Causos e Contos da Força Expedicionária Brasileira – III
Alguns Causos enviados pelo Pesquisador Rigoberto Souza Júnior.
O 2º Escalão da FEB embarcou no dia 22 de Setembro de 1944, às 12:15 hs, rumo à saída da barra, de onde podia-se vislumbrar sem binóculo o relógio da Central de Brasil. As lembranças dos entes queridos que ficavam para trás daqueles montes, nos vinham nítidas à memória. Quando voltaríamos a rever essas praias saudosas? Quando voltaríamos a transpor essa barra, de regresso à nossa Pátria querida?
Vários causos podem ser lembrados nesta travessia do Atlântico rumo ao Teatro de Operações da Europa, que relatamos agora:
“Lá vem peixe – Lá vem tu-tu-tu”
O que chama a atenção no início do trajeto a bordo do General Mann, eram as ordens transmitidas a todo o navio, pelos inúmeros alto falantes, em inglês, para os americanos e, em português para os brasileiros. Estas ordens sempre eram precedidas por um agudo silvo, e os soldados logo aprenderam que depois do apito viria uma novidade, e gritavam: “Lá vem peixe, lá vem peixe!”
Uma das ordens mais comuns era para este ou aquele oficial ou marinheiro telefonar para o telefone 222, terminando as ordens pelo infalível “two, two, two”. Nossa rapaziada achava graça naquela história e gritava: “Lá vem o tu, tu, tu! Olha o tu, tu, tu!”
“Lixo, lixo!”
Muitos soldados se divertiam na popa do navio, formando duas alas, entre as quais passavam os marinheiros, encarregados de levar o lixo para o depósito. Os pracinhas gritavam: Lixo, lixo! Dizendo outras palavras inventadas, fingindo que falavam inglês.
Os americanos achavam graça e, pensavam que lixo queria dizer; “Abram passagem”, ou coisa parecida. Na volta os próprios americanos vinham gritando também: “lixo, lixo!”
“Confusões”
Muitas confusões interessantes ocorreram entre brasileiros que não sabiam falar bem o inglês e americanos que não sabiam falar bem o português.
O dentista do Q.G., o Ten Paulino de Melo, estava comendo um bombom perto de uma americano e, querendo ser educado perguntou-lhe assim: “Want you a good-good?” Ao que o americano lhe respondeu em ótimo português: “Não, obrigado, não gosto de bombom”.
Uma outra foi com o Sgt Enfermeiro Menésio dos Santos, que desejava visitar a enfermaria de bordo. Dirigiu-se à sentinela, com a frase já engatilhada: “Permit I visit the enfermar?” Respondeu-lhe a sentinela, que havia passado vários meses no Rio de Janeiro: “Não pode ser, cai fora!”
Extraído do Livro “A Epopéia dos Apeninos” de José de Oliveira Ramos
- Patrulha da FEB na região entre Montese e Fanano antes do ataque final