A Alemanha e a Invasão da União Soviética – Entendimento
O processo de invasão da União Soviética estava na mente de Hitler desde a sua formação ideológica total. Era um projeto de poder. E todos sabiam do antagonismo dos regimes alemães e soviéticos. Por isso o pacto de não agressão Molotov-Ribbentrop, assinado à surdina de 23 de agosto de 1939, causou tanta estranheza as nações ocidentais. Todos foram pegos de surpresa com a declaração da assinatura do pacto. O resultado imediato permitiu uma invasão à Polônia coordenada com as forças soviéticas, ao ponto de terem estabelecidos todas as áreas de influências antes mesmo que qualquer tiro fosse disparado. Até hoje os defensores do regime comunista não acreditam que a figura de Stálin se alinhou com Hitler e caminharam juntos com os mesmos objetivos de 1939 a 1949. Argumentam que é uma mentira reconhecida dos capitalistas para denigrir a imagem de Joseph Stálin ou uma maravilhosa estratégia do líder soviético para ganhar tempo e se preparar para uma guerra inevitável. Duas argumentações, diga-se de passagem, falhas e sem cabimento. Primeiro é necessário entender que não há qualquer dúvida que o Pacto delimitava as condições de avanço alemão e previa as condições depois da capitulação polaca. Não há qualquer argumentação histórica séria que vá de encontro às condições a este cenário. Com relação à visão de que Stálin se preparava para uma guerra com a Alemanha, isso é uma argumentação extremamente difícil de ser defendida. A invasão da União Soviética ocorreu com um avanço territorial significativo durante as primeiras semanas de campanha, com pouca ou nenhuma resistência. O próprio Stálin já esperava uma invasão a Rússia, inclusive com um plano de abandonar a capital russa e realizar a transferência das fábricas bélicas para os Montes Urais. Hitler opta por avançar em direção ao Cáucaso, a revelia do pensamento de militares expoentes como Guderian e von Rundstedt que acreditavam na conquista da capital. No sentido geral, não argumentosque possam embasar que se tratava de uma estratégica stalinista, estava mais para uma guerra desesperada pela sobrevivência. E a guerra não foi ganha pelas estratégias russa, quando estavam defendendo seu território, mas pela tenacidade de seus jovens soldados.
Segue galeria da invasão alemã a território russo.
Operação “Barbarossa”, a Alemanha nazista invadiu a União Soviética em 22 de junho de 1941, naquela que foi considerada a maior operação militar germânica da Segunda Guerra Mundial.
A invasão da URSS (Operação Barbarossa) não se tratou apenas de uma iniciativa megalomaníaca como muitos erroneamente ainda pensam, foi um gesto cuidadosamente estudado por parte do Estado Maior Alemão por ordem de Hitler desde a queda da França, mas somente com o Fracasso da Batalha da Inglaterra ele assumiu a ideia de um projeto alternativo e definitivo na mente do Ditador Alemão, mas embora as pessoas que participam conosco deste Blog sejam mais ou menos versados sobre os assuntos da segunda guerra mundial é preciso que se diga que tudo relacionado ao assunto é incerto, tentamos todos em ultima instancia presumir as intenções por parte dos contendores, exercício dos mais difíceis de realizar com precisão, mas que em nada impede as opiniões individuais.
Agora vejamos concordo com a afirmação inicial do artigo que fala do antagonismo de longa data de Hitler ao comunismo, podemos compreender isto através dos acontecimentos pós I Guerra Mundial aonde Moscou tentou através de agitações e subversões trazer uma Alemanha derrotada para o regime comunista, os partidos comunistas Alemães eram influentes nessa época e fizeram todo o tipo de oposição a Republica de Weimar, uma das principais razões de seu fracasso, os comunistas buscavam conquistar o poder tentado mostrar ser a única alternativa de ordem Política, Econômica e Social que poderia controlar o caos que eles mesmos ajudavam a provocar, e é claro isso provocou o ressentimento de Hitler, no futuro já no poder buscaria vingar-se.
Quanto à afirmação “Projeto de poder” Eu prefiro ficar com Projeto econômico, embora houvesse um lado irracional no ódio do Ditador Alemão ele desenvolveu também um projeto para suprir as necessidades de recursos naturais que faltavam na Alemanha através de uma futura ocupação militar da URSS, preconizando que para isso só precisaria de trabalho político até que a ideia se torna-se possível do ponto de vista militar.
Penso que por todos os sintomas das opiniões expressas, assim como de seu comportamento, demonstram que Hitler sofria de um pensamento Colonial Fundamentalista, o mundo mudara muito após a Primeira Guerra Mundial, dando inicio a um moderno capitalismo que apelava para a tecnologia e a ênfase na produção em massa de produtos manufaturados, como verdadeira medida de riqueza nacional. Essa sua visão obsoleta esta vinculada ao que seria para ele a razão do sucesso do Império Britânico que ele tanto admirava e invejava como modelo para a Alemanha, através do exercício de uma Política Imperialista inescrupulosa, a mesma praticada pela Inglaterra durante o Século anterior, mas ele não foi capaz de perceber que a Inglaterra já estava num processo de decadência, a sua insistência na política Colonialista estava lhe trazendo mais prejuízos que dividendos e insatisfação dos colonizados que explodiam em insurreições sangrentas com abalo cada vez maior no prestigio Inglês como guia do mundo civilizado.
A única questão que se fazia presente para ele é aonde encontrar seu império colonial e a justificativa moral que daria para conquista-lo com a legitimidade que o tornaria legal e permanente. Sua decisão foi tomada com base não em escolhas, mas nas suas limitações, ele não tinha uma frota naval como a Britânica, portanto seu império teria que ser próximo, bem ao alcance de seu bem treinado exercito, após decidir o provável caminho ele decidiu a justificativa moral, o combate e a erradicação do comunismo no mundo, pronto estava tudo planejado, seu Império seriam os territórios do Leste Europeu invadidos sob pretexto de salvar alguns, e erradicar de outros a praga do Marxismo que ameaçava expandir-se mundialmente.
E no seu entender os países Democráticos e Capitalistas Ocidentais deveriam agradecer-lhe por poupa-los de lhes fazer o inevitável serviço sujo de uma confrontação armada, que se delineava cada vez mais inevitável para os países Capitalistas se esses quisessem ainda manter seu modo de vida intacto, ante as ameaças de infiltração comunista nos seus países.
O caminho que Hitler toma para realizar seus planos inicia-se de fato em 1939 com a invasão da Polônia, um passo que ele sabe ser decisivo e arriscado, mas que pode dar-se ao luxo de ser confiante, pela exemplar omissão dos Aliados em oferecer oposição a seus empreendimentos, ele tem diversas alternativas para esse inicio, por exemplo, tornar a URSS cúmplice de sua agressão e unir o destino dela ao Alemão numa possível reação Aliada que envolvesse uma possível declaração de guerra, pensava ele não ser possível declarar guerra a Alemanha sem pelo mesmo motivo declarar a URSS. Também criar uma fronteira em comum com a URSS que ao mesmo tempo em que a tornaria acessível a uma futura invasão Alemã, também asseguraria o fornecimento dos recursos Soviéticos a Indústria Alemã e a sua economia de guerra, tendo em vista o isolamento econômico que sofreria dos Aliados se estes declarassem guerra à Alemanha, por fim achava ser possível ganhar um pouco mais de tempo evitando uma guerra contra os Aliados, pelo menos até que esses percebessem que as conquistas Alemãs no Leste tornariam a Alemanha um colosso praticamente imbatível na Europa, talvez no mundo, e lançassem uma guerra preventiva com o interesse de evita-lo a qualquer preço.
Desses empreendimentos como sabemos dois falharam, os Aliados se apressaram a declarar guerra, e o fizeram unilateralmente contra a Alemanha poupando a Rússia, como penso, primeiro por receio dos exércitos combinados de Hitler e Stalin, e da esperança da possibilidade de futuro desentendimento entre Hitler e Stalin que liberariam o Ditador Soviético como um possível e poderoso aliado a sua causa.
Os Aliados Franceses e Ingleses acertaram em cheio nos seus respectivos cálculos primeiro foram esmagados com seus aliados por Hitler em 1940, sem nenhuma ajuda da URSS, provando-se fracos demais, em segundo lugar a falta de uma marinha competitiva frustra antecipadamente qualquer tentativa de invasão da Inglaterra, e sua renuncia as ofertas de paz, obriga Hitler a prosseguir no seu cronograma imperialista de conquista dos territórios a leste deixando o assunto Britânico inacabado, um erro fatal, segundo alguns, Hitler teria atacado para eliminar a esperança Inglesa nos Soviéticos, no meu entender uma desculpa inventada por Hitler para prosseguir no seu cronograma, ele já era pressionado pelos capitães de Indústria Alemães da escassez de matérias-primas para a economia de guerra Alemã e precisava resolver isso enquanto ainda possuía reservas para um grande ataque, todos sabiam incluindo Hitler que a Inglaterra não se inclinava para a URSS, mas sim para sua antiga colônia do norte, os EUA, mais capazes e predispostos a ajudar o esforço de guerra Inglês do que Stalin, que ao contrario precisava de ajuda e era mais um peso aos escassos recursos Ingleses que apoio, era normal que Hitler achasse que seria capaz de conquistar seu Império colonial ao leste antes que os EUA desenvolve-se plenamente sua economia de guerra e pudesse fortalecer a Inglaterra, nessa fase do conflito o único inimigo que temia era o tempo e sua escolha natural era a iniciativa no ataque, para conquista rápida de seus objetivos, e a ocasião perfeita segundo ele apareceu em 1941, quando o Japão atacou os EUA, e ele pensou que agora poderia resolver o problema da ajuda que os Americanos ofereciam aos Ingleses pelo Atlântico somente com a intervenção dos seus submarinos, como sabemos hoje um grave erro.
Agora quanto a polemica, se a URSS estava ou não preparada e se desejava ou não uma guerra, é no meu entender coisa de pessoas incapazes de tirarem exemplos do tempo e espaço dos acontecimentos da época, é claro que a URSS estava preparada para uma guerra ela vinha fazendo isso há décadas, era um país cercado de inimigos por todos os lados, tornou a ênfase na força de seu exercito vermelho a esperança maior de sobrevivência do Marxismo científico, implantado numa revolução sangrenta, repudiada e combatida política e militarmente pelo resto das nações capitalistas do mundo. A URSS estava tão preparada para uma guerra contra a Alemanha quanto Franceses e Britânicos julgavam-se estar, o que se deveria discutir era se estavam competentemente preparados face a organização, disciplina e superioridade técnica da maquina militar Alemã, não estavam e nem nunca estariam na minha opinião, a única maneira de deter o poder Alemão era construir Alianças cuja superioridade numérica e estratégica predispusesse a Alemanha numa posição duvidosa e a obrigasse a renunciar a qualquer ataque com grande risco próprio, todos os entendidos conhecem o pesadelo Alemão de enfrentar uma guerra de duas frentes, a ilusão que dessem aos Alemães de que poderiam evitar isso seria fatal em quaisquer circunstância, desejosos como estavam de restabelecer sua antiga posição dominante na Europa, negada segundo eles injustamente pelo Tratado injusto imposto pelos vencedores da I Guerra mundial (Tratado de Versalhes), era preciso estabelecer Alianças e zelar pela sua consistência sempre, afim de desestimular qualquer iniciativa Alemã e a única Aliança capaz de corresponder plenamente a esse ideal foi impossível desde o inicio, seria no oeste França e Inglaterra e no leste a URSS (Já que a política norte-americana renunciou qualquer intervenção nos problemas Europeus), qualquer coisa menos do que isso era pouco, a tentativa fracassou e a guerra mais cedo ou mais tarde tornou-se inevitável, para todos os envolvidos.
Interessante como os entendidos buscam os motivos da derrota Franco-Britânica na desmoralização e incompetência em entender a Blitzkrieg e na competência do exercito Alemão em combinar suas forças num ataque muito rápido que impedia o adversário de criar uma linha defensiva consistente em pouco tempo, face o ataque ligeiro dos blindados Alemães. E em contrapartida buscam explicar os desastres iniciais dos Russos na falta de tempo para completar seu preparo militar.
Em minha opinião um mito criado pelos Russos (Igual ao que eles criaram da morte de Hitler primeiro sonegando e depois deturpando a verdade para criar a confusão de um Hitler vivo e refugiado em alguma republica ocidental) e disseminados pelos simpatizantes do mundo todo para amenizar a incompetência em lidar com a situação que se apresentou em 22 de Julho de 1941. Stalin sempre se considerou o estadista mais esperto do mundo e achava poder enganar a qualquer outro quando lhe fosse conveniente, foi o que tentou fazer com Hitler e fracassou, Hitler entendeu que a política de Stalin baseava-se num falso apaziguamento e num oportunismo cínico de interesses, com vistas a se posicionar da melhor maneira possível diante de uma provável guerra Russo-Germânica. Ele já estava fazendo explicitamente quando atacou a Finlândia, ocupou as Republicas Bálticas, e ocupou território Romeno ameaçando o fornecimento de Petróleo desse país a Alemanha e concordando avidamente com um avanço e ocupação militar do território Polonês, Tudo isso era muito revelador das intenções Russas.
Além disso, Hitler ainda pensou em inverter a situação convidando os Russos a Berlim para negociarem uma cooperação mais ativa entre Alemanha e URSS na guerra contra os Aliados ocidentais, ele discutiu diversas alternativas, mas Molotov rechaçou a todas (A exemplo do que fez Franco), Isso foi o fim das esperanças e da paciência de Hitler, e a certeza de que os Russos só estavam aguardando o momento certo em que a Alemanha estivesse no limite de seus recursos e enfraquecida pela prolongada luta que não poderia vencer contra os Aliados, para atacar e realizar o seu objetivo de anexar toda a Europa Oriental, ao seu Império comunista.
Como negar isto? Se nos temos um exemplo histórico pela maneira pérfida como Stalin atacou os Japoneses traiçoeiramente, quando mantinha com eles um tratado semelhante ao que celebrou com a Alemanha, ele só esperou o enfraquecimento militar nipônico para repudiar esse tratado e adquirir conquistas militares nesse caso as ilhas Sacalinas, importantes para o Japão, Como considerar Hitler errado ao desfechar um ataque preventivo a URSS, ao meu ver única alternativa que lhe restava, se alguém que ver um erro grotesco de Hitler que se concentre na sua declaração de guerra aos EUA, isso sim um erro dos piores, se ele assim não tivesse feito a declaração, o esforço norte-americano ficaria restrito a ajuda Inglesa no Atlântico e na luta contra os Japoneses no Pacífico, por mais que Roosevelt pudesse entender da importância de se comprometer mais com a ajuda a Stalin a opinião publica norte-americana e o congresso jamais o teriam permitido ajudar significativamente uma nação comunista contra outra não comunista, seu erro também lhe custou um canal diplomático influente que poderia ajuda-lo a sair da II Guerra mundial quando esta se lhe tornou adversa.
Concordo plenamente com a ultima afirmação de que: E a guerra não foi ganha pelas estratégias russa, quando estavam defendendo seu território, mas pela tenacidade de seus jovens soldados. Stalin o Ditador aspirante a politico, nunca foi entendido militar, mas ao mesmo tempo mandava em tudo, pelas suas conversas com Zukov ele cometeria no inicio da guerra os mesmos erros que Hitler cometeria na fase intermediária e final, ou seja submeteria decisões que deveriam ser de caráter estritamente militar a interesses políticos, esse foi o erro a que o blog se referiu ao citar o avanço nazista no Cáucaso, Hitler estava se abstendo da necessidade estratégica de tomar Moscou em proveito da decisão econômica de apossar-se das matérias-primas do Cáucaso, a tomada de Moscou teria feito desabar qualquer tentativa de defender o Cáucaso, a renuncia a Moscou permitiu ao Estado-maior Russo Coordenar uma bem sucedida defesa em um contra-ataque bem sucedido em Stalingrado, que foi o inicio do fim para Hitler.
Mauro Moriarty.
Sempre é bom ler seus comentários Mauro.
Muito obrigado venerável Francisco!