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Archive for agosto \15\America/Recife 2010

Hitler era mesmo o vilão?

Quando falamos em maldade, quando desejamos personificar o que é vil, não há melhor imagem ou caricatura que represente o que existe de pior na humanidade como o rosto de Adolf Hitler. Ele, como não poderia deixar de ser, é a materialização de tudo que há de pior no homem. Claros motivos para isso não faltam. Mas a história como ciência, possui verdades ainda incompletas ou distorcidas, por isso, centralizar todas as atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra

Adolf Hitler

para uma única liderança, um único povo, um único regime é polarizar os crimes de todos os envolvidos. Exatamente isso, todos comentaram crimes de guerra. Sem pormenorizar o papel do regime Nacional Socialista alemão, e as realizações criminosas de Hitler, que não deixam margem para defesa, contudo suas atrocidades não foram, nem de longe, as únicas. Os crimes de guerra, as atrocidades praticadas contra civis são máculas não apenas do Eixo, eles apenas perderam a guerra, por isso receberam toda a culpa. Podemos citar entre as atrocidades cometidas pelas nações vencedoras do conflito, os bombardeios dos Aliados sobre a Alemanha, a destruição de Nagasaki e Hiroshima, A Invasão Soviética a Berlim e os estupros sistemáticos das mulheres alemãs pelo Exército Vermelho (chamado ironicamente de Exército do Povo), os campos de concentração nos países Aliados, entre eles EUA e Brasil, tudo isso devidamente minimizado no pós-conflito. Embora que, aparentemente, pareça apenas uma pequena parcela dos feitos em comparação aos nazistas, não podemos ignorar o fato de que, no esforço de guerra, mesmo as nações democráticas promoveram a perda desnecessária de vidas, ignoraram direitos básicos a homens e mulheres. Devemos entender profundamente como a humanidade, de uma forma geral, mergulhou no limite da autodestruição.

O princípio de tudo

Conferência em Teerã - 1943

O Pacto de Versalles foi assinado em 02 de novembro de 1918, o armistício concretizava oficialmente o fim do conflito, chamado de A Grande Guerra, que ceifou onze milhões de vidas. A Alemanha, a principal nação beligerante, se rendia a França, EUA e Inglaterra. Falando especificamente sobre a imposição das condições para a rendição germânica, o tratado assinado era uma declaração de culpa e imposição de condições meramente vingativas contra o povo alemão. Perdas de territórios e pesadas multas de guerra a serem pagas as nações vencedoras, a título de indenização e espólio de guerra, mergulhava a economia da Alemanha a uma recessão profunda.  No oeste foi criado a cidade livre de Dantzig, que teria um governo autônomo, essa cidade independente ficava no meio do chamado Corredor Polonês, que cortava o território da Alemanha, e tinha como objetivo oferecer uma saída marítima para o Estado polonês. No leste, na fronteira com a França e os Países Baixos, foi criada a zona desmilitarizada do Reno.

A Alemanha sufocada e arruinada, testemunhava seu povo passar a década de vinte sob as vistas dominadoras e revoltantes. Neste clima de revolta os discursos nacionalistas caem como música para os ouvidos de um povo oprimido, que enxerga em um eloqüente ex-combatente da Grande Guerra um messias, um salvador, e com o apoio de vários setores da sociedade, lança as bases para a criação de uma partido ultra-nacionalista; nasce o Partido Nazista. Sem hesitação, podemos afirmar que a constituição social, econômica e política da Alemanha pós-Primeira Guerra é produto direto do Tratado de Versalles.

Hitler tem concorrência a altura.

Nos demais países europeus a crise econômica desencadeada em 1929, chamada de Grande Depressão, eclodiu com a

Stálin

quebra da Bolsa de Valores de New York em 24 de outubro. No entanto, a União Soviética, que adotou o comunismo desde a Revolução Bolchevista, teve condições de manter um crescimento razoável, com uma política de estatização de gêneros básicos da produção russa.

As ações de Stálin no campo econômico, social e político, por sinal, eram de uma repressão digna do czarismo derrubado pela Revolução. Para consolidar-se no poder, o líder georgiano não media esforços para eliminar qualquer opositor do regime. Dentre as suas vitimas estão Trotsky, o sucessor direto de Lênin, teve que fugir para não ser executado na Rússia, infelizmente não era tão longe (?), e foi assassinado no México. Para se entender os feitos do senhor Stálin, podemos analisar os seguintes dados:

  1. O censo de 1937 revelou que a população havia caído em oito milhões de pessoas, por causa da coletivização forçada no campo da repressão política e das execuções;
  2. Entre 1937 e 1938, foram presos cerca de um milhão e meio de “inimigos do povo”. Oficialmente foram realizadas 681.692 execuções – uma média de quase mil por dia;
  3. Por ordem de Stálin foram executados três marechais, 14 comandantes-de-exército, 08 almirantes, 60 comandantes-de-corpos-de-exército, 136 comandantes-de-divisão, 221 comandantes-de-brigada, 11 vice-comissários de defesa, 75 membros do sovite militar e mais 528 outros altos oficiais e funcionários do setor militar. Andrei Nikolaevitch Tupolev, projetista do avião que leva seu nome e do primeiro túnel aerodinâmico russo, e Sergei Korolev, que em 1933 construiu o primeiro foguete experimental soviético movido a combustível líquido, foram presos e enviadas para a Sibéria. Também foram presos quase todos os astrônomos do Observatório de Pulkovo, os estatísticos que tabularam o recenseamento de 1937, centenas de linguistas e de biólogos, que refutaram a Linguística e a biologia “oficial”, e cerca de dois mil membros da União dos Escritores.

“Os crimes de Stalin foram denunciados por Nikita Khrutchev, durante o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, em 1953, quando Khrutchev assumiu o cargo de secretário-geral do partido. Tempos depois, já como primeiro-ministro do país, ao participar de uma conferência com membros do Partido Comunista, pediu que lhe fizessem as perguntas por escrito. Uma das indagações, feita por um dos integrantes da platéia, pedia que ele explicasse por que não denunciara o terror de Stálin, quando o ditador ainda estava vivo. Vermelho de raiva, o então chefe do governo soviético gritou: “Quem fez está pergunta?”. Ninguém respondeu. Já calmo, ele prossegue: “Pela mesma razão que você não se apresenta agora; simplesmente por medo!”. Calcula-se que, de 1917 a 1953, ano da morte de Stalin, os expurgos, a fome, as deportações em massa, o trabalho forçado no Gulag e os fuzilamentos mataram algo em torno de 20 milhões de pessoas na antiga URSS.” – Ipojuca Pontes

Levando em consideração que Stálin assinou um pacto de não-agressão com Hitler (“Pacto Molotov-Ribbentrop”, assinado no Kremlin em agosto de 1939) e dividiu o território da Polônia antes mesmo de qualquer declaração de guerra. Pura covardia! Por falar em covardia, um dos acontecimentos que mais chocam os historiadores é o Massacre de Katyn, na Polônia ocupada pelo Exército Vermelho e pelos Nazistas. Um dos episódios mais torpes da 2ª Guerra Mundial, que eliminou praticamente toda a elite militar polonesa, foi perpetrado pelos comunistas soviéticos a partir de ordens expressas do Kremlin e assinadas pelo próprio Stálin. Depois do massacre, num relatório destinado ao chefe da NKVD, o sanguinário Bloktin assinalou que, junto a dois outros asseclas, equipou uma cabana com paredes à prova de som, em

Massacre Katyn

Ostachkov, e estabeleceu a cota de 250 fuzilamentos por noite. Sobre o assassinato em massa, o agente relata: “Usei um avental de couro e gorro de açougueiro, matando, em 28 noites, 7 mil oficiais, portando uma pistola Walther alemã para evitar identificações futuras. Os corpos foram enterrados em vários lugares, mas 4500 do campo de Kozelsk foram sepultados na floresta de Katyn”.

Bem, finalmente poderia decorrer neste artigo um livro inteiro sobre as atividades genocidas do senhor Stálin, contudo já o fizeram (historiador Simon Montefiore, em “Stalin – a Corte do Czar Vermelho”). Os acontecimentos históricos arrematam-nos para uma reflexão sobre todos os criminosos de guerra de 1939 a 1945, não apenas os derrotados, mas também os vencedores, Os Aliados também deveriam figurar no banco de réus em Nuremberg.

Respondendo a pergunta do título: SIM, ele era, contudo não era o único.

Fotografia de Guerra –

A Segunda Guerra Mundial foi documentada sob todos os aspectos, e um desses acervos que mais nos aproxima do conflito, mesmo que separados por mais de 75 anos, são os registros fotográficos que foram produzidas durante as ações de ambas as partes. São registros fascinantes do duro cotidiano das batalhas,   e seus poucos intervalos. Esses profissionais produziram, muitas vezes sob fogo inimigo, uma visão tenebrosa da sobrivivência nos campos de batalha na Europa e na África. Segue abaixo fotos (muitas coloridas, coisa rara), alguns desses registros e uma breve analise sob o momento de cada fotografia.
Oficiais Nazistas

Oficiais Nazistas – Essa foto foi oferecida por um familiar de um dos oficiais. A fotografia foi tirada no início da Campanha Russa, onde os êxitos de Hitler ainda ecoavam como um sino na cúpula do Wermack. Não podemos deixar de notar a boa aparência e um sentimento vitorioso revelada na foto.

Front Russo – Erro Fatal

Front Russo – Depois de expulso em Stalingrado os exércitos de Hitler se esforçam para tentar manter uma linha defensiva, evitando a todo custo, a perda de territórios conquistados. No final tudo em vão.

Bateria 88

Bateria 88 – Um Grupo de Artilharia corre desesperado para conter os desembarques na Normadia em 06 de junho de 1944. Os Estado Unidos encabeçam  a invasão com o objetivo de libertar a França, e expulsar os Nazistas . Durante o “Dia D”  foram empregados 200 mil homens, e só na praia de Omaha Beach morreram 12 mil homens. Um preço bastante alto.

O Dia D + 32

O Dia D + 32 – Apesar dos desembarques nas praias serem realizados com certo êxito, mesmo os que causaram enormes baixas, os Aliados não obtiveram muito sucesso nas incursões pelo interior da França, basta dizer que a região de Caen só foi inteiramente conquistada 32 dias após o Dia D. O Exército Nazista, mesmo com recursos escassos tentam impedir o avanço das tropas anglo-americanas.

O Desespero

O Desespero – O grosso das tropas que defendia a Normandia ocupada eram dos chamados batalhões OSTs – que são estrageiros recrutados nos territórios ocupados muitas vezes como prisioneiros de guerra, poucos preparados eles eram comandados por sargentos veteranos que ficavam atrás das metralhadoras com uma pistola, ameaçando qualquer ato de covardia com a pena capital imediata.

Stalingrado

Stalingrado – Foi o primeiro grande fracasso da Alemanha hitlelista e causou um número de baixa de quase 300 mil homens, deixando a cidade completamente devastada. Hitler não permite que seja divulgado que o Exército do Marechal Pompeu se rendeu ao Exército Vemelho, e divulga que as tropas foram massacradas por estarem isoladas sem uma linha de suprimento.

Juventude Nazista

Juventude Nazista – O sistema nazistia possuia um rede de educação que exercia domínio sob a juventude alemã. Por isso, desde cedo, os jovens eram impiricamente devotos na composição das fileiras do partido. Uma exemplo disso é a defesa de Berlim, que praticamente foi realizada por jovens dessas fileiras. Hitler aparece pela última vez na história para condecorar esses jovens nazistas.

Conflito Chega a Berlim

Conflito Chega a Berlim – A Alemanhã não consegue impedir o avanço do Exército Vermelho vindos do oeste, e nem das forças dos exércitos americanos e ingleses vindos do leste. Seria uma questão de tempo para que o mundo visse um dos maiores tiranos cair com seu regime totalitário.

O Brasil foi Descoberto?

Segundo o relato, uma expedição destinada às Índias – a segunda – aportou no litoral baiano em 1500, antes de seguir viajem para o Oriente. Houve uma “descoberta” nesse episódio? Não como revelação de algo desconhecido, visto que – e o próprio Tratado de Tordesilhas o comprova – já existia uma razoável certeza quanto à existência de terra a ocidente. Entretanto, como tomada de posse, pode-se dizer que houve “descoberta” do Brasil, visto que os portugueses oficializaram o ato, o que ninguém fizera antes.

Uma questão acadêmica, mas interessante, acerca da “descoberta” do Brasil é a seguinte: ela resultou de acidente, de um acaso da sorte? Ao que tudo indica, não. Os defensores da casualidade são hoje uma corrente minoritária. A célebre carta de Caminha não refere a ocorrência de calmarias. Além disso, é difícil aceitar que uma frota com treze caravelas, bússola e marinheiros experientes se perdesse em pleno oceano atlântico e viesse bater nas costas da Bahia por acidente.

E o que dizer do nome “Brasil”? Atribui-se a origem à famosa madeira pau-brasil aqui encontrada. Todavia, sabe-se de mapas dos séculos XIV e XV que se referem à existência, a ocidente, de uma ilha chamada Brasil, termo que, ligado a uma lenda céltica-irlandesa, significa, nessa língua, “terra prometida”.

Rejeitado o acaso como fonte de explicação no que tange aos objetivos da “descoberta”, permanece a seguinte pergunta: qual a finalidade, a intenção da expedição de Cabral? A melhor resposta parece ser aquela que evoca a posição estratégica do Brasil, na época, como indispensável para o controle da rota do atlântico que levava às ambicionadas Índias. Enfim, o Brasil não foi “descoberto” por acaso, mas também não o foi com vistas a ser colonizado. Foi “descoberto” em função de interesse externos à nova terra. Como diz Caio Prado Júnior, a colonização ocorreu como conseqüência do descobrimento, não tendo sido essa sua finalidade.

Lopez, Luiz Roberto. História do Brasil colonial –  8. ed. Porto Alegre, Novo Século, 2001

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