Citações de Combate da Força Expedicionária Brasileira – Parte I
Citações de Combate são relatórios sobre o desempenho individual de algum militar envolvido em ações de combate. Para comemorar o aniversário da Tomada de Monte Castelo, vamos publicar algumas citações elogiosas que foram registrados na Revista Cruzeiro do Sul para louvar o desempenho de militares envolvidos nas operações vitoriosas sobre Monte Castelo e nas operações de contenção dos contra-ataques alemães.
Fonte: Cruzeiro do Sul, gentilmente cedidas pelo pesquisa Rigoberto Souza Júnior.
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Soldado AFONSO DE MELO, do I Regimento de Infantaria – IG – 267.486 – Estado Rio de Janeiro.
Em 23-2-1945
A citação do Soldado AFONSO DE MELO tem dupla significação uma vez que exalta não só o valor combativo da gente brasileira como o profundo amor as tradições de sua terra.
A subunidade atacara e se apossara do ponto cotado 958. Manter o terreno conquistado em condições básica para o prosseguimento das operações do Regimento, mesmo que lhe custasse os maiores sacrifícios. Dessa verdade bem sabia o Soldado Melo, tanto que lutou muito, lutou denodadamente para que todos os contra-ataques lançados pelo inimigo com o intuito de reapossar-se das posições perdidas, fossem rechaçadas. Foram quatro dias de tenaz esforço coroados de completo sucesso, assim, sem mácula, a pureza das ações dos homens de sua tempera. E tanto isso é verdade, que uma feita, quando o seu Comandante de Pelotão se deslocara com um Grupo de Combate para uma ação nas profundidades, o Soldado Melo, como observador avançado de seu Grupo, pressentira que cerca de 60 alemães se avizinhavam da posição. Sem perda de tempo, comandou o fogo do pelotão, solicitou ao Comandante de Companhia apoio de fogo de artilharia enquanto simultaneamente fiscalizava o consumo de munição, só permitindo tiros à curta distância. Numa legítima explosão de sentimento de responsabilidade, na fase mais critica do combate gritou, com toda a força de seus pulmões: “quem recuar eu fuzilo”. Ele mesmo abateu, a tiros de fuzil, um inimigo armado de metralhadora.
Era um brasileiro que ali estava, defendendo o nome da tropa brasileira e honrando as belas tradições de sua gente.
Mais tarde foi ferido com estilhaço de granada e evacuado para o Hospital.
A ação excepcional do Soldado AFONSO MELO traduz, na sua grandiosidade, as mais perfeitas virtudes do Soldado do Brasil.
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3º Sargento OTTON ARRUDA, do 11º Regimento de Infantaria – IG – 199.186. Estado de Minas Gerais.
Em 17-2-45
Fazia parte de uma patrulha que nesse dia saiu em missão de reconhecimento da reigão do VALE. Quando examinava uma das casas de ABETAIA é ferido por explosão de mina. Grandes sofrimentos físicos lhe produziram os ferimentos recebidos. O Tenente comandante da Patrulha, entretanto, faz-lhe um apelo para que suporte as dores em silêncio, de modo a não atrair o fogo do inimigo sobre os demais companheiros. Daí por diante o Sargento OTTON estoicamente cala o seu sofrimento, até o regresso da patrulha às linhas amigas.
A fortaleza de ânimo, o espírito de sacrifício, a abnegação do Sargento OTTON merecem destaque especial, para reconhecimento da FEB na Itália.
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Cabo MANUEL CHAGAS, do I Regimento de Infantaria – IG – 305272 – Estado do Rio de Janeiro.
Em 23-2-45:
Já no curso do ataque do seu Pelotão à posição de LA SERRA, se distinguira, pelo ardor combativo, o Cabo Chagas. Todo o esforço empregara, a seu ânimo inflexível de brasileiro pureza em jogo para que a posição fosse conquistada e mantida. Suportara contra-ataques e trabalhara para rechaçá-los. E não parou aí a sua atividade.
Certa vez alcançada uma posição inimiga passou a observar os arredores atentamente. Notou que dois alemães se aproximavam, deixou que ambos chegassem à porta do abrigo. Neste instante, apontou-lhes a arma, fê-los prisioneiros. Um terceiro adversário, incontinenti atirou-lhe uma granada de mão, que infelizmente não o atingiu. E neste ritmo prosseguiu a sua ação, em benefício do cumprimento integral da missão do Pelotão.
A ação serena, inteligente, a capacidade profissional, o desassombro, a noção perfeita do cumprimento do dever, tornaram-no um exemplo bem digno da tropa brasileira.
Caro amigo Chico, é deste tipo de historiador que nossos Heróis precisam, pois a memória dos seus atos de bravura não podem ser nunca esquecidos.
Saudações FEBianas