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Recife e Seus Estrangeiros na Segunda Guerra Mundial
Enquanto Natal recebia um contingente considerável de americanos, por ser uma impontante via aérea para os Aliados, Recife serviu de Base para 4ª Frota Naval, responsável pelas Operações Marítimas de defesa e escolta de comboios no Teatro de Operações do Atlântico Sul durante todo o decurso da guerra. O Governo de Agamenon Magalhães cedeu um edifício comercial, recém construído, para acomodar todo o QG da 4ª Frota Naval.
Os pernambucanos viram chegar a sua, ainda provinciana capital, centenas de estrangeiros que estavam em trânsito ou estacionados em Recife. Eles participavam da vida social e eram incetivados a desfrutarem da hospitalidade pernambucana. Restaurantes importantes a época, como o Restaurante Leite, recebia marinheiros prontos a se alegrarem e a gasteram seus doláres na companhia das pernambucanas. Essa quantidade de dinheiro estrangeiro circulando, causou um inflacionamento de vários produtos e serviços, como por exemplo, os preços dos aluguéis aumentaram consideravelmente, principalmente em pensões próximos ao Porto do Recife. Outra curiosidade é que os bares e prostíbulos locais, tinham dois cardápios, um em inglês e outro em português, alguns mais refinados e exigentes não mais aceitavam “locais” como clientes, atendiam apenas a estrangeiros e só recebiam em moedas estrangeiras.
A 4ª Frota permaneceu em atividade até 1946, quando foi desativada, e com isso, o comércio nos arredores do Porto do Recife entrou em declínio e por muitas décadas foi conhecido por ser o maior centro de prostituição do Estado, com alto índice de criminalidade. Na década de 90 foi reestruturada e recebeu incentivos para se transformar em um Polo de Tecnologia do país e receber várias empresas de tecnologia, formando o Porto Digital.
Os impactos sociais e econômicos da presença dos estrageiros ainda deve ser objeto de estudo, pois Recife deixou de ter a influência francesa, para ser uma cidade que respirava a cultura americana, passando a se despedir com um BYE!
Pernambuco: Guerra no Mar, no Ar e nas Ruas.
A história da atuação dos nazistas no Nordeste traz grupos que se reuniam uniformizados, espiões que atuavam na Base Americana em Natal e partidários que tentaram viabilizar uma rádio de ondas curtas em Pernambuco.
Quando estoura a 2ª Guerra Mundial, no dia 1º de Setembro de 1939, Mussolini tem mais adeptos em Pernambuco do que Hitler. Em parte, graças à propaganda que o consulado italiano vinha fazendo desde a década de 1920, quando o “Duce“ assumiu o poder. Além disso, o fascismo conta com muitos simpatizantes entre os integralistas que, um ano antes, tentaram assassinar o presidente Getulio Vargas e sua família, no Palácio Guanabara, no Rio de Janeiro. Os italianos são mais presentes em várias atividades: comércio, mecânica leve, funilaria, música e na fabricação de alimentos e refrigerantes (a Fratelli Vita, na Boa Vista, que foi depredada em Agosto de 1942), depois do afundamento dos navios mercantes brasileiros.
A colônia alemã era menor, porém mais influente, especialmente nos meios industriais e, a propaganda alemã também foi mais eficiente, especialmente após a ascensão do Nazismo – que adotou um tom anticomunista: “ A Segunda Guerra Mundial empolgou a população de Pernambuco que logo se dividiu entre partidários do Eixo e dos Aliados. No Recife, havia uma velha tradição de admiração pela Alemanha em que Tobias Barreto introduziu o germanismo no Estado, o que era reforçado pela admiração que muitas pessoas tinham pela decantada inteligência, competência e dedicação ao trabalho do povo alemão, herdada da Primeira Guerra Mundial. Esta colônia era expressiva sobretudo nos meios industriais e, esta admiração aumentou na década de 1930, quando o Consulado alemão fez uma intensa divulgação entre os estudantes e profissionais, da propaganda contra o comunismo russo, procurando amedrontar a população com a hipótese de os comunistas um dia chegarem ao poder no Brasil”(Manuel Correia de Andrade – em Pernambuco Imortal).
O Partido Nazista existiu em Pernambuco, entre meados da década de 30 até Getúlio Vargas proibir [partidos estrangeiros em 1937]. Até o momento, os nazistas nunca precisaram agir na clandestinidade: seus integrantes, na maioria absoluta eram funcionários da Fábrica Lundgren, na cidade de Paulista, que iam às reuniões uniformizados(inclusive com a braçadeira com a suástica), e até assinavam atas. Não foi apenas em Pernambuco que os Nazistas foram ativos, pois haviam núcleos importantes em outros estados – Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, sendo que estas representações foram criadas por Hans Hanning Von Consul, que era oficialmente adido cultural na Embaixada da Alemanha no Brasil.
Foram ao todo 83 células com 2.822 militantes, o maior número de filiados ao Partido nazista fora da Alemanha (os Landesgruppe). Estes militantes, mesmo depois da proibição de fazer política, continuaram na ativa, tanto na espionagem como na propaganda. O Recife interessava à espionagem por causa do movimento do Porto, que passa a ser base da 4ª Frota Naval Americana e, da proximidade com a base aérea de Natal, montada pela Força Aérea Americana.
Uma parte considerável da história da atuação dos nazistas no Nordeste está nos arquivos do extinto DOPS (Departamento de Polícia Política e Social de Pernambuco). Este órgão, depois que o Brasil entrou na guerra ao lado, entre outros da União Soviética, pararam de caçar comunistas, para caçar nazistas e fascistas. Uma das maiores descobertas nestes arquivos foi feitas pela historiadora Susan Lewis, foi que houve na cidade de Igarassu, durante a 2ª Guerra Mundial, um campo de confinamento, para onde foram mandadas, cerca de 400 famílias de alemães e japoneses, mas em condições que em nada lembravam os campos de extermínio nazistas, onde foram executados milhões prisioneiros, a maioria judia.
Até o final da guerra, em todo o país, foram presos 47 espiões, todos condenados pelo Tribunal de Segurança do Estado Novo e, em Recife o DOPS teve muito trabalho com espiões alemães, inclusive dois processos – ambos assinados pelo delegado Pedro Corrêa, sendo um de espionagem e outro por propaganda, que ilustram bem a situação que aqui se passava.
O processo por propaganda indiciou Evaldo Stalleiken, que, se hoje fosse vivo seria considerado um designer de primeira: ele fez o desenho da carteira de cigarros Nacionaes, de modo que a junção de 4 carteiras, formava a suástica e, as mesmas postas em outra posição, formavam a Cruz de Ferro, uma das maiores condecorações do Exército Alemão. Ao ser chamado pelo delegado para se explicar, ele disse que fez o desenho de múltipla utilidade sem querer…
O segundo inquérito, referente à espionagem, foi sobre a tentativa de montar uma rádio de ondas curtas, para aproveitar a posição geográfica do saliente nordestino, chamado de Trampolim do Atlântico Sul, que acusou Hans Heinrich Sirvet e Herbert Friedich Julius Von Heyer, que ofereceram dinheiro para que o técnico Walter Grapetim faça as instalações desta rádio, que já estava montada. O técnico Grapetim, procurou o alemão Oscar Shiler, responsável pela parte técnica da Rádio Clube de Pernambuco, que o aconselha a “não se meter em tal assunto”, que foi seguido à risca por ele.
Artigo enviado pelo Pesquisador Rigberto de Souza Júnior
Texto extraído da “Revista Continente Documento Ano III nº 33/2005”
Pernambuco: Sua História Em Fotos
O povo atinge um alto grau de civilidade quando ele embasa suas ações nas experiências de sua história. Diferentemente, ainda há povos que não respeitam sua própria história, não se dignificam com o sacrifício de seus antepassados, e não vislumbram honrar a memória daqueles que forjaram a nação.
O Brasil ainda não atingiu esse grau de civilidade, ainda não deu provas cabais de que realmente se importa com seu passado, ainda não aprendeu com seus erros.
Pernambuco nasceu a partir da experiência das Capitanias Hereditárias e permeou a História do Brasil em todas as suas fases. Foi invadida no século XVII e sua insurreição deu origem ao Exército Brasileiro, na pragmática Batalha dos Guararapes, em 17 de abril de 19 de abril de 1648, e foi partícipe de todas as demais sublevações do Brasil colônia a república.
Contudo, muitos dos seus habitantes não reconhecem o peso histórico do seu Estado, não reconhecem o importante papel de suas cidades, da “Veneza Brasileira”, se é que alguém sabe o que é a “Veneza Brasileira”.
Mas isso não é apenas culpa dessa geração, isso já vem sendo enraizado na cultura política e cultural dos pernambucanos há década e décadas. Monumentos históricos foram destruídos, casas centenárias são derrubadas, cenários históricos são invadidas ou saqueadas. Portal de Santo Antônio, Arco da Conceição e tantos outros monumentos foram, simplesmente, derrubados, para a construção de uma cidade moderna, se é que para ser moderna é preciso esquecer seu passado.
Crédito: Gustavo Arruda
Então vamos imagina um pouco de Pernambuco à antiga:


Major John Buyers Visita a ANVFEB-PE
A Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira – Regional Pernambuco recebeu a visita do Major Jonh W. Buyers. O veterano da Força Aérea Americana, integrante do 350th Fighter Group, no Teatro de Operações do Mediterrâneo foi o Oficial de Ligação do 1º Grupo de Caça Brasileiro – Senta Pua!
Foi uma honra para os Veteranos e colaboradores da ANVFEB-PE, receber uma lenda viva da trajetória da Força Aérea Brasileira nos campos de Batalha da Itália, sendo testemunha da coragem do aviador brasileiro. Integrante da USFA falou das dificuldades da guerra e de suas experiências pessoais, sempre conversando com os mais jovens, nos agraciou com informações preciosas que não constam em livros, mas apenas nos testemunhos daqueles que fizeram parte desse conflito. Confidenciou que teve o privilégio de conhecer pessoalmente dois grandes brasileiros, o Comandante da Força Expedicionária Brasileira, Marechal Mascarenhas de Morais, e o “Pai da Aviação”, Santos Dumont. Ao contar como conheceu nosso Santos Dumont , se emocionou, e com os olhos cheios de lágrimas, declarou: “Tenho muito orgulho de ter conhecido esse homem!”.
O Major Buyers criou raízes profundas com nosso país, estando neste momento de passagem por Pernambuco. Por isso, a oportunidade de encontra-lo é motivo de orgulho, pois a memória e a bravura de uma geração não podem ser largada ao esquecimento.
Carnaval de 1945 e a Guerra pelo Carnaval!
O Artigo abaixo foi retirado e adaptado da obra As Fornalhas de Março – História das Eleições no Recife – Volume 1, de Romildo Maia Leite – Edições Bagaço, 2002. Uma excelente e obrigatória leitura para aqueles que querem entender como a Segunda Guerra Mundial afetou o cotidiano do brasileiro, mas especificamente do recifense.
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Como se justificar que, nestes dias de dor, de luto e miséria para a humanidade, se leve a efeito a realização de um carnaval já condenado pela sadia opinião pública do país. Esse foi o protesto do jornal A Gazeta, um jornal católico conservador da cidade do Recife que circulou na década de 40.
Alguns jornais e personalidades da vida social pernambucana defendiam que o Carnaval de 1945 não se realizasse, alegando que o clima era de consternação pelos mortos no conflito, inclusive vidas brasileiras, que se arrastava há mais de cinco anos. O rigor do protesto viria contra a festividade via em apoio a proibição do Chefe de Polícia do Distrito Federal (então na cidade do Rio de Janeiro), que proibia carnaval de rua, e apenas autorizava o carnaval em clubes e sem máscaras. O objetivo economizar gasolina e evitar a ação de agentes subversivos. Declara o Chefe de Polícia do Distrito Federal: “Os clubes de fechassem ao Frevo, pois se trata de uma dança muito violenta, que tem dado lugar a muitos incidentes”.
Em protesto, outras personalidades se levantaram em defesa da tradição da festa de rua mais popular do país. O jornalista Mário Melo em sua coluna no Jornal Pequeno, jornal tradicional da capital pernambucana, consolidou a defesa:
“Todos os anos, o inimigos do carnaval põem a máscara de fora, procurando pretexto que impeça e entretenimento popular. Um, o mais batido, já não provoca efeito: o carnaval tem suas origens no paganismo. No ano passado, não tínhamos soldados em guerra e não era possível fazer-se carnaval de rua, podendo, no entanto, ser permitido nos clubes. Traduzindo: a gente de colarinho branco e gravata, que bebe champanhe e gim, pode embriagar-se nos clubes, mas os pés raspados, que trabalham no duro, não!”
Muitos alegavam que não era certo que, não admitiam que o povo se atirasse no Frevo, enquanto no front de guerra nossos irmãos se batem denodadamente pela causa das Nações Unidas.
No dia 9 de janeiro de 1945, Mário Melo entra em um dos mais tradicionais Cafés do Recife com sua Crônica do Jornal do Commercio, bate no balcão e grita: “Por acaso, e em qualquer canto, deixou de haver algum banquete ou recepção festiva às altas personalidades por motivo de guerra?”
Em seguida o Cônego Jerônimo Assumpção, Vigário da paróquia da Boa Vista escreve:
– São Paulo, que é o Estado mais civilizado do país, está acabando com o carnaval: de ano para ano, cresce o ânimo das pessoas que dão as costas ao tumulto carnavalesco, procurando refúgio nos campos e nas praias. E a mesma coisa vem ocorrendo com a população carioca.
No dia 2 de fevereiro acabou a polêmica. A esquina do Lafayete presenciou o desmentido de que o carnaval era incompatível com a guerra. Ancorados no porto do Recife, Marinheiros do encouraçado São Paulo organizaram a troça Mimosas na Folia. E desfilam ruidosamente, cantando Carnaval da Vitória, de Nelson Rodrigues Ferreira e Sebastião Lopes.
Pela primeira vez vestidos de mulher. Musculosos e atléticos, os marinheiros de guerra do Brasil introduziram no carnaval pernambucano um hábito até então absolutamente carioca.
No porto da resistência democrática, ancoravam também frevo e povo. Alegres prostitutas, de braços dados com suados estivadores e marinheiros, desceram do cais.
No final sai nos principais jornais:
– Houve carnaval. A derrota do quinto-colunismo foi absoluta. Houve carnaval dos mais animados, o povo divertiu-se e está pronto para receber a notícia da derrota de Hitler…
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A galeria de fotos abaixo é de autoria do Pierre Verger de sua coleção do Carnaval de Pernambuco. É de 1947, mas não é muito diferente do Carnaval de Rua defendido por Mário Melo dois anos antes.
As fotos foram enviadas pelo poliglota, pesquisador, historiador, atleta da voz e contador de causos, Tenente Silvio Mário Messias.
7ª Companhia de Comunicações: Uma das Companhias Mais Tradicionais do Nosso Exército
No último dia 25 de janeiro o Major Marcelo Santos Gonçalves passou o comando da 7ª Companhia de Comunicações para o Capitão Glauber Juarez. Gostaria de fazer duas referências ao antigo comandante da 7ª CiaCom e a própria Companhia. Primeiro o Major Marcelo teve uma estreita relação com a Associação de Veteranos da Força Expedicionária Brasileira – Regional Pernambuco, enquanto esteve no comando da Companhia, e essa aproximação se deu justamente por se tratar de um Oficial de extremo zelo com a importância histórica de sua Unidade, trabalhando arduamente na manutenção dessa história. Inaugurando um Espaço que conta um pouco a história dessa Organização Militar, portanto entramos na segunda referência, o peso histórico da 7ª Companhia de Comunicações. Fundada há 71 anos, a CiaCom cedeu nada menos do 12 valentes militares dos seu contingente para Força Expedicionária Brasileira, pode parecer pouco, mas estamos falando de uma Companhia, portanto foi uma número expressivo de integrantes que ingressaram na FEB. O motivo? A Arma de Comunicações sofreu um novo emprego, deixando de ser uma simples especialização da Arma de Engenharia para fazer parte do Serviço de Comunicações com a 1ª Cia de Transmissões, portanto militares experientes foram deslocados para esse novo e importante Serviço, por isso, a aclamação como Arma do Comando.
Ao amigo Major Marcelo, um profissional dedicado e altamente capacitado, nossos votos de felicidades e sucesso nas suas próximas missões. Ao Capitão Glauber, nossas boas vindas, pois temos a certeza que a ANVFEB-PE e a 7ª Cia Com continuarão a ser guardiães da História da Força Expedicionária Brasileira.
- General De Souza Comandante da 10ª Brigada presidiu a Passagem de Comando
- Guarda Bandeira
- Major Marcelo (esquerda) General De Souza (Centro) Capitão Glauber (Direita)))
- Veterano Josias acompanhada de sua esposa juntamente com o Veterano Rigoberto prestigiaram a passagem do comando
Passagem de Comando da 10ª Brigada de Infantaria Motorizada
Ontem tive o prazer de participar a Passagem de Comando da 10ª Brigada de Infantaria Motorizada. O General de Brigada Lima Neto foi substituído pelo General de Brigada De Souza.
O General Lima Neto enquanto esteve no Comando da 10ª Brigada, apoiou e incentivou as atividades da ANVFEB-PE, por isso os Veteranos da FEB agradecem imensamente toda a consideração desse Oficial General.
O General De Souza, ainda como Coronel comandante do CPOR/Recife, também já tem serviços prestados à memória da FEB, tanto que foi agraciado com a Medalha Aspirante Mega, por coincidência, juntamente com o esse humilde blogueiro.
Todos os integrantes da Associação Nacional dos Veteranos da FEB – Regional Pernambuco desejam todo o sucesso do mundo para os generais sucessor e sucedido nas respectivas caminhadas.
Reconhecimento Justo, Para Um Homem Justo! Rigoberto Souza
Qual a expectativa de um jovem nascido no interior da Paraíba em 1922, sendo o filho mais velho de uma família de 09 irmãos? Qual a expectativa de um jovem nordestino, com poucas oportunidades, em um período em que o índice de analfabetismo da população brasileira era de 90%? Você sabe o que é ser Brasileiro? Vamos a um exemplo de brasileiro na mais digna concepção do adjetivo pátrio.
Vamos falar de um homem que expressa à eternizada máxima de Euclides da Cunha: “O nordestino é antes de tudo, um forte!”; vamos falar de um homem que deixou à sua terra natal e foi se apresentar ao Exército, no tempo em que o Exército convocava jovens! Vamos falar de um cidadão que foi voluntário para guerra, para a Segunda Guerra Mundial, no tempo em que muitos buscavam a dispensa do serviço militar! Vamos falar de um Sargento do Exército Brasileiro que participou das principais Batalhas da Força Expedicionária Brasileira, e que combateu como a valentia do nordestino que defendeu Monte Santo na Guerra Canudos, mas envergando a farda do Exército de Caxias, empunhando o fuzil das nações livres para libertar a Itália do julgo alemão.
Esse mesmo homem voltou para sua terra, para sua gente! E como um bom brasileiro, casou, constituiu família e procurou viver uma vida digna, procurou viver a liberdade que ele ajudou a consolidar no mundo. Esse cidadão brasileiro, apesar das poucas oportunidades, lutou pela sobrevivência de sua família, se formou em odontologia, se tornou dentista, também Auditor…Eita cabra macho arretado! Esse brasileiro se chama RIGOBERTO SOUZA, e hoje completa 90 anos de idade; 90 anos com a lucidez de 25 e a história de uma nação sobre seus ombros.
Ao senhor Veterano, Doutor, Mestre e Brasileiro minha continência pelo que o senhor fez por esse país! E um forte abraço pela oportunidade de lhe conhecer e conversar ouvir histórias e a emoção que jamais poderemos encontrar em livros, por melhores que eles sejam.
Sua Pátria lhe agradece!
- Sargento Rigoberto Souza
O Último Policial do Exército Morto em Ação Depois da Segunda Guerra Mundial
Sinto-me no dever de informar e tentar reparar mais uma das muitas injustiças desse país. Em 1997, em uma das mais sérias crises institucionais já vividas por esse país, quando Policiais Militares de vários Estados entraram em estado de greve e, mais uma vez, para defender o Brasil do colapso governamental que se instalava naquele cenário, o Exército Brasileiro foi chamado para cumprir seu dever, defender o seu povo!
Nesse contexto o 4º Batalhão de Polícia do Exército enviou soldados para patrulhar o centro do Recife em julho 1997. Durante um assalto a Banco, um Policial do Exército, Walber Mendes de Andrade, morreu durante confronto com bandidos. Caia um jovem de 23 anos de idade, defendendo seu povo, sua gente; Caia um Soldado Brasileiro.
No dia 28 de novembro de 2012, o senhor Coronel Ricardo Pereira de Araujo Bezerra, realizou uma homenagem ao PE Andrade. O Auditório do Batalhão é reinaugurado como Auditório Soldado Walber Mendes de Andrade.
Como presidente da Associação SEMPRE Polícia do Exército, fico feliz de saber que pelo menos o seu sacrifício não foi esquecido, e mais orgulhoso ainda por ter tido a oportunidade de ter servido com o PE Andrade.
Passados mais de quinze anos do ocorrido, ninguém fala nada sobre o sacrifício desse jovem soldado,
Segue abaixo um Alusivo escrito para homenagear o PE Andrade:
UMA VEZ PE, SEMPRE PE!
Playboy? Nada! O melhor era Pin-Up!
Esqueçam a Playboy! O que tinha de mais sensual na Segunda Guerra Mundial eram as PinUps, modelos que eram retratadas através de pinturas para serem distribuídas em calendários, pôsteres e revistas. O termo é utilizado pela primeira vez em 1941, mas desde o século XIX já podemos encontrar esse tipo de desenho de modelos sensuais. As PinUps de popularizaram de tal maneira que viraram produto de exportação da cultura americana e atravessou a guerra, sendo ainda utilizada até os dias de hoje.
Vamos retratar a obra de um dos mais importantes artistas de gênero, o americano Rolf Armstrong.
- Rolf trabalhando com uma modelo
- A garota do olho marrom – Rolf Armstrong – 1920
- Combinação Campeã – Rolf Armstrong – 1945
- 1933
- Oi vizinha! 1941
- 1941
- Como vou fazer – 1940
- 1950
- Eu estarei esperando – 1942
- De Rosa – 1944
- Irrestível – 1950
- Vamos juntos – 1940
- 1943
- Nudez de Paris – 1919
- 1939
- 1941
- Vejo você em breve – 1945
- Tão Legal – 1957
- 1953
- Doce e amável – 1952
- A nudez azul – 1932
- 1939
- Vênus Hollywood – 1935
- 1942
- 1950
- Gil Elvgren – 1950
Ele é Tenente Valente, Pernambucano de Goiana!
Publicação dedicada a Associação dos Oficiais da Reserva R/2 do Exército – Regional Recife – Celeiro de Valorosos Tenentes
O que faz um homem joga-se à guerra? Apenas o amor pátrio é necessário para um soldado dedicar-lhe sua vida nos campos de batalha? Diria que sim? Mas não só isso! Quando se está no campo de batalha, e depois de muito andar com seu Pelotão, com sua Companhia e com seu Batalhão, o verdadeiro destemor do soldado se mostra para defender o seu companheiro! Na FEB há vários casos de soldados de todos os postos e graduações que se colocaram na linha do inimigo para buscar um companheiro perdido em uma patrulha, caído em campo minado ou até mesmo morto. Segue abaixo outra crônica do Coronel Uzêda:
O Tenente Regueira é um pernambucano de Goiana; destemido e valente, bravo como ele só! Baixo, moreno, barba cerrada, bigode aparado, sobrancelhas densas, cabelo e olhos pretos, nariz afilado, uma “barroca” no queixo, gentil e maneiroso, ninguém o dizia o soldado corajoso que era.
Ferido num dos bombardeios de artilharia em Braineta, estava baixado ao hospital. Por isso nosso Batalhão não contou com seu precioso auxílio no ataque ao Monte Castello, no dia 21 de fevereiro.
Entretanto, num dos primeiros dias de março, o bravo tenente apresenta-se ao Posto de Comando do Batalhão, em Querciola, pronto para retornar à linha de frente.
A chegada do Regueira foi motivo de grande alegria para o nosso Batalhão, já pela simpatia que irradiava o jovem tenente, já pela admiração que tínhamos pelos seus feitos, pela sua experiência e pelo seu destemor, como também porque sua presença era, realmente, um reforço para o Batalhão.
E lá se vai o Regueira para a linha de frente. Desta vez mandamo-lo para a 3ª Companhia.
Prosseguimos mandando patrulhas às linhas inimigas, quer para sondar-lhes as intenções, quer para destruir-lhes as posições, afastando-os de nossas linhas.
Essas patrulhas obedeciam a uma escala, e, de quando em vez, lá ia o Regueira. As patrulhas sob o seu comando, como as dos tenentes Trota, Valdir, Aquino, Osvaldo, eram sempre cheias de alterações. Aguerridos, valentes e decididos, esses bravos tenentes infiltravam-se insidiosamente nas linhas inimigas, levando-lhes a destruição, provocando-lhes pânico, trazendo prisioneiros. Mas, também, de quando em vez, passávamos por susto para recuperá-los!
Certo dia, lá foi o tenente Regueira fazer um reconhecimento em Marne. Esse era um lugarejo com três casas apenas; mas, todo o grupo de casa na Itália tem um nome e os naturais chamam-nos de “paese”.
Merne, era, pois, um “piccolo paese” que defrontava nossas posições em Polla. O lugarejo ficava num espigão que corria quase paralelamente à nossa linha, e que vinha se entroncar no Monte Belvedere.
Para atingirem o espigão nossas patrulhas tinham que atravessar uma ravina que os italianos chamavam de “fosso”.
Parte o Regueira com elementos do seu aguerrido Pelotão.
Transpõe nosso campos minados em Polla; dispersa seus homens, dá-lhes missões. O “fosso” é enfiado por posições inimigas em C. Vigoni e Fantetti; ele o atravessa num só lanço e se aproxima cautelosamente de Marne.
Quando a patrulha se acerca de Marna recebe tiros de Fiocchi, C. Ghiri e Bottara. Nossa Artilharia e nossos morteiros anulam as resistências inimigas. Os esclarecedores do Regueira atingem o casario de Marne. Diversas organizações, mas tudo vazio. Dispondo de poucos recursos o alemão usa de malícia. Varia de posição; hoje está aqui, amanhã acolá. O “escravo” italiano cavava-lhes os abrigos.
Missão cumprida. Quando menos, a patrulha facultara-nos alvo para os bombardeios.
Regueira faz o sinal para o regresso: a patrulha retrocede. Quando os primeiros elementos chegam em Polla ouve-se a metralhar do inimigo: era uma “lurdinha”. Donde atirara?
Regueira apressa o regresso de sua patrulha, mas observa que lhe falta um homem. Quem seria? Ele conhecia todos, lembra-se dos que já se recolheram. Onde se acha o seu ordenança, aquele seu amigo que não o larga nunca? E o tenente recorda-se das rajadas inimigas! Seu ordenança ficara ferido. Iria busca-lo !
À sua contextura moral não cabia outra solução. Ele não era apenas o bravo e afoito patrulheiro. O destemido tenente cumpria seu dever com convicção plena. Um só homem do seu Pelotão não ficava em mãos inimigas: tanto mais o seu ordenança!
E Regueira retrocede ansioso em busca do seu soldado. Divisa-o à margem do fosso. Convicto do seu deve, encantado com a sua nobre missão, preocupado com o destino do seu amigo, esquece-se do inimigo que lhe acompanha perfidamente os movimentos.
Regueira alcança seu soldado ferido, e tenta arrastá-lo. Eis quando se repete a rajada de metralhadora inimiga.
Nossos observatórios localizam-na em Fantetti. Nossos tiros de morteiros partem céleres, precisos.
A arma do inimigo silencia, mas o heroico tenente fica ao lado do seu soldado.
Alguns homens do seu Pelotão voltam para busca-los. Era o exemplo do Chefe!
Chegaram os feridos ao nosso posto de saúde. Os doutores Barcelos e Câmara prestam-lhes os socorros de seu zê-lo, de sua competência, do seu carinho.
Estamos presente na sala de curativos. Regueira está na padiola; as vestes rasgadas e muito sangue nas coxas. Acariciamos-lhe a cabeça, exaltando-lhe o feito. Barcelos corta-lhe as calças na altura do dos ferimentos. As coxas inchadas mostravam um rasgo em cada uma; o da direita era bem maior. Nosso dedicado médico olha-nos significativamente; inicia o curativo; estiva as pernas do nosso herói amarrando-as na extremidade da padiola. O dr. Câmara aplica-lhe uma injeção de plasma.
Continuamos acariciando a cabeça do Regueira, mas nossos lábios não se descolam mais.
Crianças do meu Brasil! Quando virem um jovem Oficial como muito propositadamente lhes descrevi, andando com as penas um pouco rijas, apoiado num bengala, parem e o saúdem reverentemente: É um Herói que passa! É o pernambucano de Goiana Tenente Regueira.
Fonte: Crônicas de Guerra – Coronel Olívio Gondim de Uzêda
Pelotão de Sepultamento – A Difícil Missão de Enterrar um Combatente
Não foram poucos os casos que os mortos nos ataques a Monte Castello e nas patrulhas subsequentes dos meses de dezembro e janeiro de 44 e 45 respectivamente, foram deixados no local onde caíram, sendo resgatados depois dos ataques de fevereiro de 45, alguns só puderam ser sepultados depois da guerra. Infelizmente essa tarefa árdua era uma atividade do Pelotão de Sepultamento, comandado pelo 1º Tenente Lafayette Vargas Moreira Brasiliano, estando ligado ao Serviço de Intendência da Divisão Brasileira. Esses soldados tiveram que enfrentar além da discriminação dentro da própria tropa, a dura missão de identificar e sepultar brasileiros com o respeito devido. Segue uma pequena explicação da obra do Joaquim Xavier da Silveira, A FEB por um Soldado.
“O serviço de intendência tinha ainda entre as suas obrigações uma bem dura: sepultar os soldados mortos, serviço feito pelo Pelotão de Sepultamento. No começo a atividade foi difícil, mas aos pouco essa unidade foi conquistando respeito e admiração pela dedicação com que realizava a tarefa. Os primeiros mortos foram sepultados nos cemitérios de Tarquinia, Follorica e Vada. Quando a FEB foi lutar no Vale do Reno, instalou-se um cemitério em Pistóia, para onde foram removidos os corpos enterrados em outros cemitérios, lá permanecendo até seu translado definitivo para o Monumento aos Mortos da II Guerra Mundial, no Rio de Janeiro.
Assim que caía morto, o soldado brasileiro era transportado pelos companheiros para os postos de coleta. O pessoal do Pelotão de Sepultamento fazia a identificação, anotava os dados necessários e levava o corpo até a cova no cemitério militar. Cada soldado tinha pendurado em seu pescoço duas chapas metálicas de identificação. O pessoal do Pelotão destacava essas placas, colocando uma entre os dentes do combatente morto e a outra na cruz de madeira que marcava a cova.
O serviço de sepultamento era realizado muitas vezes em condições penosas e perigosas. Com a vitória em Monte Castello, o Pelotão de Sepultamento foi remover os cadáveres dos que tinham caído nos ataques anteriores. Isso foi feito ainda sob fogo do inimigo, que jogava granadas na região. Havia minas ainda não desativadas e, sobretudo as boody-traps armadas embaixo de corpos. Essa armadilha exigia de cada um prévio e cuidadoso exame. Os corpos, já em estado de decomposição, eram carregados em padiolas até o ponto em que pudessem ser transportados de jeep. Foi sem dúvida uma tarefa dura que o pessoal do Pelotão de Sepultamento executou com correção e, sobretudo, dignidade, pois a cada morto eram prestadas honrarias fúnebres.”
Fonte: Siveira, Joaquim Xavier da. A FEB por um soldado – Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Ed.; Rio de Janeiro Editora Expressão e Cultura – Exped Ltda, 2001
“Conspira contra a sua própria grandeza, o povo que não cultiva seus feitos heróicos”
- Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial no Aterro do Flamengo
- Visita ao Monumento aos Mortos a Segunda Guerra local de sepultamento atual – Aterro do Flamengo
O Conquistador Solitário de Monte Castello – O Bravo Soldado Brasileiro!
A mistura racial que forjou nosso país ao longo dos séculos, também enriqueceu nosso espírito de sobrevivência e nossa alma de guerreiro, basta para tanto observar nossa história para contemplar o quanto o povo brasileiro é guerreiro. Para vislumbrar as revoltas armadas nas capitanias hereditárias, nas províncias imperiais e em qualquer tipo de acontecimento que exigisse do brasileiro às armas, ele lá estava! Não somos um povo covarde!
A Força Expedicionária Brasileira é um exemplo exato dessa condição. Foi uma cópia sociológica fiel do seu povo, com suas virtudes e suas insuficiências. O soldado da FEB foi considerado em grande número abaixo do padrão em comparação a outros exércitos, por sua desnutrição, baixa instrução e outros problemas que, no contexto geral, eram a tipificação do Povo Brasileiro, pois o Exército Brasileiro é o espelho de seu povo.
Contudo o raquítico e desnutrido soldado brasileiro no combate se agigantou. Mostrou de forma inequívoca a bravura de seu povo.
Citando apenas um, entre tantos exemplos de bravura que foram demonstrados nos campos de batalha da Itália, contamos a História de um Herói, João Ferreira da Silva que, como não poderia deixar de ser um “JOÃO” e um “DA SILVA”, representou o melhor de sua Pátria. João Ferreira da Silva foi considerado o CONQUISTADOR SOLITÁRIO DE MONTE CASTELLO. Nas operações de 12 de dezembro de 1944, mesmo com ordem de retrair o I Batalhão do I Regimento de Infantaria, sua unidade, o soldado do Estado de Sergipe continuou a subir o Monte. Não se teve notícias do mesmo e ele foi considerado como “Desaparecido em Combate”, mas quando a Tomada de Monte Castello foi concretizada em fevereiro de 1945, o corpo do Soldado João Ferreira da Silva foi encontrado muito além das linhas brasileiras de 12 de dezembro. Abatido com um tiro, ao seu redor corpos de inimigos mortos. Ninguém saberá como aconteceu a guerra solitária desse herói brasileiro, com quantos ele lutou para chegar atrás das linhas inimigas. Seu corpo foi conservado pelo rigoroso inverno italiano, e permitiu que o tempo parasse no exato instante do sacrifício, para que servisse de testemunha o sacrifício pelo seu país.
Temos que divulgar o quanto João Ferreira da Silva é importante para a história de nosso país. Sabe o motivo? Essa geração só tem notícia de imoralidade pública e desrespeito com povo brasileiro e o com o próprio Brasil.
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Segue abaixo dois Artigos sobre o João Ferreira da Silva. O primeiro é do autor Joaquim Xavier da Silveira e o segundo é do seu comandante o então Major Olívio Gondim de Uzêda em uma belíssima crônica a seu comandado, vale a pena sentir o orgulho do Comandante de um dos Heróis mais valentes da Força Expedicionária Brasileira.
“Perto do Monte Castello, foi encontrado o corpo de um soldado solitário morto por um tiro e que estava bem distante dos pontos mais avançados que a trapa brasileira atingira nos ataques do dia 12 de dezembro. Em sua arrancada, ele transpôs as linhas inimigas até ser abatido. Que impulso moveu este soldado, que atos de coragem e heroísmo praticou? Não se poderá saber nunca sua história, porque em sua volta só restaram mortos. A neve que conservou o corpo na posição exata em que tombou à frente do inimigo, quis resgatar o silêncio sem história esse exemplo sacrifício e da coragem do infante brasileiro. Identificado como José F. da Silva, da 3ª Companhia do I Batalhão do Regimento Sampaio, ele bem mereceu o título que lhe deram posteriormente: Conquistador Solitário de Monte Castello.” – A FEB por um Soldado – Joaquim Xavier da Silveira
PARA O SOLDADO JOÃO FERREIRA DA SILVA
Dizem que o céu é o lugar dos bons e dos justos. Deve ser também dos heróis, dos que sabem morrer como você, com galhardia e com bravura, na defesa de sua Pátria. É lá, pois, que você merece e deve estar.
Para você essa última homenagem do seu comandante de Batalhão. Que ela chegue ao seu destino.
O nosso Batalhão não conseguiu lhe acompanhar. Por uma série de fatores adversos, ficamos a meio caminho e tivemos que recuar para onde partimos. Por medo, por covardia? Não! Você sabe que não! Você viu quantos dos seus companheiros tombaram no meio da jornada; você não os viu recuar.
Eles não o abandonaram! Eles recuaram, depois, por ordem. Recuaram para depois voltar. E voltaram para se encontrar com você aí, no alto deste Monte, onde você teve suprema glória de ser o primeiro soldados brasileiro a chegar.
Encontramos seu corpo ainda intacto sob o manto protetor da neve. Como que você sabia que voltaríamos, e todos nós gostamos que você testemunhasse que voltássemos; que voltássemos para buscar você, que voltássemos para com você darmos à nossa Pátria a glória de tão soberba vitória: A CONQUISTA DO MONTE CASTELLO.
- Patrulha Brasileira
- Monte Castello ao fundo
Cel. Uzêda
Cabo Honório: A Morte de um Bravo Pernambucano
Segue abaixo texto de uma publicação muito interessante: As Fornalhas de Março – História das Eleições do Recife – Volume 1 – Ronildo Maia Leite. Ed. Bagaço.
Fazendo referência a um pernambucano morto na Itália, durante operações da Força Expedicionária Brasileira. O artigo é bem interessante, e permite fazer a analise de como as famílias pernambucanas estavam sob a pressão da guerra que lançava seus filhos nas batalhas da Itália.
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No dia em que a Folha é obrigada a anunciar o manifesto do lançamento da candidatura do brigadeiro Eduardo Gomes, ela própria excita o patriotismo do recifense, informando que, entre 15 mil, 404 morreram e 96 estavam desaparecidos.
Tomba como um herói Itália, quando procurava defender a vida dos companheiros, um pernambucano. Essa notícia ocupa todo o alto da quarta página do Jornal do Commercio e novamente levou o povo às ruas. O cabo Honório é do Pelotão de Minas e, naquela tarde, 5 de janeiro, saíra em missão de reconhecimento da área. Pressente o perigo e avança sozinho. O petardo explode sob seus pés, estraçalhando-lhe as carnes.
Proprietário de uma fábrica de calçados e cordões, Honorário Correia de Oliveira é uma homem baixo e corpulento, ombros largos e rijos. Engole em seco e enxuga as lágrimas na ponta da camisa quando recebe a carta do padre Urbano Rach. Dizia:
“Cheguei a tempo de lhe ministrar a absolvição, os santos óleos e a indulgência plenária. O nosso bravo cabo Honório descansa em paz e o Nosso Senhor lhe dê a Glória Eterna”
A notícia do Jornal do Commercio, sacode a cidade. Dezenas de pessoas organizam-se em passeata à casa 1578 da Avenida Caxangá para, mais uma vez, inteirar-se do ocorrido. Em novembro, uma semana depois do Cabo Honório ter chegado à Itália, correu o boato de sua morte. Na segunda-feira, estudantes do Colégio Americano Batista dirigiram-se à casa do comerciante. São os colegas de Honório, punhos cerrados marchando na avenida.
O barulho dos sapatos no calçamento da avenida parece com os das botas nas paradas militares: a guerra de lá, a guerra de cá, a guerra de lá, a guerra de cá…Honório (pai) recebe o repórter do Jornal do Commercio e exibe o amargo triunfo nos olhos úmidos, a última carta do filho morto. Dizia: Meu querido velhinho: em breve, a paz será restabelecida na terra e poderemos voltar ao seio das nossas famílias, portadores da vitória e da liberdade…
Naquele dia, caravanas populares caminham em direção à casa do sapateiro Honório Correia de Oliveira, pai do cabo Honório.
LEITE, Ronildo Maia. AS FORNALHAS DE MARÇO, Edições Bagaço, Recife, 2002, p. 169-170)
PS. Indicação do Sr. Francisco Bonato Pereira
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Histórico do Cabo Honorário
Id. 1G – 298025 – Classe 1923 – 11º Regimento de Infantaria.
Embarcou para a Itália em 20 de Setembro de 1944, era natural da cidade do Cabo de Santo Agostinho. Filho de Honório Corrêa de Oliveira e Antônia Aguiar de Oliveira, tendo como pessoa responsável o seu pai, residente à Avenida Caxangá nº 1578 – Recife. Faleceu em ação no dia 5 de Janeiro de 1945, em Bombiana – Itália, e foi sepultado no Cemitério Militar Brasileiro de Pistóia, na quadra A, fileira nº 8, sepultura nº 86. Foi agraciado com as Medalhas de Campanha e Cruz de Combate de 2ª Classe. No decreto que lhe concedeu esta última condecoração lê-se: “Por uma ação de feito excepcional na Campanha da Itália”.
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Infelizmente há apenas um monumento em Pernambuco que lembra os patrícios caídos em combate na Itália. Encontra-se no Parque 13 de Maio e está em total abandono. Não há qualquer referência do que se trata e seu significado, ou seja, não informa a essa geração, ou as futuras, que jovens pernambucanos morreram defendendo seu país, ou pelos menos, os interesses dele.
- Festa na Inauguração do Momumento que Homenageava os Mortos Pernambucanos na Segunda Guerra
- O Monumento hoje se encontra abandonado, sem qualquer identificação que lembre seu propósito
2ª Companhia de Guardas – Uma Marco no Reconhecimento a FEB.
Um dos grandes exemplos de abnegação no combate e que orgulha profundamente a Infantaria do Exército Brasileiro é a História do Aspirante Francisco Mega, que faleceu em combate no dia 15 de Abril de 1945, lançando-se à frente do seu pelotão contra as tropas inimigas instaladas na Cota 778 a leste da cidade de Montese e, mesmo sendo ferido mortalmente no momento do assalto, buscou a motivação dos seus homens na manutenção do ataque, proferindo as seguintes palavras: “Porque estão parados em torno de mim? A guerra é lá na frente. Quem está no fogo é para se queimar! Estou aqui por que quis! Se vocês estão sentidos com o que aconteceu, vinguem-se acertando o comandante deles! De nada valerá o meu sacrifício se não conquistarem o objetivo. A minha vida nada vale, a minha morte nada significa diante do que vocês ainda tem para fazer . Prossigam na luta…”.
Com o mesmo espírito da INFANTARIA do Aspirante Mega, realizou-se no dia 22 de junho, na valorosa 2ª COMPANHIA DE GUARDAS, formatura de entrega de Medalhas Aspirante Mega, seguida de inauguração do ESPAÇO FEB.
A 2ª Companhia de Guardas, uma histórica e importante Organização Militar da Guarnição de Pernambuco, é comandada pelo Major ANTOINE DE SOUZA CRUZ, um jovem oficial comprometido com a História de seu país, um excelente comandante, um LÍDER, que inspira seus comandados, pois testemunhamos de sua tropa o respeito colaborativo pelo seu comando.
A Diretoria da Associação de Veteranos da Força Expedicionária Brasileira – Regional Pernambuco concedeu a Medalha Aspirante Mega ao Major Antoine, recebendo das mãos do Veterano Alberides Passos, Presidente em exercício da ANVFEB-PE, e aos seguintes militares:
– 1º Tenente EDMILSON BARBOSA;
– SUBTENENTE JORGE ALEXANDRE FURTADO DE OLIVEIRA;
– 1º SGT ALEXANDRE CASADO COSTA;
– 2º SGT LENINE DE SOUZA LIMA;
– 3º SGT UBIRATAN JOSÉ DA SILVA;
– CB JOSÉ WELLINGTON DE MELO FERREIRA.
A Solenidade também foi marcada pela despedida de militares que passaram a reserva e entrega de brevê a militares do 3º Pelotão de Guardas, fração de Pronto-Emprego da OM, comandada pelo Tenente Vinicius.
Encerrando a formatura, o Major Antoine se dirigiu aos presentes com um discurso emocionante e inspirador, deixando clara a vocação pela preservação histórica do Exército Brasileiro e o da 2ª Companhia de Guarda, realizando sua contribuição em busca dessa preservação.
Em seguida todos foram para o Espaço FEB, uma belíssima sala, planejada com o objetivo de ser uma referência para os militares integrantes da Companhia e para os familiares que visitam a OM.
Agradecemos aos integrantes da 2ª Companhia de Guardas: Oficiais, Subtenentes, Sargentos, Cabos e Soldados pelo zelo e amor à pátria, que é a Pedra Fundamental de sua profissão, e que abrilhantam ainda mais o nome dessa honrosa e diferenciada tropa, quando seus integrantes estão comprometidos na preservação da História do nosso país.
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O Brado das Unidades de Guardas mostram o espírito destemido e fiel as suas posições quando, na Batalha de Waterloo, o General francês Cambonne, cercado por 40 mil prussianos resistia bravamente às investidas inimigas, e recebendo a ordem de rendição proferiu a seguinte mensagem:
“A GUARDA MORRE, MAS NÃO SE RENDE!!”
Esse é espírito de abnegação das Unidades de Guardas do Exército Brasileiro.
BRASIL

Condecoração: Medalha Aspirante Mega sendo entregue ao Major Antoine pelo Presidente em Exercício da ANVFEB-PE Veterano Alberides Passos
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GRAF ZEPPELIN – Da Propaganda Nazista ao Esquecimento Histórico!
O Graf Zeppelin tinha 213 m de comprimento, 5 motores, transportava 20 passageiros e cerca de 45 tripulantes e um volume de 105.000 m³, sendo o maior dirigível da história até a data de sua construção em 1.928.
Sua estrutura era baseada numa carcaça de alumínio, revestida por uma tela recoberta por lona de algodão, pintada com tinta prata, para refletir o calor.
Dentro, existiam 60 pequenos balões com gás hidrogênio, juntamente com os 5 motores Maybach, de 12 cilindros, desenvolvendo até 550 HP (máximo) cada, alimentados com um combustível leve, o Blau Gas (gás azul = H²) e gasolina, que o mantinham no ar, a uma velocidade de até 128 km por hora. Tinha capacidade de carga para até 62 toneladas.
O primeiro vôo aconteceu em 1.928, ligando Frankfurt a Nova York, e durou 112 horas.
Em 29 de agosto de 1.929, comandado por Hugo Eckener, completou o primeiro voo em redor do mundo ao aterrar em Lakehurst, Nova Jersey, nos Estados Unidos da América.
Essa famosa epopeia ao redor do mundo durou 21 dias, iniciada em 8 de Agosto, durante os quais percorreu 34.600 km.
Saindo da Estação Aeronaval de Lakehurst , estado de Nova Jersey, nos EUA, atravessou o Oceano Atlântico e fez a sua primeira escala em Friedrichshafen, na Alemanha, depois pela Europa, sobrevoou os Montes Urais e atravessou a Sibéria até alcançar Tokio, onde fez escala. Posteriormente pelo Oceano Pacífico rumo ao Estados Unidos e, em 26 de Agosto, depois de 79 horas e 22 minutos de navegação, aterrou em Los Angeles, Califórnia.
Finalmente, em 29 de Agosto, regressou à Estação Aeronaval de Lakehurst, seu ponto de partida.
O Graf Zeppelin oferecia grande conforto.
Apenas 35 lugares eram disponíveis, e normalmente a lotação não ultrapassava 20 passageiros. A aeronave era bastante estável, devido ao seu tamanho. Os passageiros dispunham de cabines duplas, com beliches, sala de estar e de jantar, e até um salão para fumar, cuidadosamente isolado para não incendiar o perigoso e inflamável gás de sustentação da aeronave, o hidrogênio. Exceto no salão de fumar, era proibido o uso de cigarros, charutos e cachimbos em qualquer lugar do dirigível. Os passageiros eram revistados no embarque, e o porte de isqueiros e fósforos era rigorosamente proibido. Os isqueiros do salão de fumar eram presos por correntes à mesa.
Infelizmente, apenas 14 meses depois da novidade ter chegado ao Brasil (1.936), o Hindenburg acidentou-se em Lakehurst, New Jersey, nos Estados Unidos. Pouco antes de pousar, a aeronave incendiou-se, por motivos até hoje não esclarecidos, no dia 6 de maio de 1.937. não fica descartada a hipótese de uma manobra criminosa…
61 tripulantes e 36 passageiros estavam a bordo. Desses, 13 passageiros e 22 tripulantes faleceram, além de uma pessoa no solo. Essas 36 vítimas encerraram definitivamente a carreira dos dirigíveis Zeppelin. Foi o fim de uma era. Apenas um mês depois, o Graf Zeppelin foi retirado de serviço.
O dirigível-irmão do Hindenburg, o LZ-130 Graf Zeppelin II, já concluído, nunca chegou a entrar em serviço ativo.
Depois de passar alguns anos em um museu, ambos foram desmontados em 1.940, para aproveitamento do seu alumínio em aviões militares, por ordem do Marechal do Reich Hermann Goering.
Ferdinand Adolf Heinrich August Graf von Zeppelin (1.838 – 1.917) Ferdinand Graf von Zeppelin, Graf Zeppelin ou Barão Zeppelin nasceu em Konstanz, Grão Ducaco de Baden (hoje parte de Baden-Württemberg, Alemanha). General alemão e construtor de aeronaves; fundou a Zeppelin Airship company, construtora dos famosos dirigíveis Zeppelin.
Dr. Hugo Eckener (1868 – 1954) era o chefe do Luftschiffbau Zeppelin nos anos da inter-guerra, sendo comandante do famoso Graf Zeppelin em muitos de seus voos, incluindo o primeiro voo tripulado ao redor do mundo, fazendo-o o comandante mais bem sucedido da história da aeronáutica.
Viajar no Zeppelin era um luxo permitido para poucas pessoas. A passagem para a Alemanha era muito cara, algo equivalente a 10 mil Euros atuais (2.011). O trecho doméstico entre o Rio e Recife também era caro, e poucos lugares eram disponíveis. A viagem entre o Rio e a Alemanha durava 5 dias. 2 dias eram necessários para a travessia do Atlântico. A velocidade máxima era de 128 Km/h, muito mais rápida que a velocidade dos navios de passageiros da época, que variava entre 25 e 40 Km/h.
A temporada de 1.936 dos dirigíveis alemães foi marcada pelo primeiro voo comercial do D-LZ129 Hindenburg, sucessor do Graf Zeppelin. Esse voo inaugural, comandado por Lehmann, foi feito para o Brasil, e decolou para o Rio de Janeiro em 31 março de 1.936.
A grande maioria dos voos do Graf Zeppelin para o Brasil foi comandada por Hugo Eckener. Este, que além de pilotar, também foi um dos construtores dos dirigíveis alemães, acabou excluído dos últimos voos dos Zeppelins, como vimos, especialmente os do Hindenburg, sucessor do Graf Zeppelin, por sua insistente oposição ao uso das aeronaves como propaganda para o regime nazista. Foi substituído por Ernst Lehmann, um aviador pró-nazista que acabou falecendo no desastre do Hindenburg, em maio de 1.937.
O Graf Zeppelin completou, no total, 147 vôos ao Brasil (sendo 64 transatlânticos) entre os 590 vôos da sua longa carreira de 17.177, 48 horas de vôo, em nove anos de operação (1.928-1.937), o que tornou-o o mais bem sucedido dirigível da história da aviação. Foi uma fantástica e impecável carreira para uma aeronave que foi projetada e construída como protótipo, mas que, de tão perfeita, acabou sendo colocada em serviço.
Transportou um total de 34 mil passageiros, 30 ton de carga, incluindo 2 aeronaves de pequeno porte e um carro, e 39.219 malas postais, com total segurança e sem acidentes.
Passados 75 anos, pouca coisa resta da história dos Zeppelins no Brasil. A maior e mais notável é o hangar de Santa Cruz, ainda intacto e em uso pela Força Aérea Brasileira. Não é o último hangar de Zeppelins ainda existente, como reza a lenda, pois o hangar de Lakehurst ainda permanece igualmente intacto.
Em Recife, ainda resta, relativamente intacta, a torre de atracação de Jiquiá.
O Museu Aeroespacial, do Rio de Janeiro, tem em seu acervo uma das hélices de madeira do Graf Zeppelin e alguns pedaços de tela rasgada, resultado de trabalhos de manutenção, e nada mais.

Nesta fantástica foto de Ferreira Júnior, de propriedade de seu afilhado Sidney Paredes vemos o momento de desembarque dos passageiros do dirigível Graf Zeppelin na base aérea de Santa Cruz.
- Chamada para o Embarque
- Conforto
- Cabines
- Restaurante
- O início do FIM do Zeppelin
- Acidente do Hindenburgo
- Ferdinand Adolf Heinrich August Graf von Zeppelin
- Dr. Hugo Eckener
- Nesta fantástica foto de Ferreira Júnior, de propriedade de seu afilhado Sidney Paredes vemos o momento de desembarque dos passageiros do dirigível Graf Zeppelin na base aérea de Santa Cruz.
- Última Torre do Mundo do Zeppelin – Recife
- Passagem por Recife
- Instrumento de Propaganda Nazi
Enviada por email segundo os Crétidos abaixo:
FORMATAÇÃO: MENSAGEIRO DA PAZ
TEXTO: NET + comentários
IMAGENS: NET + Arquivo
DATA: 09 – 02 – 2.012
Uma Justa Homenagem ao Tenente Mário Messias
Um dos objetivos desse BLOG, além de tentar vislumbrar a História segundo uma visão critica e sem qualquer dissimulação ideológica, é de divulgar o reconhecimento àqueles que lutam como guerreiros na manutenção e preservação da História. Um desses honrados homens é o Tenente Mario Messias. Cidadão de uma larga cultura e privilegiada inteligência foi agraciado, de forma muito justa, com a Ordem do Mérito Conselheiro Thomaz Coelho no Grau Ouro, concedido pelo Instituto dos Docentes do Magistério Miliar de Pernambuco, IDMMPE. Segue abaixo a descrição da honraria.
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O Instituto dos Docentes do Magistério Miliar de Pernambuco, IDMMPE, através de análise do seu presidente, decidiu, de acordo com o Estatuto e o Regimento Interno, aprovar a concessão da Ordem do Mérito Conselheiro Thomaz Coelho no Grau Ouro. ao Tenente Silvio Mario Messias de Oliveira.
A condecoração é reconhecida como de valor oficial e tem seu uso permitido com os uniformes militares (…) Os militares do Exército poderão cadastrar a Medalha no Departamento Geral do Pessoal sob o código (A 15). O proponente da horaria foi o Presidente, Coronel Evaldo Alves PEREIRA. A proposta foi ratificada pelo Ten Cel Com Ricardo ROQUE da Silva, Comandante do 4º Batalhão de Comunicações e Presidente Honorário do IDMMPE. A comenda foi entregue em 22 de março passado.
Nas fotos, o recebimento da Medalha do TC ROQUE e no salão de Honra com o Cel Pereira.
A Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira – Seccional Pernambuco tem orgulho de ter como colaborador o digníssimo oficial.
Analisando As Duas Faces da Glória – William Waack – Parte 01
Muito se escreveu sobre a Força Expedicionária Brasileira ao longo dos anos. Muitos desbravadores se enveredaram pela literatura para contemplar a sua própria visão da Campanha da FEB, dentre eles, vários pracinhas de todas as patentes. Evidentemente o mais relevante relato é do próprio Comandante da FEB, Marechal Mascarenhas que escreveu A FEB pelo seu Comandante, em 1946. Tinha como objetivo que sua obra fosse parâmetro para outras.
E si tratando de obras sobre a FEB, nenhuma outra conseguiu tanta repercussão quanto à do jornalista Wiliam Waack em As Duas Faces da Glória – Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1985. Essa obra de cunho jornalístico expunha a visão dos aliados e dos inimigos sobre a Força Expedicionária Brasileira, desde a sua formação até a sua atuação como força combativa. O trabalho do jornalista foi severamente atacado pelas Associações de Ex-Combatentes por direcionar a obra para minimizar a atuação da FEB, contradizendo a História oficial e todas as outras pesquisas e memórias anteriores.
Esta e outras publicações no blog terão como objetivo a análise do livro AS DUAS FACES DE GLÓRIA. Nosso objetivo é realizar uma exposição da obra para verificar se ela cumpre o papel a que se propõe:
“ser uma contribuição para novas reflexões sobre o passado e para que a História comece a ser escrita com critérios realmente sérios e científicos.” – As Duas Faces da Glória – pág. 15
Não temos a pretensão de ser referência para a leitura do livro ou nos considerarmos críticos da obra, tão pouco, queremos desmerecer o trabalho de uma dos maiores jornalistas desse país, mas precisamos ter critério para analisar a HISTÓRIA, pois a pesquisa histórica impõe uma visão que não pode seguir uma linha argumentativa tendenciosa; não pode ser vista segundo a visão declaradamente preconceituosa. Infelizmente observa-se o teor revanchista logo na introdução da obra, antes mesmo de iniciar a exposição de suas ideias.
Introdução de as Duas Faces da Glória
É importante analisar o período histórico em que a obra foi escrita. O livro foi escrito em 1985. O Brasil era um país ansioso pela redemocratização e havia um apelo público generalizado para que os laços de condução voltassem a figurar em mãos civis. É exatamente nesse clima que o autor informa que a sua geração era chamada a condução do país, sendo categórico quando liga militares integrantes da Força Expedicionária aos acontecimentos de 1964. Isso é correto? Seria correto relacionar a FEB aos acontecimentos de 1964? E mais ainda, utilizar desse relacionamento para explicar o país em 1985. Essas perguntas devem constituir uma análise em primeira instância das pretensões do jornalista. Ligar à ascensão da carreira militar de indivíduos que fizeram parte da FEB nas décadas posteriores a desmobilização, e a própria tropa brasileira, relacionando-a a 1964 é uma incoerência. Fazendo uma breve análise da carreira de dois Marechais que lutaram na Itália, e que são citados pelo autor, o General Castello Branco (Chefe da 3ª Seção da FEB) e o General Henrique Teixeira Lott (Oficial de Ligação da FEB e posteriormente Chefe da Comissão de Reaparelhamento do Exército). O primeiro participou ativamente dos acontecimentos de 1964 e se tornou o primeiro Presidente Militar do Regime, assinando os primeiros Atos Institucionais que davam plenos poderes ao regime que se instaurava no país. O segundo foi candidato à presidência em 1961, perdendo a eleição para Jânio Quadros, mesmo assim, não apoiou a tentativa de um golpe para impedir que o vice-presidente, João Goulart assumisse a presidência após a renúncia de Jânio. Sendo o mais importante apoio conseguido por Brizola na Campanha da Legalidade. Foram militares com visões diferentes da conjectura política brasileira na década de 60. Também podemos citar o Marechal Brayner (à época Chefe do Estado Maior da DIE) e que fazia oposição ferrenha ao Presidente Castello Branco, desafeto declarado desde a atuação da FEB. Essas apreciações formam um quadro interessante, mas não se relacionam com a participação dos generais citados com a Força Expedicionária Brasileira, exceto por suas carreiras, que foram evidenciadas após a guerra, o que é de se esperar, mas isso não é mérito apenas da FEB, é mérito pessoal desses militares, pois durante as décadas pós-conflito havia uma linha tênue entre a os político e os militares. Poderia citar listas e listas de oficias da FEB que nem ao menos conseguiram galgar o generalato, portanto não há como ligar o Brasil e sua participação na Segunda Guerra com os acontecimentos de 1964, são contextos diferentes. A FEB não era importante para a política interna, ao contrário do que o autor defende, mas contribuiu para o fim do Estado Novo, e fim! Encerra-se a contribuição da FEB para a História do país. Outra perspectiva de análise é que a maioria dos oficiais superiores, oficiais subalternos, graduados e soldados da FEB, após a desmobilização do contingente brasileiro, ainda na Itália, foram vítimas do governo que o constituíram, para que não fossem usados como instrumento na frágil estabilidade varguista, mas que inspirou politicamente o Brasil. O governo brasileiro fez o que estava ao seu alcance para desligar ou isolar os militares que estiveram na Itália, realizando e executando um planejamento para que não houvesse ecos dos ideais defendidos pela tropa brasileira em solo estrangeiro. Portanto, no período em que o livro do jornalista Wiliam Waack foi publicado, a maioria dos pracinhas que lutaram na Segunda Guerra estavam desassistidos pelo Estado, jogados ao esquecimento histórico mesmo após a instituição do regime militar de 1964. O que podemos afirmar é que a grande maioria dos integrantes da Força Expedicionária Brasileira foram mais vítimas do que instrumento de instauração do regime de 64. Evidente que a análise histórica corrobora com essa teoria.
Continua…
Chico Miranda: Só Agradece!!
Quando concebi esse BLOG tinha como objetivo a consolidação de um sonho: expressar minha visão desse evento que contribuiu para formar a sociedade como conhecemos hoje. E uma dos agentes motivadores era exatamente a quantidade de aberrações e deturpações que existem desse evento na internet, bem como as influências ideológicas que cercam as interpretações tendenciosas da Segunda Guerra.
Mas uma grata surpresa surgiu com a evolução desse trabalho. AMIGOS! Que compartilham da mesma visão de disseminação do conhecimento. Consegui angariar, através do blog, amigos que, mesmo não conhecendo pessoalmente, possuem atributos que são raros em um país que nem sempre tem uma olhar satisfatório para a sua própria História. E não foram poucos!
Hoje, recebi uma grata homenagem do meu amigo do Pará, Márcio Pinho, que além outras qualificações é um exímio pesquisador e, para minha surpresa ARTISTA. Que faço questão de publicar.
Meus agradecimentos ao pessoal da WebKits que é uma fonte inesgotável de conhecimento sobre plastimodelismo e Segunda Guerra.
Abraços a TODOS!
Os Navios Brasileiros Torpedeados – Segunda Parte
Artigo enviado pelo Pesquisador Rigoberto Souza Júnior:
Os alemães atuando no atlântico sul iniciaram os ataques a nossa Marinha Mercante, deixando vítimas e causando a revolta do povo brasileiro. Nos ataques perdemos no mar 469 tripulantes, sendo 121 oficiais, 08 comandantes: Pedro Veloso da Silveira(Cabedelo), José Moreira Pequeno(Cairu), Renato Ferreira da Silva(Piave), Augusto Teixeira dos Santos(Araraquara), Almiro Galdino de Carvalho(Osório), Américo de Moura Neves(Antonico), Acácio de Araújo Faria(Tutóia) e Arthur Monteiro Guimarães(Bagé), juntamente com eles faleceram também 502 passageiros, dos quais mulheres e crianças.
Os alemães atacaram embarcações que estavam despreparadas para enfrentar qualquer ataque, sendo a primeira embarcação o Navio “Taubaté”, em 22 de Março de 1941, quando navegava do Chipre para Alexandria, totalmente identificado, com a bandeira brasileira pintada dos dois lados e sobre o convés, quando foi atacado por um avião da Luftwaffe, que lançou bombas ao redor do navio.
Ao iniciar o ataque, o Comandante Mário Tinoco mandou içar imediatamente a bandeira nos mastros de proa, e no mastro central um pano branco. Estas indicações de nada adiantaram, pois o navio foi duramente atingido abaixo e acima da linha de flutuação e, o mais triste foi que o seu conferente Fraga foi metralhado e morto em pleno convés, e vários outros tripulantes ficaram feridos, sendo 13 em estado grave.
Outro incidente ocorrido em 18 de Março de 1941, foi o desaparecimento do Navio “Santa Clara”, que viajava com carga para o Governo Federal, e supõe-se que tenha naufragado nas costa dos Estados Unidos, com perda total de sua tripulação. Os jornais anunciaram o seu desaparecimento, então o governo entrou em contato com o Embaixador Carlos Martins, solicitando que ele verificasse junto ao governo norte americano, as condições meteorológicas no dia e local do acontecimento. A resposta foi que no dia houve um forte temporal, e que era impossível determinar as causas do desaparecimento.
O governo não aceitou esta resposta, e com o prosseguimento das investigações, as suspeitas de que as condições do tempo estavam perfeitas, o que reacenderam as suspeitas que ele havia sido mais uma vítima da campanha submarina do Eixo. A perda foi total e o Navio “Santa Clara” foi o primeiro navio da nossa Marinha Mercante a ser atacado.
O Navio “Buarque” foi torpedeado pelo submarino alemão U – 432, comandado pelo Capitão Heinz O. Schultz em 16 de Fevereiro de 1942. Esta embarcação foi construída nos Estados Unidos e pertencia ao Lóide Brasileiro e tinha 5.152 toneladas, e havia partido de Curaçao nas Antilhas, com destino a Nova Iorque, quando às 0h45min do dia 16 e estava a 60 minutos do Cabo Hatteras, posição 36º 13N e 74º 5N recebeu o impacto do torpedo. Na ocasião ele transportava 74 tripulantes e 11 passageiros, sendo que um destes veio a falecer.
- Friedrich Guggenberger, Comandante do U513 – Atuou na Costa Brasileira