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Archive for the ‘Religião & Ciência’ Category

Castelo Forte – Martinho Lutero

Castelo Forte é o Nosso Deus.

Do alemão Ein feste Burg ist unser Gott, um hino muito conhecido entre o povo cristão, composto por Martinho Lutero em 1529. O texto é baseado no Salmo 46, “Deus é o nosso refúgio e fortaleza…”.

Castelo Forte é uma dos principais hino dos protestantes e das religiões cristãs tradicionais e oriundas da Reforma. Considerado o HINO DA BATALHA DA REFORMA PROTESTANTE, devido ao efeito produzido no apoio à causa dos reformistas.

O mais antigo hinário existente, em que este hino aparece, é o de Andrew Rauscher (1531), mas é provável que ele figurasse no hinário de Wittenberg, de Joseph Klug, de 1529, do qual não existe cópia. Seu título era Der xxxxvi. Psalm. Deus noster refugium et virtus. Antes disso é provável que tenha figurado no Hinário de Wittenberg, de Hans Weiss de 1528, também extraviado. Esta evidência reforça a idéia de que fora escrito entre 1527 e 1529, já que os hinos de Lutero eram impressos imediatamente após serem escritos. A tradição diz que o Rei Gustavus Adolphus da Suécia fez executar esse hino, enquanto suas tropas marchavam para a Guerra dos Trinta Anos. O Salmo já tinha sido traduzido para a língua sueca, em 1536. Muitos séculos depois, a canção se tornaria o hino nacional do antigo movimento socialista sueco. Existem várias versões portuguesas desse hino; vide ligações externas abaixo. Talvez ironicamente, dado ao seu pedigree de Reformador, é atualmente um hino sugerido nas missas católicas, figurando na segunda edição de “O Livro Católico do Louvor”, publicado pela Conferência Canadense dos Bispos Católicos.

Em Alemão (original)

1. Ein’ feste Burg ist unser Gott,
Ein’ gute Wehr und Waffen;
Er hilft uns frei aus aller Not,
Die uns jetzt hat betroffen.
Der alt’ böse Feind,
Mit Ernst er’s jetzt meint,
Groß’ Macht und viel List
Sein’ grausam’ Rüstung ist,
Auf Erd’ ist nicht seins Gleichen.
3. Und wenn die Welt voll Teufel wär’
Und wollt’ uns gar verschlingen,
So fürchten wir uns nicht so sehr,
Es soll uns doch gelingen.
Der Fürst dieser Welt,
Wie sau’r er sich stellt,
Tut er uns doch nicht,
Das macht, er ist gericht’t,
Ein Wörtlein kann ihn fällen.

2. Mit unsrer Macht ist nichts getan,
Wir sind gar bald verloren;
Es streit’t für uns der rechte Mann,
Den Gott hat selbst erkoren.
Fragst du, wer der ist?
Er heißt Jesus Christ,
Der Herr Zebaoth,
Und ist kein andrer Gott,
Das Feld muss er behalten.

4. Das Wort sie sollen lassen stahn
Und kein’n Dank dazu haben;
Er ist bei uns wohl auf dem Plan
Mit seinem Geist und Gaben.
Nehmen sie den Leib,
Gut, Ehr’, Kind und Weib:
Lass fahren dahin,
Sie haben’s kein’n Gewinn,
Das Reich muss uns doch bleiben.

Traduções

J. Eduardo Von Hafe (em Português)

1. Castelo forte é nosso Deus.
Espada e bom escudo;
Com seu poder defende os seus
Em todo transe agudo.
Com fúria pertinaz
Persegue Satanás,
Com artimanhas tais
E astúcias tão cruéis,
Que iguais não há na terra.
3. Se nos quisessem devorar
Demônios não contados,
Não nos podiam assustar,
Nem somos derrotados.
O grande acusador
Dos servos do Senhor
Já condenado está;
Vencido cairá
Por uma só palavra.

2. A nossa força nada faz,
Estamos, sim, perdidos;
Mas nosso Deus socorro traz
E somos protegidos.
Defende-nos Jesus,
O que venceu na cruz,
Senhor dos altos céus;
E, sendo o próprio Deus,
Triunfa na batalha.

4. Sim, que a palavra ficará,
Sabemos com certeza,
E nada nos assustará
Com Cristo por defesa.
Se temos de perder
Filhos, bens, mulher;
Embora a vida vá,
Por nós Jesus está
E dar-nos-á seu reino.

A MÚSICA ORIGINAL EM GERMÂNICO:

Texto Original

Considerando que é uma canção belíssima e secular se torna gratificante a História envolta dessa obra de arte musical.

PS. PARA O MEU AMIGO, PROFESSOR, FILOSOFO E ESTUDANTE DE ALEMÃO…”POUCA FÉ”.

A Bíblia é um MITO

O título assusta a muitas pessoas que acreditam na bíblia como a Palavra de Deus. Claro que podemos analisar sistematicamente as origens históricas e espirituais da bíblia, passando uma eternidade discutindo e não chegaríamos a um consenso sobre a autoridade dos relatos descritos na bíblia, por isso essa retórica é sempre um fantasma presente quando analisamos evidências da fé humana.

Segundo o pensamento grego, MITO é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (origem dos astros, da Terra, do homem, das plantas, dos animais, do fogo, da água, do vento, do bem e do mal, etc.). A palavra mito vem do grego, mythos, e deriva de dois verbos: do verbo mytheyo (contar, narrar, falar alguma coisa para outros) e do verbo mytheo (conversar, contar, anunciar, nomear, designar).

Para os gregos, mito é um discurso pronunciado ou proferido para ouvintes que recebem como verdadeira a narrativa, porque confiam naquele que narra; é uma narrativa feita em público, baseada, portanto, na autoridade e confiabilidade da pessoa do narrador. E essa autoridade vem do fato de que ele ou testemunhou diretamente o que está narrando ou recebeu a narrativa de quem testemunhou os acontecimentos narrados.

Quem narra o mito? O poeta-rapsodo. Quem é ele? Por que tem autoridade? Acredita-se que o poeta é um escolhido dos deuses, que lhe mostram os acontecimentos passados e permitem que ele veja a origem de todos os seres e de todas as coisas para que possa transmiti-la aos ouvintes. Sua palavra – o mito – é sagrada porque vem de uma revelação divina. O mito é, pois, incontestável e inquestionável.

Segundo essa exposição grega, podemos afirmar categoricamente que a bíblia cristã se enquadra no conceito de mito. Contundo as comparações podem parar por ai. Primeiro que mitologia grega, como mencionado anteriormente, se refere à criação explícita de todas as coisas, com isso, segue abaixo a seguinte narrativa sobre a criação do males que assolam a humanidade:

Prometeu - Visão Grega

“Um titã, Prometeu, mais amigo dos homens do que dos deuses, roubou uma centelha de fogo e a trouxe de presente para os humanos. Prometeu foi castigado (amarrado num rochedo para que as aves de rapina, eternamente, devorassem seu fígado) e os homens também. Qual foi o castigo dos homens? Os deuses fizeram uma mulher

encantadora, Pandora, a quem foi entregue uma caixa que conteria coisas maravilhosas, mas nunca deveria ser aberta. Pandora foi enviada aos humanos e, cheia de curiosidade e querendo dar a eles as maravilhas, abriu a caixa. Dela saíram todas as desgraças, doenças, pestes, guerras e, sobretudo, a morte. Explica-se, assim, a origem dos males no mundo.”

Como a ciência explica, a verdade é alterada ao longo dos anos, século e milênios, embora ela possa parecer algo abstrata e completamente interligada as convicções dos seus narradores, existem conceitos e preconceitos que se estabelecem culturalmente e transforma-se em legado cultural que é passada de geração a geração.

Então, a bíblia como um mito enquadrado e conceituado na visão grega, descrita anteriormente, estaria complemente equilibrada no contexto de inverdade repetida ao ponto de se transformar em verdade? Absolutamente. A verdade se sustenta por meio das evoluções filosóficas do homem, colocada na berlinda da racionalidade. Podemos dizer, sem margem de erro que um MITO é verdadeiro até que se prove que ele é um mito – segundo o conceito contemporâneo do termo mito (abstração). A Bíblia passou os últimos dois milênios sendo sistematicamente dessecada e, ainda assim, não há provas sérias que a desqualifique do seu objetivo principal, de Sua Verdade.

Por fim, mitologia é um termo que perdeu seu sentido original e não se enquadra mais na etimologia grega, mas isso não impede de resgatarmos o termo, segundo seu princípio histórico e formalizar a perspectiva bíblica-mitológica.

A inquisição evangélica

A inquisição foi criada inicialmente em 1184 em Languedoc  (França), era basicamente um tribunal eclesiástico dedicado inicialmente para monitorar judeus e muçulmanos convertidos em territórios cristãos e também o sincretismo (fusão de doutrinas). A Inquisição foi uma das manchas mais contundentes do cristianismo católico romano ao longo de quase 640 anos de exploração da fé pelo medo. Em 1821 a Inquisição foi extinta em Portugal.

Atualmente desfrutamos em nosso país, e na maioria dos países cristãos, a liberdade religiosa, podemos declarar-nos seguidores dessa ou daquela religião sem a preocupação da morte e julgamento iminente. Contudo, sempre que andamos em lugares públicos não é difícil perceber um evangélico realizando uma “pregação”. Nada demais, pois vivemos em um país cujas características políticas já foram citadas acima, e nós, como cristão, estamos sempre dispostos a inclinar os ouvidos à palavra de conforto no meio da agitação do cotidiano. Infelizmente não é isso que acontece, não basta muito tempo para perceber que o tom da pregação quase sempre é baseado na inteira pregação do “julgamento eterno e do medo pela fé”, evidentemente, guardando as devidas proporções com a Inquisição católica romana, mas o tom de morte eterna é o mesmo, no processo do julgamento medieval tinha-se como desculpa “matar o corpo para salvar a alma”, em muitas pregações em ônibus, praças e ruas Brasil a fora, a alma já não tem mais salvação, exceto pela conversão a igreja “A” ou “B” em detrimento a uma conversão comportamental de valores baseado nas doutrinas e no amor a Jesus Cristo, ou seja, uma conversão cristã bíblica. Ouvir delírios demasiados em forma de palavras desconexas, erros gramaticais bárbaros e radicalismo religioso não são a receita para a propagação do nome de Jesus, pelo contrário, transfere a antipatia muitas vezes irreversível do ponto de vista espiritual de um ouvinte mais atento, e isso é uma forma, mesmo que branda e inocente de “Inquisição”.

A pregação ela tem uma papel importante no cristianismo contemporâneo, e cada cristão tem por obrigação vigorar a propagação do conhecimento sobre Jesus Cristo. Mas lembremos que podemos “pregar” de várias formas, não apenas pelos alto-falantes e microfones, mas também (principalmente) pelos nossos atos, personalidade, bondade, disposição para ajudar e amor ao próximo, ou seja, as características que são inerentes a um verdadeiro cristão. É preocupante ver um cristão aos berros enquanto há outras pessoas, muitas vezes ao seu lado, que precisa simplesmente ser ouvido, de desabafar e receber conforto ou simplesmente de um pão para se alimentar. Muitas vezes somos robustos em falar e esbanjar salvação cristã, enquanto todos os outros estão destinados ao fogo do inferno e, enquanto gritamos em nosso pedestal divino como uma raça ariana escolhida, observamos, com olhar de desprezo, uma seguidor do espiritismo arrecadando ofertas para alimentar quem tem fome, então, coloquemos em check, quem é mais cristão neste momento?

Ressurreição de Jesus, Posso Provar? III Parte – Final

Nos textos anteriores o principal objetivo era responder, de forma mais satisfatória possível, duas perguntas simples: Existe fundamentação histórica para dizer que Jesus de Nazaré viveu no primeiro século? Alguns podem questionar a abordagem, contudo o resultado final da resposta é inegável; SIM, o homem existiu. A segunda pergunta: há alguma dúvida histórica contundente que negue sua prisão e julgamento ou que permitam incoerências históricas que podem anular o relato? Não podemos negar que os detalhes bíblicos dos relatos acerca do Julgamento de Jesus são coerentes como a atuação do judiciário judaico do I século e a condução do processo como um todo.

Portanto, vamos ao principal fato: posso afirmar ou negar que Jesus ressuscitou? Vamos analisar os acontecimentos.

Jesus afirmava ser o Filho de Deus e pregou com essa ênfase aproximadamente três anos. Com sua mensagem, revolucionária para época, atraia multidões pela sua sabedoria, inteligência e, principalmente, demonstrações públicas de virtudes não encontradas em outros “messias” que nasceram e morreram naquele período, e não foram poucos. Não sejamos tolos! Como já citado anteriormente, havia na palestina do primeiro século dezenas de pessoas se declarando o “messias”, “salvador”, isso é um fato canônico e secular (Nos Pergaminhos do Mar Morto lemos sobre um Messias que teria existido antes do primeiro século chamado Menahem, o essênio; Com a destruição do Segundo Templo de Jerusalém em 70 d.C., temos uma pausa na aparição de “messias”. Foi uma época em que os judeus começaram a peregrinação por muitos outros países em busca de um lugar para viver. Ainda no I século, um movimento político-messiânico de grandes proporções teve lugar, com Shimeon Bar Kochba (também Bar Kosiba) como líder. Este líder da revolta contra Roma foi saudado como o Rei-Messias pelo Rabi Aquiva, que se referiu a ele, como: “Uma quarta estrela de Jacob virá e o cetro irá erguer-se fora de Israel, e irá golpear pelos cantos do Reino de Moab,”, e Hag. ii. 21, 22;) , então, o que distingue Jesus desses outros tanto “profetas”?

Temos que compreender que Jesus não era um ignorante ou um inculto, ele não teve formação rabínica, mas foi instruindo dentro de um nível bastante elevado para os padrões de outras regiões do mundo. O sistema judeu de ensino permitia que o jovem aprendesse sobre sua cultura através de estudos dos livros antigos judaicos, e ele mostrou-se em diversos relatos tendo  profundo conhecimento em filosofia, leis, tradições judaicas, posição social e econômica de seu povo, portanto Jesus foi um homem instruído, vivendo em uma mundo helenizado. Contudo, nenhum outro “pregador” teve um discurso tão libertador. Enquanto há relatos de “Messias Guerreiros”, sua mensagem era de AMAR AO PRÓXIMO, e o impacto dessa mensagem era de proporções inimagináveis. Estamos nos referindo ao Mundo Antigo, isso quer dizer que a expansão era através das guerras, e só através dela o “status quo” era mantido. As palavras desse homem caíram como uma bomba devastadora em um mundo que até então, era regido pela espada.  Não estamos nos limitado a uma visão histórica, mas lógica.

A questão é: Se os indícios sobre Cristo fossem uma mentira deslavada, isso não teria encerrado com sua morte não? É inconcebível entender que uma mensagem de Revolução a partir da crença de uma ressurreição fosse aceita por um grupo e mantida pelos seus inimigos sem qualquer retaliação. Hoje, podemos ter exemplos disso: políticos, artistas, personalidades e tantos outros que ao longo dos anos são pegos por indiscrições e imperfeições que revelam o manto das incorreções humanas. É só sair uma biografia que vemos o quanto as pessoas são tão falhas e incorretas, quanto qualquer outra pessoa perdida no meio da multidão. Sobre Jesus Adam Schaff filósofo marxista polonês e ateu comentou:

“Este Jesus de Nazaré, sem dinheiro nem armas, venceu milhões a mais do que Alexandre, César, Maomé e Napoleão; sem ciência nem erudição formal, derramou mais luz sobre questões humanas e divinas do que todos os filósofos e sábios juntos; sem a eloqüência das escolas, falou tais palavras de vida como nunca se falou antes nem depois e que produziram efeitos que estão além do alcance de um orador ou de um poeta; sem escrever uma únic alinha, fez moverem-se mais penas, e forneceu temas para mais sermões, discursos, discussões, volumes eruditos, obras de arte e hinos de louvor do que todo o exército de grandes homens dos tempos antigos e modernos”. (Ramm, 1953, p. 177)

Acredito que já deve ter ficado claro que a personalidade de Jesus era irrepreensível, e por isso os inimigos declarados do cristianismo desde o nascimento dela como seita podem atacar a religião, mas nunca o seu fundador. Isso é importante para esclarecer um fato curioso ainda sobre a personalidade de Jesus, já que todos os relatos passam a idéia de um homem calmo e sereno, mesmo quando foi sobre ameaça de uma morte brutal. Não podemos negar nem afirmar que os relatos dos evangelhos são uma visão histórica, claro não há como afirmar, já que não existe provas materiais dos acontecimentos, contudo o relato é inquietante pelos detalhes relacionados ao procedimento jurídico, nomes dos lugares, pessoas envolvidas e todas evidências que apontam se não para a confirmação dos acontecimento, mas proíbem uma negação. Por isso, a relação com o que um relato canônico e um relato secular de outras fontes é uma linha tênue que pode ser confiada para a verificação dos fatos ocorridos com a pessoa de Jesus. Vamos analisar do ponto de vista do homem Jesus mais uma vez, vejamos:

Vamos levar em consideração que Jesus era mentiroso, isso mesmo, o maior mentiroso da história, fazendo com que centenas de pessoas acreditassem que ele era um mestre e passaram a segui-lo.

Essa ideia não é nova, contudo é absurda, como já repassamos anteriormente, os próprios inimigos de Jesus ao longo dos séculos exaltavam sua conduta. Uma outra observação é que Jesus cultivou discípulos por anos, ninguém poderia passar tanto tempo sem ter seus desvios de caráter externados em algum momento. E por último, por melhor que fosse a mentira não valeria a pena morrer por ela, correto? Quem morreria? A primeira atitude de qualquer pessoa seria negar ou fugir. Jesus conscientemente permaneceu e aceitou sua condenação;

Ele não era mentiroso e sim louco, achava que era o próprio Filho de Deus encarnado, por isso aceitou completamente sua condenação, pois estava fora de si, um lunático.

Essa também não é uma acusação nova, e inaceitável, pois o comportamento expressado por Jesus vão de encontro a essa opinião. Jesus ficou conhecido em sua região em seu tempo por sua tranquilidade.  A respeito escreve o historiador cristão C. S. Lewis:

“Nunca foi superada satisfatoriamente a discrepância entre a profundidade e a sensatez do Seu ensino moral por um lado e, por outro, a enorme megalomania que teria de estar por trás de Seu ensino Teológico a menos que Ele fosse realmente quem se declarou ser.” (Lewis, 1958, p.32)

Jesus foi uma lenda?

  • Já conversamos anteriormente sobre isso, mas vamos colocar alguns pontos, a saber: segundo descobertas arqueológicas recentes (Quoram – Mar Morto) é claro que os três evangelhos sinóticos, mais o livro de João, tem sua origem ainda no primeiro século, portanto ratifica a idéia de que eles foram escritos por testemunhas dos acontecimentos ou transcrito por pessoas que estiveram ligados as testemunhas (Não há nenhuma razão para acreditarmos que qualquer um dos evangelhos tenham sido produzidos depois do ano 70. d.C. – Dr. William F. Albright – Um dos maiores autoridades em Arqueologia do mundo moderno).

Então, supomos que é possível que as afirmações sobre Jesus tenham uma boa probabilidade de se apresentarem como fatos históricos; podemos enfim discutir sobre sua ressurreição sob uma perspectiva da investigação histórica.

Levando em consideração que as teorias científicas que podem perscrutar uma grande descoberta são baseadas em cogitações, é assim que os cientistas teóricos trabalham, montando cenários possíveis e impossíveis, projetam situações para chegarem a uma conclusão, se possível, dentro de uma lógica aceitável para corroborar com suas afirmações. A ressurreição não é algo factível cientificamente, claro, embora todas as coisas que o homem não compreende se encaixe no termo “não factível”, exemplo seria “a Teoria das Cordas”, A Física Quântica quanto apresentada por Niels Bohr no início do século XX foi dada como absurda e destemperada pela comunidade científica da época e atualmente faz parte da doutrina de qualquer físico teórico. Então como podemos afirmar ou provar algo que não é compreensível ou esteja dentro do entendimento humano? Assim como os cientistas teóricos pelas evidências, pela lógica para chegar mais próximo de uma verdade! Se chegamos a conclusão que o relato da prisão e julgamento de Jesus é algo aceitável historicamente e a existência do próprio Jesus é uma fato, então podemos dizer que Pedro e outros seguidores, estavam com medo de serem presos, conforme o relato bíblico, mas que pouco tempo depois, se jogaram a um cruzada para levar uma mensagem de que Jesus não morreu, mas estava vivo. Como explicar essa mudança de comportamento dos seguidores de Cristo?

Evidências apontam que algo aconteceu, algo tão radical que mudou a forma deles enxergarem a morte. Algo parecido como viria a acontecer com Paulo de Tarso, ou Saulo, não há dúvidas que possam levantar sobre esse homem, que nasceu de uma linha rabínica farisaica, discípulo de Gamaliel, um dos grande mestres judeus de seu tempo. Paulo surge na narrativa bíblica  como perseguidor da recém formada seita sobre um tal de Jesus de Nazaré. Sua convicção é tamanha que ele solicita cartas ao Sinédrio para as sinagogas de outras regiões, dando-lhe poderes para prender qualquer um que pregassem sobre esse tal de Jesus. Sua viagem foi em outra direção (segundo um relato bíblico um encontro com o próprio Jesus) que o faz mudar de comportamento, mudar de postura; o perseguidor passa a ser o perseguido e os próximos 50 anos serão de peregrinação para levar a mensagem de ressurreição de Jesus que agora é chamado de Cristo (O Salvador). Provas? Claro, a própria expansão do cristianismo é a prova cabal e inegável do trabalho efetivo desse homem, considerado por muitos o instrumento maior de promoção da Fé Cristã.

Estudos recentes da Universidade de Princeton apontam para a “causa mortis” de Jesus, segundo o estudo, o relato da lança transpassando sua lateral e a liberação de um fluxo que é identificada como “água” misturada com sangue é algo comum em vítimas de mortes violentas causada pelo colapso dos órgãos vitais, popularmente é conhecida por “morte por agonia”. O relato também informa que o próprio Pilatos, a pedido dos sacerdotes, deu ordens específicas para que soldados pretorianos montassem guarda (indicava que o número de soldados poderia variar de quatro a dezesseis soldados)  no local do sepultamento até o final do terceiro dia. Falando especificamente sobre os soldados pretorianos, a elite do exército romano, soldados treinados sob todos os aspectos e agindo sempre sob um rígido código de disciplina tornava-os integrantes de um dos maiores e mais vitoriosos exércitos do mundo antigo. Para um soldado do exército romano, dormir do posto significava a morte certa, portanto, é inconcebível e muito pouco provável pela disciplina imposta a esses homens que eles ficaram desatendo ao ponto de permitir qualquer intruso ou até mesmo um grupo de seguidores retirassem o corpo de Jesus para simular uma ressurreição.  Outro ponto a considerar é o túmulo lacrado. Uma invasão deliberada seria totalmente rechaçada quando o boato da ressurreição começasse a percorrer, havendo provas materiais, poderiam ser apresentadas e tudo seria explicado e o cristianismo jamais sairia dos arredores dos vilarejos da Galileia.

O cristianismo não nasceu como uma febre que alienou completamente seus adeptos, muito pelo contrário, ele foi visto com ceticismo por dezenas de anos, levando em consideração que a religião estava mais equacionada para uma seita ligada ao judaísmo e a ênfase da pregação dos primeiros cristãos foi a mesma que é hoje: ressurreição de Jesus Cristo. Se houvessem provas inquestionáveis sobre uma farsa elaborada para criar um culto a um homem morto e enterrado, será que os mesmos homens que condenaram a morte esse profeta não usariam para intimidar seus seguidores? Há relatos claros que expressa a preocupação do corpo eclesiástico judeu para acabar com qualquer suspeita de revolta ou divisão dentro das camadas sociais e religiosas, então como foi possível permitir que os seguidores de Jesus continuassem a pregar não apenas suas palavras mais também que Ele ressuscitou ao terceiro dia? Seria incoerente e ilógico não atentar para os fatos posteriores ao sepultamento de Cristo. Se levarmos as narrativas históricas que afirmam que Jesus apareceu a várias pessoas após sua morte, inclusive a um grupo de mais de 50 pessoas ao mesmo tempo, não seria possível desmentir tal boato; se esse aparecimento não fosse verdade não haveria testemunhas para relatar os acontecimentos? Dizer que as aparições são frutos de uma visão coletiva é tão ou mais absurda quanto negar o Jesus histórico. Espiritualistas também alegam o aparecimento do “espírito” de Jesus. Bem, se isso for realmente um argumento, poderíamos usar o exemplo de Tomé que era completamente descrente e teve um encontro pessoal com Jesus para expressar o seguinte: “Senhor meu, Deus meu!”, logicamente é um encontro que estaria ligado a um contra-argumento as experiências com o “espírito” de Jesus.

Finalmente, podemos argumentar que o resultado final da expansão do cristianismo credencia a lógica da ressurreição, já que com base nessa retórica, a religião passou de um mero movimento liderado por um pobre carpinteiro, de uma pobre e dominada região para nortear todo o rumo da história da humanidade nos últimos dois milênios. Se pararmos para entender as fases do cristianismo veremos que houve uma série de acontecimentos interligados que a simples lógica não resultaria em um resultado convincente para os incrédulos, embora não precise de mais para entender o rumos de seita que se transformou em religião de massa, onde os impérios foram destruídos e outros se levantaram, onde homens morreram e outros reviveram para uma nova vida, perceber isso é mais profundo do qualquer tipo de raciocínio lógico, mas teorizar é possível, por isso mesmo Jesus Cristo de Nazaré é um fenômeno, um paradigma que pode e deve ser entendido como um acontecimento único na história da humanidade. A explicação científica para os fatos que circundam a vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo são mais lógicos do que ilógicos, são um paradoxo que podemos ser explicados à luz dos acontecimentos, embora nossa compreensão esteja intrinsecamente ligada as nossas crenças e a nossa formação moral e religiosa. Negar o que Ele fez é impossível, isso nos levar diretamente a questão fundamental: “Ele estava falando a verdade?”. Se alguém entender que a resposta é SIM, então para essa afirmação podemos acreditar que ele realmente RESSUSCITOU. Se alguém responder negativamente então pode viver como se Ele não existisse. Contudo a meia afirmação é inconcebível, ou Ele é quem disse ser ou Ele não é. Não há meio termo. Não há meia verdade, isso é a convergência entre Jesus e a ciência: ou a afirmação é verdadeira ou é falsa, uma operação booleana que não deixa margem para indagações sem uma afirmação afirmativa ou negativa. Contudo a resposta chega sempre em seu tempo…

…“SE JESUS NÃO RESSUSCITOU COMAMOS E BEBAMOS POIS AMANHÃ MORREREMOS!”

…MAS O TÚMULO ESTÁ VAZIO!”.

A Potencialidade da Razão

Universidade é sinônimo de pluralidade de pensamentos, ou seja, a liberdade de pensar e expressar tais pensamentos são a maior contribuição que uma instituição de ensino pode oferecer a sociedade moderna. Contudo, a liberdade de pensamentos deverá ser pautada segundo conceitos científicos, o que na prática abole qualquer tentativa de focar o estudo da fé humana no meio acadêmico. E quando há uma tentativa de criar uma vertente comum em que religião e ciência possam caminhar e se completarem, o meio acadêmico é completamente avesso a esse pensamento, tendo em vista que os pensadores são limitados pela visão empírica que aparece como um elemento de controle da ávida liberdade de se expressar a um público cético e com conceitos preestabelecidos e que, quase sempre, não possui o menor interesse de entender fatos que podem ligar religião e ciência a patamares interligados e complementares.

A ciência é baseada na dinâmica dos seus fatores, isso indica que não há uma área de estudo que não tenha suas verdades contestadas e muitas vezes reformuladas sistematicamente ao longo dos anos, décadas e séculos. Teorizar sobre tudo é uma característica daqueles que se envolvem com a ciência. Saber que fundamentos elementares universais de determinado campo de estudos não é inquestionável e poderá em um dia passar a ser infactível e torna-se completamente obsoleto, essa realidade da ciência é um dos fatores de promoção da pesquisa, da disseminação do conhecimento e da busca por resultados concretos e satisfatórios, mesmo que esses possam mudar uma verdade constituída. O que dizer das Leis Newtonianas quando Albert Einstein questionou a teoria da gravidade e lançou a relatividade? E a teoria quântica formulada por Niels Henrick David Bohr? No fundo ciência é isso: transformação de verdades que nunca são absolutas e que seus resultados serão eternizados enquanto não houver uma justificativa teorizada que a derrube como lei universal científica.

A Filosofia, a ciência da filosofia, embora que o termo ciência não é muito aceito para a filosofia, mas é praticada nos meios acadêmicos como o vislumbramento do pensamento humano; sua origem e o mundo onde ele existe, segundo a visão antropocêntrica de Sócrates, mas que na verdade é a teorização do mundo segundo a visão de um determinado homem no seu tempo, isso quer dizer que, o filosofo cria sua interpretação de pensamento, homem, mundo, natureza e todas as interações entre estes, baseado na influência dos aspectos sociais, econômicos  e políticos do seu tempo. Quando falamos de Nietzsche, para muitos um grande filósofo, contudo suas afirmações filosóficas são um mero ataque a outras filosofias como a Socrateana ou as religiões como o cristianismo e o budismo. A questão é: as teorias filosóficas de Nietzsche têm embasamento científico? Claro que não. Nietzsche é um filosofo, como disse antes, de seu tempo e com uma forte argumentação ele protagonizou uma visão mais próxima da Escola Sofista da Grécia Antiga do século VI a.C. do que qualquer outra linha de pensamento que possua base científica. Porém Nietzsche é ovacionado nos meios acadêmicos como sendo uma fonte de inspiração para qualquer aspirante a cientista. Como isso pode ser?

Com isso, uma visão de determinado homem poderá ser um ataque deliberado a outros pensamentos desde que, não se posicione a favor da fé humana? Isso é ter uma visão dogmática contra as práticas religiosas. A ciência deve ser aberta ao ponto de se envolver seriamente em elementos da fé humana podendo, inclusive, apoiar sua fundamentação, isso inclui o envolvimento de cientistas das diversas áreas onde o homem possui suas crenças estabelecidas para conceder parâmetros científicos sérios e, com isso, nortear a fé para algo mais puro e livre dos preconceitos existentes entre os simples mortais e os cientistas modernos.

Chico Miranda

A Potencialidade da FÉ

Fé (do grego: pistia e do latim: Fides) é a firme convicção de algo que seja verdade, sem prova de que este algo seja verdade, pela absoluta confiança que depositamos neste algo ou alguém. Acreditar é uma questão de fé, porém quando estamos no âmbito religioso é importante salientar que devemos ter um profundo conhecimento sistemático da fé humana sob a perspectiva religiosa, para que possamos entender a profundidade do que cremos e do que somos. Na verdade, quando afirmamos que acreditamos, tal afirmação nos leva a uma linha argumentativa que fundamenta a crença e o objeto da fé, isto é, a crença que professo é resultado daquilo que observo, herdo ou teorizo. Ninguém acredita em algo que não está fundamentado num raciocínio lógico próprio daquele que se crê, por exemplo, quando alguém afirma acreditar em Deus, significa que houve um argumento que o levasse a acreditar na existência de Deus através de uma observação, uma experiência pessoal ou recebesse como herança a fé em Deus, isso o levou a suas convicções religiosas. Não há uma só pessoa que diga que tem fé simplesmente por tê-la ou que acredite em algo que acha (?) que existe.

Fé, no sentido mais religioso, poderá se distanciar do seu significado descrito anteriormente, ao ponto de ser conceituada de forma diferente, isto tem sido bastante comum nas três religiões monoteístas do mundo. O acreditar em Deus, para muitos, seria uma incompatibilização com qualquer argumentação lógica-científica que possa levar os seguidores de tais religiões a questionar sobre a visão de Deus enxergada na óptica da religião que professam. Com isso, a fé, se entendida como um conceito tão rígido e dogmático ao ponto de não possuir uma racionalização daquilo que se crê, gerará seguidores fantoches alimentados por crenças manipuladoras formuladas para atender uma elite detentora do conhecimento e escravizar mentalmente e espiritualmente o homem cuja vocação principal é simplesmente aceitar por encomenda aquilo que ele pensa ser a verdade absoluta, o que, historicamente foi a condução da humanidade durante quase treze séculos, considerando o Concílio de Nicéia em 325 d.C até o estabelecimento do Iluminismo no século XVII e nos dias atuais, uma devastação teológica chamada NEO-PENTECOSTALISMO.

Quando colocamos crenças religiosas em confronto direto com o pensamento científico, ou em menor escala, quando confrontamos nossa fé com uma linha racional, estamos num plano mais amplo, ratificando aquilo que cremos. Claro que não estamos levando em consideração a extrema valorização das experiências ditas espirituais, que é o principal argumento, por exemplo, das correntes cristãs chamadas pentecostais, onde o emocional é o carro-chefe da fé. Porém, será que a experiência física-emocional é mais importante do que a racional? Refletir, pensar e questionar não são elementos importantes na formação do teólogo? E qual o motivo de não o ser para o leigo?

Muitos eruditos consideram o livro de Jó um conto judaico, e possuem uma linha argumentativa-científica defendendo que o mesmo fora uma criação proveniente da cultura oral, contudo tal argumentação é completamente inaceitável para muitos judeus e cristãos, já que o Livro de Jó constitui um Livro Sagrado dentro do cânon das duas religiões. O que pensar? Se for verdadeiro, isso destruiria a fé de ambas? Claro que não. Aceitar tal argumentação não fere a bíblia cristã ou a torá judaica, muito pelo contrário, eleva o Livro Sagrado a um discurso racional quando a base científica é comprovada, com isso, torna os cristãos e os judeus mais esclarecidos e mais próximos de uma visão científica que valoriza sua fé. Deixar que achados arqueológicos justifique e comprove um Livro Sagrado, deixará extasiado o crédulo e o tornará mais verdadeiro aos olhos dos incrédulos. Mesmo que não seja o objetivo principal, um documento de fé e prática, como é a bíblia cristã, pode passar uma comprovação histórica-científica que solidifique objeto da FÉ CRISTÃ, para tanto, é preciso que o homem cristão esclarecido possa saber onde há a convergência entre a FÉ e a CIÊNCIA.

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