Arquivo
Primeira Guerra Mundial: O Início da Propaganda de Massa!
É impossível não pensar em propaganda moderna sem trazer a figura de Joseph Goebbels e de toda máquina criada para difundir as ideias nazistas na Alemanha e no mundo. Mas o que poucos sabem é que a propaganda de guerra foi introduzida na Primeira Guerra Mundial. Os impérios Austro-húngaro e Prussiano iniciaram fortes campanhas nacionalistas de apoio ao conflito. A Inglaterra e França também buscavam apoio da população, além de menosprezar o inimigo com charges que passavam mensagens específicas. Quando a entrada dos Estados Unidos, além de mensagens da luta pela liberdade, também eram comuns mensagens que tratavam a venda de bônus de guerra. Estratégia também acompanhada de várias nações envolvidas no conflito.
Guerras Mundiais no HISTORY & João Barone e Convidados!
O dia 31 de julho será um excelente dia para os entusiastas, pesquisadores e estudiosos da Segunda Guerra Mundial. Na verdade, para ser mais amplo, a jornada da Segunda Guerra Mundial, será nos dias 28, 29 e 30 de julho, com a série Guerras Mundiais, exibida pelo HISTORY CHANNEL, indicada a 03 Emmy.
Minissérie em 6 episódios, que traz a história de uma geração de homens que lutaram como soldados nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial, e que se tornaram líderes na Segunda Guerra Mundial. Hitler, Churchill, De Gaulle, MacArthur, Patton, Stalin e Mussolini hoje são conhecidas lendas globais, e fizeram parte das duas guerras sangrentas que abalaram a humanidade por 30 anos. Desde as primeiras batalhas, eles souberam o quanto lhes custaria subir ao poder, lutando por suas vidas na linha de frente. As lições que aprenderam ali os moldou, e os revelou quando o combate irrompeu de novo. Alguns se tornaram heróis, forjados pela coragem debaixo de fogo; outros, despontaram como os vilões mais infames que o mundo já viu. Reconstituir as guerras mundiais dessa forma, é contá-la através desses homens em uma abordagem única e inédita: a Primeira Guerra os mudou e na Segunda Guerra, eles mudaram o mundo.
No dia 31, a partir das 21h00, será transmitido ONLINE pelo Hangout um vídeo Chat com João Barone e os convidados Marcelo Madureira, Arthur Dapieve e Chico Miranda. Falaremos sobre a Segunda Guerra Mundial, abordando, inclusive a participação brasileira.
Para participar é só Clica neste LINK: https://plus.google.com/u/0/events/c3u0jqefnibrf8h2keekcgdqcs4
Confirme sua presença e mande sua pergunta! PARTICIPEM!
MAIS INFORMAÇÕES: http://seuhistory.com/programas/guerras-mundiais
100 Anos e Uma Única Morte Que Mudou o Mundo
100 anos se passaram e o mundo nunca mais seria o mesmo. A morte em 28 de junho de 1914 do Arquiduque Francisco Ferdinando e sua esposa Duquesa Sofia Maria Josefina, consolidou um dos últimos ingredientes para o estopim do maior conflito armado até aquela data, era a Primeira Guerra Mundial que iniciava. O assassino, um jovem sérvio de apenas 19 anos, Gavrilo Princip, integrante do grupo terrorista conhecido como Mão Negra que se autodeclarava anarquista radical. Segue relato do triste episódio que mudou o rumo da História:
Na manhã de 28 de junho de 1914, Francisco Fernando e sua comitiva partiram de trem de Ilidža para Sarajevo, onde foi recebido com grande pompa pelo governador Oskar Potiorek. Seis carros foram colocados à disposição da comitiva. Entretanto, por engano, três agentes da polícia local embarcaram no primeiro carro juntamente com o chefe de segurança especial, enquanto os oficiais a seu serviço foram deixados para trás. O segundo carro levava o prefeito e o chefe de polícia de Sarajevo. O terceiro carro era um Gräf & Stift, veículo esportivo conversível, onde Francisco Fernando, Sofia, o governador Potiorek e o tenente-coronel conde Franz von Harrach embarcaram. Segundo o programa oficial da visita, a primeira parada da comitiva seria num quartel, para uma rápida inspeção. Às 10 horas da manhã, o grupo seguiu para a câmara municipal.
A comitiva passou pelo primeiro terrorista, Mehmedbašić, que havia sido posicionado por Ilić em frente ao jardim do Café Mostar. Entretanto, ele não conseguiu atirar sua bomba sobre o carro do arquiduque. Vaso Čubrilović, que estava ao seu lado com uma pistola e uma bomba, também não conseguiu agir O próximo terrorista por quem a comitiva passaria era Nedeljko Čabrinović, armado com uma bomba no lado oposto da rua paralela ao rio Miljacka
Às 10h10min da manhã, o carro de Francisco Fernando se aproximou e Čabrinović atirou sua bomba. Entretanto, o artefato bateu na capota aberta do veículo e caiu na rua, explodindo sob o carro seguinte da comitiva. A explosão abriu no chão um buraco de 30 cm de diâmetro e feriu um total de 20 pessoas.
Após o ataque, Čabrinović engoliu a cápsula de cianureto e pulou no rio Miljacka. Porém, a tentativa de suicídio fracassou, pois o terrorista vomitou o veneno e o rio tinha apenas cerca de 12 centímetros de profundidade. Detido pela polícia, Čabrinović foi agredido pela multidão antes de ser levado em custódia.
A comitiva partiu em disparada em direção à câmara municipal, deixando o carro danificado para trás. Cvjetko Popović, Gavrilo Princip e Trifun Grabež não conseguiram efetuar nenhum ataque contra o grupo, devido à velocidade com que se deslocavam.
Após saber que o plano de assassinato havia malogrado, Princip foi até uma delicatessen nas proximidades. No curto trajeto o sérvio avistou o carro aberto de Francisco Fernando manobrando próximo da Ponte Latina. Neste momento, o motorista iniciava o retorno para tomar o caminho certo para o Hospital de Sarajevo, mas o motor do veículo parou durante a manobra e Princip teve a sua oportunidade.
Um relato detalhado do atentado foi descrito por Joachim Remak no livro Sarajevo:
“Uma bala perfurou o pescoço de Francisco Fernando, enquanto a outra perfurou o abdome de Sofia (…) Como o carro estava manobrando (para retornar à residência do governador), um filete de sangue escorreu da boca do arquiduque sobre a face direita do Conde Harrach (que estava no estribo do carro). Harrach usou um lenço para tentar conter o sangue. Vendo isso, a duquesa exclamou: “Pelo amor de Deus, o que aconteceu com você?” e afundou-se no assento, caindo com o rosto entre os joelhos de seu marido.”
“Harrach e Potoriek (…) acharam que ela havia desmaiado (…) só o marido parecia ter idéia do que estava acontecendo. Virando-se para a esposa, apesar da bala em seu pescoço, Francisco Fernando implorou: “Sopherl! Sopherl! Sterbe nicht! Bleibe am Leben für unsere Kinder!” (“Querida Sofia! Não morra! Fique viva para os nossos filhos!!!”). Dito isto, ele curvou-se para a frente. Seu chapéu de plumas (…) caiu e muitas de suas penas verdes foram encontradas em todo o assoalho do carro. O conde Harrach puxou o colarinho do uniforme do arquiduque para segurá-lo. Ele perguntou: “Leiden Eure Kaiserliche Hoheit sehr?” (“Vossa Alteza Imperial está sentindo muita dor?”) “Es ist nichts…” (“Não é nada…”), disse o arquiduque com voz fraca, mas audível. Ele parecia estar a perder a consciência durante seus últimos minutos mas, com voz crescente embora fraca, repetiu esta frase, talvez, seis ou sete vezes mais.”
“Um ronco começou a brotar de sua garganta, diminuindo quando o carro parou em frente ao Konak bersibin (Câmara Municipal). Apesar dos esforços médicos, o arquiduque morreu pouco depois de ser levado para dentro do prédio, enquanto sua amada esposa morreu de hemorragia interna antes da comitiva chegar ao Konak.”
Princip foi imediatamente detido. Durante o julgamento ele afirmaria que sua intenção não era matar Sofia, mas o governador Potiorek.
Pernambuco: Guerra no Mar, no Ar e nas Ruas.
A história da atuação dos nazistas no Nordeste traz grupos que se reuniam uniformizados, espiões que atuavam na Base Americana em Natal e partidários que tentaram viabilizar uma rádio de ondas curtas em Pernambuco.
Quando estoura a 2ª Guerra Mundial, no dia 1º de Setembro de 1939, Mussolini tem mais adeptos em Pernambuco do que Hitler. Em parte, graças à propaganda que o consulado italiano vinha fazendo desde a década de 1920, quando o “Duce“ assumiu o poder. Além disso, o fascismo conta com muitos simpatizantes entre os integralistas que, um ano antes, tentaram assassinar o presidente Getulio Vargas e sua família, no Palácio Guanabara, no Rio de Janeiro. Os italianos são mais presentes em várias atividades: comércio, mecânica leve, funilaria, música e na fabricação de alimentos e refrigerantes (a Fratelli Vita, na Boa Vista, que foi depredada em Agosto de 1942), depois do afundamento dos navios mercantes brasileiros.
A colônia alemã era menor, porém mais influente, especialmente nos meios industriais e, a propaganda alemã também foi mais eficiente, especialmente após a ascensão do Nazismo – que adotou um tom anticomunista: “ A Segunda Guerra Mundial empolgou a população de Pernambuco que logo se dividiu entre partidários do Eixo e dos Aliados. No Recife, havia uma velha tradição de admiração pela Alemanha em que Tobias Barreto introduziu o germanismo no Estado, o que era reforçado pela admiração que muitas pessoas tinham pela decantada inteligência, competência e dedicação ao trabalho do povo alemão, herdada da Primeira Guerra Mundial. Esta colônia era expressiva sobretudo nos meios industriais e, esta admiração aumentou na década de 1930, quando o Consulado alemão fez uma intensa divulgação entre os estudantes e profissionais, da propaganda contra o comunismo russo, procurando amedrontar a população com a hipótese de os comunistas um dia chegarem ao poder no Brasil”(Manuel Correia de Andrade – em Pernambuco Imortal).
O Partido Nazista existiu em Pernambuco, entre meados da década de 30 até Getúlio Vargas proibir [partidos estrangeiros em 1937]. Até o momento, os nazistas nunca precisaram agir na clandestinidade: seus integrantes, na maioria absoluta eram funcionários da Fábrica Lundgren, na cidade de Paulista, que iam às reuniões uniformizados(inclusive com a braçadeira com a suástica), e até assinavam atas. Não foi apenas em Pernambuco que os Nazistas foram ativos, pois haviam núcleos importantes em outros estados – Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, sendo que estas representações foram criadas por Hans Hanning Von Consul, que era oficialmente adido cultural na Embaixada da Alemanha no Brasil.
Foram ao todo 83 células com 2.822 militantes, o maior número de filiados ao Partido nazista fora da Alemanha (os Landesgruppe). Estes militantes, mesmo depois da proibição de fazer política, continuaram na ativa, tanto na espionagem como na propaganda. O Recife interessava à espionagem por causa do movimento do Porto, que passa a ser base da 4ª Frota Naval Americana e, da proximidade com a base aérea de Natal, montada pela Força Aérea Americana.
Uma parte considerável da história da atuação dos nazistas no Nordeste está nos arquivos do extinto DOPS (Departamento de Polícia Política e Social de Pernambuco). Este órgão, depois que o Brasil entrou na guerra ao lado, entre outros da União Soviética, pararam de caçar comunistas, para caçar nazistas e fascistas. Uma das maiores descobertas nestes arquivos foi feitas pela historiadora Susan Lewis, foi que houve na cidade de Igarassu, durante a 2ª Guerra Mundial, um campo de confinamento, para onde foram mandadas, cerca de 400 famílias de alemães e japoneses, mas em condições que em nada lembravam os campos de extermínio nazistas, onde foram executados milhões prisioneiros, a maioria judia.
Até o final da guerra, em todo o país, foram presos 47 espiões, todos condenados pelo Tribunal de Segurança do Estado Novo e, em Recife o DOPS teve muito trabalho com espiões alemães, inclusive dois processos – ambos assinados pelo delegado Pedro Corrêa, sendo um de espionagem e outro por propaganda, que ilustram bem a situação que aqui se passava.
O processo por propaganda indiciou Evaldo Stalleiken, que, se hoje fosse vivo seria considerado um designer de primeira: ele fez o desenho da carteira de cigarros Nacionaes, de modo que a junção de 4 carteiras, formava a suástica e, as mesmas postas em outra posição, formavam a Cruz de Ferro, uma das maiores condecorações do Exército Alemão. Ao ser chamado pelo delegado para se explicar, ele disse que fez o desenho de múltipla utilidade sem querer…
O segundo inquérito, referente à espionagem, foi sobre a tentativa de montar uma rádio de ondas curtas, para aproveitar a posição geográfica do saliente nordestino, chamado de Trampolim do Atlântico Sul, que acusou Hans Heinrich Sirvet e Herbert Friedich Julius Von Heyer, que ofereceram dinheiro para que o técnico Walter Grapetim faça as instalações desta rádio, que já estava montada. O técnico Grapetim, procurou o alemão Oscar Shiler, responsável pela parte técnica da Rádio Clube de Pernambuco, que o aconselha a “não se meter em tal assunto”, que foi seguido à risca por ele.
Artigo enviado pelo Pesquisador Rigberto de Souza Júnior
Texto extraído da “Revista Continente Documento Ano III nº 33/2005”
Especial 100 Anos da Grande Guerra – A Sangrenta Batalha de Verdun!
A história do homem foi moldada a partir dos seus conflitos, infelizmente, claro. O estudo da História Militar proporciona uma perspectiva interessante do passado do homem, permitindo enxergarmos com nitidez os cenários onde política e diplomacia fracassam. Todos esses fatores são recorrentes na História da Humanidade. Até hoje o homem não aprendeu a lidar diretamente com os seus próprios anseios e demandas conflitantes entre os povos e, vez por outra, os exércitos se mobilizam para resolver no “braço” o que os líderes não conseguiram nas negociações. Não chegamos a este estágio evolutivo. O século passado deixa esses argumentos explícitos. Em termos de conflitos generalizados e de grandes proporções. Duas guerras que transformaram o mundo, politicamente e geograficamente, marcaram a História da Humanidade para sempre. A Grande Guerra e a Segunda Guerra Mundial serão sempre lembradas pelos seus resultados devastadores e incalculáveis.
Aproveitemos então uma data significativa para lembrarmos dos fracassos diplomáticos e políticos que tornaram possível o primeiro grande conflito bélico generalizado do mundo, A Grande Guerra. É necessária uma profunda reflexão sobre a motivação e as consequências de um evento apocalíptico, para que os responsáveis por fomentar as disputas entre os povos entendam que todos perdem quando o mundo é jogado para os campos de batalha. Todos!
Por isso, nos desdobraremos para expor a construção do cenário que proporcionou a Grande Guerra, suas principais batalhas e uma exposição analítica histórica de todo o evento que infligiu a humanidade de 1914 a 1918, e ceifou a vida de 19 milhões de pessoas. O Conflito abriu caminho para um novo mundo, muito longe do que se esperava, mas um mundo diferente.
A Carnificina!
Para iniciar a exposição abordaremos uma das batalhas mais questionáveis de todos os tempos da guerra, a Batalha de Verdun. Esta batalha se tornou celebre pela sua duração, de 21 de fevereiro a 18 de dezembro de 1916, e pela quantidade de baixas, estimadas contemporânea indicam em 976 mil. Isso quer dizer que em média teria ocorrido 70 mil baixas por mês na região de Verdun-sur-Meuse.
Objetivo Militar!
É necessário, para que haja uma ofensiva em uma guerra, que os objetivos militares possam ser claros, definidos e valiosos; seja valioso do ponto de vista estratégico ou até mesmo político. O planejamento de uma ofensiva militar levam em consideração os custos das possíveis perdas de homens e material em contraposição aos benefícios desses objetivos alcançados. Por exemplo, os Estados Unidos utilizaram o argumento de que uma invasão a ilha principal do Japão durante a Segunda Guerra Mundial teria uma estimava em 200 mil baixas do lado americano, por isso optaram pela utilização da Bomba Atômica sobre as cidades japonesas. Prerrogativas válidas ou não, deixa claro que todos os objetivos militares devem ser pesados e repensados, para que os resultados alcançados cubram os riscos da investida.
É exatamente neste ponto em que a Batalha ocorrida nos arredores da cidade francesa de Verdun passa a ser uma batalha com poucos argumentos que sustentem as perdas em vida e material ao longo de quase todo o ano de 1916.
O então Erich von Falkenhayn, Chefe do Exército Alemão, após fracassos nas ofensivas em setembro de 1914, com o bloqueio do progresso em território francês na Primeira Batalha de Marne, além dos fracassos e elevados números de baixas de Artois e Champagne, tomou uma decisão, realizar uma ofensiva para, em tese, destruir o Exército francês. Falkenhayn acreditava que um conflito direto com as forças francesas possibilitaria um ponto de ruptura nas linhas de defesa e, consequentemente, uma vitória política e moral sobre a Inglaterra, que lutava ferozmente na Europa Continental. Para tanto, era necessário ter a certeza de que os alemães enfrentariam apenas exércitos franceses. E a única linha possível estava sobre a região de Verdun, com fortificações pouco. Verdun, historicamente, reunia um conjunto de fortificações para deter um possível avanço inimigo no norte da França, muito embora em 1916 estas instalações estivessem obsoletas e desguarnecidas. Acreditava-se ainda que o comando francês reforçasse a região e, assim, os alemães teriam condições de aniquilar as forças inimigas.
“A situação em França atingiu um ponto de ruptura. Um ataque em massa — que em qualquer dos casos está fora do nosso alcance — é desnecessário. Ao nosso alcance está a nossa capacidade de retenção de todos os homens que o Estado-maior francês enviar contra nós. Se eles o fizerem, as forças de França vão sangrar até à morte “.
Memórias de Falkenhayn
Relato de Verdun
A guerra de trincheiras, França e Flandres, 1914-18 – Charles Messenger – Renes
O 5º Exército do Kronprinz (Príncipe Herdeiro) Wilhelm, que estava defronte ao setor de Verdun há alguns meses, foi escolhido para realizar o ataque. O príncipe já examinara o problema de Verdun há algum tempo e, com seu chefe de Estado-Maior, von Knobelsdorf, achava que qualquer operação contra a fortaleza teria que ser em frente ampla e abrangendo as duas margens do Mosa. Como escreveu ele mais tarde: “insistimos que Verdun era a pedra angular da frente ocidental e, portanto, nada menos que um ataque de frente ampla poderia prevalecer contra as forças que o inimigo por certo usaria em sua defesa”. Falkenhayn não estava interessado em capturar Verdun, isto não se encaixaria de modo algum nos seus planos para uma batalha de atrito e, além disso, ele achava que não dispunha de divisões suficientes para operar numa frente ampla. Portanto, ele insistiu que o 5º Exército deveria desfechar seu ataque somente da margem oeste do Mosa. Tendo eliminado o sul e o oeste de suas cogitações devido à inadequação do terreno, o Príncipe Herdeiro decidiu-se por um ataque pelo norte e nordeste. Para fazer isso ele tinha 12 divisões estacionadas numa frente de 13 Km, extensão muito maior que a utilizada pelos aliados em 1915, com mais três divisões na reserva. Seriam empregadas nada menos que 1.400 peças de artilharia, a começar por obuseiros de sítio. Wilhelm simplesmente planejava abrir um rombo nas defesas de Verdun, por onde seria lançada sua infantaria. Isto seria feito de acordo com o princípio dos objetivos limitados, mas, ao mesmo tempo, seus comandantes subordinados estavam ligeiramente confusos diante da ordem que mandava manter pressão constante sobre a defesa inimiga uma vez iniciado o ataque. Este plano foi aprovado por Falkenhayn a 6 de janeiro, embora o conceito de Wilhelm não se encaixasse no seu desejo secreto de uma batalha prolongada. Para este fim, assegurou-se de que as reservas, com as quais Wilhelm contava dispor no primeiro dia de luta, teriam sua chegada atrasada.
No outro lado da linha a situação não estava tão calma quanto os alemães pudessem ter imaginado. Em essência, Verdun consistia de duas linhas de fortes rodeando-a numa perfeita circunferência de 48 quilômetros. Os bombardeios ali efetuados pela artilharia de sítio alemã durante 1915, ao contrário do que acontecera em Liège no começo da guerra, causaram poucos danos. Verdun podia ser mesmo considerada uma cidade inexpugnável. Infelizmente, seus “dentes”, na forma de canhões e homens, haviam sido totalmente retirados para ajudar a ofensiva de outono de Joffre.
A defesa de Verdun, sob a responsabilidade do XXX Corpo, de Chrétien, consistia, sobretudo de soldados territoriais de segunda linha. Mais tarde, Pétain assim descreveu a situação: “Os fortes erguiam-se silenciosos, como se estivessem abandonados. Entre eles e mais além só havia ruínas: trincheiras em grande parte destruídas; alambrados cortados, com seus emaranhados inextricáveis cobrindo os bosques da Côte-de-Meuse e a lamacenta planície de Weovre; estradas e trilhas transformadas em atoleiros; equipamento espalhado; madeira apodrecendo, e, tudo que era metal, enferrujando na chuva”.
Um homem, porém, estava perturbado diante da situação. Era Émile Driant, tenente-coronel, comandante de um batalhão de caçadores e deputado, que advertiu seus colegas da Comissão do Exército da Câmara dos Deputados já a 1º de dezembro, e esta advertência chegou aos ouvidos de Joffre, que a ignorou, considerando-a uma tolice. Os que estavam em Verdun começaram a perceber os sinais característicos de preparativos para um ataque em janeiro, mas o Alto Comando francês pouca atenção lhes deu, exceto enviar mais duas divisões àquela cidade em fevereiro e colocar dois corpos, de apoio, à distância. Ele havia sido iludido por uma série de ataques diversivos alemães ao longo de toda a frente francesa entre 9 de janeiro e 21 de fevereiro, recebendo, em consequência, uma chuva de pedidos de reforços de toda parte.
Os ataques haviam sido programados anteriormente para 11 de fevereiro, mas o mau tempo obrigara o Kronprinz a adiá-lo e, ao amanhecer de 21, o bombardeio finalmente começou. Ao contrário dos Aliados, os alemães eram favoráveis a bombardeios bem curtos. Durante as cinco primeiras horas de fogo, começando pelos desvios ferroviários da própria Verdun até as trincheiras de linha de frente, tudo foi sistematicamente bombardeado. Usou-se boa proporção de granadas de gás contra as posições de artilharia francesas, a fim de impedir o contra-bombardeio. O bombardeio então parou e, quando os defensores se ergueram das ruínas a fim de se prepararem para atacar, os alemães, com seu sistema muito amplo de observação, que incluía aviões e balões, puderam notar que as posições ainda estavam defendidas. Então, prosseguiram no bombardeio por mais quatro horas, desta vez usando morteiros contra aquelas partes da linha onde se notou a presença dos franceses. Quando cessou o bombardeio, às 16 horas, em vez de desfechar um ataque em massa, os alemães sondaram, cautelosos, a frente com patrulhas de combate, mas somente à direita é que houve algum progresso digno de nota.
Dessa vez o princípio do ataque ombro a ombro teria funcionado. O bombardeio conseguira o efeito desejado. A defesa estava aturdida, sua artilharia estava desorganizada e as frágeis comunicações com a retaguarda, cortadas. Os alemães não teriam tido muitas dificuldades em penetrar as linhas de defesa e chegar até Verdun propriamente dita. Surpreso com a facilidade com que as sondas haviam penetrado as linhas francesas, o Kronprinz Wilhelm ordenou um ataque geral para o dia seguinte, com a cobertura de um bombardeio preparatório. Os franceses, apesar de tudo, conseguiram fazer contra-ataques locais (num dos quais morreu o Tenente-Coronel Driant) antes que os alemães começassem a agir; embora sem êxito, devido à sua desorganização, como resultado das manobras inimigas da véspera. Os alemães continuaram a mover-se com cautela, ainda sem acreditar que tudo aquilo pudesse ser tão fácil. Eles empregaram lança-chamas (seis companhias haviam sido confiadas a Wilhelm) com bons resultados contra pontos-fortes, até que os franceses descobriram como enfrentá-los, alvejando o sapador que transportava o volumoso equipamento, antes de chegar à distância de disparo.
O 25 de fevereiro talvez tenha sido o dia mais trágico para os franceses. Uma pequena patrulha de dez homens do 24º Regimento do Brandenburgo capturou o forte de Douaumont, a pedra angular das defesas francesas. No mesmo dia, Pétain foi nomeado comandante da defesa e logo pôs ordem ao caos. Os fortes foram rearmados; os setores, adequadamente organizados; novas linhas de trincheiras, construídas, e o sistema de abastecimento foi reorganizado. No primeiro dia da batalha, a única ferrovia que chegava a Verdun fora destruída, e os franceses ficaram apenas com uma estrada estreita para uso de suas comunicações com a retaguarda. Em contraste, os alemães tinham nada menos de 14 linhas principais a disposição, bem como um bom sistema rodoviário, embora os últimos 20 Km da frente ficassem em terreno muito acidentado e árido, o que acarretava problemas.
La Voie Sacrée (A Via Sacra), a estrada carroçável que liga Verdun a Bar-le-Duc, tornou-se a única linha vital dos franceses. Como disse Jacques Meyer, que lutou na batalha, “… este ‘transportador de baldes’ estendia-se pelos 120 Km da artéria que levava a Verdun o sangue generoso dos homens dos reforços e trazia de volta os soldados exaustos e os pobres feridos”. O homem responsável pela sua administração, Major Doumec, deu instruções precisas de que “excluiremos totalmente os comboios a cavalo ou a pé, desviando-os para rotas paralelas; finalmente, não interromperemos de maneira alguma o tráfego para fazer quaisquer reparos no leito da estrada… Nenhum comboio militar a atravessará, a menos que tenha permissão de fazer a volta nela… Qualquer veículo encontrado ali sem condições de ser rebocado será jogado nas margens fora da estrada. Ninguém tem o direito de parar o carro, a não ser que haja enguiço; nenhum caminhão pode ultrapassar o outro”. A partir de 29 de fevereiro, cerca de 3.000 caminhões transportaram 50.000 toneladas de munição e 90.000 homens para a frente todas as semanas. Foi, sem dúvida, uma obra-prima de organização administrativa e, não fora ela, os franceses teriam, na certa, perdido a batalha.
À medida que novas divisões eram lançadas à “máquina de moer carne”, a luta crescia em fúria. Em meados de março, a situação era tal que “Verdun agora era sinônimo de inferno. Não havia campos nem bosques. Apenas uma paisagem lunar. Um lameiro repleto de crateras. Trincheiras desmoronadas, entupidas, refeitas, novamente cavadas e, mais uma vez, entupidas. A neve derretera; os buracos de granadas estão cheios de água e, ali, os feridos se afogam. Um homem não mais pode arrastar-se para fora da lama”. Falkenhayn começava agora a compreender no que lançara suas tropas, mas não havia meio de retroceder. A luta prosseguia renhida e, em junho, até mesmo os nervos de Pétain já começavam a perder a resistência; então ele sugeriu a Joffre que os franceses deviam recuar. Tal qual Ypres fora para os britânicos, Verdun também se transformara em símbolo para os franceses. Os brados de “on les aura” e “ils ne passeront pas” representavam agora senhas não só para os defensores de Verdun, mas também para toda a nação. No espírito de Joffre, porém, por mais estrategicamente sensata que parecesse a retirada, ela estava fora de cogitação, além de que a ofensiva britânica do Somme estava prestes a começar. E ele tinha razão, pois a 11 de julho, em vista da pressão exercida no Somme, Falkenhayn reduziu os ataques. Pétain, agora, se contentava em parar e recuperar-se, mas o mesmo não acontecia com seus subordinados, especialmente Nivelle e Mangin. De outubro em diante, eles realizaram uma série de ataques violentos visando recuperar todo o terreno perdido anteriormente. E, aos poucos, o conseguiram de fato, mesmo com baixas cada vez mais numerosas para ambos os lados.
Mangin, soldado rude da “velha escola”, que acreditava que o ataque resolvia tudo, assim descreveu sua maneira de lutar: “Ataco a primeira linha com os 75 mm; nada pode atravessar a barragem. Depois martelamos a trincheira com os 155 mm e os 58 mm (morteiros)… Quando a trincheira está bem revirada, partimos para atacar seus ocupantes que, em geral, saem em grupos e rendem-se, e, enquanto isso ocorre, suas companhias de reserva são retidas nos próprios abrigos subterrâneos por uma rolha sólida de granadas pesadas. Nossos contingentes de infantaria são precedidos de uma barragem de 75 mm, os canhões de 155 mm ajudam a manter presas as companhias de reserva; as marés de aço juntam-se ao poilus (apelido dos infantes franceses) a uns 70 ou 80 m atrás. Os boches desistem… Está vendo? É tudo muito simples”. E era mesmo; sem qualquer finura, os franceses contentavam-se em levar aos limites a teoria do poder da artilharia, conforme propagada por Foch nos últimos meses de 1915.
A batalha final ocorreu a 18 de dezembro, com os franceses tendo recuperado quase todo o terreno anteriormente perdido para os alemães. O custo fora da ordem de 350.000 baixas para cada lado. Falkenhayn por pouco não esgotara por completo os exércitos franceses, como pretendera. Contudo, em seu plano original, ele não previra tão elevado número de baixas para seu lado, e isto lhe custou a posição. Mas deixemos que Jacques Meyer resuma a luta: “Verdun foi com mais frequência uma guerra de homens abandonados, uns poucos homens em torno de um chefe, um subalterno, um cabo, ou mesmo um simples soldado que as circunstâncias indicaram ser capaz de liderar. Às vezes era um único homem tomando toda a iniciativa. Punhados de homens obrigados a agir, a responsabilizar-se pela defesa – ou pela retirada. Houve os que se descontrolaram – alguns deles – e em geral isso ocorria nas unidades maiores, que nem sempre eram as mais aguerridas, e sim as mais atingidas pelo choque inesperado da catástrofe. Atos decisivos e corajosos eram, sobretudo, individuais, e, por isso, permaneciam ignorados”. A luta em Verdun, mais do que qualquer outra da frente ocidental, foi uma batalha de soldados e não de generais.
Fontes das fotos marcadas: ECPAD
Os Uniformes e Soldados Mais Estranhos da Grande Guerra
Realmente a 1ª Guerra Mundial expressou uma nova tendência dentros dos exércitos. Mas tevem um componente interessante, comum a todos as guerras; soldados estranhos com seus uniformes mais esquisitos ainda. Vamos conferir alguns exemplos:
- Essa cobertura é horrível
- Filme de Horror
Os Tanques Mais Estranhos e Destruidores da Primeira Guerra
É fato que o avanço tecnológico de 30 anos é incrível, levando em consideração o século XX, claro! E se analisarmos do ponto de vista dos tanques de guerra é visível às transformações que aconteceram entre a utilização do Tanque Mark I para o M1. Então, para que possamos enxergar essa visão, vamos dar uma olhada nessa sequência de fotos de diversos tanques de combate da Grande Guerra, que encerraram seu ciclo de vida nesse período, mas abriu espaço para a nova Cavalaria Mecanizada que estava por vir.
- Síbolo da Paz? Que nada! Acreditem esse era o sistema de Comunicação do Tanques!
Especial Grande Guerra – Revistas do Período – Parte I
Capas e reportagens especiais das revistas publicadas na França, Alemanha e Grã-Bretanha durante a Primeira Guerra Mundial 1914-1918: os líderes militares, os soldados famosos de ambos os lados, as tropas, armas, campos de batalha, a vida nas trincheiras, peças de propaganda. Essa é primeira parte: