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História Cega do Brasil: Desculpe José Pessoa
A História do Brasil falando:
Não vos apegamos a personalidades do Estado.
Escolhamos as referências do passado e o que será ensinado.
Quando nos convir, sejamos insipientes nas citações.
Não importa o que fizeram; não importam os sacrifícios; não importa o pioneirismo ou heroísmo;
Vamos enaltecer Che e suas ideias reacionárias.
Estudar Marx e suas contribuições, camarada!
Vamos esquecer os sacrifícios dos brasileiros, filhos da Pátria Mãe Gentil.
Como sabemos que a História do Brasil é assim?
Citemos um exemplo: Quem construiu Brasília? Todos sabem? Evidente…
Mas quem planejou e escolheu Vera Cruz, vocês sabem? Onde fica Vera Cruz? Perdido no passado esquecido da história de Brasília; omitida pela História do Brasil.
Omissos livros de História… Omissa História do Brasil!
Se quiser saber o que Brasília tem a ver com Vera Cruz, ou com a Escola Militar das Agulhas Negras (AMAN) com a História dos Blindados do Brasil, pergunte ao seu criador…
José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque
Aproveita e pede desculpa pela cega História do Brasil.
Crimes de Guerra durante a Segunda Guerra Mundial: Vencidos e Vencedores!
Importante que se estabeleça um princípio importante sobre a Segunda Guerra Mundial: não havia “mocinhos” na Segunda Guerra Mundial! Não era uma guerra do “bem” contra o “mal”, foi a degradação da humanidade. Embora devamos enaltecer os esforços e os sacrifícios de toda uma geração que lutou instintivamente para sobreviver, sejam combatentes ou civis, mas não podemos enaltecer a guerra em si. Guerra é exatamente isso: Guerra! Isso quer dizer que TODOS os seus partícipes irão se desgeneralizar de uma forma ou de outra até perder a noção do bem e do mal; perder a sua própria humanidade.
Nesta linha, publico aqui a opinião de um pensador gaúcho que sempre tem contribuído com opiniões centradas, Chico Bendl. Sua opinião reflete alguns pontos que também consideramos essenciais para que a História, enquanto ciência, cumpra seu papel, quando no estudo da Segunda Guerra Mundial, o qual listamos abaixo:
- A Ciência História deve estar acima dos Vencedores;
- Ela evolui e deve contemplar uma revisão dos Fatos em ato contínuo (Revisionismo);
- O Revisionismo Histórico deve acrescentar perspectivas sobre os Fatos Históricos, mas com equilíbrio e sem ser objeto de manipulação dos historiadores;
- A Ideologia do historiador deve sucumbir a Fatos Históricos. A visão do historiador não pode influenciar na análise destes mesmos fatos;
- Como condiz a todo cientista, não existe verdade absoluta, existem evidências científicas que nos levam a um veredicto, portanto, cabe ao historiador trazer a luz as evidências que nos levam a verdade, mesmo que esta seja temporal.
Comentário de Francisco Bendl
A minha grande indagação diz respeito às razões pelas quais um povo se lança em guerra contra outros porque assim determinou o seu presidente ou líder político!
Milhões morrem por capricho de déspotas ou títeres, que não têm qualquer consideração pela espécie humana, a aniquilam através de crueldades indescritíveis.
Não consigo entender por mais que eu leia sobre a Segunda Guerra Mundial, que o povo alemão, culto, inteligente, de tradições e costumes refinados, tenha obedecido cegamente a Hitler, e ocasionou o maior conflito da história da Humanidade!
Da mesma forma repudio os ataques atômicos a Hiroshima e Nagasáki, igualmente a carnificina absolutamente desnecessária com o bombardeio aéreo em Dresden, matando milhares de civis criminosamente.
Lamento profundamente ter havido apenas o Julgamento de Nuremberg, condenando os nazistas, pois paralelamente a este tribunal deveria haver aqueles que julgassem os crimes de guerra cometidos pelos aliados, que não foram poucos, incluindo os japoneses pelo que fizeram na China e com os americanos nas batalhas pelo Oceano Pacífico.
E se quisessem de fato punir o genocídio da última guerra mundial, então que os italianos se sentassem também na cadeira dos réus quando invadiram a Abissínia, em gesto tresloucado pelo fascista Mussolini.
Desgraçadamente, a história é escrita pelos vencedores, que os isentam de culpa pelas atrocidades praticadas, e deixando desta maneira um espaço enorme à punição daqueles que liberaram seus monstros dentro de si, que soltaram as bestas escondidas em suas mentes, e macularam o ser humano a tal ponto que animal algum na face deste planeta é tão brutal e cruel quanto ao bicho homem, na verdade o lobo da própria espécie, conforme sentenciado por Plauto (254-184) em sua obra Asinaria.
No texto se diz exatamente: “Lupus est homo homini non homo”. Foi bem mais tarde popularizada por Thomas Hobbes, filósofo inglês do século XVII.
O mais angustiante é que os exemplos da Segunda Guerra não foram suficientes para aplacar a ira incontida no ser humano, pois de 1.945 até 2016, 71 anos se passaram, e jamais tivemos na história tantas guerras, revoltas, revoluções, como as registradas nessas sete décadas, gerando fome, miséria, injustiças, calamidades, torturas, sofrimentos à humanidade, e sem que se discuta um fim para tanta morte ou qualquer atitude para minimizar as vidas ceifadas.
Dresdem foi um dos tantos exemplos de bestialidade, que de nada serviu para a consciência do animalesco homem!

Dresden – Crime de Guerra
Nos últimos meses da Segunda Guerra Mundial, a Real Força Aérea Britânica e a Força Aérea Americana realizaram o maior ataque aéreo sobre a cidade alemã de Dresden. O ataque iniciou na noite do dia 13 de fevereiro de 1945, quando aviões lançaram 1.200 bombas sobre a cidade, correspondendo mais de 4 mil toneladas de explosivos e bombas incendiárias, durante os quatros sucessivos ataques. Estima-se que 25 mil pessoas foram mortas nos bombardeios e nos incêndios que se seguiram. Mais de 75 mil residências foram destruídas, além de monumentos únicos da Arquitetura Barroca no Centro da Cidade. A escala de mortes e destruição vieram à tona depois do fim da guerra, quando houve vários questionamentos sobre a legitimidade dos alvos destruídos. O debate se arrastou por décadas, sendo que este vergonhoso evento é considerado por muitos historiadores como sendo um dos crimes de guerra dos Aliados.
A Último de 2015 – Magda Goebbels Morreu em Foz de Iguaçu!
Berlim, abril de 1945. Enquanto as últimas forças da Wehrmacht lutavam desesperadamente para manter o último reduto da Alemanha Nazista, um pequeno avião deixava Berlim para trás. Era o início da fuga da esposa do Ministro da Propaganda do III Reich, Magda Goebbels, rumo a América Latina, mais precisamente para o Paraguai. Magda, deixando de lado os cinco filhos e o marido, decide se salvar da morte certa, apenas com uma das filhas, Holdine Kathrim, por ser sido o fruto de um caso com o próprio Adolf Hitler.
As duas sobreviventes chegam ao Paraguai e Magda Goebbels toma o lugar de uma fazendeira do Paraguai e passa a ser conhecida como condessa Nora Berthé Auguste Maria Friz e Nora Daisy Auguste Emilie Carlotte Friz Kirschner Von Kirschberg, mãe e filha respectivamente.
Logo surge alguns problemas com a identidade das alemãs. Um austríaco, contratado pela DOPS para verificar a nazificação da população de Foz de Iguaçu. Nesse período, Marta era apoiada pelo cônsul do Uruguai, que era ligado ao Partido Nazista. Que na época nem existia mais. Por influência política, inclusive do então deputado Plínio Salgado (como assim, depois da guerra?), o agente austríaco tem seu relatório recusado e ele é expulso do Brasil. Inconformado, o insistente austríaco, algum tempo depois volta, assume a identidade de Gerald Byne a passa a perseguir Berthé e Dayse, por achar que se tratava de Eva Braun e sua filha, fruto do casamento secreto de Hitler. Virou uma drama mexicano.
Só no início deste milênio, a Condessa Nora Dayse, agora uma pobre senhora residente em Foz do Iguaçu, depois de várias consultas com a médica da família Christiane Lopes Pereira para tratar de problemas da saúde, resolve contar sua história. Doutora Christiane, acompanhada de outro médico, Luiz Monteiro Franco, resolvem trazer a luz a incrível história (incrível mesmo) que muda o curso dos acontecimentos na Berlim de 1945. Jesus amado!
Acreditem essa história virou livro, pior ainda, segundo os autores, trata-se de fatos históricos. Eu não culpo os médicos “historiadores”, mas o mercado editorial por dar crédito a uma historieta que beira o ridículo e é facilmente refutada por qualquer pesquisador medíocre. Quais os motivos que levam uma editora a publicar volumes de uma obra baseada em uma história oral não confirmada, como se fosse uma descoberta histórica? Qual o motivo de uma editora investir em uma obra que nitidamente não refuta versão oficial com provas e/ou evidências inquestionáveis, pelo contrário, utilizam apenas jargões e contradições para produzir mais de mil páginas de baboseiras que saíram de uma mente desequilibrada? Os motivos? Simplesmente esse tipo de título vende! E vende muito mais do que qualquer obra séria. É mais lucrativo investir em aventureiros com título mirabolante do que financiar publicações históricas que contribuam com o esclarecimento do passado. Mas, vamos ao que interessa.
Quero analisar alguns trechos da entrevista com o Dr. Luiz Monteiro Franco e já determinar contradições em sua vertigem mirabolante:
- O doutor começa com a seguinte história:
Paciente a partir de 2005, Nora Dayse! Chegou dizendo que era condessa alemã. Ela contava uma história longa que os pais dela vieram da Alemanha para o Paraguai. A mãe dela teve um caso com Hitler em 1936, nas Olimpíadas de Berlim. Em 1938, ela teve que voltar com a mãe para a Alemanha para abertura do testamento da avó e não puderam regressar para o Paraguai, pois segundo o médico, a Alemanha estava “sitiada” por causa da guerra. Retornam para o Paraguai em 1946.
Apenas uma pessoa que não conhece nada da Segunda Guerra Mundial poderia declarar algo assim. Primeiro que não há “sitio” sobre Berlim, pior ainda, não há nem guerra, que viria a ser declarada apenas em 1 de setembro 1939. Mesmo assim, todas as rotas comerciais aéreas e navais estavam abertas. Qualquer pessoa com visto, poderia deixar Berlim em qualquer momento, inclusive os serviços de transportes alemães funcionaram normalmente até abril de 1945, pouco antes da capitulação.
Com relação ao caso com Hitler. Tudo bem! Não apresentam nenhuma prova histórica ou evidências do fato. Por isso a História Oral baseado em mero testemunho não pode ser o único instrumento do pesquisador para determinar um fato histórico. O testemunho oral deve ser ratificado por outras fontes indubitáveis para confirmar tais testemunhos.
Se essa senhora diz ser filha de Magda Goebbels, essa história não pode ser verdadeira! Magda estava cercada pela mídia o tempo inteiro nesse período, trata-se da família perfeita do regime, Magda e Joseph Goebbels.
- Misturou com Eva Braun e o “Começamos a perceber…”:
Pesquisaram e descobriram que as duas chegaram a Foz do Iguaçu em 1972, vindas de uma viagem pelo América do Sul durante 17 anos, diziam que era uma viagem cultural.
Junto com eles chegou um americano chamado Gerald Pyne. Este americano, que na verdade era austríaco, diz que essas senhoras eram na verdade Eva Braun com a filha.
Então o Doutor fala o seguinte:
“Nós começamos a perceber que as características da mulher que ela falava, e as virtudes, a cultura, tudo aquilo, pertencia a outra nazista, Magda Goebbels”
Como assim? Perceberam! A mulher diz que é uma pessoa, o agente austríaco/americano diz que eram outra, e eles, após “perceber as características, virtudes e cultura” passaram a identificar a mãe dela como sendo Marta? Seria possível considerar essa análise como uma descoberta histórica irrefutável?
Plano Mirabolante: Marta Goebbels toma o lugar de uma pacata fazendeira do Paraguai!
Quando retornaram para o Paraguai, Magda Goebbels assume a identidade dessa senhora que tinha uma fazenda e tinha ido para a Alemanha em 1938, por causa do testamento da mãe e não puderam regressar naquele ano. Era a oportunidade perfeita para que Marta e sua filha tomassem o lugar da paraguaia e vivesse como ela.
Ele afirma: “[…] as características e virtudes totalmente diferente da original. A original era uma fazendeira, voltada para a família, bem simples e religiosa, e a que voltou [da Alemanha] era arrogante, muito culta, muito politizada, pegou o marido da outra enfiou numa casa e nunca mais ninguém viu o sujeito […] e se juntou com o Chefe do Partido Nazista e o Cônsul que era nazista[…]”
Ele disse que o americano apostava que elas eram Eva Braun, mas que depois que eles verificam as “fotos”, as “características” da mulher, nós “fechamos” em Magda Goebbels.
Então, ele passa a mostrar algumas fotos…
Impressionante! Tem que ter muita imaginação para tratar isso com seriedade.
Mas vamos as considerações:
O doutor, inicialmente considera o perfil de uma pessoa rica e com influência, quando ele afirmar que Marta retorna como fazendeira, protegida por diplomatas e outras figuras importantes. O doutor se confunde com datas, ora levando-nos para 1946 e 47, com o Partido Nazista atuando no Paraguai (não entendi que Cônsul ele se refere); ora trazendo um cenário do final da década de 1960, ainda classificando o Plínio Salgado como Integralista, fato que nesse período Plínio, já no final da carreira política, esse movimento não existia há décadas. Não uma versão racional ou sistemática na história.
E no final diz que a filha de Marta viveu até o fim da vida na miséria e podridão. Jô pergunta se há alguém vivo que comprove essa história, a resposta é: “Só pessoas que conheceram a história, hoje na casa dos 70 anos”
Jô Soares fala:
“[…] Essa mulher era uma desequilibrada, seja ela quem for[…] Porque é tão documentada [a morte de Magda Goebbels e sua família] e vasculhada…”
O doutor explica ainda que Hitler realizou um plano de fugir com Magda e que Eva descobriu e, por isso, foi morta no Bunker! E Hitler fugiu no avião para o Paraguai!
Daí por diante a baboseira se torna insustentável! Me recuso a continuar…
Mas Jô, um dos grandes escritores desses país, reconhecendo o tema, desfere um golpe mortal:
“[…] realmente para mim, seria um livro que eu leria como ficção, realmente é um trabalho extensivo[…]”
Isso, apenas extensivo…
Doutores, voltem a clinicar! Em nome da Ciência História!
Desvendando Adolf Hitler IV: Viena, Uma Outra Fase!
Em 1908 Adolf Hitler chega em definitivo para morar em Viena. A ideia era recomeçar a vida depois da morte da sua mãe. Não tinha dúvidas sobre sua admissão na Academia de Belas Artes ou sobre seu futuro artístico brilhante. Hospedou-se em um pequeno quarto no segundo andar de uma casa em Stumpergasse, 31, perto da Westbahnhof de propriedade da senhora Frau Zakreys, uma senhora de origem tcheca, localizada em um Distrito escuro e sujo.
Não demorou muito para que seu amigo Gustl se juntasse a ele. Há muito Hitler insistia para que o jovem mudasse para Viena afim de tentar a sorte como músico, fato que ocorreu poucos meses depois. Os dois, agora dividindo o quarto da residência da senhora Zakreys, estavam maravilhados com as possibilidades da capital, mas também não abriam mão de desfrutar do lazer que Viena poderia proporcionar. Quase que diariamente frequentavam o Teatro, acompanhando as principais Óperas dos consagrados músicos alemães, dos quais seu favorito, Wagner, era de longe o mais visto. Passavam horas na fila para assistir apresentação ao preço de duas Coras, nos locais mais baratos do Teatro.
O tempo passou, a pressão começou. Hitler estaria cursando a Academia de Belas Artes e Gustl acabara de ser admitido no Conservatório de Música de Viena. Seria perfeito para os dois aspirantes artísticos, se não fosse pelo detalhe que Hitler novamente teria sua admissão rejeitada pela Academia. Desta vez, ele não comentou com ninguém, e passou a gastar seu tempo perambulando pela cidade. Certo dia, durante uma discussão com o amigo, Hitler confessou que não estudava na Academia e que não sabia o que fazer. O jovem Hitler, naquele momento estava completamente sem rumo.
Hitler mencionaria os anos vividos em Viena como miseráveis, de fome e pobreza. Levando em consideração que ele recebeu parte da herança da mãe, a quantia referente ao empréstimo feito por sua tia e mais a pensão de órfão que teria direito, pelo menos naquele ano de 1908, essa declaração não procede. Muito embora, tal quantia não permitisse uma vida de luxo, era suficiente para manter uma vida digna. Os custos com alimentação eram poucos, sua dieta diária era basicamente de pão, manteiga, pudins de farinha doce e algumas vezes um pedaço de bolo de nozes ou papoula, acompanhado de leite ou suco de frutas. Já nesse período, ele não consumia álcool. Sua única extravagância, realmente eram as noites nas óperas.
Não demorou muito para a parceria com Gustl se encerrar. Em julho de 1908, quando Gustl voltou a Linz para as férias de verão, Hitler deixou a moradia em Stumpergasse. Em novembro, quando o amigo retornou para início do ano letivo, não encontrou ninguém. Hitler deixara a residência da senhora Zakreys, sem informar seu novo endereço. Os dois só voltariam a se encontrar novamente em 1938.
Em 18 de outubro daquele ano, Hitler registrou-se na força pública como um “estudante” morando próximo a Westnahnhof. Ele escolhera uma nova fase para sua vida. Tempos difíceis ainda estariam por vir.
- Desvendando Adolf Hitler Parte I: O garoto da mamãe!
- Desvendando Adolf Hitler II: A Infância!
- Desvendando Adolf Hitler III: Viena, o início de Hitler!
- Desvendando Adolf Hitler IV: Viena, Uma Outra Fase!
Contradições Históricas da FEB: Os Três Heróis Brasileiros, quem são?
Já em vários momentos buscamos lançar luz sobre a obscuridade histórica, que é crônica em nosso país. Parece-nos que há um plano orquestrado de esquecimento, quando se trata do estudo do envolvimento do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Longe de ser objeto de estudo dos nossos cientistas da ciência História, a campanha da FEB é referenciada unicamente dentro dos círculos das associações ou dos grupos de interesse.
Um problema também muito sério ocasionado pela falta de pesquisa abrangente, é o risco que corremos em transformar um mito em fato histórico consagrado. Não podemos admitir que qualquer fato envolvendo a FEB seja diminuído, aumentado ou alterado para satisfazer o apetite verossímil daqueles que adoram desvirtuar os acontecimentos para atender uma demanda cinematográfica ou apenas para vender livros, desapegado da realidade histórica. É a velha mania hollywoodiana e seus personagens quase semideuses da guerra.
A História da FEB e do Brasil deve considerar novas interpretações, baseada em pesquisas sérias, para que o fato histórico possa evoluir; mudando segundo a exposição de novas evidências. Isso é importante para corrigir injustiças, trazer à luz personagens históricos injustiçados ou esquecidos. A História ela é elemento vivo em constante evolução.
Com o objetivo de contribuir para o aprimoramento do Fato Histórico, observamos algumas contradições em determinados acontecimentos que envolveram a atuação da FEB e seus integrantes. Um dos mais conhecidos:
OS TRÊS HERÓIS:
Em 14 de abril de 1944, durante uma patrulha nas proximidades do Montese, três soldados Geraldo Baêta da Cruz, então com 28 anos, natural de Entre Rios de Minas; Arlindo Lúcio da Silva, de 25, de São João del-Rei; e Geraldo Rodrigues de Souza, de 26, de Rio Preto, morreram como heróis em Montese, Itália, palco de uma das mais sangrentas batalhas do conflito com a participação da FEB
Integrantes de uma patrulha, os três pracinhas mineiros se viram frente a frente com uma companhia alemã inteira. Receberam ordens para se render, mas continuaram em combate “até o último cartucho”, como se diz na caserna. Metralhados em 14 de abril de 1945, receberam, em vez da vala comum, as honras especiais do exército alemão.
Admirado com a coragem e resistência dos mineiros, o comandante mandou enterrá-los em cova rasa e pôs uma cruz e uma placa com a inscrição: Drei brasilianische helden, que em bom português significa “três heróis brasileiros”. Acabada a guerra, eles foram trasladados para o cemitério de Pistóia, na Itália, e depois para o Monumento aos Pracinhas, no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro.
O fato é registrado aqui, no próprio BLOG, e já motivou livros, séries e filmes.
Explicando algumas contradições.
A questão que queremos abordar, que fique bem claro, não se trata de desmerecer ou duvidar dos méritos dos nossos soldados, pelo contrário, buscamos entender os fatos e tornar justo os personagens que estiveram envolvidos.
Vamos para alguns problemas:
O Coronel Adhemar Rivermar de Almeida, então Chefe da 3º Seção, do 1º Batalhão do 11º Regimento de Infantaria registrou o que segue em seu livro: Montese – marco glorioso de uma trajetória:
O inimigo desencadeou uma terrível barragem de fogos de Infantaria e Artilharia entre as encostas Sul de Montese, e suas orlas Leste e a base de partida (Montaurígola), conseguindo deter a ação do Pelotão Ary Rauen, que seu heroico comandante ferido mortalmente na cabeça, quando tentava neutralizar uma incômoda “lurdinha” que barrava o avanço de seu pelotão causando grande baixas em seu efetivo, cujos remanescentes ficaram detidos, sem se moverem, em meio a terrível campo minado
Tomando conhecimento das pesadas baixas ocorridas naquele Pelotão, o Dr. Yvon, acompanhado do Tenente Ary, de padioleiros e do 1º Sargento Alfeu, sargenteante de minha Companhia e que se apresentara como voluntário, iniciaram a sua longa e perigosa caminhada, cortada de campos minados e varrida incessantemente pelo fogo alemão, em busca de elementos daqueles elementos, até alcançar estreita e rala ravina, entre Motaurígola e faldas de Montese, quando foram também detidos por fortes rajadas de “lurdinhas”, morteiros e artilharia.
Logo explodiu uma granada sobre o padioleiro Geraldo Baeta da Cruz, de nossa seção de saúde, que morreu no mesmo instante. (ADHEMAR, 1985, pag. 146).
Nos registros de embarque da FEB, consta o soldado Geraldo Baeta como padioleiro, integrante do Seção de Saúde do 11º Regimento de Infantaria, o que reforça a tese de que ele estaria, conforme relato do Coronel Adhemar, indo em direção ao socorro do pelotão do Tenente Rauen. Outra evidência, é que o militar foi agraciado com a Medalha de Cruz de Combate de 2ª Classe, mérito de bravura em combate (coletivo), diferentemente do Arlindo Lúcio da Silva, recebendo o Cruz de Combate de 1ª Classe, mérito de bravura em combate (individual). Se eles participaram da mesma ação, quais os motivos da diferença nas honrarias?
Sobre o Geraldo Rodrigues de Souza, o interessante é que o local da morte do soldado é identificado como Natalina e não Montese, como os demais.
Classe 1919. 11º Regimento de Infantaria. Embarcou para além-mar 20 de setembro de 1944. Natural do Estado de Minas Gerais, filho de Josino Rodrigues de Souza e Maria Joana de Jesus, residente à rua Cajurú nº 4, Serra Azul, SP. Faleceu em ação no dia 14 de abril de 1945, em Natalina [crivo nosso], Itália, e foi sepultado no Cemitério Militar brasileiro de Pistóia, na quadra B, fileira 9, sepultura nº 98, marca: lenho provisório.
Sobre o Arlindo, temos o relato do Decreto que lhe concedeu a medalha:
“Foi agraciado com as Medalhas de Campanha, Sangue do Brasil de Combate de 1ª Classe. No decreto que lhe concedeu esta última condecoração, lê-se: No dia 14 de abril, no ataque a Montese, seu Pelotão foi detido por violenta harragem de morteiros inimigos, enquanto uma Metralhadora alemã, hostilizava violentamente o seu flanco esquerdo, obrigando os atacantes a se manterem se manterem colados ao solo. O Soldado Arlindo, atirador de F.A, num gesto de grande bravura e desprendimento, levanta-se, localiza a resistência inimiga e sobre ela despeja seis carregadores de sua arma, obrigando-a a calar-se nessa ocasião, é morto por um franco-atirador inimigo”. (Decreto de Concessão da Medalha)
Os detalhes da descrição da ação não se referem a três soldados lutando bravamente por suas vidas em combate contra uma Companhia, se referem a um ataque sobre um ponto fortificado e, com testemunhas dos fatos, que relataram posteriormente.
Por mais surpreendente que seja, outro acontecimento idêntico como o relato dos três soldados brasileiros mortos em Montese. Em janeiro daquele mesmo ano, uma cruz fora encontrada durante o avanço brasileiro, com fantástica similaridade. Portanto, as covas de Montese não seriam as únicas a guardar os corpos de bravos brasileiros que foram honrados pelo inimigo. Assim registra Joaquim Xavier da Silveira em seu livro A FEB por um Soldado:
Ao conquistarem Castelnuovo, as tropas de depararam com um testemunho da coragem do soldado brasileiro. Desde janeiro, três soldados do Regimento Sampaio figuravam na lista dos desaparecidos em combate: Cabo José Graciliano Carneiro da Silva, Soldado Clóvis Paes de Castro e Aristides José da Silva. Em Castelnuovo havia uma tosca cruz de madeira com a dística em alemão: 3 Tapfere – Brasil – 24.01.1945 (Três bravos – Brasil – 24.01.1944). Essa singular homenagem feita pelo inimigo é uma eloquente demonstração da coragem do soldado brasileiro. (SILVEIRA, 2001, pag. 177).
Conclusão
Não são respostas que movem o mundo, mas as perguntas.
Ocorreu o fato dos três heróis brasileiros em Montese?
Pelo relato oral dos integrantes do 11º RI, não há dúvidas sobre o fato ocorrido em Montese, contudo, não podemos afirmar de forma concludente que os personagens envolvidos no fato são aqueles consagrados pela historiografia militar. Novamente, isso não tira o mérito do sacrifício dos militares do Regimento Tiradentes mortos, seja no caso da patrulha perdida; seja em outras condições de morte violenta.
O importante seria para a História Militar Brasileira a análise dos acontecimentos e a busca por respostas; ou confirmando o nome dos bravos soldados que morreram naquele confronto, sendo sepultados por seus inimigos, ou trazendo a justiça histórica para aqueles que efetivamente estiveram nessa ação de bravura.
Trata-se de um único episódio Montese /Castelnuovo?
Como anteriormente citado, não há dúvida que trata-se de acontecimentos distintos. Contudo, é necessário que possamos expor evidências que não possibilite margem para debates e interpretações histórica erradas sobre os acontecimentos, objetivando que futuras gerações tenha a possibilidade de vivenciar a clareza histórica do passado de nosso Brasil e saber quem são seus heróis.
Quem foram os três heróis brasileiros em Montese?
De certo que há dúvidas bibliográficas levantadas sobre quem foram os três brasileiros que morreram conforme a descrição relatada do episódio: “Os três Heróis Brasileiros”. O que na prática deverá despertar o interesse de pesquisadores e de pessoas e instituições que possam financiar essas pesquisas para trazer para luz a verdade histórica sobre o fato. Os nomes desses bravos soldados brasileiros devem ser registrados de forma justa, seja os três mineiros atualmente apontado como protagonistas, ou outros que por ventura a História revele de forma inquestionável.
Morte…Seja Em Combate ou Não, É Triste!
Cain matou Abel…
Primeira narrativa bíblica de um homicídio traz em sua concepção a descrição do assassinato. Uma retórica humana que estaria presente no decurso do tempo, a morte não natural, o homicídio perpetrado por outro semelhante. Cain, o irmão invejoso e traiçoeiro, leva a cabo todo seu ódio contra sua parentela, tirando-lhe a vida. O assassino e o assassinado; o homicida em sua primeira versão.
Na história da humanidade as guerras travadas forjaram o que conhecemos hoje de mundo moderno. Não obstante aos preceitos amorais que levaram Cain a matar seu irmão, sangue de incontáveis homens foram jorrados pela terra que Deus criou desde aquele episódio. Impérios foram criados, tiveram seu apogeu e desfaleceram com a mesma violência com que foram criados. Chegamos até o segundo milênio da era cristã, ainda contabilizando os homicídios como parte do nosso cotidiano da era evoluída.
Uma coisa não mudou. Matar não é algo natural, muito embora seja corriqueiro. Não é natural nem mesmo para as guerras e conflitos (estranho?). Pelo menos esse é o senso comum que permeia a mente humana. Evidentemente isso não se aplica a alguém que não tem qualquer apreço pela vida, mata sem remoço, pois trata-se de um psicopata, sociopata ou portador de qualquer outra patologia mental. Mas ainda assim, matar por matar não é natural. Em uma guerra matar no front, na linha de combate, faz parte do que os militares chamam de “contingência de guerra”. Não há como não acontecer. Inevitável para qualquer soldado integrante de um combate. Mas, todos atenuam o fato dessa contingência, com o preceito do “matar para não morrer” e é a condição mental que se estabelece para tornar a morte algo, aceitável.
Lembrei de alguns relatos de nossos soldados integrantes da Força Expedicionária Brasileira, durante a Segunda Guerra Mundial nos campos de batalha da Itália. Os relatos são de veteranos que mataram alemães. Mesmo no ardor do combate, muitos se lamentaram por terem ceifado a vida de outros homens. Estes relatos estão registrados na excelente obra do professor Cesar Campiani Maximiano, Barbados, sujos e fadigados. Soldados Brasileiros na Segunda Guerra Mundial:
“(…) Juntos, examinaram os cadáveres. Os estilhaços da granada haviam mutilado horrivelmente o rosto de um dos inimigos. O sangue que escorria da fronte do alemão misturou-se com a lama pegajosa que, lentamente, ia aderindo ao seu uniforme. Os olhos esgazeados do soldado abatido, num misto de espanto e ira, traduziam a surpresa e a impotência daquele que fora abatido pelo gaúcho. Poços de uma água avermelhada e barrenta formaram-se em torno dos corpos. O cenário, antes que trágico, era repulsivo e deprimente.
– E agora sargento? – indagou Moura – Nós não temos que enterrar os alemães não?
Djalma não respondeu. Continuava a olhar fixamente os cadáveres. Uma tremenda ânsia de vômito o dominava, ao mesmo tempo que seus olhos se enchiam de lágrimas ao pensar que jovens vidas havia sido ceifadas através de sua mão armada” . (CAMPIANI, 2010, Pag. 201)
“Dos nossos, Gil era o único abalado. Caminhava pensativo, casmurro, sem dizer nada. Estava triste por ter morto um sargento alemão. (…) Lamentou para mim, dizendo com ar desolado: – Matei um homem. – Eu respondi: – Não adianta pensar nisso: era ele ou tu, thê. Guerra é guerra! Não estamos aqui pra bonito. Tu serás promovido. Na certa! Quem sabe, thê, ganharás uma medalha! – Ele retrucou sério, arregalando os olhos: – É um mundo cruel, incoerente e desumano. Quem mata na paz vai pra cadeia. É uma assassino. Quem mata na guerra ganha medalha. É um herói. Deus me perdoe, pois matei um semelhante a quem não conhecia”. (CAMPIANI, 2010, Pag. 203)
“(…) ao verificar seus documentos, encontramos uma fotografia que chamou a nossa atenção, porque era de três meninas loirinhas, parecidas com as meninas de Santa Catarina. Como tinha algo escrito, demos a um soldado que era filho de alemão para ler. Ele traduziu para nós – ‘Papai, estamos rezando para que essa guerra acabe, pois não suportamos mais as saudades que sentimos do senhor. Beijos de SUAS FILHAS’
– Coitadinhas – pensei -, mais verão o pai!…” (CAMPIANI, 2010, Pag. 204)
Mesmo a coragem, a honra, a lealdade e o amor pátrio podem mitigar o flagelo humano da perda violenta da vida.
DIA 24 DE MAIO – SALVE O BRIGADEIRO ANTONIO DE SAMPAIO!
MINHA VELHA SENHORA, UMA AMADA RAINHA.
Tu me escolheste bem jovem e com você vivo contente e muito feliz até hoje…
Já faz tempo, mas nunca diminui minha afeição ou meu carinho e meu amor pelos teus fuzis cruzados e pela granada que os une.
Hoje ainda sinto meu velho peito embalado pelos teus cânticos vibrantes, suas canções guerreiras e tenho minha consciência agradecida pelas grandes emoções vividas.
Conduzi meu fuzil como pediste, marchei com a nobreza na alma e honrei a hierarquia e a disciplina com ardor no coração.
Meu velho coturno , o velho borzega, é testemunha do quanto poeira trilhamos juntos.
Em ti , cresci, e vivi …aprendi a obedecer para poder bem comandar. E assim o fiz!
Espelhei-me e me inspirei em tu ,Brigadeiro Sampaio ,estoico herói e grande guerreiro. Cabra da peste que inspira e embala nossa história.
Por ti , minha amada Arma, teria dado minha vida e ainda assim acho que pouco seria tamanho é a tua grandeza e não tão imensa quanto tua nobreza.
Lideras em Batalha, sempre à frente vibrante, marcando a cadência e o caminho da vitória e por ti seus êxitos e conquistas são cantadas em verso e glória.
Gerações presentes e passadas te abraçam com amor filial mesmo sabendo que suor, sacrifício e sangue passam a fazer parte do cotidiano de simples soldado.
Amo você como nunca amei ninguém… Te idolatro na grata certeza de que não sou um dos melhores mas agradeço por ser apenas um dos bons!
Isso me basta!
Obrigado… Por ainda hoje vibrar com a camuflagem a cobrir meu rosto, com os meus cantis coladas ao corpo, com a minha faca de trincheira amolada e pronta ao uso e com o peso da minha mochila, na certeza de que ser Infante é uma condição especial que poucos merecem ostentar .
É mais que um estado d’alma….É sentimento, amor e paixão!
Obrigado minha INFANTARIA…por ontem …por hoje e pelo meu amanha!
SALVE 24 DE MAIO! SALVE O DIA DA RAINHA DAS ARMAS, A MINHA INFANTARIA AMADA E QUERIDA!
CORONEL DE INFANTARIA NORTON LUIS SILVA DA COSTA
As 200 melhores Fotos da Segunda Guerra Mundial – Parte 01
Retomando as atividades do BLOG, resolvemos iniciar uma nova fase do nosso espaço, depois de um período de férias. Muitas novidades estão sendo preparadas para que possamos voltar com mais força na pesquisa histórica das Guerra Mundiais.
Para começar iremos publicar o que mais tem marcado a vida desse espaço, a qualidade dos registros fotográficos. Dividido em duas publicações, confiram as 200 mais impressionantes fotografias da Segunda Guerra Mundial. Vamos lá…
A Velha e Boa Alemanha de SEMPRE!
Depois da consagração da Copa do Mundo do Brasil, a imprensa brasileira muito tem alardeado sobre a organização e o planejamento dos alemães e seu metodismo para tornar-se a maior potência futebolística do mundo. Mas, para quem conhece o histórico da Alemanha, não é difícil entender os motivos que levaram a Alemanha a atingir esse nível de planejamento e execução, já que isso faz parte da cultura desse povo. Sempre fez. O mundo sentiu de forma voraz essa cultura de organização e execução calculista na mais trágica das formas. A Alemanha fez sua fama pela vocação belicista. Contudo, não quero falar sobre as duas guerras, daria margem para infindáveis discussões entre adeptos e acusados do rastro de destruição e morte dos regimes que estiveram no poder seja na Alemanha do Kaiser; seja na Alemanha Nazista.
A prova inconteste da magnitude da abnegação alemã surge exatamente quando o povo esteve destroçado, ou seja, no final da Segunda Guerra Mundial. Não há outro exemplo mais contundente de humilhação que uma nação tenha vivenciado com privação ao extremo, nos difíceis meses posteriores a guerra. Cidades completamente destruídas, mortos aos milhões, estupros em massa, foram os ingredientes que acompanharam a chegada das forças estrangeiras a partir de abril de 1945 e por lá permaneceram até 1989.
Não importa os motivos da guerra, as ideologias ou qualquer tipo de juízo de valor sobre seu desfecho causal, o que interessa são os fatos e isso aponta para um povo extraordinário e resistente, e com uma impressionante vocação para se reinventar e se adaptar as mais adversas situações; seja causado por regimes nefastos; seja para reerguer-se da quase aniquilação ou até mesmo para se planejarem para ser o país do futebol.
Fotos Coloridas da Segunda Guerra – Impressionante – PARTE II
Seguindo com esse excelente acervo. As fotografias que impressionam pela realidade e por proporcionar uma visão diferente do conflito.
Medalha…Medalha…Objeto de Reconhecimento do Soldado…Quase sempre!
Desde o princípio da civilização, quando o homem iniciou seus conflitos tribais até os grandes eventos militares, todos os povos sentiam a necessidade de condecorar seus soldados e seus comandantes pelas conquistas militares. Muito mais do que os despojos de guerra, as medalhas projetavam a bravura e as conquistas dos soldados, consequentemente respeito e status social.
Após o fim da Grande Guerra, a pobreza abateu sobre a República de Weimar, os bravos soldados alemães que lutaram durante anos e receberam altas condecorações militares, muitos mutilados de guerra, colocavam seus uniformes, com suas medalhas e se sentavam nas calçadas das principais cidades germânicas para pedir esmolas. Suas condecorações eram os instrumentos para sensibilizar as pessoas e lhe dar sustento. O próprio Hitler sustentava a mais famosa condecoração militar da Alemanha, a Cruz de Ferro. O Cabo Hitler recebeu a medalha quando levava mensagens de seu regimento. Até o fim da sua vida, Adolf ostentou sua Cruz de Ferro com orgulho.
Durante a Segunda Guerra Mundial as condecorações foram um elemento primordial na dura defesa do território soviético. Muitas condecorações militares foram criadas e oferecidas a homens e mulheres que lutaram em todas as frentes soviéticas contra o invasor alemão. Ao final da guerra e nos anos subsequentes, todos ostentavam suas medalhas e condecorações orgulhosamente.
A participação do Brasil no teatro de operações da Itália produziu vários heróis. Todos devidamente condecorados com medalhas de mérito de bravura individual, como é o caso do Tenente Apollo Rezk, o militar mais condecorado na campanha italiana. Todos que participaram da Força Expedicionária Brasileira foram agraciados com a Medalha de Campanha. Aos feridos, Sangue do Brasil.
Infelizmente, hoje as condecorações militares são mais objetos do ego humano do que o reconhecimento por serviços prestados. Muitas medalhas distribuídas de forma indiscriminada e por conveniência política, tornaram-se apenas condecorações do narcisismo de pessoas conhecidas como Muttley, personagem do desenho Corrida Maluca, que repetia insistentemente Medalha…Medalha…, depois de qualquer ação.
SALVE A RAINHA DAS ARMAS
A Arma de Sampaio está de parabéns! Apenas aqueles que estiveram sob a formação e a doutrina da Infantaria sabe o valor e a abnegação de ser um INFANTE.
ABAIXO POEMA DA INFANTARIA:
Excelente Leitura Sobre o Teatro de Operações do Pacífico.
O mercado literário sobre a Segunda Guerra Mundial é vasto e com muitas obras com fundo histórico questionável. Livros que despertam mais interesse pela curiosidade do leitor, do que pela qualidade da exposição dos eventos analisados. Isso explica o esforço de alguns “historiadores” que insistem em dizer que Hitler fugiu para a América do Sul em um comboio de submarinos repleto de ouro. Sem se preocupar com fontes históricas sérias, formam argumentos insípidos que servem apenas para deturpar a história.
Mas também temos excelentes publicações. Obras preocupadas em contextualizar o leitor no conflito e permitir que ele possa julgar fatos a partir da exposição dos acontecimentos pelo autor.
Uma excelente opção de leitura é a obra de Karen Farrington (Segunda Guerra Mundial. Vitória no Pacífico. Do Ataque a Pearl Harbor à vitória em Okinawa. Editora M.Books: História – Guerras e Batalhas, 2014). Apesar de expressar uma visão americana dos eventos, a autora consegue deixar margem para os problemas na campanha do Pacífico e suas implicações políticas das nações envolvidas. Traz informações importantes sobre os preparativos das operações e suas dificuldades de execução que abrangem todas as ofensivas empregadas pelos americanos, no mais difícil front da guerra para os Estados Unidos da América.
SEGUE ABAIXO RESUMO DA PUBLICAÇÃO E UMA GALERIA DE FOTOS QUE EXPRESSA AS CONDIÇÕES DO TEATRO DE OPERAÇÕES DO PACÍFICO.
BOA LEITURA!
RESUMO:
Em 7 de dezembro de 1941, a marinha japonesa atacou Pearl Harbor. Simultaneamente, o exército japonês lançou ataques maciços na Malásia, Hong Kong e nas Filipinas. A esfera de influência dos japoneses se espalhou num ritmo fenomenal.
À medida que as nações da Ásia caíam uma a uma e as tropas britânicas e americanas na região eram rapidamente subjugadas, parecia que o sonho do império japonês estava para se tornar realidade.
Da luta selvagem pelas ilhas do Pacífico à reconquista da Birmânia, contra todas as chances, pelo “esquecido” 14º Exército, Vitóriano Pacífico conta toda a história de como a guerra contra os japoneses no Extremo Oriente foi finalmente vencida.
SOBRE A AUTORA: Karen Farrington –é escritora e ex-jornalista do Fleet Street, que se especializou no estudo de conflitos ao longo do século XX. Ela marcou o 50º aniversário do final da Segunda Guerra Mundial com a publicação de Eyewitness to World War II, compilado de várias entrevistas com veteranos ao redor do mundo, sendo que muitos deles contribuíram para a Vitória no Pacífico.
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Serviço de Intendência. Onde a Vitória ou a Derrota Inicia!
Quando falamos em guerra, ou mais especificamente sobre a Segunda Guerra Mundial, logo alguém se levanta e fala sobre a revolução da guerra na utilização de blindados ou a importância da artilharia como força intimidadora nos campos batalha, ou até mesmo as novas formas doutrinárias para aplicação da infantaria. Mas, nenhuma outra arma ou serviço, passou a ser tão importante para o contexto de grandes operações militares, quanto o emprego da Intendência. O Serviço de Intendência Militar é o mais importante elemento para o contexto de uma guerra. A partir dela e para ela, os exércitos se configuram nos campos de batalha. Seus soldados, com as mais diversas qualificações profissionais que o Serviço exige, são empregados em áreas tão diferentes, tão distintas, que o conjunto destes, pode determinar o resultado de uma guerra.
A Alemanha quando se aventurou pelo vasto território russo, sabia que a sua logística seria o fato preponderante para a vitória ou para derrota. Erich von Manstein, alegou que a Wehrmacht deveria alcançar esmagar o inimigo em algumas semanas, do contrário, estaria enfadado ao fracasso, dado as linhas de suprimentos estarem fragilizadas. Neste mesmo contexto, quando Liddell Hart, historiador do Exército Inglês, perguntou a Wilhelm Guderian quais os motivos da derrota da Alemanha na União Soviética, ele, criador da doutrina do emprego de blindados Segunda Guerra, apontou para o Serviço de Intendência, que não fora capaz apoiar de perto as tropas mais avançadas.
Os Oficiais da Força Expedicionária Brasileira, ao chegar ao Teatro de Operações da Itália, foram matriculados em um estágio de combate, em um dos centros de treinamento Aliado. Ao final do estágio, o Coronel americano, comandante do Centro, solicitou a presença do General Mascarenhas de Morais, acompanhado do Coronel Lima Brayner, Chefe do Estado Maior, que registrou a conversa em suas memórias. “General”, disse o Comandante do Centro, “Os seus oficiais são extremamente dedicados e com grande vocação à liderança”. Chamou um dos Oficias que estava em forma e começou a inspecionar o militar brasileiro. “Mas esse material que eles estão usando é de péssima qualidade. Esse sapato, não aguentará mais do que alguns dias na linha…Esse capa, não tem nada de impermeável…Seus uniformes não são apropriados para esta guerra, General….”. A FEB, no primeiro contato na Itália, já tinha a certeza que seu Serviço de Intendência, teria que se superar.
Este Artigo é dedicado ao Presidente da Associação dos Oficiais da Reserva do Recife (AORE) 1º Tenente Int. Rogério Vasconcelos Júnior aos Alunos e instrutores do Curso de Intendência do CPOR/Recife e ao Aspirante Int. Torreão do 7ºDSup, neto do Veterano da Força Expedicionária Brasileira Rigoberto de Souza.
Amanhã, 17/abril, publicaremos um artigo sobre o Serviço de Intendência da FEB.
Pernambuco: Guerra no Mar, no Ar e nas Ruas.
A história da atuação dos nazistas no Nordeste traz grupos que se reuniam uniformizados, espiões que atuavam na Base Americana em Natal e partidários que tentaram viabilizar uma rádio de ondas curtas em Pernambuco.
Quando estoura a 2ª Guerra Mundial, no dia 1º de Setembro de 1939, Mussolini tem mais adeptos em Pernambuco do que Hitler. Em parte, graças à propaganda que o consulado italiano vinha fazendo desde a década de 1920, quando o “Duce“ assumiu o poder. Além disso, o fascismo conta com muitos simpatizantes entre os integralistas que, um ano antes, tentaram assassinar o presidente Getulio Vargas e sua família, no Palácio Guanabara, no Rio de Janeiro. Os italianos são mais presentes em várias atividades: comércio, mecânica leve, funilaria, música e na fabricação de alimentos e refrigerantes (a Fratelli Vita, na Boa Vista, que foi depredada em Agosto de 1942), depois do afundamento dos navios mercantes brasileiros.
A colônia alemã era menor, porém mais influente, especialmente nos meios industriais e, a propaganda alemã também foi mais eficiente, especialmente após a ascensão do Nazismo – que adotou um tom anticomunista: “ A Segunda Guerra Mundial empolgou a população de Pernambuco que logo se dividiu entre partidários do Eixo e dos Aliados. No Recife, havia uma velha tradição de admiração pela Alemanha em que Tobias Barreto introduziu o germanismo no Estado, o que era reforçado pela admiração que muitas pessoas tinham pela decantada inteligência, competência e dedicação ao trabalho do povo alemão, herdada da Primeira Guerra Mundial. Esta colônia era expressiva sobretudo nos meios industriais e, esta admiração aumentou na década de 1930, quando o Consulado alemão fez uma intensa divulgação entre os estudantes e profissionais, da propaganda contra o comunismo russo, procurando amedrontar a população com a hipótese de os comunistas um dia chegarem ao poder no Brasil”(Manuel Correia de Andrade – em Pernambuco Imortal).
O Partido Nazista existiu em Pernambuco, entre meados da década de 30 até Getúlio Vargas proibir [partidos estrangeiros em 1937]. Até o momento, os nazistas nunca precisaram agir na clandestinidade: seus integrantes, na maioria absoluta eram funcionários da Fábrica Lundgren, na cidade de Paulista, que iam às reuniões uniformizados(inclusive com a braçadeira com a suástica), e até assinavam atas. Não foi apenas em Pernambuco que os Nazistas foram ativos, pois haviam núcleos importantes em outros estados – Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, sendo que estas representações foram criadas por Hans Hanning Von Consul, que era oficialmente adido cultural na Embaixada da Alemanha no Brasil.
Foram ao todo 83 células com 2.822 militantes, o maior número de filiados ao Partido nazista fora da Alemanha (os Landesgruppe). Estes militantes, mesmo depois da proibição de fazer política, continuaram na ativa, tanto na espionagem como na propaganda. O Recife interessava à espionagem por causa do movimento do Porto, que passa a ser base da 4ª Frota Naval Americana e, da proximidade com a base aérea de Natal, montada pela Força Aérea Americana.
Uma parte considerável da história da atuação dos nazistas no Nordeste está nos arquivos do extinto DOPS (Departamento de Polícia Política e Social de Pernambuco). Este órgão, depois que o Brasil entrou na guerra ao lado, entre outros da União Soviética, pararam de caçar comunistas, para caçar nazistas e fascistas. Uma das maiores descobertas nestes arquivos foi feitas pela historiadora Susan Lewis, foi que houve na cidade de Igarassu, durante a 2ª Guerra Mundial, um campo de confinamento, para onde foram mandadas, cerca de 400 famílias de alemães e japoneses, mas em condições que em nada lembravam os campos de extermínio nazistas, onde foram executados milhões prisioneiros, a maioria judia.
Até o final da guerra, em todo o país, foram presos 47 espiões, todos condenados pelo Tribunal de Segurança do Estado Novo e, em Recife o DOPS teve muito trabalho com espiões alemães, inclusive dois processos – ambos assinados pelo delegado Pedro Corrêa, sendo um de espionagem e outro por propaganda, que ilustram bem a situação que aqui se passava.
O processo por propaganda indiciou Evaldo Stalleiken, que, se hoje fosse vivo seria considerado um designer de primeira: ele fez o desenho da carteira de cigarros Nacionaes, de modo que a junção de 4 carteiras, formava a suástica e, as mesmas postas em outra posição, formavam a Cruz de Ferro, uma das maiores condecorações do Exército Alemão. Ao ser chamado pelo delegado para se explicar, ele disse que fez o desenho de múltipla utilidade sem querer…
O segundo inquérito, referente à espionagem, foi sobre a tentativa de montar uma rádio de ondas curtas, para aproveitar a posição geográfica do saliente nordestino, chamado de Trampolim do Atlântico Sul, que acusou Hans Heinrich Sirvet e Herbert Friedich Julius Von Heyer, que ofereceram dinheiro para que o técnico Walter Grapetim faça as instalações desta rádio, que já estava montada. O técnico Grapetim, procurou o alemão Oscar Shiler, responsável pela parte técnica da Rádio Clube de Pernambuco, que o aconselha a “não se meter em tal assunto”, que foi seguido à risca por ele.
Artigo enviado pelo Pesquisador Rigberto de Souza Júnior
Texto extraído da “Revista Continente Documento Ano III nº 33/2005”
As Idas e Vindas dos Ingleses na Segunda Guerra Mundial
Quando a França caiu em 1940 e a Alemanha passa a desferir pesados bombardeios sobre Londres, o mundo não acreditava na resistência inglesa por muito tempo. Todos sabiam que as forças alemãs iriam a qualquer momento cruzar o Canal e desembarcar suas tropas nas terras do Rei George VI. Era uma questão de tempo.
Contudo, a heroica resistência inglesa e o apoio dos Estados Unidos para furar o bloqueio naval, aliado a incompetência da Luftwaffen de não conseguir superioridade aérea sobre a Grã-Bretanha, foram determinantes para que a Alemanha se voltasse para o seu inimigo natural, a União Soviética.
Em 1941, a guerra entra em uma nova fase, Hitler é compelido pela Itália para o norte da África. Nasce o mito da Raposa do Deserto, que não resiste à entrada americana na guerra. Os Aliados passam para a ofensiva. A Itália cai. Recursos e homens se voltam para a Europa. É o Dia D tomando forma.
Mais do que uma simples campanha, a retomada da França significava o reavivamento do brio inglês. Quando meio-milhão de soldados ingleses e franceses foram expulso da Europa Continental de forma melancólica abalou o moral da pátria inglesa, por isso, a simples hipótese de retomar a campanha perdida em 1940, levou vários veteranos da Força Expedicionária Britânica ao delírio.
Na campanha da Normandia coube aos Estados Unidos o comando das operações. Mas as divisões inglesas não se importavam, elas queriam uma revanche contra o exército alemão, pela humilhação sofrida naquele mesmo terreno. E eles avançaram!
Depois da Companha da Normandia, queriam mais! Queriam chegar a Berlim antes do natal. Nasce a Operação Market Garden. É neste ponto que o melhor soldado inglês, Monty, se desfez do sonho de acabar com um inimigo que quase destruiu sua terra. Os alemães ainda tinham forças. A prova maior foi ofensiva no inverno de 1944.
No final das contas, a Inglaterra viu de tudo na Segunda Guerra Mundial. De inimigos declarados serem aliados; e de aliados virarem inimigos. Derrotas e morte de soldados e civis eram uma contingência de guerra que os ingleses sabiam exatamente oferecer.