Especial Monte Castelo – 67 Anos da Vitória
Hoje é uma data especial. Enquanto nosso país conclama as Escolas de Samba e os desfiles estonteantes dos blocos carnavalescos, sob a vanguarda da mais tradicional festa brasileira, há exatos 67 anos, várias brasileiros perdiam a vida para dominar e conquistar o Monte Castelo no front italiano durante a Segunda Guerra Mundial. Um bastão alemão que foi conquistado pelas tropas brasileiras em 21 de fevereiro de 1945.
A única forma de reverenciar o sangue brasileiro derramado nessa luta em solo estrangeiro é divulgar a História dessa batalha. Portanto, durante todo o dia teremos publicações especiais sobre os ataques, para que possamos entender a dimensão e a dura missão que foi dado a Força Expedicionária Brasileira.
Desde já agradecemos aos nossos queridos amigos Rigoberto Souza Júnior e Alessandro Santos pela cooperação a esta tão honrada tarefa, de manter viva a memória daqueles que sobreviveram e honrar aqueles que lá ficaram.
Monte Castelo – 67 anos
1º e 2º ataques ao Monte Castelo
Coube ao 45º Grupamento Tático americano sob o General Rutledge, e reforçado por um batalhão de Infantaria( III /6º R.I.), um esquadrão de reconhecimento e um pelotão do 9º Batalhão de Engenharia, todos brasileiros, a missão de conquistar as regiões entre Monte Belvedere – Monte Castelo -Abetaia. Estas posições eram defendidas pela aguerrida 232ª Divisão de Infantaria Alemã, que era constituída dos seguintes elementos:
23º Batalhão de fuzileiros
232ª Regimento de Artilharia
1043º – 1044º – 1045º Regimentos de Granadeiros
O inimigo compensava a ausência de sua força aérea com a vantajosa posição dominante e bem preparada.
O III / 6º R.I., teve a missão de guarnecer uma frente de quase 2 km(Guanella à Casa M. di Bombicina) além de conquistar Monte Castelo, além de prosseguir até Monte Terminale, dois quilômetros após Monte Castelo e, na ocasião o major Sylvino instalou o seu posto de comando na vila de Bombiana por ordem superior. Este batalhão vinha combatendo desde Setembro e seus integrantes esperavam receber um justo repouso, e para complicar ainda mais teriam que atacar em terreno desconhecido e contra posições frontais, operação fadada ao fracasso.
Somente perto da meia noite de 23 para 24 de novembro é que este batalhão atingiu as bases de partida para o ataque, e como é comum as tropas brasileiras não substituíram as americanas na escuridão da noite, devido à burocracia e a meticulosidade das ordens escritas. Para este ataque, procurou-se obter surpresa evitando a preparação da artilharia.
Às seis horas da manhã do dia 24 de novembro de 1944, o batalhão partiu sendo recebido por uma chuva de projéteis de morteiro e armas automáticas, enquanto a 9ª companhia, que seguia pelo lado esquerdo, era mantida em sua posição progredindo com enorme dificuldade.
Na segunda parte desta jornada, foi obtido algum progresso, mas a noite chegou e o objetivo não foi atingido, e à esquerda o batalhão americano (2º / 370º R.I.), havia conseguido progredir um pouco mais, mas recuou rapidamente, sob a pressão do fogo alemão, o que deixou o flanco esquerdo exposto. Ainda de madrugada uma nova ordem de ataque chegou ao batalhão brasileiro, com ordem de conquistar o mesmo objetivo, mas agora teria a sua frente ampliada em mais um quilômetro, que correspondia ao batalhão americano que foi duramente atingido e que não pode ser recuperado a tempo. Desta vez a preparação da artilharia não foi dispensada, e ao inicia o ataque a reação alemã foi pronta e poderosa, com a utilização de tanques isolados.
Foi com muita dificuldade que a 8ª companhia conquistou La Cá e C. Viteline, as primeiras elevações antes do Monte Castelo, e a 7ª companhia aproximou-se de Abetaia, mas não logrou êxito em conquistá-la. No fim da jornada, a tristeza do fracasso deste ataque misturou-se com a alegria da conquista do Monte Belvedere pelos americanos. O inimigo tomara a decisão de deter a frente italiana de conquistar os Apeninos, e que este conjunto era fundamental para o dispositivo defensivo, e ao final do dia 26 de Novembro, lançaram um golpe de mão sobre a 9ª companhia brasileira, que estava aos pé do Monte Castelo desalojando nossos soldado daquele local.
Como consequência deste malfadado ataque, o reforço brasileiro ao 45º Grupamento Tático reverteu à Divisão de Infantaria Expedicionária, levando o General Mascarenhas de Morais a assumir o comando efetivo de toda a tropa da FEB, promovendo uma missão defensiva imediata, na qual foram empregados cinco batalhões na linha de frente.
Concluímos como prováveis causas do fracasso destes ataques:
- determinação alemã em manter a posição a todo custo
- o efeito surpresa não obtido
- não houve apoio nem da aviação nem da artilharia
- desconhecimento total do terreno pela tropa que ocupou posições à noite para atacar ao alvorecer
- um ataque frontal é quase sempre desastroso, a não ser que exista superioridade arrasadora em homens e material empregados
- utilização de tropa cansada, sem tempo de descanso
- o flanco esquerdo estava exposto devido ao recuo da tropa americana
- insistência em repetir o ataque com a mesma tropa da véspera, aumentando a responsabilidade com a região evacuada pelo batalhão americano
Parabéns aos nossos heróis.
Que a sua memória nunca se perca.
Como brasileiro, também quero agradecer a este site, por ajudar a manter viva essa belíssima história.
Belíssima, nao por outro motivo senao o de ser carregada de exemplos e licoes a nós brasileiros. Exemplos ainda tao necessários e atuais.
Quanto aos erros de português, peco desculpas, pois se deve ao teclado.
Abracos.
Realmente encontrei um registro espetacular; parabenizo o idealizador por tão esmerado trabalho! Abraços!
Parabéns ao Historiador Chico Miranda, Veterano Tenente R2 MIRANDA da Polícia do Exército do 4 BPE do Recife-Pernambuco, por este interessantíssimo e maravilhoso Blog. Gostaria de saber do nobre amigo, que é profundo conhecedor da história da guerra, em especial sobre as várias tentativas fracassadas da TOMADA DE MONTE CASTELO, que além do Terreno íngreme, Tiros, Lama, Frio, Bombardeios, o Medo corroendo o estômago e a Presença constante da morte, foram alguns dos detalhes que rondaram as mentes e corpos dos bravos heróis, também podemos dizer que as FALHAS ESTRATÉGICAS devem-se a INEXPERIÊNCIA e a falta de HABILIDADE do General Zenóbio da Costa e de todos os seus comandados, foram responsáveis pelo tombamento de tantos homens naquela missão ? É mito ou verdade que os Americanos responsabilizaram únicamente o Gen Zenóbio pelas incursões fracassadas a Tomada de Monte Castelo ?