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As Baixas da Polícia do Exército na FEB

 Bem, não é de hoje que buscamos pesquisar sobre a origem da Polícia do Exército e sua formação no Brasil. O pesquisador Rigoberto Souza enviou informações importantes que nos levam mais uma vez a refletir sobre o importante papel da MP (Miltary Police) brasileira, futura Polícia do Exército, no Teatro de Operações da Itália. Não por acaso, a postura e a coragem desses soldados iniciaram a tradição que perpetuou a estigma máxima do soldado da Polícia do Exército ser um militar diferenciado. Já na sua estruturação encontramos um militar preparado para desempenhar suas inúmeras funções. Segue abaixo descrição do soldado PE realizada no livro A FEB por um Soldado de Joaquim Xavier. A narrativa expõe a morte de um soldado MP abatido por soldado americano embriagado.

 “Quem foi motorista na FEB não esquece a figura dos MP (Military Police, nome inicialmente dado ao Policial do Exército durante os combates na Itália) postados em uma encruzilhada ou na cabeceira de alguma ponte, dando as informações precisas, mandando aguardar ou avançar. Os membros do Pelotão frente de combate ou na retaguarda, com a missão de orientar o tráfego de veículos em comboios, carros de combate e deslocamento de tropas a pé. Essas missões obrigavam a permanecer em seus postos, e muitas vezes sob forte bombardeio inimigo. O Pelotão de Polícia teve algumas baixas, uma delas extremamente dolorosa: um soldado da MP, em serviço na Ponte Veturinna, no dia 10 de fevereiro de 1945, deu voz de prisão a um elemento da tropa aliada, em estado de embriaguez, que não queria obedecer sua instrução. Foi abatido a tiros por esse militar embriagado, que, preso logo em seguida, foi entregue à sua unidade de origem. Esse militar respondeu à Corte Marcial e foi fuzilado. O fato causou constrangimento , mas também surpresa, pela rapidez com que o comando aliado julgou e condenou o responsável à pena máxima, sem apelação ou qualquer mercê.”

  Abaixo vamos encontrar a fotografia e as informações sobre o Soldado CLOVIS ROSA DA SILVA, Natural do Estado de São Paulo, Morto quando fazia o Policiamento na Ponte Veturinna na Itália . Também encontramos informações sobre uma segunda baixa, esta em uma acidente de veículo que vitimou outro soldado PE.

 Essas informações são extremamente importantes para que possamos trazer à luz a memória daqueles que se sacrificaram no cumprimento do dever.

Fontes:
Expedicionários Sacrificados na Itália – Dr. Aluízio de Barros – 1957
Os mortos da FEB – Boletim Especial do Exército – 1946
Uma saudade – João dos Santos Vaz – 1973
 Mais sobre a História da Polícia do Exército:  Origem e Histórias da Polícia do Exército

A Cavalaria do Brasil na 2ª guerra Mundial

 Segue publicação enviada pelo pesquisador Rigoberto Souza – Vice-presidente da Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira – Regional Pernambuco.

Um modesto Esquadrão de Reconhecimento teve a honra de representar a Cavalaria de Osório nos combates enfrentados pela Força Expedicionária Brasileira no teatro de Operações da Itália. Seu pequeno efetivo, e seus reduzidos meios de combate não conseguiram ofuscar a bravura que os nossos cavalarianos tem demonstrado, desde as primeiras guerras, onde começou a florescer o espírito de nacionalidade do povo brasileiro.

            A 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária teve no 1º Esquadrão de Reconhecimento, uma unidade à  altura de suas responsabilidades, sendo equipado com carros blindados M-8, de fabricação americana e, que pesavam cerca de 8 toneladas, armados com um canhão de 37 mm e duas metralhadoras, sendo uma anti aérea e, tripulados por 4 homens.

            A nossa Cavalaria atuou nas operações desenvolvidas ao longo do Rio Reno, do Rio Panaro e, ao longo do Vale do Pó, cujo curso transpôs até atingir o sopé dos Alpes, onde ligou-se às Forças Francesas do General Dellatre de Tassigny, que operavam a noroeste da cidade de Turim.

            Entre os mais importantes feitos, destaca-se a tomada da cidade de Montese, que localizava-se nas margens do Rio Panaro, que culminou com a libertação das cidades de Rannocchio, Salto e Berttocchio, além dos combates em Murano-Sul-Panaro, que transcorreram em campos minados e, repletos de armadilhas deixados pelo Exército Alemão. Continuou a sua saga, no ataque à vanguarda inimiga na região de Fornovo-Di-Taro, atingindo seu ápice com a rendição da 148ª Divisão Panzer Alemã e, aos remanescentes da 90ª Divisão Bersaglieri Italiana em Colecchio-Fornovo.

            Seria injusto deixar de vincular a atuação desta Unidade ao seu comando, que foi organizada e levada à guerra pelo Capitão Flávio Franco, ferido logo ao início da Operações, sendo substituído pelo subcomandante 1º tenente Bellarmino Jayme Ribeiro de Mendonça, que foi substituído pelo recém-promovido Capitão Plínio Pitaluga, detentor de uma excepcional inteligência, que soube unir a valentia e liderança.

            Conduziu seus carros de combate pelo difícil e montanhoso terreno italiano e, levou aos seus comandados o seu espírito blindado, que não dava conselhos ao receio e, fez de cada soldado um eterno amigo. Devemos realçar o comportamento e sacrifício do Tenente Amaro Felicíssimo da Silva, subalterno do Esquadrão de Reconhecimento e, primeiro Herói da Arma Blindada do Brasil. Foi enviado em missão delicada e difícil onde, nela encontrou a morte. Em homenagem a este ato de heroísmo, o Exército Brasileiro decidiu colocar o seu nome entre os de Tiradentes e Sampaio, passando esta Unidade a chamar-se Esquadrão Tenente Amaro.

            O General Mascarenhas de Morais, Comandante da FEB, ao citar o Esquadrão de reconhecimento, expressou a suas considerações ao escrever:

“ O 1º Esquadrão de Reconhecimento, confirmou nos campos de batalha da Itália, o acerto e sua escolha como participante da Força Expedicionária Brasileira e, as esplêndidas qualidades do Cavalariano Brasileiro, dirigido por quadros capazes e um Comando eficiente, enérgico e ousado.

Concorreu assim, brilhantemente, para que à nossa Pátria, fosse reservado um lugar de destaque entre as nações que velarão pela paz vindoura e a futura reconstrução de um mundo livre e feliz.”

            Este post é dedicado ao Cel Pedro Anórbio de Medeiros( PAM ) e ao seu filho Cel Pedro Arnóbio de Medeiros Júnior, exemplo para a nossa Cavalaria.

Causos e Contos da Força Expedicionária Brasileira – III

Alguns Causos enviados pelo Pesquisador Rigoberto Souza Júnior.

O 2º Escalão da FEB embarcou no dia 22 de Setembro de 1944, às 12:15 hs, rumo à saída da barra, de onde podia-se vislumbrar sem binóculo o relógio da Central de Brasil.  As lembranças dos entes queridos que ficavam para trás daqueles montes, nos vinham nítidas à memória. Quando voltaríamos a rever essas praias saudosas? Quando voltaríamos a transpor essa barra, de regresso à nossa Pátria querida?

Vários causos podem ser lembrados nesta travessia do Atlântico rumo ao Teatro de Operações da Europa, que relatamos agora:

            “Lá vem peixe – Lá vem tu-tu-tu”

O que chama a atenção no início do trajeto a bordo do General Mann, eram as ordens transmitidas a todo o navio, pelos inúmeros alto falantes, em inglês, para os americanos e, em português para os brasileiros. Estas ordens sempre eram precedidas por um agudo silvo, e os soldados logo aprenderam que depois do apito viria uma novidade, e gritavam: “Lá vem peixe, lá vem peixe!”

Uma das ordens mais comuns era para este ou aquele oficial ou marinheiro telefonar para o telefone 222, terminando as ordens pelo infalível “two, two, two”. Nossa rapaziada achava graça naquela história e gritava: “Lá vem o tu, tu, tu! Olha o tu, tu, tu!”

            “Lixo, lixo!”

Muitos soldados se divertiam na popa do navio, formando duas alas, entre as quais passavam os marinheiros, encarregados de levar o lixo para o depósito. Os pracinhas gritavam: Lixo, lixo! Dizendo outras palavras inventadas, fingindo que falavam inglês.

Os americanos achavam graça e, pensavam que lixo queria dizer; “Abram passagem”, ou coisa parecida. Na volta os próprios americanos vinham gritando também: “lixo, lixo!”

            “Confusões”

Muitas confusões interessantes ocorreram entre brasileiros que não sabiam falar  bem o inglês e americanos que não sabiam falar bem o português.

O dentista do Q.G., o Ten Paulino de Melo, estava comendo um bombom perto de uma americano e, querendo ser educado perguntou-lhe assim: “Want you a good-good?” Ao que o americano lhe respondeu em ótimo português: “Não, obrigado, não gosto de bombom”.

Uma outra foi com o Sgt Enfermeiro Menésio dos Santos, que desejava visitar a enfermaria de bordo. Dirigiu-se à sentinela, com a frase já engatilhada: “Permit I visit the enfermar?” Respondeu-lhe a sentinela, que havia passado vários meses no Rio de Janeiro: “Não pode ser, cai fora!”

Extraído do Livro “A Epopéia dos Apeninos” de José de Oliveira Ramos

Cenas que Merecem Registro. Brasileiros, Acima de Tudo!

 Nada mais justo quando se tem acesso a determinadas situações e informações que merecem registro para a posteridade. Particularmente creio que seja o papel de cada elemento que se importa com a história de nosso país, conduzir para as próximas gerações impressões, marcas e informações que devem ser guardadas para sempre.

 Portanto cumprindo minha obrigação, divulgo o evento que, pessoalmente não participei, mas que tive acesso ao registro. Refiro-me ao agraciamento em 2010, concedido pela Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira – Regional Pernambuco ao Presidente do Conselho Nacional de Oficiais R/2 do Brasil, Tenente Sérgio Monteiro que, além da importante função que exerce, é um exímio e apurado historiador, autor do Livro O Resgate do Tenente Apollo e curador de maravilhoso acervo histórico mantido nas dependências do CPOR do Rio de Janeiro.

 A honraria foi entregue pelo Veterano Rigoberto de Souza. O 3º Sargento Rigoberto membro do 11º Regimento de Infantaria, participou das principais batalhas no Teatro de Operações na Itália, das quais destacamos Monte Castello e Montese, sendo detentor das Medalhas Sangue do Brasil, Cruz de Combate, Medalha Mascarenhas de Morais e Medalha de Campanha.

Nada mais justo que a Medalha Aspirante Mega tenha sido entregue a um historiador desse quilate, como é o caso de Sérgio Monteiro, das mãos de um puro representante nordestino do soldado brasileiro, que viveu e combateu ardentemente pelo seu país. Isso configura um quadro importante, pois nos conduz para uma perspectiva otimista do nosso futuro como nação. Homens dignos de gerações diferentes, mas brasileiros que defendem os mesmo valores, em tempo de paz ou não!

Se cada brasileiro entender o significado de sua própria história, inclusive a recente, sem ideologias ultrapassadas, poderemos olhar dignamente para frente, para o futuro! E saber o valor daqueles que lutaram ontem pelo mundo que conhecemos hoje, bom ou ruim ele é possível graças ao sangue e a vida de muitos.

Tenente Monteiro recebe a Medalha Aspirante Mega das mãos do 3º Sargento Rigoberto Souza do 11º Regimento de Infantaria

Sargento Rigoberto Souza na campanha da Itália entre 1944 e 1945

Da esquerda para a direita: Veteranos Rigoberto Souza, Tenente Monteiro, TC Monteiro, Veteranos Virgílio

Desfile da Vitória – A Seta indica o Sargento Rigoberto no desfile

Entrega da Medalha

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Montese – A Conquista Final

Artigo enviado pelo Pesquisador Rigoberto Souza em comemoração a aniversário da Tomada de Montese em 16 de abril de 1945.

Nos primeiros dias de Abril de 1945, o 5º exército Americano decidiu atacar com os seus Corpos de Exército justapostos, pela rota 64 e atingir o norte do Apeninos entre os rios Reno e Panaro, com o objetivo de isolar ou conquistar a cidade de Bolonha.

            Coube a 1ª Divisão de Infantaria Divisionária a proteção do flanco esquerdo do IV Corpo nesta investida. O General Critemberg resolveu fazer o ataque frontal com a 10ª Divisão de Montanha.

            O ataque , marcado para o dia 12 de Abril, foi adiado para o dia 14, em virtude das condições climáticas, pois elas não permitiam o apoio indispensável da força aérea. A 10ª Divisão de Montanha se impôs de tal maneira à admiração dos brasileiros que, durante a reunião dos chefes militares do IV Corpo de Exército, o General Mascarenhas ofereceu e foi aceito figurar a região de Montese como objetivo da D.I.E., dessa maneira, a afamada Divisão Americana ficaria aliviada no seu flanco esquerdo para se dedicar inteiramente à difícil missão.

            Neste ataque seria utilizada uma quantidade enorme de homens e materiais, com o intuito de fazer um rombo na linha defensiva e, ao adentrarem, iriam transformar os Apeninos, que serviam de linha defensiva alemã, em uma enorme muralha da de sua própria prisão.

            Devido a isto, a Divisão de Infantaria Divisionária entrou num ritmo intenso de recompletamento de pessoal e de material. Estas medidas foram tomadas, prevendo principalmente consertos de estradas, reabastecimento de combustível, encaminhamento de prisioneiros. Em todos nossos soldados, estava a certeza de vitória, seria apenas uma questão de tempo.

            Nesta ação de cobertura do flanco esquerdo, figurava a conquista da cidade de Montese, e a progressão seguindo a direção Zocca-Vignola.

            A conquista de Montese correspondia na realidade à tomada de um trio de elevações, constituída por Montese-Zocco-Montello (não confundir Zocco, que é uma elevação, com Zocca, que é um povoado mais ao norte, que foi posteriormente conquistado) e, que viria a contituir o mais duro combate travado pela FEB.

            Uma vez mais, as condições climáticas fariam com que o comando brasileiro atacar sem o apoio de observação aérea, permitindo que a artilharia alemã, sempre inativa durante o dia, abrisse fogo à vontade contra as nossas tropas.

            Às 10:30 hs do dia 14 de Abril partiram os elementos de reconhecimento, que atingiram os seus objetivos através de pequenas mas rápidas incursões. Por volta das 13:30 hs o 11° RI, sob comando do Coronel Delmiro, sendo a ação principal por conta do 3º Batalhão, e depois de decorridos 90 minutos do início do ataque, Montese foi dominada mas, os dois vértices da base defensiva triangular tivessem sido capturados: Zocco e Motello.

            Na manhã seguinte, dia 15 de Abril, o ataque prosseguiu com as mesmas tropas e, em face da ausência do apoio aéreo, a DIE suportou e enfrentou as repetidas e terríveis barragens da artilharia alemã e,  ao término da jornada, somente os objetivos intermediários  de Montesuffone e Paravento haviam sido conquistados.

            O General Mascarenhas solicitou do comando superior e, obteve esse objetivo, como uma homenagem à brava e sempre exaltada 10ª Divisão de Montanha, assim, a unidade americana, que conquistara briosamente Monte Belvedere e Monte Della Toraccia, ficaria aliviada em suas responsabilidades. Sem querer, os brasileiros livraram seus companheiros da armadilha que a artilharia alemã lhes havia reservado.

            Os numerosos mortos e feridos da FEB nesse combate, resgataram a dívida anterior, quando o sacrifício das tropas do General Hayes, tornou mais fácil a conquista de Monte Castelo.

            Apesar da árdua jornada de Montese ter surpreendido os soldados brasileiros, verificou-se que a Seção de Informações, não deixou dúvidas quanto aos recursos que o inimigo dispunha para causar as sérias baixas aos vitoriosos pracinhas da FEB.

            A linguagem utilizada não poderia ter sido mais clara, tanto que dizia afirmativamente: “O inimigo defenderá fortemente o triângulo Montese-888-Montello”, mas a 3ª Seção é mais otimista e encarou a situação em termos definitivos, dando prosseguimento da ação:

“Procurar melhorar a posição, com a posse da linha Montese-888-Montello e da região de 747, partindo daí sobre Bertichi, Ranocchio e Montespecchio”.

  A conquista de Montese

            O ataque à cidade Montese, foi precedido de uma compacta preparação de nossa Artilharia Divisionária e, com apoio de tanques e agentes fumígenos da Companhia de Morteiros Químicos Americana, às 13:30 hs do dia 14 de Abril de 1945, foi desfechado o ataque, com o seguinte dispositivo: I e III  Batalhões do 11º RI e II Batalhão do 1º RI, constituindo assim o 1° escalão de ataque.

             Por volta das 15 horas, o I Batalhão do 11º RI, sob comando do Major Lisboa, demonstrando elevado espírito ofensivo, conseguiu penetrar em Montese, desarticulando a resistência alemã, mas a primeira tropa a entrar em Montese foi o pelotão comandado pelo Tenente Iporan Nunes de Oliveira, da 1ª Companhia do 11° RI.

             Às 15:15 hs, o 11º Regimento de Infantaria conquistava Serreto, e alcançava as imediações de Paravento e, finalmente às 18:00 hs, os tanques americanos atingias as cercanias de Montebuffone, seguidos de perto pela Infantaria Brasileira. Valendo-se do apoio de nossos canhões e morteiros, o III do 11º RI, completou o assalto às “casamatas” alemãs, alcançando as cotas 806 e 808 – Montese  e Serreto.

             Apesar dos violentos ataques de nossa Infantaria, tudo indicava que os obstinados alemães, não estavam dispostos a abandonar Montese e, esperava-se a qualquer momento, um contra-ataque de blindados alemães, com o objetivo de recuperar \Montese e Serreto e, assim, nesta expectativa, encerrou-se a jornada do dia 14.

             Não parecia indicado continuar o ataque na manhã seguinte, com a mesma tropa do 11º RI, que havia dispendido um esforço muito grande, com muitas baixas no seu efetivo. O General  Mascarenhas pretendia empregar nas operações do dia 15, o III do 6º RI, porém, diante do elevado moral da tropa do 11º RI, cujos comandantes manifestaram o desejo de continuar na missão, ele, levando em conta, principalmente a economia de tempo e de meios, aceitou o pedido.

             Os fogos da Artilharia alemã, pareciam mais ajustados e certeiros que os do dia anterior, causando muitas baixas em nossas linhas. Embora o 9º Batalhão de Engenharia participasse ativamente do ataque, acompanhando palmo a palmo nossa Infantaria, os campos minados e as traiçoeira armadilhas fizeram muitas vítimas entre nossos pracinhas.

             A estafa e o levado números de baixas, aconselharam a retirada do III do 11º RI da linha de combate, cuja retração foi feita na noite do dia 15 para 16 de Abril, sendo substituído pelo II do 6º RI.

             Foram quatro jornadas severas, vividas sob os mais pesados bombardeios que a tropa brasileira experimentou durante a Campanha da Itália. Somente nas áreas de Montese, Serreto e Paravento, ocupadas pelos brasileiros, houve maior bombardeio de artilharia inimiga do que no restante da frente ocupada pelas demais tropas do IV Corpo do Exército.

Balanço das baixas da FEB

              1º RI              –   8 mortos e 27 feridos, totalizando 35 baixas

              6º RI             – 14 mortos, 131 feridos, 3 extraviados, totalizando 148 baixas

            11º RI             – 12 mortos, 224 feridos, 7 extraviados, totalizando 243 baixas

            O número de 426 baixas foi o preço pago pela conquista de Montese.

Montese e o Aspirante Francisco Mega

 Artigo enviado pelo Pesquisador Rigoberto Souza.

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Montese e o Aspirante Francisco Mega

          Um dos pontos mais difíceis a ser conquistado na frente dos Apeninos e, que deveria ser conquistado era a pequena cidade de Montese, localizada em uma elevação abrupta, com uma alta torre de observação, de onde se podia ver todo o campo a sua volta. Ela era cercada por montanhas um pouco mais baixas, e muito bem guarnecida pelo exército alemão, o que a tornava um alvo inexpugnável.

             No dia 14 de Abril de 1944, o 11º RI se encontrava em posição de ataque, tendo sido designado ao Aspirante Francisco Mega minar a forte resistência alemã, nas proximidades de Serrete, ao pé de Montese. Ao chegarem ao local encontraram forte resistência, que os atacou com todo o tipo de armas disponíveis, provocando inúmeras baixas nas fileiras do pelotão do jovem Francisco Mega, mas este não se abatia de jeito nenhum, encorajando aos seus comandados a avançar, dando-lhes o exemplo.

             Os homens seguiam avançando, a uma distância de aproximadamente 200 metros, quando ouviram o silvo de uma granada, e rapidamente todos se jogaram ao chão. Passado o susto, se puseram de pé para seguir a progressão, quando se deram conta que seu comandante estava ferido. Do seu peito jorrava o sangue do soldado brasileiro. Pararam atônitos, como se todos estivessem feridos.

 –        O que vocês estão olhando? Por que pararam? – perguntou o Aspirante Mega aos seus soldados. – A guerra é lá na frente. Minha morte não significa nada! Avancem, vamos, continuem a lutar!

            Seu ordenança já estava amparando-o, pois suas forças se esvaiam rapidamente.

             Não havia mais possibilidade de salvá-lo, pois os estilhaços estavam encravados por todo o seu corpo. Só restava uma vontade muito grande de transmitir suas últimas ordens. Chamou o Sargento e perguntou-lhe se ele está ciente das ordens e dá-lhe instruções para prosseguir, e o pede para mostrar-lhe o seu mapa, pois o seu estava coberto de sangue, e imediatamente o transmite as últimas ordens, e lhe pede que não lamentem a sua morte, pois quando eu vim para cá, já sabia que isto poderia ocorrer.

             Todo o pelotão o cercava, pois era querido por todos e, nos seus últimos momentos de vida, despediu-se de cada um daqueles bravos, exigindo deles o compromisso de continuarem a atacar, agora sob o comando do Sargento. Então, pediu que tirassem de dentro do seu “fieldjacket” um terço de Nossa Senhora e, com a voz já bem enfraquecida, distribui os seus pertences entre seus comandados, e ao seu Sargento, entregou o seu anel, pedindo que o fizesse chegar ao seu pai, pois nele havia o retrato de sua mãe.

             Foi rezando o terço de Nossa Senhora, que a vida do bravo brasileiro foi-se esvaindo, sem dor, clamo, ante o silêncio daqueles que ele havia conduzido nos campos de batalha. O seu exemplo levou à frente ainda com mais garra os seus comandados, e a posição foi conquistada.

             Na realidade, o dia 14 de Abril,  marcou o início da guerra nos campos da Itália. Tanto o 5º, quanto o 8º exércitos se encontravam concentrados na rota de Bolonha, como se estivessem apostando uma corrida para ver quem chegaria primeiro aos Alpes. Seguiam céleres as tropas dos “Tigres”(1ª de blindados) e os “Cabeça de búfalo”(34ª de blindados).

             À direita de nossa tropa estava posicionada os homens muito bem treinados da 10ª Divisão de Montanha, pronta para dar o golpe decisivo na região dos Apeninos. Todo este esquema das tropas americanas estava montado e pronto para entrar em ação, entretanto ela não saiu do lugar.

             Só os pracinhas brasileiros, com um pelotão comandado pelo Tenente Iporã avançou e, depois de uma luta ferrenha e sangrenta, conseguiram desalojar os alemães da torre e Montese, que lá estavam espreitando nossas tropas, ceifando muitas vidas brasileiras.

             Neste ataque, o Esquadrão de Reconhecimento comandado pelo Capitão Plínio Pitaluga foi imprescindível para a vitória, que avançou com seus carros de combate, assustou os tedescos, que pensavam estar sendo atacados por uma divisão americana.

             Sobre a cidade de Monte, neste dia, foram despejadas aproximadamente 15.000 granadas de artilharia de vários calibres, quer aliadas, quer alemãs.

             A conquista de Montese é mais uma das belas páginas de glória do 11º Regimento de Infantaria.

Foto do Acervo Pessoal da Família enviada para o BLOG

Patrulha do Tenente Iporan sob fogo inimigo

2º Pelotão à frente da 8ª do 11º RI deixando Montese após vitória contra os alemães

Os Navios Brasileiros Torpedeados!

 Deixa-me aterrorizado ver professores de História explicando ao aluno do ensino médio que o Brasil entrou na Segunda Guerra por ter navios mercantes “supostamente” serem afundados por submarinos alemães. Isso é uma aberração histórica. Já publiquei outros artigos sobre as evidências e provas irrefutáveis que atestam para operações submarinas no Atlântico Sul. Infelizmente parece que alguns professores deixam de lado a análise histórica para colocar em prática o antiamericanismo de formação tendenciosa. Os alemães atingiram os navios brasileiros! Fato! Qualquer tipo de questionamento deverá ser pautado apenas pela observância do argumento histórico, é assim que as coisas funcionam. Pelo menos para os historiadores sérios.

 Estamos publicando uma série de artigos sobre os torpedeamentos dos navios brasileiros. Essas publicações foram realizadas pelo pesquisador Rigoberto Souza Júnior que, como colaborador da verdade histórica nos enviou para divulgação. A História agradece!

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 O Brasil entra na 2ª Guerra Mundial

            Na reunião do Rio de Janeiro, que ocorreu na cidade do Rio de Janeiro de 1942, o Ministro das Relações Exteriores do Brasil, o Dr. Oswaldo Aranha comunicou no último dia deste encontro(28 de Janeiro) que, cumprindo ordem do seu governo, os nossos representantes diplomáticos em Berlim, Tóquio, e o encarregado de negócios em Roma estavam comunicando aos respectivos governos, junto aos quais estavam credenciados, que o Brasil estava cortando relações definitivamente com eles, solidarizando-se com as repúblicas deste continente, as quais estava ligado por laços de amizade.

             Em represália à atitude brasileira, os submarinos alemães e italianos passaram a atacar nossos navios mercantes, embora estes viajassem com a bandeira brasileira pintada nos dois lados do casco e no convés. Os navios de  passageiros navegavam mais próximo possível da costa e totalmente acesos.

             A declaração de guerra do Brasil não podia deixar de ocorrer, uma vez que nossa dignidade e a nossa soberania haviam sidos ofendidas.

             O Brasil vinha sofrendo pressões por mar por parte da França e da Inglaterra, e  a prova disto foi o incidente com o Navio “Buarque”, no dia 27 de Setembro de 1940, quando este se encontrava em Port of Spain (Trinidad e Tobago) e as autoridades locais de controle ao contrabando de guerra retiraram dele 32 caixas e 32 fardos destinados a países neutros e que estavam sendo transportados em um navio neutro. Outro caso a ser citado, ocorreu com o Navio “Itapé”, que na madrugada de 1º de Dezembro de 1940, ao longo do território brasileiro, a 18 milhas do Farol de São Tomé, foi abordado por um cruzador inglês que dele retirou 22 cidadãos alemães que viajavam com destino à Região Norte.

            Posteriormente o Navio “Siqueira Campos”, queno início de Outubro de 1940, quando retornava da Europa, transportando cerca de 400 passageiros, mercadorias e armamentos adquiridos na Alemanha em 25 de Agosto de 1938, só sendo entregue naquela época, foi obrigado pelas autoridades inglesas de policiamento em alto mar, a recolher-se à Base de Gibraltar. Somente no dia 18 de Dezembro de 1940, tiveram autorização para seguir viagem, assim mesmo, depois de muitas rodadas de negociações, como também ao precário estado de saúde em que se encontravam os passageiros e tripulantes.

             A primeira vítima brasileira da declaração de Guerra às Potências do Eixo, foi o conferente do Navio “Taubaté”, quando este viajava com destino ao Porto de Alexandria(Egito) transportando somente mercadorias, e com a bandeira pintada dos dois lados, sendo atacado com fogos de metralhadora de um avião alemão e, que apesar dos lenços brancos içados, e de ter parado as máquinas, sofreu ataque por cerca de 70 minutos, matando o conferente que estava no passadiço.

Navio Taubaté

 

Navio Siqueira Campos

 

 


Embarque da Força Expedicionária Brasileira

Artigo enviado pelo pesquisador Rigoberto Souza Júnior.

O embarque da FEB se processou da seguinte maneira:1º Escalão, embarcado no Porto do Rio de Janeiro em 02/07/1944 e desembarcado em Nápoles, no dia 16/07/1944, com um efetivo de 5.075 homens, inclusive 304 oficiais; 2º e 3º escalões, embarcados em 22/09/1944, com um efetivo de 10.375 homens, inclusive 686 oficiais; 4º escalão, embarcado em 23/11/1944, com um efetivo de 4.691 homens, inclusive 285 oficiais e 5º e último escalão, embarcado em 08/02/1945 e desembarcado em 22/02/1945, com um efetivo de 5.082 homens, inclusive 247 oficiais.

            Foram ainda transportados por via aérea, 44 médicos e 67 enfermeiras, totalizando 25.334 participantes da Campanha da Itália.

            Considerando a possibilidade de ataques por submarinos alemães, a travessia do Atlântico e do Mediterrâneo, foi cercada de um rigoroso dispositivo de segurança, do qual participou também , a valorosa Marinha brasileira.

            O transporte foi feito pelos navios americanos “General Mann” e “General Meigs”, comboiados por destróiers da nossa Marinha e navios de combate americanas até o Estreito de Gilbraltar. Essa medidas de segurança foram completadas com as bombas de profundidade dos nossos destróiers, com o próprio armamento dos transportes de guerra e o contínuo funcionamento do radar e dos aviões existentes nos cruzadores americanos da escolta. Apesar de todo este aparato de segurança, eram diários os exercícios de alarme para abandono de navio e obrigatório o uso permanente de coletes salva-vidas, as regras de segurança impuseram também, o escurecimento

 do navio durante a noite.

            A partir do Estreito de Gibraltar, a escolta foi feita somente por navios americanos e ingleses, dispondo inclusive, de permanente cobertura aérea.

            A entrada do “General Mann” no mediterrâneo, se revestiu de grande solenidade, tendo o Comandante do navio, o Capitão Paul Maguire, dirigiu à FEB, uma entusiástica saudação, ao qual extraiu-se este trecho: “ Brasileiros! Sois a primeira força sul americana que deixou seu continente para combater em ultramar, com destino ao Teatro de Guerra Europeu, constituindo um novo Exército de homens livres que se vem a juntar a tantos outros na luta pela liberdade dos povos oprimidos. Quem poderá avaliar da suprema importância que podereis representar nos campos de batalha? Não a primeira vez na História, que a adição de alguns homens, em determinado setor de luta, fizesse pender definitivamente para eles o fiel da balança e os louros da vitória”.

            Em resposta assim se expressou o General mascarenhas de Morais: – “Senhor Comandante! Conduzistes as primeiras tropas terrestres sul americanas através do Atlântico; ides fazê-las penetrar no Mediterrâneo e depois entregá-las ao Teatro de Guerra no Sul da Europa. A minha Pátria está vivendo assim, o ciclo da grande e gloriosa Pátria de Washington. Colonizados e vitalizados pela civilização europeia, somos as Nações do Hemisfério Ocidental mais identificadas na defesa do patrimônio da Humanidade em terras americanas e, em muito em breve, nos campos de batalha da Europa. E esta identidade de destino de dois povos unidos por tão alevantada aliança, traduz-se no entrelaçamento de nossa bandeiras no Mediterrâneo, no próprio berço da civilização cristã, que hoje engrandece os Estados Unidos e o Brasil. Unidos na América e sobre as águas do Atlântico, seremos na Europa também irmãos do mesmo ideal”.

            A primeira missão da Marinha Brasileira chegara ao fim comboiando o 1º Escalão até o Estreito de Gibraltar. Nesta ocasião o General Mascarenhas de Morais transmitiu a seguinte mensagem telegráfica ao Capitão de Mar e Guerra Antônio Alves de Câmara Júnior, Comandante da Frota brasileira: “ – Em nome dos brasileiros que partem para a linha de frente, a fim de continuar o glorioso trabalho de nossa Marinha na defesa de nossa soberania, apresento minhas despedidas: gratíssimo pela vossa proteção contra os submarinos”.

            Em seguida, recebeu o General Mascarenhas de Morais a seguinte resposta: “Os representantes da Marinha do Brasil tiveram a grande honra em comboiar vossa Forças e fazem votos de todo o sucesso para maior glória das Armas brasileiras.”

            Em todos os escalões, estabeleceu-se as mesmas medidas de segurança durante a viagem

marítima.

O Transporte

A Conquista do Monte Castelo – 67 anos depois

 Artigo enviado pelo Pesquisador Rigoberto Souza Júnior – Secretário da ANVFEB-PE.

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O Monte Castelo é até hoje, aclamado como o maior feito da Força Expedicionária Brasileira no Teatro de Operações da Itália. Acredito que isto se deve ao fato de ter havido quatro ataques, até a sua conquista definitiva.

            Esta elevação, a mais alta da crista dos Apeninos, já havia se tornado uma fortaleza inexpugnável, que causava arrepios em nossos combatentes e nas tropas aliadas, pois ingleses, sul-africanos, poloneses e americanos, já haviam tentado conquistá-lo sem êxito.

            Além dos soldados mortos em ação, houveram muitos problemas com o socorro dos feridos, ou mesmo com o recolhimento dos corpos, pois os alemães, uma tropa impiedosa, tinham por hábito ligar os cadáveres a armadilhas, como as temidas body-traps conectadas às plaquetas de identificação(dog-tag), ou então deixavam na mão do morto uma granada já sem o pino de segurança, que qualquer movimento que fosse feito, explodiam  causando mais danos aos nossos pracinhas.

            Gostaria de reproduzir alguns depoimentos de italianos, que viveram aqueles momentos de horror durante a 2ª guerra mundial:

            Giuseppe Cechelli – Gaggio Montano – Bolonha – Itália

            “Lembro- me que nesta época havia falta de tudo, principalmente comida, e os brasileiros nos davam “scatole”(caixas de ração) que continham biscoitos, chocolate, carne enlatada, e às vezes minha mãe fazia polenta, que todos apreciavam muito, vivíamos como uma grande família. Também me recordo dos negros americanos da 92ª DI, que fugiram e vieram se esconder na parte de cima da minha casa, e posteriormente chegaram os americanos brancos para procurá-los, e ao interrogar o meu pai, ele não balbuciou nenhuma palavra, mas fez um gesto com a mão apontando para cima, indicando que os mesmos estavam no sótão.

            Com relação ao Monte Castelo, não posso me esquecer principalmente do ataque de 21 de Fevereiro de 1945, quando eu e minha família podíamos ver tudo de nossa casa, pois nunca a abandonamos, e era possível ver o fogo cerrado também sobre Rochindos, mas o que mais nos aterrorizava não era o fogo da artilharia, mas os tiros das metralhadoras, que partiam de todos os lados, enquanto nos abrigávamos em um abrigo no porão.”

            Francesco Arnoaldo Berti – Guanella Gaggio Montano – Bolonha – Itália

            A Família Berti está ligada à história da cidade, pois além de ser proprietária de grande extensão de terras, mas porque a casa onde mora faz parte do antigo burgo que formou a cidade. Guanella é formada por um conjunto de casa no sopé do Monte Castelo.

            “ Em 1944 eu tinha 18 anos e faziz parte da Brigada Giustizia e Libertà, e os primeiros aliados que encontramos foram os americanos e cerca de 20 a 30 dias depois chegaram os brasileiros e ficaram onde hoje é o nosso jardim, pois o front estava praticamente parado, e onde hoje está o Monumento Liberazione, era a “terra de ninguém.

            Os brasileiros começaram avançar e não deram conta que o front estava parado, nós também não sabíamos, pois só depois soubemos que algumas divisões foram desviadas para atender ao desembarque na Normandia e aqui faltavam soldados. As primeiras tentativas para a tonmada de Monte Castelo foram feitas com muitas perdas da parte brasileira, nossos campos ficaram recobertos de cadáveres, pois foram ataques mal preparados, e somente em Fevereiro de 1945 o Monte Castelo foi tomado pelos brasileiros.

            A brigada partigiana tinha a função de administração da cidade, e aquele momento não era de combate, e me recordo que da casa Di Franchi se via o Monte castelo, e se dava para escutar um bombardeamento de grande intensidade sobre o morro, e aquilo era um crescente ensurdecedor. Não se tinha ideia de onde vinham os tiros, talvez de cinco canhões, fazendo um barulho enorme, e logo em seguida nuvens negras surgiam, este tomento durou cerca de três horas, até que enfim os brasileiros conquistaram o Monte Castelo.”

            Fabio Gualandi – Gaggio Montano – Bolonha – Itália

            “ Os americanos chegaram em Gaggio Montano no dia 13 de Outubro de 1944, uma sexta-feira, e na metade do mês seguinte chegaram os brasileiros, que procuravam um lugar para erguer seu acampamento, ocupando as casas maiores, e rapidamente faziam amizade com as senhoritas.

            Na cozinha do acampamento se fazia um pouco de tudo: mingau feito de leite em pó; churrasco feito de carne de boi ou porco; arroz com feijão preto, omelete feito com ovo em pó, mas o que eles mais apreciavam era um pão crocante, que era fabricado na Toscana, regado a muito café que era colocado em um recipiente grande. Os brasileiros levavam para a casa comida que alimentava uma centena de pessoas(uma companhia), os oficiais comiam numa mesa separada. Havia frutas, principalmente laranjas, e quando eles terminavam a população invadia o acampamento, e durante este tempo estes refugiados não passaram fome.

            Na época da guerra aqui era um pavor, vi mortos pelas estradas, os corpos ficavam ali até que viessem recolhê-los. A miséria era grande, a fome então… os brasileiros formavam um exército diferente, gostavam de estar em família, e chamavam as senhoras mais velhas de mamma”. Lembro-me das patrulhas à noite, e algumas eram divertidas, e alguns fumavam desavisadamente, acendiam fogueiras, e hoje penso como fomos nos expomos ao fogo inimigo.

            Pensei em seguir com os brasileiros, mas o meu pai não deixou, e nunca mais encontrei ninguém desta companhia. Temos um grande respeito e carinho pelos brasileiros, principalmente eu e minha família,  pelos dias difíceis que passamos na guerra e a maneira que não passamos fome com a ajuda humanitária deste Exército.”

            Este relato mostra que apesar das dificuldades enfrentadas por nossos Pracinhas, eles não perderam seus valores adquiridos em uma educação pautada no respeito ao próximo, característico do homem simples brasileiro.

Fontes: “E foi assim que a Cobra Fumou” – Elza Cansanção – 1987

            “ Nas trilhas da 2ª Guerra Mundial – Carmen Lúcia Rigoni – 2001

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