

Em 22 de junho de 1941. Esta é uma das mais importantes datas da história moderna. Ainda raiva o sol, quando, bem no início da manhã, a Alemanha nazista cruzou as fronteiras com a União Soviética, lançando guerra contra o território vermelho.

 Com a desculpa de responder a violações de fronteira, mas com a notória intenção de destruir o bolchevismo e a União Soviética, Hitler mobilizou uma colossal máquina de guerra para o front russo.

 Mais de três milhões de soldados nazistas cruzaram a fronteira ocidental, percorrendo mais de três mil quilômetros, desde o mar báltico ao Mar Negro, dando início à chamada Operação Barbarossa – batizada assim por Hitler em homenagem ao monarca Frederico I, o barba-ruiva, um grande imperador alemão da Idade Média.

 A campanha iniciada naquele dia se revelaria a mais longa, mais cara e mais feroz operação militar de todos os tempos, mas, naquele fim de semana, surpreendentemente, não era o tema mais comentado entre os alemães nas todas de conversa em Berlim.

 A Segunda Guerra Mundial havia estourado há quase dois anos e já não era mais novidade para ninguém. Sobre aquele violento pano de fundo, a vida cotidiana corria e a guerra deixara de ser o assunto principal. Para os alemães, então, pelo menos no princípio, a invasão da União Soviética era somente mais um passo de um drama sem data para acabar.

 Fôlego novo para o futebol

 Naquele domingo de junho, no ano de 1941, Berlim acordou com a notícia de que as tropas nazistas haviam invadido o território de Stálin, mas aqueles dias não seria, para o alemão, o episódio mais importante do dia. Estava programada para acontecer naquela tarde, no Estádio Olímpico da cidade, a final de um importante torneio de futebol.

 Lá, os campeões do Schalke 04, clube favorito dos adeptos do regime nazista, iriam enfrentar o Rapid Viena time que defendia a Áustria, país recentemente anexado à Alemanha. A partida prometia, e a rivalidade de política existente entre os dois lados só acentuavam o interesse da população alemã. O clima de decisão enchia de ansiedade os torcedores germânicos que carregavam a certeza: os jogadores do Schalke 04 certamente não iriam decepcionar.

 Com ascensão do nazismo, o futebol alemão viveu um período de renascimento. A estrutura do jogo foi profundamente modernizada, o que aumentou o interesse das torcidas e escancarou o talento dos jogadores, que, de olho no crescimento do esporte , empenharam-se como nunca. O regime de Hitler foi mestre em explorar o potencial do futebol, o “teatro do povo”, como divulgador da imagem do movimento nazista. As estrelas dos times alemães passaram a se tornar verdadeiros garotos-propaganda da ideia de supremacia ariana.

 A renascença do futebol alemão ocorreu quase que simultaneamente ao período do florescimento de um dos mais famosos clubes de futebol do país, o Schalke 04. Saído do humilde subúrbio industrial de Gelsenkirchen (na região de Ruhr)m o Schalke 04 amargou a derrota do campeonato de 1933 para, no ano seguinte, voltar a triunfar sobre o então favorito time do FC Nuremberg (região da Baviera). E este era apenas o começo de uma notável sequência de vitórias. O time chegou à final em sete dos oito campeonatos seguintes e conquistou o título em cinco deles.

 Em 1941, na final do campeonato, o time do Schalke 04 enfrentaria u duro adversário, o Rapid Viena, que vinha de uma excelente temporada. A seleção nacional austríaca de futebol tornara-se uma das mais fortes do mundo nos anos de 1930. Depois de 1938, quando o país foi anexado à Alemanha e os times austríacos rapidamente impuseram sua presença na disputa pela Liga alemã de futebol, a rivalidade, então, cresceu.

  Naquele ano o Rapid Viena venceu a copa alemã. No ano seguinte, em 1939, outro time austríaco chegaria à final: o Admira Viena, que ficou apenas com o vice-campeonato. Em 1940, novamente o time do Rapid estaria nas finais, mas não levou o título. A presença dos austríacos do Rapid Viena na final do campeonato de 1941 simbolizava, portanto,  mais um indício do evidente crescimento do time.

  A partida naquela tarde de domingo era um confronto imperdível para austríacos e alemães. Não fosse apenas a rivalidade no futebol, havia também uma acentuada rivalidade regional. Ignorando a origem austríaca do Führer, a cultura alemã de, tradicionalmente, fazer uma divisão norte-sul vigorava à todo vapor – protestantes contra católicos e “prussianos” contra austríacos.

 Os habitantes do norte da Alemanha insistiam em colocar os austríacos em um patamar inferior. Já os nascidos na Áustria, por sua vez, viam os alemães do norte como incultos e arrogantes.

 Em 1939, um episódio viria, então, exaltar ainda mais os ânimos. Matthias Sindelar, um das principais estrelas do futebol austríaco, morreu misteriosamente depois de recusar-se a defender a camisa alemã. Suspeita-se que Matthias tenha sido assassinado pelos nazistas.

 Embates físicos tornaram-se comuns nas disputas entre os times austríacos e alemães. Em 1940, inúmeros jogos foram marcados por brigas. E a violência não ficava restrita às arquibancadas. Em uma partida entre um time da Luftwaffe de Hamburgo e um time de Viena houve uma série de incidentes violentos e o goleiro austríaco, após alguns confrontos brutais, deixou a partida seriamente ferido. Mais tarde, o jogador morreria no hospital.

 O espírito competitivo cada vez mais contaminava as opiniões dos torcedores. O sentimento antinazista carregado pelos austríacos direcionava-se ao time predileto pelo regime de Hitler: o Schalke 04.

 Cada vez mais próximo da administração nazista, os jogadores do Schalke passaram a receber honrarias do governo, como posições de destaque nas tropas nazistas AS. Os atletas que brilhavam mais, como Ernst Kuzorra e Fritz Szepan, eram, inclusive, utilizados como porta-voz da propaganda nazista. Até mesmo Hitler torcia pelo time. O Schalke passou, então, a representar o movimento nazista e, assim, os embates entre eles e qualquer time de Viena tornaram-se palco de muita violência. O jogador Kuzorra, por exemplo, foi nocauteado em um jogo, e, no encontro entre o time do Admira Viena e o Schalke, em novembro de 1940, uma limusine nazista e um ônibus do time alemão acabaram depredados. Por todas essas razões, àquela altura, o jogo de 22 de junho de 1941 interessava mais aos alemães do que a invasão nazista a União Soviética.

Texto Roger Moorhouse

  Post Relacionado: Morte de Matthias Sindelar

Hitler Derrota e Humilha a França

A invasão utilizando blitzkrieg nos Países Baixos e na França, começa em 10 de maio de 1940. Dentro de três semanas, uma grande parte da força britânica, acompanhado por alguns dos defensores franceses, é empurrado para o Canal Inglês e obrigado a abandonar o continente em Dunquerque (Dunkirk).

O avanço alemão continua a varrer o sul e empurrando o exército francês em franca retirada, e também um número estimado de 10 milhões de refugiados que fogem para salvar suas vidas. Os franceses abandonam Paris, declarando-a uma cidade aberta. Isso permite que os alemães entrem na capital francesa em 14 de junho, sem resistência.

O governo francês continua sua ofensiva para o sul de Bordeaux, onde se desintegra. Um novo governo é formado com o comando de um herói da Primeira Guerra Mundial Marechal Petain. Em 17 de junho o velho combatente anuncia, em uma transmissão ao povo francês, que “É com o coração pesado que eu digo a vocês hoje que devemos parar de lutar.” Este é o último golpe da resistência francesa à invasão alemã. O governo francês convida os alemães para um armistício que vai acabar a luta.

Hitler exige que a capitulação francesa inicie em Compiegne, ao norte da floresta de Paris. Este é o mesmo local onde 22 anos antes os alemães haviam assinado o armistício que terminou com a Primeira Guerra Mundial. Hitler pretende humilhar os franceses e vingar a derrota alemã. Para aprofundar ainda mais a humilhação, ele ordena que a cerimônia de assinatura ocorra no mesmo vagão de trem que sediou a rendição alemã.

O Armistício é assinado em 22 de junho. Nos termos do acordo, dois terços da França deverá ser ocupada pelos alemães. O exército francês deve ser dissolvido. Além disso, a França deve arcar com o custo da invasão alemã.

(O rosto de Hitler) “está em chamas com desprezo, raiva, ódio, vingança, triunfo.”

William Shirer era um repórter de rádio da CBS News. Juntamo-nos a sua história, como ele está em uma clareira na floresta de Compiègne ao lado do vagão de trem, onde a cerimônia será realizada. Hitler e sua comitiva chegam apenas momentos antes da cerimônia:

“Agora a bandeira pessoal de Hitler está tremulando no pequeno centro da abertura do vagão. Também no centro há um grande bloco de granito que representa cerca de três metros acima do solo. Hitler, seguido pelos outros, caminham devagar até lá. Ao passar, lê a inscrição gravada em letras grandes no alto desse bloco. Diz:

“Aqui no dia onze de novembro 1918, sucumbiu o orgulho criminoso do Império Alemão… Vencido pelos povos livres que ele tentou escravizar.”

Hitler e Göring leem. Todos leem sob o sol de junho, e em silêncio. Eu olho para a expressão no rosto de Hitler. Eu estou a apenas cinqüenta metros dele e vê-lo através dos meus óculos como se ele estivesse na minha frente. Eu vi essa cara muitas vezes em grandes momentos de sua vida. Mas hoje! Ela está em radiante, com desprezo, raiva, ódio, vingança, triunfo. Ele dá um passo fora do monumento e inventa para fazer o mesmo gesto esta uma obra-prima de desprezo. Ele olha de volta para ela, desprezo, raiva – raiva, você quase sente, porque ele não pode apagar as inscrições, provocando terrível medo com uma varredura de sua bota alta prussiana. Ele olha lentamente ao redor da clareira, e agora, como seus olhos encontram os nossos, percebe a profundidade do seu ódio. Mas há triunfo lá também – ódio, vingança triunfante. De repente, como se seu rosto não estivesse com uma expressão completa de seus sentimentos, ele joga todo o seu corpo em harmonia com o seu humor. Ele rapidamente se agarra as mãos nos quadris, ombros arcos, as plantas de seus pés bem afastados. É um magnífico gesto de desafio, de desprezo ardente para este lugar agora, e tudo o que ficou para nos 22 anos desde que testemunharam a humilhação do Império Alemão.

… É agora 23 alemães marcham até o vagão do armistício. Então Hitler entre no vagão, seguido pelos outros. Podemos ver muito bem através das janelas do vagão. Hitler assume o lugar ocupado pelo marechal Foch, quando os termos do armistício de 1918 foram assinados. Os outros se espalharam ao redor dele. Quatro cadeiras do lado oposto da mesa de Hitler permanecem vazias. Os franceses ainda não apareceram. Mas não podemos esperar muito tempo. Eles chegaram em um carro! Eles voaram para Bordeaux e pousaram em um campo próximo. … Então eles caminham pela avenida acompanhados por três oficiais alemães. Vemos agora claramente a chegada deles.

… É uma hora triste na vida da França. Os franceses mantêm seus olhos em frente. Suas faces são solenes, desenhadas. Eles são a imagem de dignidade trágica. Eles andam rigidamente ao vagão, eles são recebidos por dois oficiais alemães, o tenente-general Tippelskirch, Intendente Geral, e o coronel Thomas, chefe do quartel-general do Führer. Os alemães fazem saudação. A saudação francesa. A atmosfera é o que os europeus chamam de “correta”. Há saudações, mas sem apertos de mão.

Agora temos a nossa imagem através das janelas empoeiradas de que velho vagão está iluminado. Hitler e os outros líderes alemães se levantam quando os franceses entram na sala. Hitler dá a saudação nazista, o braço levantado. Ribbentrop e Hess fazem o mesmo. Eu não posso ver se M. Noel saúda ou não.

Hitler, na medida em que podemos ver através das janelas, não diz uma palavra para o francês ou para qualquer outra pessoa. Ele confirma a General Keitel ao seu lado. Nós vemos o general Keitel ajustando seus papéis. Então ele começa a ler. Ele está lendo o preâmbulo dos termos de armistício alemães. Os franceses estão com caras perplexas e ouvem atentamente. Hitler e Göring olham sobre o verde de mesa.

A leitura do preâmbulo dura apenas alguns minutos. Hitler, logo observa, não tem intenção de permanecer muito tempo, de ouvir a leitura dos termos do armistício si. Em três horas e quarenta e dois, 12 minutos depois que os franceses chegam, vemos Hitler de pé, faz uma saudação rígida, e depois sai da sala de visitas, seguido por Göring, Brauchitsch, Raeder, Hess e Ribbentrop. Os franceses, figuras como uma pedra, permanecem na mesa-verde. General Keitel permanece com eles. Ele começa a ler os pormenores das condições do armistício.

Hitler e seus assessores andam pela avenida em direção ao monumento da Alsácia-Lorena, onde os carros estão esperando. Quando eles passam pela guarda de honra, a banda alemã toca os dois hinos nacionais, Deutschland, Deutschland über Alles e a canção Horst Wessel. Essa foi a cerimônia em que Hitler chegou ao auge em sua carreira meteórica e a Alemanha vingou a derrota de 1918.”

 “A França se rende, 1940,” testemunha ocular da História”

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No Dia D – Hitler Dorme do Ponto

Logo que o sol nasceu no dia 06, o piloto alemão Adolf Bärwolf recebeu a ordem de decolar da base de Laval para um voo de reconhecimento. Depois de sobrevoar Cean e virar à esquerda no Rio Ornem, ele e seu auxiliar viram centenas de carcaças de planadores inimigos espalhados pelo campo. Bärwolf fotografou a cena e rumou para o mar, onde pôde avistar mais de 50 embarcações. Estava claro que havia chegado o dia da invasão.

 

Quando o piloto voltou a sua base, eram cerca de 6h, e  o desembarque dos Aliados mal começara. Com as informações, as temidas divisões blindadas que estavam posicionadas a oeste das praias da Normandia poderiam agir com rapidez. Os tanques iniciaram o deslocamento por determinação do marechal Gerd von Rundstedt, que pediu autorização para agir. No entanto, o contra-ataque só foi lançado entre as 14h30 e 15h pela 21ª Divisão Panzer da SS. Motivo da demora: somente Hitler, comandante em chefe das Forças Armadas, poderia dar  a ordem.

Eram 7h30, Von Rundstedt recebeu a informação de que o Füher dormia. Em seu refúgio em Berghof, nos Alpes bávaros, o ditador nazista havia pegado no sono apenas à 3 horas. Ninguém queria acordá-lo por causa de “relatórios não confirmados” de invasão. Segundo depoimentos, auxiliares só teriam chamado o ditador depois das 10 horas. Outros dão conta de que ele teria levantado sozinho quando já passava do meio-dia. Ao ser informado da magnitude do ataque, Hitler desdenhou: “A notícia não poderia ser melhor. Enquanto estavam na Grã-Bretanha, não poderíamos alcançá-los. Agora estão onde podemos destruí-los”.

 

O Füher tinha um encontro com diplomatas e políticos da Hungria, Romênia e Bulgária. Ao entrar na sala estava radiante: “Começou, afinal!”. Logo depois, desenrolou um mapa da França e disse ao comandante da Luftwaffe, Hermann Göring: “Eles estão desembarcando exatamente onde esperávamos!”. Göring preferiu não corrigi-lo.

 

 

Revisando Hitler

Hitler foi, sem sombra de dúvidas, a figura mais controversa e citada do século passado, e suas atitudes deixaram marcas profundas na humanidade, por isso, depois de mais de 80 anos que ele assumiu o poder na Alemanha, ainda é uma celebridade histórica aclamada por alguns e odiado por muitos, e sempre fará parte de estudos, debates e toda sorte de pesquisa sobre os caminhos traçados pelo mundo a partir da sua ascensão ao poder em uma nação que, inebriada pela sua retórica nacionalista consagra-o como salvador de uma nação escolhida para dominarem outras nações. Esse é o contexto hitleriano que confundiu uma geração inteira para lutarem por uma causa maior, a causa ariana.

Realizando pesquisas sobre a Segunda Guerra Mundial é fácil visualizar as enormes discussões sobre as atitudes que Hitler tomou antes e durante o conflito, atitudes estas, que geraram vitórias esmagadoras e consolidou sua política expansionista até 1942, mas seus equívocos também passaram a deliberar as derrotas que culminaram com a queda do Reich em 1945. Claro, não há unanimidade entre os pesquisadores e aficionados pelo assunto sobre os acertos e erros do líder nazista, contudo os acontecimentos da segunda grande guerra foram produto das decisões que o líder supremo da Alemanha tomou.

Hitler leva a culpa

É evidente que, após a derrota da Alemanha, Adolf Hitler juntamente com seus colaboradores diretos são responsabilizados pelas agressões, perdas de vidas e genocídio, mas utopicamente os Aliados também cometeram horríveis excessos durante as campanhas de batalha nos diversos teatros de operações da Segunda Guerra Mundial, contudo, a responsabilidade recai sobre os derrotados, e portanto os Julgamentos de Nuremberg foram a deliberação máxima de culpabilidade dos Alemães, ali, não eram julgados apenas a cúpula nazista, mas também toda a Alemanha. O suicídio de Hitler em 30 de abril, nada significou para a propaganda Aliada no processo de demonização de sua figura. Claro, evidentemente a culpa que lhe é inferida para as gerações futuras são pertinentes, mas o processo de revisão histórica deve aplicar-lhe a justa medida de suas ações, sem negar-lhe, entretanto, os feitos de sua liderança, inclusive de suas realizações pré-guerra, tirando a Alemanha de uma recessão profunda, ainda sob os reflexos do famigerado espólio da Grande Guerra descrito no Tratado de Versalhes. Contudo isso não minimiza sua visão expansionista e seus crimes de guerra, o que se propõe é uma justa conta de seus atos, apenas isso.

 

Todavia Hitler não pode ser reverenciado

Muitas pessoas, deram um status a Hitler incompatível com seus atributos, acreditam que o mesmo foi um herói de um povo, um exemplo de líder e, absurdamente, chegam a declarar que foi um maiores líderes que a humanidade conheceu. Baboseira! Hitler se revela quando estudamos Main Kupf (Minha Luta), em sua obra ele define sua visão de sociedade, de povo e mundo, e eles não são bons! Pelo contrário, evoca a estupidez do racismo, a intervenção do Estado em todos os âmbitos da sociedade e um padrão impressionante de bordões radicalistas que originam dos pensamentos filosóficos ainda inconclusivos do início do século vinte. Enfim, ele foi um político astuto, aliou-se e formou uma imagem, que infelizmente para muitos ainda é de um messias lutando contra o império impiedoso, o que na verdade, não reflete a verdadeira face de Adolf Hitler.

 

Hitler era mesmo o vilão?

Quando falamos em maldade, quando desejamos personificar o que é vil, não há melhor imagem ou caricatura que represente o que existe de pior na humanidade como o rosto de Adolf Hitler. Ele, como não poderia deixar de ser, é a materialização de tudo que há de pior no homem. Claros motivos para isso não faltam. Mas a história como ciência, possui verdades ainda incompletas ou distorcidas, por isso, centralizar todas as atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra

Adolf Hitler

para uma única liderança, um único povo, um único regime é polarizar os crimes de todos os envolvidos. Exatamente isso, todos comentaram crimes de guerra. Sem pormenorizar o papel do regime Nacional Socialista alemão, e as realizações criminosas de Hitler, que não deixam margem para defesa, contudo suas atrocidades não foram, nem de longe, as únicas. Os crimes de guerra, as atrocidades praticadas contra civis são máculas não apenas do Eixo, eles apenas perderam a guerra, por isso receberam toda a culpa. Podemos citar entre as atrocidades cometidas pelas nações vencedoras do conflito, os bombardeios dos Aliados sobre a Alemanha, a destruição de Nagasaki e Hiroshima, A Invasão Soviética a Berlim e os estupros sistemáticos das mulheres alemãs pelo Exército Vermelho (chamado ironicamente de Exército do Povo), os campos de concentração nos países Aliados, entre eles EUA e Brasil, tudo isso devidamente minimizado no pós-conflito. Embora que, aparentemente, pareça apenas uma pequena parcela dos feitos em comparação aos nazistas, não podemos ignorar o fato de que, no esforço de guerra, mesmo as nações democráticas promoveram a perda desnecessária de vidas, ignoraram direitos básicos a homens e mulheres. Devemos entender profundamente como a humanidade, de uma forma geral, mergulhou no limite da autodestruição.

O princípio de tudo

Conferência em Teerã - 1943

O Pacto de Versalles foi assinado em 02 de novembro de 1918, o armistício concretizava oficialmente o fim do conflito, chamado de A Grande Guerra, que ceifou onze milhões de vidas. A Alemanha, a principal nação beligerante, se rendia a França, EUA e Inglaterra. Falando especificamente sobre a imposição das condições para a rendição germânica, o tratado assinado era uma declaração de culpa e imposição de condições meramente vingativas contra o povo alemão. Perdas de territórios e pesadas multas de guerra a serem pagas as nações vencedoras, a título de indenização e espólio de guerra, mergulhava a economia da Alemanha a uma recessão profunda.  No oeste foi criado a cidade livre de Dantzig, que teria um governo autônomo, essa cidade independente ficava no meio do chamado Corredor Polonês, que cortava o território da Alemanha, e tinha como objetivo oferecer uma saída marítima para o Estado polonês. No leste, na fronteira com a França e os Países Baixos, foi criada a zona desmilitarizada do Reno.

A Alemanha sufocada e arruinada, testemunhava seu povo passar a década de vinte sob as vistas dominadoras e revoltantes. Neste clima de revolta os discursos nacionalistas caem como música para os ouvidos de um povo oprimido, que enxerga em um eloqüente ex-combatente da Grande Guerra um messias, um salvador, e com o apoio de vários setores da sociedade, lança as bases para a criação de uma partido ultra-nacionalista; nasce o Partido Nazista. Sem hesitação, podemos afirmar que a constituição social, econômica e política da Alemanha pós-Primeira Guerra é produto direto do Tratado de Versalles.

Hitler tem concorrência a altura.

Nos demais países europeus a crise econômica desencadeada em 1929, chamada de Grande Depressão, eclodiu com a

Stálin

quebra da Bolsa de Valores de New York em 24 de outubro. No entanto, a União Soviética, que adotou o comunismo desde a Revolução Bolchevista, teve condições de manter um crescimento razoável, com uma política de estatização de gêneros básicos da produção russa.

As ações de Stálin no campo econômico, social e político, por sinal, eram de uma repressão digna do czarismo derrubado pela Revolução. Para consolidar-se no poder, o líder georgiano não media esforços para eliminar qualquer opositor do regime. Dentre as suas vitimas estão Trotsky, o sucessor direto de Lênin, teve que fugir para não ser executado na Rússia, infelizmente não era tão longe (?), e foi assassinado no México. Para se entender os feitos do senhor Stálin, podemos analisar os seguintes dados:

  1. O censo de 1937 revelou que a população havia caído em oito milhões de pessoas, por causa da coletivização forçada no campo da repressão política e das execuções;
  2. Entre 1937 e 1938, foram presos cerca de um milhão e meio de “inimigos do povo”. Oficialmente foram realizadas 681.692 execuções – uma média de quase mil por dia;
  3. Por ordem de Stálin foram executados três marechais, 14 comandantes-de-exército, 08 almirantes, 60 comandantes-de-corpos-de-exército, 136 comandantes-de-divisão, 221 comandantes-de-brigada, 11 vice-comissários de defesa, 75 membros do sovite militar e mais 528 outros altos oficiais e funcionários do setor militar. Andrei Nikolaevitch Tupolev, projetista do avião que leva seu nome e do primeiro túnel aerodinâmico russo, e Sergei Korolev, que em 1933 construiu o primeiro foguete experimental soviético movido a combustível líquido, foram presos e enviadas para a Sibéria. Também foram presos quase todos os astrônomos do Observatório de Pulkovo, os estatísticos que tabularam o recenseamento de 1937, centenas de linguistas e de biólogos, que refutaram a Linguística e a biologia “oficial”, e cerca de dois mil membros da União dos Escritores.

“Os crimes de Stalin foram denunciados por Nikita Khrutchev, durante o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, em 1953, quando Khrutchev assumiu o cargo de secretário-geral do partido. Tempos depois, já como primeiro-ministro do país, ao participar de uma conferência com membros do Partido Comunista, pediu que lhe fizessem as perguntas por escrito. Uma das indagações, feita por um dos integrantes da platéia, pedia que ele explicasse por que não denunciara o terror de Stálin, quando o ditador ainda estava vivo. Vermelho de raiva, o então chefe do governo soviético gritou: “Quem fez está pergunta?”. Ninguém respondeu. Já calmo, ele prossegue: “Pela mesma razão que você não se apresenta agora; simplesmente por medo!”. Calcula-se que, de 1917 a 1953, ano da morte de Stalin, os expurgos, a fome, as deportações em massa, o trabalho forçado no Gulag e os fuzilamentos mataram algo em torno de 20 milhões de pessoas na antiga URSS.” – Ipojuca Pontes

Levando em consideração que Stálin assinou um pacto de não-agressão com Hitler (“Pacto Molotov-Ribbentrop”, assinado no Kremlin em agosto de 1939) e dividiu o território da Polônia antes mesmo de qualquer declaração de guerra. Pura covardia! Por falar em covardia, um dos acontecimentos que mais chocam os historiadores é o Massacre de Katyn, na Polônia ocupada pelo Exército Vermelho e pelos Nazistas. Um dos episódios mais torpes da 2ª Guerra Mundial, que eliminou praticamente toda a elite militar polonesa, foi perpetrado pelos comunistas soviéticos a partir de ordens expressas do Kremlin e assinadas pelo próprio Stálin. Depois do massacre, num relatório destinado ao chefe da NKVD, o sanguinário Bloktin assinalou que, junto a dois outros asseclas, equipou uma cabana com paredes à prova de som, em

Massacre Katyn

Ostachkov, e estabeleceu a cota de 250 fuzilamentos por noite. Sobre o assassinato em massa, o agente relata: “Usei um avental de couro e gorro de açougueiro, matando, em 28 noites, 7 mil oficiais, portando uma pistola Walther alemã para evitar identificações futuras. Os corpos foram enterrados em vários lugares, mas 4500 do campo de Kozelsk foram sepultados na floresta de Katyn”.

Bem, finalmente poderia decorrer neste artigo um livro inteiro sobre as atividades genocidas do senhor Stálin, contudo já o fizeram (historiador Simon Montefiore, em “Stalin – a Corte do Czar Vermelho”). Os acontecimentos históricos arrematam-nos para uma reflexão sobre todos os criminosos de guerra de 1939 a 1945, não apenas os derrotados, mas também os vencedores, Os Aliados também deveriam figurar no banco de réus em Nuremberg.

Respondendo a pergunta do título: SIM, ele era, contudo não era o único.

Perseguição a Clubes de Futebol durante a II Guerra Mundial

Por USP

Medidas influenciadas pela política nacionalista do Estado Novo obrigaram clubes a expulsar associados de origem estrangeira. Reuniões de diretoria só podiam ser realizadas com autorização da DEOPS

Pesquisa do historiador Alfredo Oscar Salun aponta que na época da entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, em agosto de 1942, Corinthians e Palmeiras foram forçados a expulsar cerca de 150 sócios de origem estrangeira, inclusive alguns de seus dirigentes. Os dois clubes estavam entre as entidades atingidas pela legislação repressora do Estado Novo, especialmente de 1941 até 1945, quando aumentou o rigor na vigilância da polícia política aos grupos estrangeiros e seus descendentes.

Equipes mais populares da época, Palestra Itália (antigo nome do Palmeiras) e Corinthians atraíam grande número de torcedores de origem imigrante, muitos dos quais operários, caracterizando-os como times populares. “Quando o Brasil declarou guerra à Itália, Alemanha e Japão, a vigilância aos estrangeiros pela Delegacia de Ordem Política e Social (DEOPS) aumentou, devido a suspeitas de espionagem”, conta Salun.

“No Palestra Itália, predominavam os italianos, e no Corinthians havia também italianos, além de espanhóis, alemães e até árabes”, explica o historiador, que pesquisou os efeitos das medidas de nacionalização para sua tese de doutorado no Núcleo de Estudos de História Oral (NEHO) na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

Após a entrada do Brasil na guerra, o Conselho Nacional de Desportos (CND) baixou uma série de regulamentações para o esporte, em acordo com o projeto nacionalista do regime do Estado Novo (1937-1945). “Os clubes de futebol foram atingidos, tendo que expulsar dirigentes e associados estrangeiros, principalmente os ligados aos países do Eixo, rotulados como ‘Súditos do Eixo’.”


Vigilância

A desobediência às normas de nacionalização poderia levar ao fechamento dos clubes. “No caso do Palestra Itália, isso gerou rumores não confirmados de que dirigentes do São Paulo manobravam nos bastidores para tomar seu patrimônio”, relata Alfredo Salun. “Os boatos e a mudança de nome para Palmeiras, em 1942, tornaram o episódio marcante na história do clube e dos seus torcedores, ao contrário dos fatos ocorridos no Corinthians.”

A aplicação das leis levou a destituição do presidente do Corinthians Manuel Correncher, espanhol de nascimento. “O clube conquistou vários títulos na gestão de Correncher, considerado uma figura folclórica, comparada a de Vicente Matheus”, conta Salun. “A presidência foi assumida por Mario de Almeida, interventor indicado pelo CND, que ocupou o cargo por alguns meses, até o clube escolher um novo presidente.”

“Em um clube é uma história conhecida e celebrada e no outro, silenciada e apagada”, destaca o historiador. Nesse aspecto, o pesquisador desenvolve um trabalho em História Oral, com torcedores, jogadores e dirigentes. “Esses clubes não foram os únicos na capital paulista que foram alvos da repressão, mas tinham maior torcida e prestígio.”

Reuniões de diretoria dos dois clubes só eram feitas com autorização da DEOPS e a presença de um agente do órgão. “Os clubes também precisavam de permissão oficial para jogos fora de São Paulo, especialmente no litoral, devido a importância estratégica das regiões costeiras na Segunda Guerra Mundial.”

Após as expulsões, Corinthians e Palmeiras realizaram uma “campanha de nacionalização” para atrair novos sócios, nascidos no Brasil. “A imprensa da época viu essa iniciativa como uma prova de patriotismo”, diz Salun. “Os estrangeiros expulsos começaram a retornar aos clubes após 1945, como reflexo do final da Guerra, de medidas liberalizantes adotadas pelo governo de Getúlio Vargas e o fim da perseguição à ‘quinta-coluna’, espiões e os ‘Súditos do Eixo’.”

Publicado:

http://www.2guerra.com.br/sgm/index.php?option=com_frontpage&Itemid=1

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