Cabo Honório: A Morte de um Bravo Pernambucano
Segue abaixo texto de uma publicação muito interessante: As Fornalhas de Março – História das Eleições do Recife – Volume 1 – Ronildo Maia Leite. Ed. Bagaço.
Fazendo referência a um pernambucano morto na Itália, durante operações da Força Expedicionária Brasileira. O artigo é bem interessante, e permite fazer a analise de como as famílias pernambucanas estavam sob a pressão da guerra que lançava seus filhos nas batalhas da Itália.
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No dia em que a Folha é obrigada a anunciar o manifesto do lançamento da candidatura do brigadeiro Eduardo Gomes, ela própria excita o patriotismo do recifense, informando que, entre 15 mil, 404 morreram e 96 estavam desaparecidos.
Tomba como um herói Itália, quando procurava defender a vida dos companheiros, um pernambucano. Essa notícia ocupa todo o alto da quarta página do Jornal do Commercio e novamente levou o povo às ruas. O cabo Honório é do Pelotão de Minas e, naquela tarde, 5 de janeiro, saíra em missão de reconhecimento da área. Pressente o perigo e avança sozinho. O petardo explode sob seus pés, estraçalhando-lhe as carnes.
Proprietário de uma fábrica de calçados e cordões, Honorário Correia de Oliveira é uma homem baixo e corpulento, ombros largos e rijos. Engole em seco e enxuga as lágrimas na ponta da camisa quando recebe a carta do padre Urbano Rach. Dizia:
“Cheguei a tempo de lhe ministrar a absolvição, os santos óleos e a indulgência plenária. O nosso bravo cabo Honório descansa em paz e o Nosso Senhor lhe dê a Glória Eterna”
A notícia do Jornal do Commercio, sacode a cidade. Dezenas de pessoas organizam-se em passeata à casa 1578 da Avenida Caxangá para, mais uma vez, inteirar-se do ocorrido. Em novembro, uma semana depois do Cabo Honório ter chegado à Itália, correu o boato de sua morte. Na segunda-feira, estudantes do Colégio Americano Batista dirigiram-se à casa do comerciante. São os colegas de Honório, punhos cerrados marchando na avenida.
O barulho dos sapatos no calçamento da avenida parece com os das botas nas paradas militares: a guerra de lá, a guerra de cá, a guerra de lá, a guerra de cá…Honório (pai) recebe o repórter do Jornal do Commercio e exibe o amargo triunfo nos olhos úmidos, a última carta do filho morto. Dizia: Meu querido velhinho: em breve, a paz será restabelecida na terra e poderemos voltar ao seio das nossas famílias, portadores da vitória e da liberdade…
Naquele dia, caravanas populares caminham em direção à casa do sapateiro Honório Correia de Oliveira, pai do cabo Honório.
LEITE, Ronildo Maia. AS FORNALHAS DE MARÇO, Edições Bagaço, Recife, 2002, p. 169-170)
PS. Indicação do Sr. Francisco Bonato Pereira
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Histórico do Cabo Honorário
Id. 1G – 298025 – Classe 1923 – 11º Regimento de Infantaria.
Embarcou para a Itália em 20 de Setembro de 1944, era natural da cidade do Cabo de Santo Agostinho. Filho de Honório Corrêa de Oliveira e Antônia Aguiar de Oliveira, tendo como pessoa responsável o seu pai, residente à Avenida Caxangá nº 1578 – Recife. Faleceu em ação no dia 5 de Janeiro de 1945, em Bombiana – Itália, e foi sepultado no Cemitério Militar Brasileiro de Pistóia, na quadra A, fileira nº 8, sepultura nº 86. Foi agraciado com as Medalhas de Campanha e Cruz de Combate de 2ª Classe. No decreto que lhe concedeu esta última condecoração lê-se: “Por uma ação de feito excepcional na Campanha da Itália”.
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Infelizmente há apenas um monumento em Pernambuco que lembra os patrícios caídos em combate na Itália. Encontra-se no Parque 13 de Maio e está em total abandono. Não há qualquer referência do que se trata e seu significado, ou seja, não informa a essa geração, ou as futuras, que jovens pernambucanos morreram defendendo seu país, ou pelos menos, os interesses dele.
- Festa na Inauguração do Momumento que Homenageava os Mortos Pernambucanos na Segunda Guerra
- O Monumento hoje se encontra abandonado, sem qualquer identificação que lembre seu propósito
Prezado Francisco,
Boa noite.
Os soldados brasileiros que atuaram na Itália durante a Segunda Guerra Mundial, inusitadamente, são mais conhecidos lá do que aqui. Infelizmente, essas pessoas que tombaram em combate não estão nos livros de História dos ensinos fundamental e médio.
Atenciosamente,
Vinícius Muline
Grande amigo Francisco! A manhã desse domingo foi incrível!!! Acordei e sem pretensão alguma comecei a procurar sobre medalhas da FEB na internet e acabei chegando ao seu site. Meu avô Cb Geraldo Alves serviu na guerra, e faleceu quando eu tinha 15 anos em 1997.
Na juventude ele morava no Cordeiro, próximo a “Rua da Lama” e do Hosp. Getúlio Vargas. Dentre as histórias que conversamos sobre a guerra ele me dizia que ele e mais 2 amigos do bairro se alistaram e foram à Itália como praças. Sendo que 1 desses amigos não voltou, e ele sempre falava e se emocionava ao lembrar do seu amigo Cabo Honório que morreu na guerra. Meu avô foi para o 14º Bat. Cavalaria Motorizada( ele chamava de batalhão de carro de combate) dirigir tanques (provavelmente o M8), se não me engano ele foi pra Montese inclusive. E o que meu avô falava era que o Honório fazia parte do Reconhecimento de minas terrestres e que faleceu num desses reconhecimentos. Nunca imaginei que fosse encontrar algo sobre ele.
Até hoje… pois achei no seu site uma referência a esse HERÓI. Devido a ser um nome incomum acabei decorando e na verdade, sempre achei que isso fosse história de guerra do meu avô, mas quando vi que havia um Cb Honório Recifense e que morava na Caxangá justamente bem próximo a rua que meu avô morou, me emocionei. Depois de anos achei algo que falasse do Cb Honório e que confirmasse os relatos do meu avô.
Fico por aqui dando meus PARABÉNS pelo seu site e sua pesquisa. Meu email é filipehc@yahoo.com.br.