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Pernambuco: Sua História Em Fotos
O povo atinge um alto grau de civilidade quando ele embasa suas ações nas experiências de sua história. Diferentemente, ainda há povos que não respeitam sua própria história, não se dignificam com o sacrifício de seus antepassados, e não vislumbram honrar a memória daqueles que forjaram a nação.
O Brasil ainda não atingiu esse grau de civilidade, ainda não deu provas cabais de que realmente se importa com seu passado, ainda não aprendeu com seus erros.
Pernambuco nasceu a partir da experiência das Capitanias Hereditárias e permeou a História do Brasil em todas as suas fases. Foi invadida no século XVII e sua insurreição deu origem ao Exército Brasileiro, na pragmática Batalha dos Guararapes, em 17 de abril de 19 de abril de 1648, e foi partícipe de todas as demais sublevações do Brasil colônia a república.
Contudo, muitos dos seus habitantes não reconhecem o peso histórico do seu Estado, não reconhecem o importante papel de suas cidades, da “Veneza Brasileira”, se é que alguém sabe o que é a “Veneza Brasileira”.
Mas isso não é apenas culpa dessa geração, isso já vem sendo enraizado na cultura política e cultural dos pernambucanos há década e décadas. Monumentos históricos foram destruídos, casas centenárias são derrubadas, cenários históricos são invadidas ou saqueadas. Portal de Santo Antônio, Arco da Conceição e tantos outros monumentos foram, simplesmente, derrubados, para a construção de uma cidade moderna, se é que para ser moderna é preciso esquecer seu passado.
Crédito: Gustavo Arruda
Então vamos imagina um pouco de Pernambuco à antiga:


Passagem de Comando da 10ª Brigada de Infantaria Motorizada
Ontem tive o prazer de participar a Passagem de Comando da 10ª Brigada de Infantaria Motorizada. O General de Brigada Lima Neto foi substituído pelo General de Brigada De Souza.
O General Lima Neto enquanto esteve no Comando da 10ª Brigada, apoiou e incentivou as atividades da ANVFEB-PE, por isso os Veteranos da FEB agradecem imensamente toda a consideração desse Oficial General.
O General De Souza, ainda como Coronel comandante do CPOR/Recife, também já tem serviços prestados à memória da FEB, tanto que foi agraciado com a Medalha Aspirante Mega, por coincidência, juntamente com o esse humilde blogueiro.
Todos os integrantes da Associação Nacional dos Veteranos da FEB – Regional Pernambuco desejam todo o sucesso do mundo para os generais sucessor e sucedido nas respectivas caminhadas.
Cabo Honório: A Morte de um Bravo Pernambucano
Segue abaixo texto de uma publicação muito interessante: As Fornalhas de Março – História das Eleições do Recife – Volume 1 – Ronildo Maia Leite. Ed. Bagaço.
Fazendo referência a um pernambucano morto na Itália, durante operações da Força Expedicionária Brasileira. O artigo é bem interessante, e permite fazer a analise de como as famílias pernambucanas estavam sob a pressão da guerra que lançava seus filhos nas batalhas da Itália.
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No dia em que a Folha é obrigada a anunciar o manifesto do lançamento da candidatura do brigadeiro Eduardo Gomes, ela própria excita o patriotismo do recifense, informando que, entre 15 mil, 404 morreram e 96 estavam desaparecidos.
Tomba como um herói Itália, quando procurava defender a vida dos companheiros, um pernambucano. Essa notícia ocupa todo o alto da quarta página do Jornal do Commercio e novamente levou o povo às ruas. O cabo Honório é do Pelotão de Minas e, naquela tarde, 5 de janeiro, saíra em missão de reconhecimento da área. Pressente o perigo e avança sozinho. O petardo explode sob seus pés, estraçalhando-lhe as carnes.
Proprietário de uma fábrica de calçados e cordões, Honorário Correia de Oliveira é uma homem baixo e corpulento, ombros largos e rijos. Engole em seco e enxuga as lágrimas na ponta da camisa quando recebe a carta do padre Urbano Rach. Dizia:
“Cheguei a tempo de lhe ministrar a absolvição, os santos óleos e a indulgência plenária. O nosso bravo cabo Honório descansa em paz e o Nosso Senhor lhe dê a Glória Eterna”
A notícia do Jornal do Commercio, sacode a cidade. Dezenas de pessoas organizam-se em passeata à casa 1578 da Avenida Caxangá para, mais uma vez, inteirar-se do ocorrido. Em novembro, uma semana depois do Cabo Honório ter chegado à Itália, correu o boato de sua morte. Na segunda-feira, estudantes do Colégio Americano Batista dirigiram-se à casa do comerciante. São os colegas de Honório, punhos cerrados marchando na avenida.
O barulho dos sapatos no calçamento da avenida parece com os das botas nas paradas militares: a guerra de lá, a guerra de cá, a guerra de lá, a guerra de cá…Honório (pai) recebe o repórter do Jornal do Commercio e exibe o amargo triunfo nos olhos úmidos, a última carta do filho morto. Dizia: Meu querido velhinho: em breve, a paz será restabelecida na terra e poderemos voltar ao seio das nossas famílias, portadores da vitória e da liberdade…
Naquele dia, caravanas populares caminham em direção à casa do sapateiro Honório Correia de Oliveira, pai do cabo Honório.
LEITE, Ronildo Maia. AS FORNALHAS DE MARÇO, Edições Bagaço, Recife, 2002, p. 169-170)
PS. Indicação do Sr. Francisco Bonato Pereira
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Histórico do Cabo Honorário
Id. 1G – 298025 – Classe 1923 – 11º Regimento de Infantaria.
Embarcou para a Itália em 20 de Setembro de 1944, era natural da cidade do Cabo de Santo Agostinho. Filho de Honório Corrêa de Oliveira e Antônia Aguiar de Oliveira, tendo como pessoa responsável o seu pai, residente à Avenida Caxangá nº 1578 – Recife. Faleceu em ação no dia 5 de Janeiro de 1945, em Bombiana – Itália, e foi sepultado no Cemitério Militar Brasileiro de Pistóia, na quadra A, fileira nº 8, sepultura nº 86. Foi agraciado com as Medalhas de Campanha e Cruz de Combate de 2ª Classe. No decreto que lhe concedeu esta última condecoração lê-se: “Por uma ação de feito excepcional na Campanha da Itália”.
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Infelizmente há apenas um monumento em Pernambuco que lembra os patrícios caídos em combate na Itália. Encontra-se no Parque 13 de Maio e está em total abandono. Não há qualquer referência do que se trata e seu significado, ou seja, não informa a essa geração, ou as futuras, que jovens pernambucanos morreram defendendo seu país, ou pelos menos, os interesses dele.
- Festa na Inauguração do Momumento que Homenageava os Mortos Pernambucanos na Segunda Guerra
- O Monumento hoje se encontra abandonado, sem qualquer identificação que lembre seu propósito
Chico Miranda: Só Agradece!!
Quando concebi esse BLOG tinha como objetivo a consolidação de um sonho: expressar minha visão desse evento que contribuiu para formar a sociedade como conhecemos hoje. E uma dos agentes motivadores era exatamente a quantidade de aberrações e deturpações que existem desse evento na internet, bem como as influências ideológicas que cercam as interpretações tendenciosas da Segunda Guerra.
Mas uma grata surpresa surgiu com a evolução desse trabalho. AMIGOS! Que compartilham da mesma visão de disseminação do conhecimento. Consegui angariar, através do blog, amigos que, mesmo não conhecendo pessoalmente, possuem atributos que são raros em um país que nem sempre tem uma olhar satisfatório para a sua própria História. E não foram poucos!
Hoje, recebi uma grata homenagem do meu amigo do Pará, Márcio Pinho, que além outras qualificações é um exímio pesquisador e, para minha surpresa ARTISTA. Que faço questão de publicar.
Meus agradecimentos ao pessoal da WebKits que é uma fonte inesgotável de conhecimento sobre plastimodelismo e Segunda Guerra.
Abraços a TODOS!
Os Navios Brasileiros Torpedeados – Segunda Parte
Artigo enviado pelo Pesquisador Rigoberto Souza Júnior:
Os alemães atuando no atlântico sul iniciaram os ataques a nossa Marinha Mercante, deixando vítimas e causando a revolta do povo brasileiro. Nos ataques perdemos no mar 469 tripulantes, sendo 121 oficiais, 08 comandantes: Pedro Veloso da Silveira(Cabedelo), José Moreira Pequeno(Cairu), Renato Ferreira da Silva(Piave), Augusto Teixeira dos Santos(Araraquara), Almiro Galdino de Carvalho(Osório), Américo de Moura Neves(Antonico), Acácio de Araújo Faria(Tutóia) e Arthur Monteiro Guimarães(Bagé), juntamente com eles faleceram também 502 passageiros, dos quais mulheres e crianças.
Os alemães atacaram embarcações que estavam despreparadas para enfrentar qualquer ataque, sendo a primeira embarcação o Navio “Taubaté”, em 22 de Março de 1941, quando navegava do Chipre para Alexandria, totalmente identificado, com a bandeira brasileira pintada dos dois lados e sobre o convés, quando foi atacado por um avião da Luftwaffe, que lançou bombas ao redor do navio.
Ao iniciar o ataque, o Comandante Mário Tinoco mandou içar imediatamente a bandeira nos mastros de proa, e no mastro central um pano branco. Estas indicações de nada adiantaram, pois o navio foi duramente atingido abaixo e acima da linha de flutuação e, o mais triste foi que o seu conferente Fraga foi metralhado e morto em pleno convés, e vários outros tripulantes ficaram feridos, sendo 13 em estado grave.
Outro incidente ocorrido em 18 de Março de 1941, foi o desaparecimento do Navio “Santa Clara”, que viajava com carga para o Governo Federal, e supõe-se que tenha naufragado nas costa dos Estados Unidos, com perda total de sua tripulação. Os jornais anunciaram o seu desaparecimento, então o governo entrou em contato com o Embaixador Carlos Martins, solicitando que ele verificasse junto ao governo norte americano, as condições meteorológicas no dia e local do acontecimento. A resposta foi que no dia houve um forte temporal, e que era impossível determinar as causas do desaparecimento.
O governo não aceitou esta resposta, e com o prosseguimento das investigações, as suspeitas de que as condições do tempo estavam perfeitas, o que reacenderam as suspeitas que ele havia sido mais uma vítima da campanha submarina do Eixo. A perda foi total e o Navio “Santa Clara” foi o primeiro navio da nossa Marinha Mercante a ser atacado.
O Navio “Buarque” foi torpedeado pelo submarino alemão U – 432, comandado pelo Capitão Heinz O. Schultz em 16 de Fevereiro de 1942. Esta embarcação foi construída nos Estados Unidos e pertencia ao Lóide Brasileiro e tinha 5.152 toneladas, e havia partido de Curaçao nas Antilhas, com destino a Nova Iorque, quando às 0h45min do dia 16 e estava a 60 minutos do Cabo Hatteras, posição 36º 13N e 74º 5N recebeu o impacto do torpedo. Na ocasião ele transportava 74 tripulantes e 11 passageiros, sendo que um destes veio a falecer.
- Friedrich Guggenberger, Comandante do U513 – Atuou na Costa Brasileira
Citações de Combate da Força Expedicionária Brasileira – Parte II
Soldado João Martins da Silva, do I Regimento de Infantaria – IG – 224.132. Estado do Rio de Janeiro.
Em 23-2-1945:
Eis outro episódio que, na sua simplicidade, reflete as belas virtudes do soldado brasileiro.
Durante o bombardeio do seu posto em BELAVISTA, foi atingido por três estilhaços de granada o soldado MARTINS. Assim ferido, deixou-se ficar no mesmo lugar sem uma queixa sequer. E ali permaneceu cerca de oito horas. Sabedor do fato pelos companheiros do soldado ferido, o Comandante do Pelotão determinou sua evacuação. No posto de socorro, interrogado pelo médico, porque resolvera calar sobre seu estado de saúde, respondeu-lhe simplesmente que, ciente de que os alemães iram lançar contra-ataques, decidira não se afastar do posto para ajudar a repeli-los uma vez que o Pelotão se encontrava desfalcado e ainda se sentia forte. Possuía, realmente, o soldado MARTINS, a tempera do verdadeiro combatente. O seu exemplo, pela sua grandeza e pelo estoicismo envaidece a tropa brasileira.
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Soldado ROMEU SIQUEIRA MACEDO, do I Regimento de Infantaria – 1G – 266.733. Estado do Rio de Janeiro.
Em 23-2-45
O seu Pelotão atacara e se apossara de LA SERRA, e agora se esforçava para manter o terreno conquistado, eliminando as resistências alemãs que ainda perduravam o cumprimento integral da missão. No curso da ação já se havia distinguido o Soldado Romeu. Agora, como esclarecedor de uma patrulha, devia reconhecer uma posição inimiga que se revelara poucos momentos antes. Avizinhando-se dessa posição, ele ouve rumores partidos do interior do abrigo. À porta do citado abrigo, surge-lhe inesperadamente, um adversário: o soldado Romeu logo tomara a iniciativa e o faz prisioneiro, e a resistência foi reduzida.
O desassombro, a decisão inflexível e rápida, a vontade forte do Soldado Romeu, são belos exemplos que tenho o prazer de apontar à tropa brasileira.
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Soldado ISINO NEUMAN, do I Regimento de Infantaria – 2G – I26.883. Estado de Santa Catarina.
Em 23-2-45
Pertencia ao Grupo de Comando da 6ª CIA. Esta subunidade se empenhava com raro vigor, na conquista da linha LA SERRA COTA 958.
Partira ela, ao ataque, na noite de 23 e, para cumprir a missão, necessitava que funcionassem sem interrupção seus variados meios de transmissão. O sargento e o soldado de transmissão haviam baixado ao hospital. Entretanto a presença do soldado ISINO era uma garantia para que as transmissões não falhassem: tomou sob a sua responsabilidade exclusiva a integridade das ligações de rádio S.C.R 300 com o batalhão, S.C.R. 536 com os pelotões, e telefônicas com 6 pelotões de fuzileiros e petrechos. Toda vez que os bombardeios lançavam a procura de ponto de ruptura dessas linhas e imediatamente fazia as reparações indispensáveis. O desejo ardente de servir à causa de seu país superava toda a dificuldade e guiava as ações no ataque.
A iniciativa, o ânimo forte brasileiro, o destemor, a noção perfeita do cumprimento do dever, a capacidade profissional, do soldado ISINO são exemplos de realce, que deve apontar a todos os quantos combatem neste setor da FEB.
Citações de Combate da Força Expedicionária Brasileira – Parte I
Citações de Combate são relatórios sobre o desempenho individual de algum militar envolvido em ações de combate. Para comemorar o aniversário da Tomada de Monte Castelo, vamos publicar algumas citações elogiosas que foram registrados na Revista Cruzeiro do Sul para louvar o desempenho de militares envolvidos nas operações vitoriosas sobre Monte Castelo e nas operações de contenção dos contra-ataques alemães.
Fonte: Cruzeiro do Sul, gentilmente cedidas pelo pesquisa Rigoberto Souza Júnior.
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Soldado AFONSO DE MELO, do I Regimento de Infantaria – IG – 267.486 – Estado Rio de Janeiro.
Em 23-2-1945
A citação do Soldado AFONSO DE MELO tem dupla significação uma vez que exalta não só o valor combativo da gente brasileira como o profundo amor as tradições de sua terra.
A subunidade atacara e se apossara do ponto cotado 958. Manter o terreno conquistado em condições básica para o prosseguimento das operações do Regimento, mesmo que lhe custasse os maiores sacrifícios. Dessa verdade bem sabia o Soldado Melo, tanto que lutou muito, lutou denodadamente para que todos os contra-ataques lançados pelo inimigo com o intuito de reapossar-se das posições perdidas, fossem rechaçadas. Foram quatro dias de tenaz esforço coroados de completo sucesso, assim, sem mácula, a pureza das ações dos homens de sua tempera. E tanto isso é verdade, que uma feita, quando o seu Comandante de Pelotão se deslocara com um Grupo de Combate para uma ação nas profundidades, o Soldado Melo, como observador avançado de seu Grupo, pressentira que cerca de 60 alemães se avizinhavam da posição. Sem perda de tempo, comandou o fogo do pelotão, solicitou ao Comandante de Companhia apoio de fogo de artilharia enquanto simultaneamente fiscalizava o consumo de munição, só permitindo tiros à curta distância. Numa legítima explosão de sentimento de responsabilidade, na fase mais critica do combate gritou, com toda a força de seus pulmões: “quem recuar eu fuzilo”. Ele mesmo abateu, a tiros de fuzil, um inimigo armado de metralhadora.
Era um brasileiro que ali estava, defendendo o nome da tropa brasileira e honrando as belas tradições de sua gente.
Mais tarde foi ferido com estilhaço de granada e evacuado para o Hospital.
A ação excepcional do Soldado AFONSO MELO traduz, na sua grandiosidade, as mais perfeitas virtudes do Soldado do Brasil.
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3º Sargento OTTON ARRUDA, do 11º Regimento de Infantaria – IG – 199.186. Estado de Minas Gerais.
Em 17-2-45
Fazia parte de uma patrulha que nesse dia saiu em missão de reconhecimento da reigão do VALE. Quando examinava uma das casas de ABETAIA é ferido por explosão de mina. Grandes sofrimentos físicos lhe produziram os ferimentos recebidos. O Tenente comandante da Patrulha, entretanto, faz-lhe um apelo para que suporte as dores em silêncio, de modo a não atrair o fogo do inimigo sobre os demais companheiros. Daí por diante o Sargento OTTON estoicamente cala o seu sofrimento, até o regresso da patrulha às linhas amigas.
A fortaleza de ânimo, o espírito de sacrifício, a abnegação do Sargento OTTON merecem destaque especial, para reconhecimento da FEB na Itália.
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Cabo MANUEL CHAGAS, do I Regimento de Infantaria – IG – 305272 – Estado do Rio de Janeiro.
Em 23-2-45:
Já no curso do ataque do seu Pelotão à posição de LA SERRA, se distinguira, pelo ardor combativo, o Cabo Chagas. Todo o esforço empregara, a seu ânimo inflexível de brasileiro pureza em jogo para que a posição fosse conquistada e mantida. Suportara contra-ataques e trabalhara para rechaçá-los. E não parou aí a sua atividade.
Certa vez alcançada uma posição inimiga passou a observar os arredores atentamente. Notou que dois alemães se aproximavam, deixou que ambos chegassem à porta do abrigo. Neste instante, apontou-lhes a arma, fê-los prisioneiros. Um terceiro adversário, incontinenti atirou-lhe uma granada de mão, que infelizmente não o atingiu. E neste ritmo prosseguiu a sua ação, em benefício do cumprimento integral da missão do Pelotão.
A ação serena, inteligente, a capacidade profissional, o desassombro, a noção perfeita do cumprimento do dever, tornaram-no um exemplo bem digno da tropa brasileira.
Comemorações do Aniversário de Tomada de Monte Castelo!
A Tomada de Monte Castelo faz aniversário no próximo dia 21. Enquanto o país celebra o Carnaval, o feito militar da Força Expedicionária Brasileira completa 66 Anos. A História de Monte Castelo é interpretada erroneamente por pessoas que não conhecem os fatos que antecedem aos desastrosos ataques de novembro e dezembro de 1944, e ainda tem visões distorcidas dessa vitória das tropas brasileiras. Monte Castelo ceivou a vida de centenas de soldados brasileiros e abateu o moral não apenas da FEB no front italiano, mas de toda a nação que aguardava ansiosa pelo desempenho de seus soldados.
Portanto teremos como objetivo até o próximo dia 21, realizar uma análise das operações fracassadas e, principalmente expressar os Fatos Históricos que marcaram Conquista final em fevereiro de 1945, referenciando a memória dos que lá tombaram e exaltando os vitoriosos que sobreviveram a esse acontecimento.
Capitão Paiva: um exemplo de Policial do Exército.
Vou apresentar-lhe o capitão da reserva Edson Rodrigues Paiva, um homem que entrou no exército na década de 60 como soldado e por lá ficou. A história desse militar se confunde com a História do 4º Batalhão de Polícia do Exército, e a prova cabal desse vincula está publicada abaixo:
- Acampamento
- O Carro de Combate da Polícia do Exército
- Poucas pessoas sabem, mas o Polícia de Exército era dotada de Carros de Combate
- Jeep do Batalhão na década de 60
- Monobras década de 70
- Quer Prova?
- Foto da Década de 60, Sargento Paiva como Exímio Batedor
- 7ª Companhia de Polícia – Antes do 4º Batalhão de Polícia do Exército ser criado
Fotos do Acervo Pessoal do Capitão Paiva, sua reprodução é proibida sem a autorização.
Associação Uma Vez PE, SEMPRE PE!
Caros,
Hoje, 11 de fevereiro de 2012 é uma data especial! Reuniram-se em assembleia um grupo de Militares da Reserva, da Ativa e Reservistas da Polícia do Exército para fundar oficialmente a Associação da Polícia do Exército – UMA VEZ PE, SEMPRE PE! Nosso objetivo é congregar todos aqueles que servem ou serviram em qualquer Unidade de Polícia do Exército em qualquer tempo do nosso Brasil. E nossa Associação nasce exatamente onde a própria Polícia do Exército nasceu, dentro da Força Expedicionária Brasileira, pois foi para compor a FEB que se concebeu a primeira tropa com essa designação. A Associação dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira, gentilmente cedeu suas instalações para que a Associação SEMPRE PE possa iniciar suas atividades.
Mais uma vez agradeço o esforço de todos os amigos e companheiros de caserna que se dedicaram e essa ambiciosa, mas nobre missão.
Fotos & Detalhes Históricos – Especial FEB – Parte II
Continuamos a segunda parte da série Fotos e detalhes históricos – Especial FEB. Publicaremos outra rodada posteriormente. Tudo com o objetivo de manter viva a chama febiana!
As Imagens aqui postadas são de Reprodução Proibida! Fazem parte de um acervo pessoal. Qualquer cópia sem a autorização dos seus proprietários estará sujeito às sanções previstas em lei
A Cobra Segue Fumando!!
Os Veteranos da FEB e os Combatentes pela FEB de HOJE
Vários artigos e livros já foram publicados sobre o esquecimento dos nossos soldados após a Segunda Guerra Mundial. Embora ainda haja muito para se falar sobre a falta de identidade histórica dos brasileiros, gostaríamos hoje de dissertar sobre o outro lado da moeda. Sim ela existe!
Enquanto pensamos que nosso passado está jogado ao poço profundo do esquecimento, há de forma quase velada, verdadeiros guerreiros que lutam uma batalha injusta contra esse inimigo voraz: o esquecimento. Nesta batalha muitas vezes perdem terreno, outras vezes avançam sobre o inimigo, mas nunca deixam de guerrear.
Nos últimos meses tivemos o prazer de compartilhar e acompanhar as batalhas de alguns desses bravos soldados, e por uma questão de justiça, quero nominar alguns deles.
O melhor soldado no campo de batalha é aquele que luta pelo que acredita, e o senhor Rigoberto Júnior é um desses soldados. Não luta pelo o que não conhece, luta pelo o que tem conhecimento de causa. É um ávido leitor da FEB, e se não é um historiador acadêmico, o é na prática. Secretário da ANVFEB-PE Rigoberto, como já afirmamos em outro artigo, é o Braço Operacional da associação. Mas ele é muito mais que isso! Também é zeloso e cuidadoso com os próprios veteranos; preocupado com a saúde de cada veterano, com deslocamentos, alimentação, acomodação e/ou qualquer coisa que esteja relacionado ao bem estar dos nossos guerreiros. Leva sobre seus ombros a responsabilidade de cuidar de tão honrosa tropa!
Sargento Alessandro dos Santos é a cara do Exército Brasileiro moderno. O Santos é Mestre em História e sua tese: “A Reintegração social dos Ex-Combatentes da Força Expedicionária Brasileira (1946-1988)”, não é apenas uma dissertação de mestrado, mas um “grito” para os que ainda insistem em ignorar a história de vida dos membros da FEB antes, durante e depois do conflito. E Santos o fez com a maestria acadêmica que em nada deixa a desejar para uma publicação literária de primeira linha.
Sargento Bruno Ribeiro é um entusiasta e estudioso da FEB. Trocando algumas palavras percebemos imediatamente a vibração de um soldado que vestiu a farda, colocou a faca nos dentes e encara o inimigo de frente, mesmo sendo de artilharia, luta como um infante. Licenciando em História, tem objetivos claros para a FEB e, a partir deles, teremos uma produção acadêmica de qualidade. Melhor que isso, teremos um professor comprometido com a divulgação das ações da Força Expedicionária Brasileira nos campos da Itália e um especialista nas operações de u-boots no atlântico sul, quer mais?
Obviamente ainda há alguns nomes que irei citar, como a do Coronel Lima Gil comandante do 7º GAC e a do Major Adler Comandante da 14ª Bateria de Artilharia Antiaérea, esses oficiais têm um compromisso histórico no comando de suas unidades que, diga-se de passagem, unidades com um rico passado, reforçando para a tropa o sentido da importância de se reverenciar os sacrifícios de homens para com a sua pátria.
E para encerrar, vou citar o Tenente-Coronel Monteiro, mesmo com pouco contato, já é fácil perceber a enorme contribuição desse oficial nas atividades da associação. Com isso presta um grande serviço, não aos integrantes da FEB, mas a memória do povo pernambucano, e se torna um oásis de reconhecimento no enorme deserto de esquecimento. Deserto esse que é nosso maior inimigo.
A todos os meus sinceros agradecimentos!
7º GAC – Reverencia a Memória das Vítimas do Baependi e Itagiba
Na última quarta-feira (31/08) tivemos a honra de estar presente a cerimônia alusiva ao afundamento dos navios Baependi e Itagiba. Essa solenidade que é realizado pelo 7º Grupo de Artilharia de Campanha (7º GAC) – Regimento Olinda, com objetivo da preservação da memória histórica do trágico incidente que tirou a vida de 153 militares em deslocamento que iriam compor o 7º Grupo de Artilharia de Dorso (7º GADo), e viria a ser denominado posteriormente 7º GAC.
O Coronel Lima Gil atual comandante da unidade, conduziu os detalhes cerimoniais com o primor tal, que deu a todos os participantes a ideia exata do verdadeiro espírito histórico que marcou de forma tão trágica essa importante unidade. As tropas do Exército e da Marinha que estavam em forma reverenciaram a memória do Major Landerico de Albuquerque Lima vítima do ataque do U-507 e que iria ser o primeiro comandante do 7º GADo.
O ápice da formatura foi o momento em que o Gen Div Marcelo Flávio Oliveira Aguiar comandante da 7ª Região Militar e o Gen Bda Manoel Lopes de Lima Neto comandante da 10ª Brigada de Infantaria Motorizada, juntamente com o Coronel Lima Gil comandante do Regimento Olinda e o Major Adler Moura comandante da 14ª Bateria de Artilharia Antiaérea, além do Major Archias Alves Presidente da Associação Nacional de Veteranos da FEB, depositaram uma coroa de flores no Busto do Major Landerico.
Com a presença das autoridades civis e militares, a cerimônia teve o desfile da tropa e um coquetel servido posteriormente.
A Ligação com a FEB
Durante o coquetel foi presenteando a ANVFEB-PE um quadro belíssimo de autoria da Sra. Adriana Sueli Munck Gil, esposa do comandante Lima Gil. A obra de arte exibe a fachada do Regimento e possui a inscrição com os nomes dos navios torpedeados, simbolizando o elo entre a Força Expedicionária Brasileira e o Regimento Olinda. O Major Archias Alves, atual presidente da ANVFEB-PE, recebeu o quadro em nome da associação.
Podemos nos orgulhar de ter no seio de nossa sociedade, autoridades civis e militares que se preocupam com a consciência histórica, deixando esse legado de exaltação para as próximas gerações os exemplos de sacrifício de pessoas como o Major Landerico que simbolizam a mudança de postura brasileira frente à imposição firme da beligerância e que culminou com nossos pracinhas a defenderem os ideais de liberdade, fazendo jus aos nossos antepassados.
A todos os militares que fazem parte do 7º Grupo de Artilharia de Campanha e da 14ª Bateria de Artilharia Antiarea os nossos sinceros agradecimentos.
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ALUSIVO DA CERIMÔNIA DE AFUNDAMENTO DOS NAVIOS BAEPENDI E ITAGIBA
De 1939 a 1945, o mundo viveu uma das mais sangrentas páginas de sua história: a 2ª Guerra Mundial. Este conflito bélico que inicialmente atingiu as nações européias aos poucos foi se alastrando para outras partes do planeta atingindo nosso país no ano de 1942.
O Ministério da Guerra acompanhando os acontecimentos que se desenrolavam em continente europeu, decidiu instalar na década de 40 a 7ª região Militar e dentre as Unidades mandadas construir para compor aquele Grande Comando estava o 7º Grupo de Artilharia de Dorso (7º GADo), precursor do 7º Grupo de Artilharia de Campanha – Regimento Olinda. A construção da Unidade foi iniciada em 7 de junho de 1941 neste aquartelamento onde se encontra atualmente localizada, e sua ocupação iniciou-se em 1º de junho do ano seguinte.
O Brasil havia inicialmente declarado sua neutralidade em relação ao conflito, no entanto após o ataque japonês à base naval americana de Pearl Harbor é realizada no Rio de Janeiro a 3a Reunião de Chanceleres das Repúblicas Americanas, presidida pelo Ministro de Relações Exteriores do Brasil Osvaldo Aranha, quando foi aprovada a resolução nº 15 onde constava a intenção de apoiar qualquer país do continente que fosse atacado e se envolvesse no conflito e que levou o Brasil a romper relações diplomáticas com os países do Eixo em 28 de janeiro de 1942. Desta forma, nosso país intensificou as relações comerciais com Estados Unidos enviando matérias primas para a nação estadunidense através de sua frota de navios mercantes.
O Brasil se envolve definitivamente no conflito quando esta frota de navios que realizava o comércio de mercadorias para os Estados Unidos começa a ser atacada por submarinos alemães na região do Mar do Caribe. Sentindo a necessidade de diminuir ainda mais a capacidade logística dos Aliados, a Alemanha de Hitler amplia estes ataques para a costa brasileira no mês de maio de 1942.
Iniciada a ocupação do 7º GADo em junho de 1942, a maior parte de sua guarnição é transferida do Rio de janeiro para Olinda em agosto do mesmo ano embarcada nos navios mercantes Baependi e Itagiba. Nas noites de 15 e 17 de agosto os dois navios são afundados pelo submarino alemão U-507, acarretando a morte de 326 (trezentas e vinte e seis) pessoas, dentre elas 153 (cento e cinqüenta e três) militares que comporiam o efetivo do 7º Grupo de Artilharia de Dorso, inclusive o seu Comandante o Maj Art LANDERICO DE ALBUQUERQUE LIMA.
O afundamento destes navios ocasionou uma comoção nacional que desencadeou uma série de protestos de norte a sul do país contra o ataque covarde que sofrera a frota mercante brasileira em litoral nordestino. Atendendo ao clamor popular e à necessidade de responder à altura a agressão sofrida pelo país, o Governo Brasileiro declara guerra ao Eixo em 31 de agosto de 1942.
Em janeiro de 1943, o presidente dos Estados Unidos da América, Franklin Roosevelt e o primeiro ministro inglês, Winston Churchill se reúnem em Casablanca para discutir, entre outros assuntos, a estratégia para combater os ataques dos submarinos alemães. Ao final desta Conferencia, o presidente americano desloca-se para Natal-RN onde se encontra com o presidente brasileiro Getúlio Vargas e acertam o envio de tropas brasileiras para o front europeu.
Fruto da estratégia traçada em Casablanca são afundados diversos submarinos alemães, dentre eles o U-507, do Capitão de Corveta Harro Schacht, responsável pelo torpedeamento do Baependi e do Itagiba. Em 13 de janeiro de 1943, partindo da Base Aérea de Parnamirim, um avião Catalina da Marinha dos Estados Unidos bombardeou o U-507 que afundou levando para o fundo do litoral cearense seus 54 (cinqüenta e quatro) tripulantes.
A entrada do Brasil na II Guerra Mundial proporcionou ao país o envio de 25.334 (vinte e cinco mil trezentos e trinta e quatro) homens e mulheres da Força Expedicionária Brasileira que lutaram ao lado das Forças Aliadas para libertação do mundo do jugo nazifascista e que muito contribuíram para o desenvolvimento da democracia no nosso Brasil.
No dia em que se completam 69 (sessenta e nove) anos da entrada do Brasil na II Guerra Mundial, homenageamos os mártires do Baependi e do Itagiba, 153 (cento e cinqüenta e três) militares que se deslocavam do Rio de Janeiro para Olinda para cumprir seu dever de defender a Pátria e que terminaram vítimas de uma estratégia equivocada da qual não lhes foi dada sequer a oportunidade de se defender, uma vez que se deslocavam em navios mercantes, sem qualquer meio de defesa e na escuridão da noite daquele mês de agosto.
Homenageamos também os nossos pracinhas, que se deslocaram do Brasil para a Itália, para defender a honra, a soberania e os valores de liberdade e democracia de nossa Pátria. Esses homens e mulheres que deixaram suas famílias para que tivéssemos um Brasil melhor, livre da opressão nazifascista e que contribuíram decisivamente para a manutenção da paz em nosso território, criando as melhores condições para que, nos dias de hoje, o Brasil esteja entre as maiores potências do mundo.
Aos militares falecidos nos afundamentos do Baependi e do Itagiba fica para sempre o nosso reconhecimento e gratidão na certeza de que o sacrifício daqueles soldados e de todos os integrantes da Força Expedicionária Brasileira servirá para sempre como exemplo da capacidade de todos nós brasileiros de lutarmos pela defesa de nossos valores, de nossa soberania, de nossa liberdade e de nossa Pátria Brasil.
Olinda, 31 de agosto de 2011
ERNESTO DE LIMA GIL – Cel
Comandante do 7º GAC
Fonte: http://www.7gac.eb.mil.br/
Carro Movido a Gasogênio – Uma Saída para o racionamento da Guerra
No Rio, por conta do racionamento de gasolina, estimava-se, só naquele Estado, a paralização de cerca de 10.000 automóveis. E à meia-noite do dia 15 de julho de 1942 entrava em vigor, em todo o território nacional, uma importante portaria suspendendo drasticamente o tráfego de todos os carros particulares e da grande maioria da frota oficial do Recife. Um colunista famoso pedia que essa proibição fosse encarada esportivamente pela população, já que o importante era, custasse o que custasse, vencer o nazismo.
A Standard Oil divulgava uma série de conselhos sobre o que fazer com os carros parados na garagem, como o desligamento dos cabos da bateria, e retirada da água do radiador para evitar ferrugem etc, etc. Era solicitada, por alguns interessados, permissão para a circulação de cabriolés e nós já começávamos a vislumbrar a volta, à nossas ruas, dos cavalos e das românticas carruagens…Como grande atração, nossas ruas se enchiam de bicicletas, outras alternativas para a crise de combustível, e nos divertíamos vendo pessoas ilustres se dirigindo ao trabalho montadas em suas bicicletas…
Em São Paulo eram instalados várias usinas para construção de aparelhos de gasogênio que poderiam ser usados também em carros particulares. E, no Recife, motivo de grande curiosidade para todos nós, começavam a aparecer, numa fumaceira danada, os primeiros carros movidos a gasogênio, os de Ubaldo Gomes de Matos, Torquato de Castro, Ernesto Odenheimer, e outros poucos mais….
Eram, o racionamento da gasolina e a entrada em cena dos movidos a gasogênio, duas novas modificações importantes nos hábitos de vida do recifense, induzidas pelo conflito europeu…
Texto Extraído do Livro: Recife e Segunda Guerra Mundial – Rostand Paraíso, editora COMUNICARTE, 1995 – pg. 119
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Crônica de um Pernambucano
Povo pernambucano de memória curta…Quando tempo mais nós temos que suportar a mediocridade histórica e a falta de reconhecimento de teus heróis? Quantos de nós pernambucanos conhecemos a História do Nosso Brasil? É verdade que importamos a cultura das grandes potências e deixamos ao relento aquelas homens que forjaram nossa sociedade; é verdade que enaltecemos heróis estrangeiros ao ponto de ridicularizarmos aqueles que derramaram sangue pelo país que chamamos de nosso. Afinal de contas, quem é Frei Joaquim do Amor Divino Rabelo em comparação ao Magnífico Stálin? Quantos brasileiros, nordestinos, pernambucanos idolatram o ditador georgiano e ignoram completamente o sangue derramado pela causa desse…Frei Caneca? Quantos mais outros ídolos teremos que importar?
Pernambuco da Revolução de 1817, Pernambuco da Confederação do Equador, Pernambuco da FEB e Pernambuco de povo guerreiro, a qual declara em seu Hino “Pernambuco Imortal”, mas a sua História é tratada como efêmera e sem graça em relação as Grandes Nações do Mundo Civilizado. Como assim? Diria Gilberto Freyre se ainda vivo! Como nossa geração poderia explicar a tantos que morreram e deram seu sangue por sua terra, na esperança que nós (as futuras gerações do passado), tivéssemos um mundo melhor?
…Povo Pernambucano!
Quantos jovens choram e entram em êxtase quando se referem a ídolos enlatados em programas chamados de “reality show”, que nem mesmo o título foi possível constituir em nossa língua-mãe, e ignoram o fato de centenas de brasileiros terem deixando sua juventude e sua vida nos campos de batalha da Itália, dentre esses brasileiros doze pernambucanos pereceram, e tantos outros ainda vivos, observam a ignorância dos seus conterrâneos. Eles lutaram por nós! Esses que hoje, sendo velhos, ainda são testemunhas da ingratidão de um povo de memória curta.
Isso me assombra…Por ser Pernambucano!
Homenagem aos Pernambucanos Mortos no Teatro de Operações do Mediterrâneo entre os anos de 1944 e 1945:
Manoel Barbosa da Silva
Severino Barbosa de Farias
Epitácio de Souza Lucena
Eutrópio Wilhelm de Freitas
Gonçalo de Paiva Gomes
Hermínio Antônio da Silva
Honório Corrêa de Oliveira Filho
José de Souza
José Graciliano Carneiro da Silva
Otávio Sinésio Aragão
Walmir Ernesto Holder
Joaquim Xavier de Lira
José Gomes de Barros
Heróis e pernambucanos que deixaram sua vida em uma terra distante, honrando seus antepassados que lutaram e também deram sua vida em holocausto para as futuras gerações. Nós!
Chico Miranda.
7º GAC – Uma Gloriosa Unidade Militar Resplandece da Tragédia.
O 7º Grupo de Artilharia de Campanha (7º GAC) é das mais tradicionais Unidades Militares do Estado de Pernambuco e a principal de cidade de Olinda. Sua história é uma verdadeira epopéia. Criado pelo Decreto-lei Nr 4.342, de 26 maio de 1942, como 7º Grupo de Artilharia de Dorso (7º GADo), teve seu efetivo enviado do Rio de Janeiro para Pernambuco nos vapores Baependi e Itagiba, que foram torpedeado pelo U-Boot 507 em 15 e 17 de agosto de 1942, respectivamente.
Naquele histórico e dramático momento, pereceram 153 militares que iriam constituir o 7º GADo, dentre eles o Major LANDERICO DE ALBUQUERQUE LIMA, comandante da tropa em deslocamento.
Segue abaixo o relato do Capitão Lauro Reis e publicado em 1948, no livro “Seleção de Seleções”, uma coletânea de artigos publicados na revista “Seleções do Reader’s Digest”.
“Deixamos o porto de Salvador, Bahia, às sete horas da manhã, rumando para o norte. Do Rio até ali o mar tinha estado calmo. Agora se apresentava picado, espumoso, com fortes marolas, e o velho Baependi arrastava-se, moroso, balançando desagradavelmente.
O vapor ia repleto — umas trezentas e cinqüenta pessoas, incluindo a tripulação e uma unidade do Exército, cujos componentes — oficiais e soldados — iam acompanhados de suas famílias, algumas com muitas crianças.
Como esse dia — 15 de agosto — era o aniversário natalício do comissário de bordo, um excelente homem, o jantar foi festivo, a orquestra tocou animadamente e a alegria reinou a bordo até bastante tarde. Enquanto no salão se dançava, lá fora na popa, os soldados, — quase todos cariocas — montados em canhões e grandes caixas, reunidos em grupos, tocando pandeiros e batendo em latas, cantavam seus sambas à moda do morro…
Noite fechada, as luzes todas apagadas, navegávamos a umas 20 milhas da costa, quando súbito um tremendo estampido sacode violentamente o velho barco. Quebram-se as vidraças; o madeiramento range, estala, racha e, arremessados por forças invisíveis, voam estilhaços de vidro e madeira para todos os lados. Caem as primeiras vítimas, e há diversas pessoas com o rosto sangrando, devido a ferimentos provocados por fragmentos de vidro.
As máquinas param, o vapor altera o rumo abruptamente, e somos jogados pela inércia, com força, para a frente.
O primeiro instante deixa todas as pessoas imóveis de espanto, a respiração suspensa, as fisionomias pálidas e angustiadas… Não há gritos; nenhum pânico. Percebe-se em cada um o esforço mental para entender o ocorrido, para buscar uma solução, pressentindo a gravidade do terrível momento…
Estou no vestíbulo, de onde partem as escadas para o deck superior e para os camarotes de baixo. Tomado de surpresa, tenho imediata intuição do sucedido: fomos torpedeados ! Logo a seguir, ouço o apito surdo do navio, pedindo socorro… O Baependi começa a adernar.
Corro ao meu camarote ali perto, empurro a porta, que felizmente não ficou emperrada, apanho rápido o meu salva-vidas, e saio.
Há muitas pessoas no vestíbulo; umas, principalmente mulheres e crianças, paradas, como se esperassem que uma providência alheia as salvasse; outras caminhando febrilmente, na direção em que julgam poder encontrar salvamento. O navio aderna mais e mais; só podemos andar, agora, agarrados às paredes.
Alguns descem com dificuldade as escadas para os camarotes inferiores, em busca de salva-vidas, ou para se reunir às suas famílias; infelizmente, para não voltarem mais… Ficarão na companhia dos que nem sequer conseguiram sair dali.
Vejo tudo isso de relance e, ainda enfiando o cinto salva-vidas, subo a escada para o deck de cima, em busca da minha baleeira; agarrado ao corrimão, chocando-me com pessoas que descem, aturdidas, estou quase no alto, quando um segundo torpedo explode, abalando fragorosamente todo o navio. O corrimão, ao qual me agarrava, fica feito em frangalhos, e rolo na escada, de costas, aos trambolhões, até a porta do refeitório, de onde saíra. Entre o primeiro e o segundo torpedos, não decorreram mais de trinta segundos.
As luzes se apagam; esbarramos uns nos outros, desorientados, no meio de profunda escuridão. O navio aderna consideravelmente, já sendo impossível, agora, andar de pé.
O segundo torpedo foi o tiro de misericórdia. O Baependi agoniza… Percebo que o afundamento vai ser rápido. Esforço-me por sair do interior. Um cheiro sufocante e enjoativo, proveniente da explosão, invade tudo.
Tateando, com grande esforço consigo agarrar-me à escada e, de restos, segurando-me nas saliências, vou subindo devagar.
Na escuridão, apenas distingo, numa pequena claridade vinda de fora, o contorno de uma porta, ao fim da escada que tento subir. É preciso atingí-la a todo custo, porque senão eu afundarei dentro do navio. Mais um esforço e consigo chegar.
O navio, nesse momento, está quase de lado: o que era parede passou a ser chão. Atravesso aquela porta com os movimentos de quem, pela abertura do teto, passa para o forro de uma casa.
Alcanço a baleeira em frente à porta. Presa aos turcos, num emaranhado de cordas, alguns marinheiros tentam soltá-la. Não trocamos palavra. Começo a ajudá-los, procurando desvencilhar cordas, febrilmente.
Mas é inútil: o Baependi continua a afundar-se vertiginosamente ! As ondas revoltas quase nos atingem e ouço, bem perto, os gritos pungentes dos que já lutam com elas.
Compreendo, então, que devo atirar-me imediatamente ao mar, para não ser arrastado pelo turbilhão que faria a massa do navio ao submergir. Mas já é tarde demais, porque, estando ele quase horizontal, se eu der um salto, cairei, conforme o lado, sobre o casco ou sobre o convés. Ouço ainda o apito tenebroso do vapor, um apito surdo e contínuo, agonizante, de estertor.
As águas me envolvem violentamente, jogando-me de encontro a uma parede. Depois… sinto que mergulhamos, arrastados pelo navio.
Penso, conformado, na morte: deste mergulho não voltarei, certamente ! Não perco o raciocínio, nem me deixo dominar pelo desespero. Antes me conservo calmo, resignado, enfrentando o desfecho da vida. Continuo a merguIhar, a mergulhar… Quantos metros ? Nem sei ! Sinto nos ouvidos o barulho forte e característico das bolhas de ar, numa escala cromática extravagante, que vai num crescendo do grave para o agudo, à proporção que me aprofundo nas águas… A falta de ar já me tortura; começo a engolir água…
Súbito, porém, paro de mergulhar, e percebo que vou voltando. Mas sou, então, violentamente imprensado entre dois volumosos fardos, e tenho a sensação de que vou ficar esmagado. Inexplicavelmente, não sinto nenhuma dor. Por felicidade, fico de novo livre, e continuo a voltar, aos trancos, à superfície, recebendo pancadas pelo corpo, agora mais rápido — cada vez mais rápido — até que, de repente, dou um salto, saindo-me fora d’água o tronco todo, tal o empuxo.
O navio está completamente submerso. Imagino que não deve ter levado a afundar-se mais de três ou quatro minutos, tornando impossível qualquer providência de salvamento, ou a descida de qualquer das baleeiras.
O mar, violentíssimo, encapelado, está coberto de destroços e, não sei como, ainda caem paus de todos os lados, como estilhaços.
Ouço gritos terríveis, angustiosos, de socorro, e vejo homens, mulheres e crianças se afogando em torno de mim.
Nado um pouco e me agarro a uns paus que flutuam, e que as fortes ondas me arrancam logo das mãos; imediatamente me seguro noutros, mas também não consigo sustê-los, e fico nesse jogo, pulando de uma tábua para outra, durante algum tempo.
Reparo que há sobre as águas duas luzes avermelhadas, como archotes, a iluminar aquela cena macabra: são bóias de iluminação, que se acendem automaticamente, ao contato com a água.
O mar limita-me a visão, e só quando me elevo numa onda melhora o meu horizonte. Em dado momento, avisto com surpresa um projetor lançando seu feixe luminoso sobre o local do sinistro: firmo o olhar e diviso, iluminado pelas luzes que dançam na água, o perfil do submarino assassino, bem próximo de nós, contemplando os resultados da sua bárbara missão ! Em seguida, perco-o de vista…
Estou agora junto de uma grande tábua branca, com aberturas que me parecem janelas: consigo com facilidade deitar-me nela, de bruços, e me sinto mais bem acomodado. Pelo menos descanso um pouco. Mas me agarro com todas as forças, para que as ondas não me arranquem dali.
Perto de mim, alguém grita em desespero, já quase a perder o fôlego:
— Não posso mais, vou desistir…
Animo o companheiro, chamando-o para junto de mim, e isso me dá mais animo! Ele se aproxima, e com algum esforço se agarra à minha tábua: vem ofegante, exausto. Trocamos algumas palavras. É um tripulante do Baependi.
As ondas violentas e o forte vento começam agora a espalhar náufragos e destroços; os gritos dispersos de socorro chegam cada vez de mais longe. Somos também impelidos para longe do local do sinistro, arrastados naquela tábua, em rumo desconhecido.
Conjugando nossos esforços, examinamos o mar em todas as direções. Nada ! Provavelmente nenhuma baleeira pôde ser lançada ao mar. Nossa salvação é provisória, sem dúvida… E ficamos vogando ao sabor das ondas por um tempo difícil de estimar: talvez meia hora, uma hora… Ouvem-se agora menos gritos de socorro: a maioria sucumbiu, desesperada !
Mas, repentinamente, divisamos uma silhueta que não é de um destroço, passando defronte das bóias de iluminação, já bem longe. Parece-nos uma baleeira… Dentro, um vulto, de pé… Não resta dúvida, é uma baleeira ! Mas está muito distante. Para alcançá-la, teríamos que nadar contra o vento e as ondas e, cansados como estamos, isso não nos parece empresa fácil.
Começamos então a gritar, com todas as forças dos nossos pulmões. Grito, grito ! Lembro-me de gritar meu nome, e o faço diversas vezes. Lembrança talvez salvadora: ouvimos, pouco depois, uma resposta que nos pareceu “espera”… Graças a Deus, tinham-nos ouvido, e remam em nossa direção ! Foi o primeiro alento, a primeira sensação de poder sair com vida daquela pavorosa catástrofe.
A baleeira se aproxima. Abandonando a benfazeja tábua, damos umas braçadas, lançam-nos uma bóia presa a uma corda, e somos içados para bordo, onde encontro dois tenentes, dois sargentos e três soldados, da minha unidade. Abraçamo-nos, comovidos, mas poucas palavras trocamos. Pensamos na sorte dos outros camaradas, e não nos conformamos com a idéia de que somos os únicos sobreviventes.
É talvez esta a única baleeira que escapou ao desastre, arrancada dos turcos pela violência da explosão.
Recolhidos mais alguns náufragos, somos ao todo vinte e oito. Entre eles, há uma moça que, mal explodiu o torpedo, lançou-se resolutamente ao mar, nadando, agarrada a um pequeno destroço, durante mais de uma hora!
Mas em que direção ficará a costa? Não podemos orientar-nos com segurança, pois mal se vêem as estrelas, e a escuridão impede-nos de consultar a única bússola, que corria de mão em mão, inutilmente.
Mas entre os náufragos está, felizmente, o piloto do Baependi. Recobrando as forças, ele resolve com simplicidade o problema da navegação, mandando “remar na direção do vento, pois o mesmo soprava para terra”.
Somente na baleeira noto que estou ferido. O sangue jorra abundantemente do meu rosto, e, levando a mão à face direita, percebo que sofri uma fratura. Mas não sinto nenhuma dor.
A pequena embarcação joga como uma casca de noz naquele mar agitado e de vez em quando uma onda mais forte invade-a; um grande rombo da proa aumenta a nossa inquietação; é preciso baldear continuamente a água, tal a quantidade que entra.
O vento é cortante, sentimos um frio tremendo, uma sede desoladora, e o enjôo apodera-se da maioria.
Pouco depois avistamos, não muito longe, um navio iluminado. Ficamos hesitantes: valerá a pena remar na sua direção ? Alcançá-lo-emos ? Desistimos da idéia, o que foi providencial, pois cerca de uma hora depois, ouvimos o eco de uma tremenda explosão, que nos pareceu um trovão longínquo: o navio que passara por nós — o Araraquara, soubemos depois — fora também torpedeado !
Navegamos assim, impelidos pelo vento e pelos remos, durante toda a noite — que nos parece interminável. Os rapazes, incansáveis, se revezam nos remos e os outros no balde de água.
Ao clarear o dia, ainda na penumbra, temos uma explosão de contentamento: a uns dois quilômetros de nós, percebemos a faixa branca de areia de uma praia ! Mais umas remadas, a manobra para vencer a forte arrebentação, e eis-nos em terra firme. Nossos corações pulam de alegria !
A praia, desabitada, é formada por vastas dunas de areia, onde os pés se enterram, agravando nosso cansaço. Caminhamos algum tempo, seguindo uma pequena trilha, até avistarmos uma cabana onde apenas encontramos água.
Felizmente, indicam-nos uma picada que vai ter a uma povoação. Andamos até o meio-dia, ou antes, arrastamo-nos, pois há diversas pessoas feridas, e outras esgotadas. Por sorte encontramos muitos coco-da-baía, cuja água saborosa bebemos sofregamente.
Ao chegarmos à povoação, todas as portas e janelas se batem, violentamente ! “Que teria havido ?” Consultamo-nos, surpresos… Estamos tão embrutecidos, que nos custa a compreender: a nossa nudez quase total ofendeu o pudor da gente da terra ! Um parlamentar, que enviamos em trajes mais decentes, resolve a situação, e recebemos algumas roupas usadas, que nos permitem improvisar tangas.
Depois de alimentados, seguimos de canoa para Estância, no Estado de Sergipe, termo das nossas provações. Ali soubemos, mais tarde, terem chegado à praia, numa pequena balsa de madeira, mais oito náufragos do Baependi. Trinta e seis sobreviventes — eis o que restava !
Quase todos os nossos camaradas tinham sido tragados pelas ondas. E quando um médico, náufrago também, nos relatou o episódio da morte do mais jovem dos nossos companheiros de armas, não pudemos conter as lágrimas. Ao atirar-se ao mar, sem salva-vidas, certo do fim que o aguardava, o Tenente Assunção lançara em voz vibrante este grito derradeiro de patriotismo:
— “Viva o Brasil!”
__________________
O Capitão Lauro Moutinho dos Reis, oficial de artilharia do Exército Brasileiro, fazia parte de uma unidade(7º GAdo) que viajava no Baependi para o Nordeste, quando na noite de 15 de agosto de 1942, o navio do Lóide brasileiro foi atingido por dois torpedos na altura da fronteira entre Bahia e Sergipe, fato que, ao lado dos outros quatro torpedeamentos efetuado pelo U-507, suscitou a onda de revolta nacional que levou o Brasil entrar efetivamente na Segunda Guerra contra as potências do Eixo. Das 323 pessoas que estavam a bordo do Baependi, apenas se salvaram 18 passageiros e 18 tripulantes.
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Fonte:
Memórias de um Soldado da FEB – Parte I
Apresentaremos a partir de hoje, uma série especial contendo o relato do 3º Sargento Virgílio Daniel de Almeida que combateu pelo Regimento Sampaio durante a campanha na Itália. Nordestino valente, Sgt. Virgílio fez um relato abrangente que compreende desde o patrulhamento da costa paraibana, passando pelo seu voluntariado para compor a Força Expedicionária Brasileira até a atuação individual dos combatentes da FEB.
É com satisfação que publicamos um material tão rico em detalhes e temos a convicção de que estamos contribuindo para que as histórias aqui narradas possam ser utilizadas como reflexão pelos milhares de brasileiros que não conhecem a história da participação brasileira na Segunda Guerra Mundial e, portanto, não valorizam o sacrifício de jovens brasileiros em um período tão importante para o mundo.
Iremos realizar a publicação em cinco Partes, sendo uma por dia.
Todos os comentários enviados nos POSTS serão entregues ao próprio Major R-1 Virgílio Daniel de Almeida. Portanto fiquem à vontade!!
PRIMEIRA PARTE – O VOLUNTARIADO
Desde a declaração de guerra contra o eixo, as forças armadas aumentaram seus efetivos. Os regimentos de infantaria passaram a contar com efetivos de guerra. No nordeste foi criado o Campo de Instrução Engenho Aldeia (atualmente Centro de Instrução Marechal Newton Cavalcanti), todos os quartéis ficaram vazios, já que o efetivo da 7ª Região Militar foram acampar por tempo indeterminado em Aldeia, com exceção de duas companhias de fuzileiros por regimento, as quais, ficaram guarnecendo as praias contra eventual desembarque de tropas ou náufragos.
No 15º Regimento de Infantaria ficaram a 4ª e 5ª Companhias, fazíamos parte da 4ª Companhia, a qual coube manter a vigilância das praias do litoral sul da Paraíba, sua sede foi transferida, a princípio, do quartel para a praia de Tambaú, na época como 3º Sargento de Infantaria , comandava um grupo de combate. Recebi a missão com meu grupo, de manter a vigilância da praia de Jacumã, meu regimento naquela época era hipomóvel, contudo fomos deslocados por viaturas motorizadas de um grupo de artilharia, sediado em João Pessoa. Em nosso deslocamento para Jacumã, o subtenente da companhia nos acompanhou, conduzindo os gêneros para nossa alimentação nos próximos 15 dias, e estava ainda, autorizado a requisitar uma casas a beira mar para alojar o grupo e conseguir crédito na pequena padaria local para compra dos pães, a casa requisitada tinha fogão, mas faltava os utensílios de cozinha e lenha. Para a função de cozinheiro resolvemos com a seguinte pergunta: quem deseja ser dispensado da guarda noturna da praia e assumir a função de cozinheiro? Não difícil, apareceu logo candidato. Com criatividade resolvemos o impasse dos utensílios de cozinha e a lenha, a água para uso diária, era recolhida de uma cacimba, que ficava a uns dois quilômetros de distância da casa. O nosso banho, era uma pequena lagoa, formada por um córrego que saia de uma mata e desaguava na praia. Contudo algo lamentável aconteceu, contraí malária! Quando decorreu 15 dias que estávamos na praia, o capitão Ari, comandante da companhia, veio nos inspecionar. Me encontrou deitando em uma rede, com febre, tremores, frio e dor de cabeça. Ele então mandou o cabo assumir o comando do grupo e levou-me para a sede da companhia e, depois, para a enfermaria do regimento. Fui medicado com comprimidos de quinino, o medicamente não surtiu o efeito desejado e agravou ainda mais meu estado de saúde. O capitão Ari, então, me levou para o Serviço Geográfico do Exército, sediado em João Pessoa, e naquela organização o médico administrou ateblina. Foi quando me recuperei da malária e permaneci na sede da companhia.
Da praia de Tambaú, a companhia se deslocou para a cidade de Goiana em Pernambuco, onde fui designado para manter a vigilância da praia de Pitimbú, distante pouco mais de 40km daquela cidade. Em Pintimbú as missões eram as mesmas de Jacumã, a única novidade era um estação de rádio, chefiada por um sargento rádio telegrafista, que em caso de necessidade, eu me comunicaria com o comando da companhia em Goiana.
Em 1943 começaram os preparativos para a organização da FEB, sendo escolhido para o comando da Divisão de Infantaria Expedicionária 1ª DIE, o General de Divisão João Batista Mascarenhas de Morais, para comandar a Infantaria Divisionária, o General Euclides Zenóbio da Costa, para Artilharia Divisionária o General Osvaldo Cordeiro de Farias.
Em junho de 1944, o Ministério da Guerra determinou às Regiões Militares que organizassem contingentes para seguir destino ao primeiro escalão da FEB no Rio de Janeiro. A prioridade adotada foi o voluntariado e caso não atingisse o número exigido, as faltas seriam preenchidas por militares escalados, então me apresentei como voluntário, como explicado abaixo:
Estava com a companhia em instrução, quando recebemos a ordem para suspender os exercícios e regressar ao quartel. Lá mandaram os oficiais e praças antigas para o alojamento, onde ficaram aguardando a ordem para falar com o comandante da companhia. Quando chegou minha vez, o comandante olhou para mim e disse – sargento Virgílio recebi ordens para selecionar voluntários para a Força Expedicionária Brasileira, vou olhe fazer uma pergunta, você responde sim ou não: você deseja se inscrever como voluntário para a FEB? Respondi – sim. Após a minha resposta, ele me mandou que saísse e não mais voltasse ao alojamento. No dia seguinte, na leitura do boletim da Unidade, foi publicado a minha inclusão como voluntário no contingente destinado a FEB, ficando adido para atender os vários procedimentos, tais como inspeção de saúde, receber proventos, aguardar ordem de embarque e outros. A 20 de junho fui excluído do estado efetivo da Unidade e embarquei para Recife, ficando adido ao 7º Grupo de Artilharia de Dorso, em Olinda-PE, aguardando envio para seguir destino para o Rio de Janeiro.
CONTINUA…
Uma Dica de Site Completo
Aos seguidores do Blog, uma dica para pesquisa sobre a partipação brasileira na Segunda Grande Guerra, um site completo com informações raras e de detalhes impressionantes:
www.sixtant.net
O Site é de propriedade do Comandante Ozires, um pesquisador interncional do assunto, e que nos disponibiliza um material maravilhoso, que foi inclusive fonte de pesquisa do tópico “Recife na Segunda Guerra Mundial – Quarta Frota Naval”, no nosso blog.
Já há algum tempo tivemos o interesse de divulgar o trabalho do Comandante Ozires, que é merecedor de toda a referência pelo excelente trabalho que tem desempenhado na busca por colocar o Brasil como um importante parceiro estratégico para os Aliados durante o conflito de 39 a 45.
Ao Comandante o agradecimento de todos os pesquisadores, historiadores e todos os apreciadores do assunto.
Acessem:
O Brasileiro é Acima de Tudo Um Forte – O Legado da FEB
Tradicionalmente o brasileiro é taxado de ter a memória curta, isso quer dizer que lhe é peculiar o pouco interesse no passado de seu país. Em vários aspectos discordamos dessa posição, contudo existem características no Brasil que nos arremata para esse tipo de pensamento, e uma delas é a FEB. Isso mesmo, a Força Expedicionária Brasileira é um assunto pouco expressado no meio acadêmico, a participação brasileira no conflito mundial de 39 a 45 é um grande território de estudo para as diversas universidades do país, muito embora o tema seja pouco valorizado, as obras e estudos que têm como área de pesquisa a mobilização, atuação, resultados e desmobilização da Força Expedicionária Brasileira são de pouquíssimos autores em comparação a outros períodos da história brasileira. Nesse cenário, a memória dos que combateram no Teatro de Operações Europeu ficou sob a responsabilidade dos filhos, netos e bisnetos dos ex-combatentes que têm lutado com a mesma garra de seus antepassados para manter viva a honra que esses combatentes conseguiram nos campos de batalha italiano. Nessa “guerra” injusta contra a ignorância histórica, o trabalho se torna mais difícil com o passar dos anos e, quando os ex-combatentes nos deixarem, as Associações estarão enfadadas ao esquecimento se não houver um mudança de atitude no trato com a memória desses homens que viram a guerra, e voltaram sob a égide da vitória para o país, mas também destinados ao abandono do governo que os enviou.
Existe um grupo de intelectuais que critica e questiona firmemente a atuação da FEB nos campos de batalha italianos, entre os quais citamos William Waack, um dos maiores jornalista que esse país possui é também autor do livro As Duas Faces da Glória, que trás uma visão jornalística das relações do Brasil com os demais Aliados, e se baseia em documentos trocados entre os ingleses e americanos juntamente com entrevistas de combatentes alemães que lutaram contra a FEB na campanha da Itália. Bem, claro que essas discussões são pertinentes e, até salutar, para o debate sobre a participação brasileira, contudo o ponto passivo entre os estudiosos e aficionados pelo assunto é a bravura dos soldados brasileiros no combate, isso deve ser o elemento central na exaltação da memória das futuras gerações. Uma divisão expedicionária que foi formada com soldados com claras deficiências físicas, com pouca ou nenhuma instrução, saídos de um exército que até anos antes tentou golpes de Estado que foram planejados e executados por membros de suas fileiras, um exército cujo último conflito de grandes proporções foi uma controversa guerra contra seu próprio povo, em uma cidade chamada Canudos, ainda no século XIX; e a FEB foi criada sob as ordens de um Estado ditatorial para lutar contra uma nação de regime semelhante, guardada as proporções. Essa divisão foi formada com soldados que, aparentemente, não foram bem vistos por seus Aliados, mas que no decorrer das missões mostrou-se ser de extrema bravura individual, lutando contra um inimigo experiente, vindos de outros fronts como a campanha russa, membros da temida Afrika Corps, um povo que estava lutando desde o final do século anterior. Nossos soldados foram viris frente a este inimigo, deixando de lado suas limitações logísticas e físicas demonstraram serem dignos da frase do grande escritor Euclides da Cunha, quando se referiu ao povo que o exército enfrentara na guerra de canudos – O nordestino é acima de tudo um forte, escreveu ele em sua obra-prima Os Sertões – no caso da FEB, não apenas o nordestino, mas o brasileiro se mostrou forte, enfrentando o seu oponente e todas as limitações, enfrentando o tempo, e o rígido inverno europeu, mesmo saído das regiões tropicais e nunca ter visto neve, lutou na neve, vencendo um inimigo árduo, o frio. Pode-se escrever livro questionando as operações da campanha, mas deveríamos escrever dez vezes mais, sobre a coragem dos febianos para deixar de legado para as próximas gerações.
Fechando o ciclo de exemplos que podemos elencar na busca pelo reconhecimento dos nossos brasileiros que lutaram em solo estrangeiro, podemos citar os 17 de Abetaia que foram cercados e mortos no ataque em 12 de dezembro de 1944 no Monte Castelo, seus corpos só foram recuperados após o ataque de 21 de fevereiro de 1945, e devido o frio extremo, todos estavam bem conservados, muitos ainda com o dedo travado no gatilho de seus fuzis, enquanto outros estavam com granadas na mão e sem o pino de segurança, morreram todos em formação semi-circular, cercados, mas face a face com o inimigo, encarando-os até a morte. Homens bravos! Brasileiros Bravos!
Escrito por Francisco Miranda - Proibido reprodução ou publicação sem autorização do autor
Recife e suas Propagandas em julho de 1939
Voltando as atividades…
Um dos meus períodos prediletos no estudo da história é o século XX, mais especificamente a primeira metade, e por isso, estou realizando uma pesquisas sobre a sociedade pernabucana nesse período. Aproveitando, percebe em alguns jornais que pesquisei e a idéias que se tinha de propaganda em um tempo que conhecemos como “tempo da inocência” , para citar aqui, separei as fotos de alguns casos interessantes de propaganda que foram publicadas no jornal do Commercio em 01 de julho de 1939.
- Igreja Evangélica Pernambucana – Fazendo sua propaganda
Agora eu pergunto: Vocês acham que as coisas mudaram?
Abraços!