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Recife de Antigamento no Facebook
Caros amigos,
A partir de agora estaremos juntos com a Página do Facebook Recife de Antigamente. Se trata de uma das melhores páginas sobre a História do Recife que temos o orgulho de acompanhar. Todos os tópicos relacionados com a História do Recife estarão presentes tanto no Facebook, quanto no BLOG. A parceria também divulgará eventos e palestras relacionadas a História do Recife. Nosso objetivo é manter viva a cultura histórica e seus valores de nossa amada Recife, lutando contra a estigma de um país sem memória.
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Recife Precisa de Respeito!
Sou recifense. Cresci e testemunhei as mudanças de minha cidade. Presenciei o quanto ela teima, quase que naturalmente, a se manter bela, mesmo com a insistência de alguns governantes em “modernizá-la”, ignorando seus contornos acolhedores. Recife é muito maior que as expressões culturais, ricas expressões, diga-se de passagem. Ela brilha não apenas no Carnaval. Ela brilha o ano inteiro. Cidade que tem em sua história a pluralidade de nomes, de Maurícia; dos mascates; dos arrecifes, são as provais irrefutáveis das transformações de nossa cidade. Apesar do tempo, nunca deixou de lado seu belo jeito de cidade elegante e acolhedora.
De certo, muitos irão pensar e refletir sobre seus problemas; de certo que eles existem. Mas qual o grande centro que não os tem? O verdadeiro filho dessa Terra enxerga a cidade como se olhasse para a mulher amada, pois pensa que suas qualidades são o suficiente para fazê-lo esquecer de qualquer defeito. O coração sempre bate mais forte quando estamos olhando para ela.
Portanto, políticos e homens públicos, respeitem esta cidade!
Carnaval de 1945 e a Guerra pelo Carnaval!
O Artigo abaixo foi retirado e adaptado da obra As Fornalhas de Março – História das Eleições no Recife – Volume 1, de Romildo Maia Leite – Edições Bagaço, 2002. Uma excelente e obrigatória leitura para aqueles que querem entender como a Segunda Guerra Mundial afetou o cotidiano do brasileiro, mas especificamente do recifense.
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Como se justificar que, nestes dias de dor, de luto e miséria para a humanidade, se leve a efeito a realização de um carnaval já condenado pela sadia opinião pública do país. Esse foi o protesto do jornal A Gazeta, um jornal católico conservador da cidade do Recife que circulou na década de 40.
Alguns jornais e personalidades da vida social pernambucana defendiam que o Carnaval de 1945 não se realizasse, alegando que o clima era de consternação pelos mortos no conflito, inclusive vidas brasileiras, que se arrastava há mais de cinco anos. O rigor do protesto viria contra a festividade via em apoio a proibição do Chefe de Polícia do Distrito Federal (então na cidade do Rio de Janeiro), que proibia carnaval de rua, e apenas autorizava o carnaval em clubes e sem máscaras. O objetivo economizar gasolina e evitar a ação de agentes subversivos. Declara o Chefe de Polícia do Distrito Federal: “Os clubes de fechassem ao Frevo, pois se trata de uma dança muito violenta, que tem dado lugar a muitos incidentes”.
Em protesto, outras personalidades se levantaram em defesa da tradição da festa de rua mais popular do país. O jornalista Mário Melo em sua coluna no Jornal Pequeno, jornal tradicional da capital pernambucana, consolidou a defesa:
“Todos os anos, o inimigos do carnaval põem a máscara de fora, procurando pretexto que impeça e entretenimento popular. Um, o mais batido, já não provoca efeito: o carnaval tem suas origens no paganismo. No ano passado, não tínhamos soldados em guerra e não era possível fazer-se carnaval de rua, podendo, no entanto, ser permitido nos clubes. Traduzindo: a gente de colarinho branco e gravata, que bebe champanhe e gim, pode embriagar-se nos clubes, mas os pés raspados, que trabalham no duro, não!”
Muitos alegavam que não era certo que, não admitiam que o povo se atirasse no Frevo, enquanto no front de guerra nossos irmãos se batem denodadamente pela causa das Nações Unidas.
No dia 9 de janeiro de 1945, Mário Melo entra em um dos mais tradicionais Cafés do Recife com sua Crônica do Jornal do Commercio, bate no balcão e grita: “Por acaso, e em qualquer canto, deixou de haver algum banquete ou recepção festiva às altas personalidades por motivo de guerra?”
Em seguida o Cônego Jerônimo Assumpção, Vigário da paróquia da Boa Vista escreve:
– São Paulo, que é o Estado mais civilizado do país, está acabando com o carnaval: de ano para ano, cresce o ânimo das pessoas que dão as costas ao tumulto carnavalesco, procurando refúgio nos campos e nas praias. E a mesma coisa vem ocorrendo com a população carioca.
No dia 2 de fevereiro acabou a polêmica. A esquina do Lafayete presenciou o desmentido de que o carnaval era incompatível com a guerra. Ancorados no porto do Recife, Marinheiros do encouraçado São Paulo organizaram a troça Mimosas na Folia. E desfilam ruidosamente, cantando Carnaval da Vitória, de Nelson Rodrigues Ferreira e Sebastião Lopes.
Pela primeira vez vestidos de mulher. Musculosos e atléticos, os marinheiros de guerra do Brasil introduziram no carnaval pernambucano um hábito até então absolutamente carioca.
No porto da resistência democrática, ancoravam também frevo e povo. Alegres prostitutas, de braços dados com suados estivadores e marinheiros, desceram do cais.
No final sai nos principais jornais:
– Houve carnaval. A derrota do quinto-colunismo foi absoluta. Houve carnaval dos mais animados, o povo divertiu-se e está pronto para receber a notícia da derrota de Hitler…
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A galeria de fotos abaixo é de autoria do Pierre Verger de sua coleção do Carnaval de Pernambuco. É de 1947, mas não é muito diferente do Carnaval de Rua defendido por Mário Melo dois anos antes.
As fotos foram enviadas pelo poliglota, pesquisador, historiador, atleta da voz e contador de causos, Tenente Silvio Mário Messias.
Recife: Fotos e História
Como já publiquei outras história de minha cidade, irei continuar a mostrar a cidade do Recife e sua interpretação história a partir de fotografias antigas. As fotos são fontes diversas, sendo a principal delas do Gustavo Arruda.
- Antigo Campo onde seria a Ilha do Retiro. O Estádio do Sport foi construído para receber os jogos da Copa de 1950.
- Campo do Clube Náutico Capibaribe
- Foto de Inauguração da Primeira loja das Casas Pernambucanas que perteceu ao Grupo da família Lundgreen
- Praça Maciel Pienheiro no centro do Recife. Para que não sabe a Clarice Lispector passou parte de sua infância no sobrado ao lado direito da fotografia.
- Forte do Brum – Fotografia da década de 50. Uma das mais antigas fortificações da ilha do Recife. Construída para defesa da entrada da cidade foi batizado como Forte de São João do Brum e se ergueu no mesmo local onde originalmente havia uma fortificação holandesa.
- Torre de Malakoff foi batizada em homenagem uma fortificação de mesmo nome na guerra da Criméia. Foi o primeiro observatório astronômico do Brasil
- Graff Zeppellin fez no final da década de 20 e início da década de 30 a rota Europa-Brasil e a primeira escala era a cidade do Recife, antes da ida para o Rio de Janeiro
- Atual Rua Manoel Borba, uma das principais ruas do centro do Recife
- Alto da Sé em Olinda com vistas para o Recife. No início do século XX. Atualmente esse visão parece surreal em comparação a esta fotografia
- Legenda
- Atual Rua do Bom Jesus uma das ruas mais antiga do país. Abrigou a primeira Sinagoga das Américas, hoje é o museu Sinagoga Kahal Zur Israel.
- Clube Náutico Capibaribe! Início do século XX não havia futebol.
- Um bonde fazia a ligação entre o Recife e Olinda. Atualmente essa ponte liga as avenidasa Cruz Cabugá a Agamenon Magalhães, depois do Tacaruna e antes da Escola de Aprendizes de Marinheiro
- Início da construção de uma das pontes mais famosas de Pernambuco. A Ponte Giratório. Essa obra abria para que as embarcações pudesse entrar na antiga área do Porto do Recife. Na década de 60 foi desativada.
- Em 1919 o bairro do Recife (uma ilha) foi quase que totalmente destruído para que novas construções fossem feitas com o objetivo de mordernizar a cidade. Com essas igrejas, Portais e Fortes seculares foram destruídos.
- Outra aberração! A contrução da Av. Dantas Barreto no início do década de 70 por exigência do trânsito. Destruição de centenas de casas e ruas, um descaso.
- Campo do Arruda – Santa Cruz
- Mercado do São José final do século XIX
- Construção da Av. Guararapes. Esse prédio (SULACAP), funcionou a base da IV Frota Naval Americana durante a Segunda Guerra Mundial
- Corridas no Derby – Atração na década de 1950
- Cine São Luiz um dos mais tradicionais e ainda em funcionamento.
- Orla de Boa Viagem na década de 40
- Acreditem…Essa é Boa Viagem
- Igrejinha de Boa Viagem. Unipotente na região. Atualmente essa igreja chega a passar desapercebida entre os prédios
- Av. Boa Viagem. Era uma praia de veraneio
10º Esquadrão de Cavalaria Mecanizada – O Esquadrão Forte das Cinco Pontas
Estamos a partir dessa data, realizando publicações especiais sobre as Unidades Militares do Exército Brasileiro e suas designações históricas, nosso objetivo é exaltar e divulgar uma prática bem comum do nosso Exército e que não é do conhecimento público, que é a designação histórica das Unidades Militares. Assim fornecer subsídios para que as pessoas possam conhecer um pouco mais de sua própria história; a história de seu país.
Iniciamos nossa homenagem ao 10º Esquadrão de Cavalaria Motorizada, comandado pelo Major André Augusto de Menezes, um oficial zeloso pela História do Brasil, inclusive com proposta para realizar um Monumento em Homenagem a Força Expedicionária Brasileira. Também não poderia deixar de citar o Capitão Landgraf que está realizando uma pesquisa sobre a atuação do 1º Esquadrão de Reconhecimento da FEB, comandado pelo então Capitão Plínio Pitaluga.
Uma Unidade que carrega o peso histórico “Fonte das Cinco Pontas” não poderia está melhor servida.
HISTÓRICO DO 10º ESQUADRÃO DE CAVALARIA MECANIZADA
O ESQUADRÃO FORTE DAS CINCO PONTAS
Foi criado em 24 de Dezembro de 1947, por Portaria do Exmo Sr. Ministro da Guerra sob a denominação de 7º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado, nasceu a unidade pioneira da ARMA DE CAVALARIA do Norte e Nordeste da Brasil.
A 10 de março de 1948 passou a ter autonomia administrativa e a 1º de Abril de 1948 começaram os trabalhos de mudança para o tradicional FORTE DAS CINCO PONTAS no Bairro São José na nossa cidade.
Em 21 de Novembro de 1973, denomina-se 7º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado e a 7 de julho de 1976 foi mais uma vez transferido , desta feita, para a nova sede localizada na BR-232, Km 10, Bairro do Curado, Recife-PE. A 1º de Janeiro de 1979, de acordo com a Portaria Ministerial nº 37 Reservada, de 28 de julho de 1978, passou a denominar-se 10º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado.
Em reconhecimento ao suor e sangue derramados por nossos patrícios no limiar da nossa nacionalidade e a ligação entre esta Organização Militar e local desse evento, o 10º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado recebeu a denominação de ESQUADRÃO FORTE DAS CINCO PONTAS , de acordo com a Port Min nº 686, de 14 de dezembro de 1994.
HISTÓRIA DO FORTE DAS CINCO PONTAS
O Forte de São Tiago das Cinco Pontas situa-se no atual bairro de São José, próximo à antiga Estação Rodoviária de Santa Rita. É a última construção holandesa no Recife e um dos monumentos mais representativos da arquitetura colonial. Foi edificado pelos flamengos, no ano de 1630, por determinação do Príncipe de Orange – Frederik Hedrik -, tendo como seu idealizador o comandante Teodoro Weerdemburgh. Chamou-se, primeiramente, de Forte Frederico Henrique.
Construída em taipa sobre um solo alto, e dominando, por completo, o porto do Recife, a fortaleza possuía como padroeira Nossa Senhora da Assunção. Ficava em uma área próxima às cacimbas de água potável de Ambrósio Machado, um abastado senhor de engenho na ilha de Antônio Vaz. Em decorrência de sua proximidade com tais cacimbas, também foi denominada de Forte das Cacimbas de Ambrósio Machado e de Forte das Cacimbas das Cinco Pontas.
Os objetivos mais relevantes daquela fortaleza eram os de garantir à população o suprimento de água potável, mediante a proteção das cacimbas (ponto vital para o abastecimento d’água do Recife), e impedir que os navios inimigos circulassem pelas águas do rio Capibaribe, e chegassem até a Barreta dos Afogados (através de uma passagem existente nos arrecifes), podendo se evadir, a partir daí, com os barcos carregados de açucar.
Com a vinda do Conde João Maurício de Nassau-Siegen para o Recife, os holandeses iniciaram a construção de um canal de trinta metros de largura, partindo do Forte Frederico Henrique e se estendendo até o local onde se encontra, hoje, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Em 1637, por sua vez, as muralhas e a profundidade do fosso da fortaleza foram reformados.
No século XVII, ela é destruída por João Fernandes Vieira e ocupada por tropas luso-brasileiras, sob o comando de André Vidal de Negreiros e do general Francisco Barreto de Menezes. A capitulação dos holandeses ocorre na campina do Taborda, perto do atual Cabanga Iate Clube. Quando o Forte foi rendido, em 1654, havia os seguintes elementos em seu inventário oficial: 17 canhões de calibre 2 a 24, dois alfanges de cortar cabeça e vários outros apetrechos bélicos.
A esse respeito, existe hoje, na entrada do Forte, uma placa que registra a rendição holandesa:
Próximo a este forte das Cinco Pontas, um dos últimos baluartes flamengos, na chamada campina do Taborda, existiu a porta sul de Mauricéia, onde o mestre de campo general Francisco Barreto, chefe militar da campanha de libertação e restauração de Pernambuco, recebeu a 28.1.1654, na qualidade de vencedor, as chaves da cidade, que lhe foram entregues pelo general Segismundo von Schkoppe, comandante das forças holandesas que, na ante-véspera se haviam rendido. Esta memória foi mandada colocar pelo Exército, no ensejo das comemorações do tricentenário da Restauração. 1654 – 1954.
Compreendendo a importância da fortaleza para a segurança e o controle da cidade, do ponto de vista estratégico, Fernandes Vieira ordena que a construção comece a ser restaurada em 1677. Dessa vez, os portugueses empregam um material mais resistente do que a taipa (que os flamengos utilizaram na construção primitiva), e as obras são concluídas em 1684.
Durante essa restauração, porém, um dos baluartes (ou pontas) do forte é suspenso, e o local fica reduzido a quatro pontas apenas (adquire a forma quadrangular), ao invés da pentagonal do início. De 1746, encontra-se preservada a seguinte descrição do Forte das Cinco Pontas: “um quadrado com quatro baluartes, com fossos e estrada coberta, e montava 8 peças de bronze de calibre 6 a 14, 8 de ferro de calibre 6 a 30, e 6 pedreiras de bronze de calibre 1 e 2; era comandado por um Capitão que recebia 16$000 de soldo por mês e mais 3 quartas de farinha, tinha um destacamento de fuzileiros e artilheiros, com um sargento e um condestável.”
Mas, continua a ser chamado, por todos, de Forte das Cinco Pontas (ouVijfhoek, em holandês), por ter a forma de uma estrela. A despeito da perda de um baluarte, o local termina ficando, mediante a nova configuração, com uma área total bem maior que a anterior. Cabe dizer ainda que, durante muitos anos, a fortaleza funcionou como uma prisão.
O último nome adquirido pelo forte, finalmente, é o de São Tiago das Cinco Pontas, pelo fato de haver, em seu interior, uma pequena capela dedicada a São Tiago Maior, um dos seus santos padroeiros.
Por volta do ano 1817, o local abriga, também, a sede do Quartel General Militar. Antigamente, o forte possuía uns subterrâneos que serviam de prisão, mas eles foram demolidos no ano de 1822, por ordem de Gervásio Pires Ferreira, que dirigia a Junta do Governo Provisório de Pernambuco. Tais subterrâneos, vale salientar, eram verdadeiros túmulos dos vivos. Um dos presos mais ilustres, em 1935, tratou-se do romancista Graciliano Ramos. Em Memórias do cárcere, seu famoso livro, Graciliano se refere à Estação de Cinco Pontas como sendo um quartel.
O Forte de São Tiago das Cinco Pontas possui um pátio interno, várias celas com grades pesadas, feitas em ferro, e um túnel oculto, planejado para os holandeses fugirem, caso sofressem uma invasão. As muralhas da construção, por outro lado, se apresentam recortadas nos pontos em que aparecem os antigos canhões de bronze. Pode-se apreciar um belo portão na entrada da fortaleza, todo feito em madeira de lei. As demais portas e janelas do forte foram confeccionadas com material idêntico.
Ao lado da fortaleza há um histórico paredão onde, no dia 13 de janeiro de 1825, foi morto o frade carmelita Joaquim do Amor Divino Caneca – o conhecido Frei Caneca. Tal paredão ficava junto à forca, onde deveria morrer o célebre mártir pernambucano.
No início do século XX, o Instituto Arqueológico e Geográfico de Pernambuco mandou colocar uma lápide em mármore, na parede onde Frei Caneca foi morto, contendo os seguintes dizeres:
ESTE LARGO FOI ESPINGARDEADO
JUNTO À FORCA, A 13 DE JANEIRO DE 1825
POR NÃO HAVER RÉO QUE SE PRESTASSE
A GARROTEÁ-LO O PATRIOTA
Homenagem do Instituto
Archeologico e Geogrraphico
2-7-1917 Pernambuco
FONTE: FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO
Recife: 475 de História – Permita-me Apresentar Minha Cidade.
Permita-me apresentar a minha cidade, Recife. Cidade que vive o presente, mas permanece com os pés no passado. Andar em suas ruas é contemplar o ar provinciano do final do século XIX e início do XX. Nesta cidade, onde o pioneirismo faz parte da cultura popular e do sangue nordestino que corre na veia dos bravos recifenses. Somos a cidade das revoluções, somos berço dos revoltosos de 1817, somos herdeiros do sangue derramado da República de 1824 e de todas as revoltas e revoluções do século passado. Somos bravos e guerreiros, que com olhos orgulhosos, lembram monumentos que permearam a paisagem de nossa cidade e que já não existem mais, a Igreja do Corpo Santo, Portal de Santo Antônio e tantos outros, derrubados por filhos ingratos que não entenderam que a beleza de nossa cidade é a preservação de sua história.
Assim como participamos com grandes efetivos reunidos na atual Praça do Arsenal, na década de 70 do século XIX, para lutamos bravamente na Guerra do Paraguai, também exercermos um papel importante durante a Segunda Guerra, pois éramos o centro das operações do Atlântico Norte. Aqui chegavam os náufragos dos afundamentos dos navios atacados pelos submarinos nazistas. Provemos quebra-quebra, indignados com os teutônicos e italianos, abrigamos aliados e eles construíram Hospitais, Centro de Comunicações, Aeroportos e influenciaram a nossa cultura profundamente. Como não poderia deixar de ser, mais uma vez, seus filhos não fugiram à luta. Fizemos parte da Força Expedicionária que lutou nos campos da Itália e choramos por 12 bravos pernambucanos que perderam sua vida no conflito.
Hoje Recife completa 475 anos e ainda somos referência em muitos aspectos, mesmo com problemas crônicos, típico dos grandes centros urbanos, despontamos na área de Tecnologia, área Médica e de serviços. Continuamos fortes e determinados.
Vamos caminhar de forma lenta e organizada para o futuro, mas sem deixar de honrar e preservar nosso passado que é rico e construído com suor e sangue de um povo guerreiro.
* Fotos Gentilmente cedidas por email pelo Dr. Mário Messias.
- Galo da Madrugada na década de 70. Milhões de pessoas? Nem pensar.
- Idem
- Boa Viagem
- Um dos mais antigos prédios do Recife: Acaiaca
- Foto Rara! A Ponte da Boa Vista em Construção.
- Estação Central do Recife.
- Casa de Detenção do Recife. Atualmente é um centro cultural de mesmo nome.
- Derby. Atualmente o Quartel General da Polícia Militar do Estado de Pernambuco. Essa, hoje é a continuação da Av. Conde da Boa Vista, nesse período não havia essa ligação.
- Mercado Público de São José um dos mais antigos e importante centro de compra da cidade
- Teatro Santa Isabel. Com um trem se aproximando do lado direito
- Avenida Guararapes na Década de 40.
- Atualmente, Barão de Souza Leão com a final da Av.Conselheiro Aguiar.Do lado direito da foto onde caminham três pessoas, é a atual Pracinha de Boa Viagem. Foto tirada do antigo Hotel Boa viagem.
- Faculdade de Medicina do Recife na década de 30.Em 1925, ainda sob a gestão de José Octávio de Freitas, a Faculdade ganhou do Governo do Estado, ocupado por Sérgio Teixeira Lins de Barros Loreto, um terreno no bairro do Derby para a construção de sua sede própria.
- Notar Cais do Apolo, Ponte Duarte Coelho ainda não construída, ilhas junto aa Ponte do Limoeiro, Local do armazem 18 ainda nao aterrado (Ponte Giratoria), Av Mario Melo, ainda com o canal e o grande verde que ainda era a Boa Vista, Paissandu e Derby.
- Centro da Cidade com visão da Rua 01 de Março para a Praça do Diário e Av. Guararapes. Uma das visões mais clássicas e antigas de nossa cidade.
- Recem construído Geraldão na Década de 70
- Avenida Agamenon Magalhães ainda sem a favela do Coqui.
- Hospital da Restauração. Localizado na Avenida Agamenon Magalhães, uma das avenidas mais movimentadas do país.
- Antigo Hotel Boa Viagem, Obelisco da Praça, R. Barão de Souza Leão e Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem.
- Atual Conde da Boa Vista
- Local onde foi construída a atual Av. Dantas Barreto, ruas, casas e igreja foram destruídas
- Vista aérea do Recife
- Porto do Recife
Carro Movido a Gasogênio – Uma Saída para o racionamento da Guerra
No Rio, por conta do racionamento de gasolina, estimava-se, só naquele Estado, a paralização de cerca de 10.000 automóveis. E à meia-noite do dia 15 de julho de 1942 entrava em vigor, em todo o território nacional, uma importante portaria suspendendo drasticamente o tráfego de todos os carros particulares e da grande maioria da frota oficial do Recife. Um colunista famoso pedia que essa proibição fosse encarada esportivamente pela população, já que o importante era, custasse o que custasse, vencer o nazismo.
A Standard Oil divulgava uma série de conselhos sobre o que fazer com os carros parados na garagem, como o desligamento dos cabos da bateria, e retirada da água do radiador para evitar ferrugem etc, etc. Era solicitada, por alguns interessados, permissão para a circulação de cabriolés e nós já começávamos a vislumbrar a volta, à nossas ruas, dos cavalos e das românticas carruagens…Como grande atração, nossas ruas se enchiam de bicicletas, outras alternativas para a crise de combustível, e nos divertíamos vendo pessoas ilustres se dirigindo ao trabalho montadas em suas bicicletas…
Em São Paulo eram instalados várias usinas para construção de aparelhos de gasogênio que poderiam ser usados também em carros particulares. E, no Recife, motivo de grande curiosidade para todos nós, começavam a aparecer, numa fumaceira danada, os primeiros carros movidos a gasogênio, os de Ubaldo Gomes de Matos, Torquato de Castro, Ernesto Odenheimer, e outros poucos mais….
Eram, o racionamento da gasolina e a entrada em cena dos movidos a gasogênio, duas novas modificações importantes nos hábitos de vida do recifense, induzidas pelo conflito europeu…
Texto Extraído do Livro: Recife e Segunda Guerra Mundial – Rostand Paraíso, editora COMUNICARTE, 1995 – pg. 119
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Recife e a Segunda Guerra Mundial
Em 1939 Recife sediava o III Congresso Eucarístico Nacional, que seria inaugurado no local o Parque 13 de maio. Neste local foram levantadas apressadamente arquibancadas e todo local foi preparado para o evento. Peregrinos de todo o país e do mundo chegavam para um dos maiores eventos religiosos da Igreja Católica do mundo.
Os rumores de guerra já batiam às portas da cidade e isso ficou mais evidente quando a embarcação britânica Amanzora, que trouxe à cidade os participantes do congresso, foi chamada as pressas para retornar à Inglaterra. E de fato, durante a própria abertura do congresso os alto-falantes comunicavam aos pernambucanos e a todos os peregrinos, a invasão da Polônia pela Alemanha. Recife ainda não sabia, mas ela seria uma das cidades mais impactadas com o alvorecer dessa nova ordem mundial.
Ainda em 1941, os EUA iniciou a política de envio de observadores navais para vários portos brasileiros. O primeiro a chegar foi o capitão aposentado da USNavy WA Hodgman. Ele chegou ao Recife em 26 de fevereiro, sob as ordens do Escritório de Inteligência Naval. O observador foi instalado inicialmente em um escritório no consulado americano e posteriormente no terceiro andar do prédio do Banco de Londres, na Rua do Bom Jesus, próximo ao Porto do Recife, com isso ele poderia acompanhar as atividades portuárias.
Recife era a terceira cidade do Brasil, com uma população estimada à época de 400 mil pessoas. O porto, apesar do quebra-mar, era pequeno e estreito e necessitava de atracadores e rebocadores para atracar e desatracar. Armazéns estavam disponíveis com todo o tipo de loja. Instalações de abastecimento eram excelentes.
Com a declaração de guerra contra as potências do Eixo, e a cessão de bases no litoral brasileiro combinada com as operações de defesa do atlântico sul, Recife passa a ser uma cidade estratégica para as pretensões americanas, e com o apoio do então interventor do Estado Agamenon Magalhães, Recife terá a Sede da Quarta Frota Naval e será a base das operações marítimas com raio de atuação do Canal do Panamá até o extremo sul das Américas, além de um campo de pouso construído pelos americanos e chamado de Ibura Field, que atualmente é o Aeroporto Internacional dos Guararapes. O governo do Estado fez enormes esforços para disponibilizar toda a infraestrutura para a acomodação da Quarta Frota. Foi disponibilizado um prédio inteiro para o Quartel-General além de outros prédios auxiliares no centro do Recife e alguns quilômetros de distância do Porto. Além disso, em conjunto com os Estado Unidos, foram construídos Hospitais de Campanha para serem utilizados como apoio de feridos no front africano, centros de treinamento de tropas, estruturação de defesas antiaéreas em toda a costa, alocação de unidades militares para atender a possível defesa em caso de invasão, também foi criado um centro de comunicação Aliada que tinha como principal objetivo estabelecer uma comunicação direta com a África, chamada Rádio Pina, que foi mantida em atividade pela Marinha Brasileira até 1992.
Contudo as mudanças não foram meramente militares, houve um impacto profundo na sociedade pernambucana e, em especial em Recife. Primeiramente o impacto foi econômico, já que no auge de suas atividades a Quarta Frota mantinha cerca de 4000 homens no Estado, todos recebendo integralmente seus soldos e gastando, principalmente com os atrativos da vida nos trópicos. Passou a circular no mercado local dólares americanos, e isso impulsionou consideravelmente a comércio local e as atividades de apoio.
Outros aspectos interferiram na vida do recifense, que teve que passar por um racionamento de combustível e apresentou inflação de bens e serviços locais.
Segue abaixo alguns exemplos:
- Atualmente o edifício que serviu de base para a Quarta Frota ainda está em funcionamento e é utilizado por alguns órgãos do governo do Estado, mas observa-se até os dias de hoje um grupo organizado de engraxates nas calçadas da av. Guararapes, e a origem do ofício nesse local remota na implantação do Quartel General da Quarta Frota, já que havia uma concentração de militares transitando nessa região com seus sapatos e coturnos, ou seja, uma demanda em potencial. Vários engraxates tinham ali sua fonte de renda. Passados décadas o local ainda é o melhor lugar da cidade para se lustrar os sapatos.
- O Restaurante Leite é considerado o mais antigo do Recife e um dos mais requintados também. Já na década de 40 recebeu vários marinheiros e militares que, com seu soldo faziam a alegria dos garçons, já que as gorjetas eram em dólares.
- O governo de Agamenon Magalhães cedeu outro edifício para a implantação do Grêmio Recreativo, onde aconteciam bailes dançantes, contudo esses bailes eram privados para os americanos e mulheres pernambucanas tinha acesso livre. Como não poderia, isso causava revolta entre os homens pernambucanos. Não foram os poucos os casos de brigas entre militares e os naturais da cidade.
- Durante a guerra, o Porto do Recife foi um dos mais movimentados do país, e não por acaso, o bairro do Recife (uma ilha portuária), tinha uma vida noturna agitada, oferecendo aos marinheiros todos os atrativos festivos das mulheres da noite. Com o fim da guerra a região entrou em declínio e passou por um período de abandono, sendo considerado por muitas décadas o baixo meretrício, o local era evitado pela maioria das pessoas. Há alguns anos, houve um esforço para recuperação do bairro do Recife e, atualmente, o bairro abriga um polo tecnológico e é uma das principais atrações turísticas do Estado.
- Com o receio de bombardeios a cidade, foi instituída pelo governo um apagão em toda a região metropolitana do Recife; viaturas do exército realizavam rondas noturnas pela cidade para identificar moradores que desrespeitavam o apagão. Várias baterias antiaéreas foram estrategicamente posicionadas por toda a cidade na eminência de um ataque aéreo.
- Helena Roosevelt, no período em que o presidente americano visitou Natal, participou em Recife da inauguração do Cassino Americano que permaneceu em funcionamento até a década de 90 do século passado.
- O Encouraçado São Paulo ficou permanentemente estacionado no litoral pernambucano a fim de realizar a proteção marítima do Estado.
- O 200º Hospital Estação foi construído e depois transformado no Hospital da Aeronáutica
- O Ibura Field recebeu vários bombardeios B-52, B-29 e outras aeronaves de passagem para a Europa e a Itália, suas pistas ocupavam uma área maior do que atualmente ocupa o Aeroporto Internacional dos Guararapes, uma dessas pistas é atualmente a Rua Barão de Souza Leão, uma das principais vias de acesso entre Boa Viagem e o atual aeroporto.
O estilo de vida americano foi se enraizando na vida do povo do Recife, que passou a adotar o “OK” e a usar camisetas de manga curta no lugar dos ternos que eram tão tradicionais até os anos 30.
Observando tudo isso, o que mais impressiona é que apesar das evidências o povo de Pernambuco sabe muito pouco sobre esse choque de cultura causado por uma guerra que, aparentemente, parecia tão distante, e que proporcionou um intercâmbio que deixou marcas visíveis até hoje.
Algumas informações retiradas do Site: http://sixtant.net
Recife – Sua História Contada em Fotos
No local onde o Recife nasceu, justamente na cabeceira da Ponte construída pelo conde flamengo, e que recebera seu nome, Ponte Maurício de Nassau, existia o Arco da Conceição que era o Portão de Entrada da cidade, foi demolida 1913, por exigências do trânsito
O Arco da Conceição foi considerada por muitos anos o Portão de Entrada da cidade, já que ficava na Ilha do Recife e o acesso ao continente se daria pela Ponte Maurício de Nassau, uma outra alternativa até o final do século XIX de chegar, por exemplo, a Olinda era pegar um pequeno barco que transportava as pessoas da pequena faixa de terra que ligava a praia próxima ao Forte Brum com a vilarejo chamado de Santo Amaro das Salinas, atualmente essa região está os depósitos do Porto do Recife.
Na cabeceira da ponte encontramos o seguinte texto: Na entrada desta ponte, a primeira feita no Brasil e levantada neste local por Maurício de Nassau, o fundador da cidade, existiu o arco da Conceição, com uma das portas que se fechava, edificada em 1645 e demolida em 1913, por exigência do trânsito.
Leia novamente: “Exigência do Trânsito em 1913“, que coisa…
Arco de Santo Antônio ficava na cabeceira oposta da Ponte Maurício de Nassau, ou seja, o viajante que chegasse ao Porto do Recife, passava primeiramente pelo Arco da Conceição e, do outro lado, pelo Arco de Santo Antônio, que diga-se de passagem, deu nome ao bairro de Santo Antônio, que também é uma ilha.
A foto data de 1875 e é uma das primeiras fotografias do Recife. O porto do recife era onde a saúde econômica da província se sustentava, e muitas das revoltas e guerras iniciaram e terminaram aqui. Contudo onde a localização do porto como é conhecida hoje não é total, o porto se estendia até a margem oposta do Capibaribe, onde foi edificada no início do século XX uma ponte giratória, e os navios veleiros e embarcações à vela entravam até a embocadura do Rio Capibaribe, até e lá desembarcavam passageiros e cargas, onde hoje é as proximidades do Grande Hotel, atual Fórum Judiciário.
Nessa foto é possível ver ao fundo o Grande Hotel, foi considerado no início do século o mais luxuoso hotel da cidade, o mesmo dispunha de cassinos e jogatinas, e era frenquentado pela Elite pernambucana. Entre as personalidades se hospedou está o então presidente francês Charlles De Gaulle, o presidente americano Eisenhower.
Vista do Porto no Rio Capibaribe
A Torre de Malakoff foi batizada com o nome de uma das torres da fortaleza de Sebastopol, durante a guerra da Criméia (1853-1855), a torre construída pela província de Pernambuco para ser observatório astronômico, e assim foi inaugurado o primeiro da América latina. Observa-se nesse foto ao fundo os Arcos da Ponte Maurício de Nassau (Conceição e Santo Antônio).
Vista Aérea da Ilha do Recife (Recife Antigo), e ao lado a Ilha de Santo Antônio.
A ponte Giratória foi construída como parte de um plano de modernização da Ilha do Recife para se transformar em um polo de desenvolvimento regional. O projeto iniciou em 1918, e chegou a demolir 65% das construções do bairro sob o governo de Dantas Barreto. A ponte foi inaugurada em 1922 e atualmente só há os pilares originais e serve de sustentação para a atual passagem.
O Shopping Paço da Alfândega não era um shopping nem mesmo uma alfandêga quando foi construído, ele foi inaugurado em 1732 como um Convento Camerlita e no século XIX passou a ser alfândega.
A ponte Maxambomba era uma ponte ferroviária que era usado por três de transporte de passageiros, esses passageiros pegavam o trem (chamada de Maxambomba), na rua do Sol, em frente ao atual prédio do MPPE com destino para a várzea. A ponte deu lugar a Ponte Duarte Coelho, do lado esquerdo da foto observa-se a igrejinha dos ingleses, onde atualmente encontra-se o cinema São Luiz, nessa época (início do século XX), ainda não existia a Av. Conde da Boa Vista, que era apenas a rua Conde da Boa Vista e sua extensão só chegava até onde atualmente é a faculdade Fafire.
Vamos postar outras história…
Os Ingles em Recife – Na Segunda Guerra Mundial
Em setembro de 1939, o Recife se engalanava todo para sediar o III Congresso Eucarístico Nacional, que seria realizado no ainda não inaugurado Parque 13 de Maio. Naquele local, levantavam-se, apressadamente, amplas arquibancadas e todo um extenso edifício, especialmente destinados aos atos do Congresso, e que seriam, ao seu término, demolidos, ficando o Parque com sua finalidade específica, que era a de uma área de lazer para o povo.
Aqui chegavam peregrinos de todo o mundo. O Almanzora, um dos navios da Mala Real Inglesa, e o Neptunia, de bandeira italiana, entre muitos outros navios, chegavam cheios de brasileiros de todos os rincões, que à falta de hotéis em número suficiente para recebê-los, eram hospedados em casas de famílias ou em instituições religiosas.
A guerra estava à porta, e, de fato, foi durante a própria abertura do Congresso Eucarístico, no Parque Treze de Maio, que a notícia da invasão da Polônia foi, pelos alto-falantes ali colocados, comunicada aos pernambucanos. Os ingleses residentes em Recife, mais do que os brasileiros, se preocupavam com o conflito iniciado na Europa. Muitos deles, espontaneamente, se apresentavam como voluntários e partiam para sua terra natal, de modo que, aos poucos, a colônia inglesa em Recife, e no Brasil em geral, foi se reduzindo.
O Diário de Pernambuco de 22 de dezembro de 1940 informava que, no Rio de Janeiro, havia sido muito movimentada a partida do Oriunssen, levando 50 voluntários ingleses que, de uma maneira pitoresca, embarcaram cantando a conhecida marchinha Mamãe eu quero, com uma grande quantidade de curiosos assistindo à partida do navio.
Os ingleses estabelecidos em Recife e já sem idade para prestar o serviço militar, se movimentaram para, de alguma forma, colaborar no esforço de guerra, angariando fundos a serem enviados para a Inglaterra, principalmente a Cruz Vermelha Britânica. No mês de dezembro de 1940, por exemplo, teve lugar, no Country Club do Recife, um leilão de prendas e venda de objetos, o presidente do Clube, o Sr. L. M. Hallet, agradecia as palavras pronunciadas pelo Sr. Anibal Fernandes, diretor do Diário de Pernambuco, e que tinha, ele mesmo, a convite da Cruz Vermelha, aberto o leilão.
A Campanha do Fole, foi o esforço dos ingleses em manter aceso, com o fole, o fogo do patriotismo e, assim, poder coletar recursos para o reaparelhamento da sua Real Força Aérea, a RAF. As pessoas que aderiam àquela campanha contribuíam com uma determinada quantia por cada avião alemão derrubado e recebiam em troca, uma fitinha (de cores diferentes de acordo com a quantia doada), afixada com muito orgulho, à lapela.
Havia, no consulado britânico no Recife, durante os anos da guerra, uma lista negra das pessoas físicas e jurídicas, brasileiras ou de outras nacionalidades, que eram simpáticas aos alemães e com as quais os ingleses nada queriam. A esse respeito conta-se uma interessante história, acontecida aqui no Recife. Um conhecido industrial, dono de uma grande laminação, era ardoroso germanófilo, enaltecendo, em toda parte, abertamente, o regime nazista. Certa vez, um modesto empresário, que desejava alguns favores seus, fora procurá-lo, não tendo, oportunidade de expor suas pretensões uma vez que o industrial, talvez para não atendê-lo, passara o tempo todo a fala sobre a guerra, os rumos que iam se tornando favoráveis à Alemanha, as vitórias de Hitler, etc. O empresário saíra como entrara, de mãos abanando, e, também, convicto de que, para conseguir alguma coisa, teria que ler bastante sobre a guerra, e principalmente deveria se mostrar simpático aos alemães. Nesse sentido, passou a manusear jornais, livros e mapas, e, uma semana depois, voltou para conversar com o industrial, certo de que, agora, o diálogo seria frutífero. Acontece que nesse meio tempo o industrial havia sofrido uma forte pressão do Consulado Britânico, que o ameaçaram, taxativamente, de excluí-lo das transações comerciais com o mundo inglês. E, quando o nosso empresário iniciou sua conversa, conduzindo o assunto para a Guerra e procurando deixar bem clara a sua incipiente e crescente simpatia pelo nazismo, foi desarmado pelo laminador industrial, que o interrompeu de pronto e lhe disse , alto, bem alto, para que todos ouvissem: – Meu amigo, aqui é lugar de trabalho e nesta casa não se fala em Guerra
Fonte: Esses Ingleses… (Rostand Paraíso) Edições Bargaço
Recife e suas Mutilações
A nós pernambucanos, nascidos na segunda metade do século XX, nos foi dado o direito de descobrir as sutilezas resplandecentes do mundo moderno, homens e mulheres forjados pelas tecnologias que nos fez respirar uma realidade inimaginável pelos nossos antepassados, fazendo vislumbrar sempre o futuro. Somos integrantes de um mundo globalizado, ansiosos por suas transformações e sua trilha para o futuro. Mas a conscientização na preservação do nosso passado é algo distante no mundo contemporâneo em especial no Brasil. Infelizmente, não temos a consciência da preservação da nossa identidade histórica para as gerações futuras, preferimos desfrutar da expectativa do futuro a preservar nossa história. Nossas crianças manipulam as redes sociais com a facilidade e a trivialidade do cotidiano, mas não sabem onde está localizado o Teatro Santa Isabel, por exemplo.
O povo pernambucano é um bravo por natureza. Nossa formação nos últimos 500 anos é marcada por pioneirismos, suor e sangue, basta observar a lista dos mártires pernambucanos que compõe o quadro de heróis da pátria. Mas a preservação histórico dessa passado heroico é mutas vezes relegada ao esquecimento, já que, infelizmente, nós pernambucanos, temos pouca vocação para valorizar, contemplar, aprender e preservar a nossa própria história, e isso não é privilégio apenas de nossa geração. A incoerência e os desmandos dos homens que deveriam, em tese, proteger nosso patrimônio histórico, não o fizeram muitas vezes por interesse político ou por motivos torpes, uma destruição metódica do nossa passo, sem qualquer justificativa. Vamos a alguns exemplos.
A ponte mais antiga das Américas foi inaugurada em 28 de fevereiro de 1643, pelo Conde Maurício de Nassau, e ligava o povoado da ilha dos arrecifes ao continente; o bairro do Recife, mais conhecido como Recife Velho, é uma ilha. Moradores da cidade não sabem, não conhecem a geografia da sua cidade. No local onde o Recife nasceu, justamente na cabeceira da Ponte construída pelo Conde Flamengo, e que recebera seu nome, existia o Arco da Conceição, o Portão de Entrada da cidade. Essa maravilhosa obra, testemunha do passado, foi demolida 1913, por exigências do trânsito. Isso mesmo. Em 1913, o trânsito em Recife já era terrível (felizmente, os franceses não acharam isso no Arco do Triunfo em Paris).
As pessoas que deveriam cuidar do patrimônio público demoliram, também por exigências do trânsito o Arco de Santo Antônio (1917), e por motivos não declarados, o Arco do Bom Jesus(1850), o maior de todos, privando as gerações futuras de contemplar tais construções, os (in)responsáveis à época da demolição, não pensaram que um dia as futuras gerações pernambucanas mereceriam contemplar tais obras.
Um outro caso notório: em 1971 o então, Excelentíssimo Senhor Prefeito do Recife Augusto Lucena, após embates com intelectuais e especialistas da época, destruiu completamente nada mais do que 400 casas, 11 ruas (Rua Augusta, Rua Santa Teresa, Rua do Alecrim, Rua de Hortas, Rua Dias Cardoso, entre outras), o Pátio do Carmo e a Igreja do Senhor Bom Jesus dos Martírios, para a construção da Avenida Dantas Barreto, um corredor viário inútil que logo foi apropriado pelo comércio ambulante, pelos terminais de ônibus e estacionamentos. Só por curiosidade, a igreja do Senhor Bom Jesus dos Martírios, tem sua construção datada entre 1791 a 1796, com uma fachada em estilo rococó, pela Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Martírios (a Irmandade dos Homens Pardos), em terreno doado pelo Sargento-Mor José Marques do Vale e sua esposa, a Sra. Ana Ferreira, era a única do Brasil totalmente edificada por negros escravos. Um outro Detalhe, o Prefeito recebeu o apoio da Arquidiocese de Olinda e Recife, sob denúncias de suborno, pressão política e sabe lá Deus mais o que.
No final das contas, Recife jaz na mutilação incessante que a cada século administradores teimam em continuar a privar as novas gerações de contemplar nossa própria história. Por fim, fico encerro com as palavras do Professor Luís Manuel Domingues do Nascimento, professor de História da Universidade Católica de Pernambuco quando se refere ao assunto: “Quase sempre tudo foi operado em nome do futuro, uma entidade inflexível e onipotente que outorgava um projeto de um mundo novo que se constitui no presente e se instala no futuro, mas em momento algum se situa ou se reporta ao passado e à tradição”.
- Arco de Santo Antônio
- Arco da Conceição