Arquivo

Posts Tagged ‘Aspirante Mega’

O Dia da Vitória – Mais Uma Reflexão

No último dia 08 comemoramos o Dia da Vitória. Depois de 68 anos parece algo tão distante para o povo brasileiro quanto qualquer outro evento perdido no tempo e no espaço. Em Pernambuco a Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira se fez representar com quatro veteranos da FEB. Participamos do evento com o Grupamento Histórico Aspirante Francisco Mega. Uma simples, mas significante formatura na 7ª Região Militar / 7ª Divisão de Exército. Em comum com a FEB, a 7ª RM/7ª DE foi comandada pelo General Mascarenhas de Morais no período de 1940 a 1943, do rompimento das relações diplomáticas com a Alemanha até a declaração de guerra.

Quando encerrou a formatura percebi um olhar triste da esposa de um Veterano, não me contive e perguntei se havia algum problema. Ela respondeu que não havia problema, mas que há alguns anos o desfile contava com dezenas de febianos, todos orgulhosos comemorando o Dia da Vitória, e, hoje, apenas quatro desfilavam. Não respondi, apenas concordei com a cabeça. Mas pensei, assim como o Dia da Vitória vai ficando no passado pela consecução dos dias, a vida segue o mesmo rumo, vai seguindo, como um rio segue seu curso, e muitos vão “desembarcando” para ficarem no passado. Muito embora suas vidas sejam motivo de orgulho para aqueles que entendem o sacrifício da geração que presenciou o Dia da Vitória naquele 08 de maio de 1945.

Tomada de Monte Castelo: Uma Solenidade de Reconhecimento Histórico

Muito se fala nesse país em memória curta, em povo sem memória. Contudo, podemos afirmar e testificar que nesse país sempre haverá homens  comprometidas e preocupadas com a preservação histórica. Para tanto, podemos pontuar a solenidade alusiva a Tomada de Monte Castelo realizada no último dia 22 na 7ª Região Militar  – Região Matias de Albuquerque.

 Estavam presentes vários Veteranos da Força Expedicionária Brasileira juntamente com personalidades que prestigiaram a solenidade. Nesta formatura, tão significativa para a história do Exército Brasileiro, os pontos mais marcantes, além das presença dos protagonistas da Batalha, a entrega da Medalha Aspirante Mega. Essa medalha, de grande valor moral e de liderança, já que carrega o nome de um exemplo de liderança militar em combate, foi entregue a homens que se destacaram na vida militar ou em atividades relevantes para preservação da memória da Força Expedicionária Brasileira.

 Além do  próprio Grupamento Aspirante Francisco Mega que tem voluntários em seus quadros que reconhecem a necessidade de chamar a atenção da atual geração para os sacrifícios que outras gerações tiveram que fazer para  a manutenção da liberdade no mundo.

Nada mais justo do que reverenciar e agradecer aos líderes e chefes militares que preconizaram e idealizaram esse belíssimo exemplo de preservação histórica; preservação dos valores que honram a memória daqueles que perderam suas vidas nesta horrível, mas necessário batalha.

Desfile do Grupamento Histórico Aspirante Francisco Mega

Hoje, 07 de setembro 2012, o Grupamento Histórico Aspirante Francisco Mega (GHAFM) teve uma vibrante participação no desfile cívico-militar do Dia Independência Brasil. Esse projeto foi concebido dentro da Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira – Regional Pernambuco, com o objetivo de rememorar os pracinhas que lutaram na Segunda Guerra Mundial. O GHAFM é a realização do sonho de muitos, dos quais, o seu próprio efetivo, contemplado com membros da Associação SEMPRE Polícia do Exército, que estiveram vibrando com a galhardia de quem sustentava em sua cadência a honra de levar os nomes de todos os membros da FEB. Orgulhamo-nos em poder nos envolver em tão grandiosa e honrosa missão. Os integrantes da Força Expedicionária Brasileira estavam bem representados. Várias tropas desfilaram hoje, mas poucas tiveram o peso histórico e a enorme responsabilidade de marchar em nome daqueles que defenderam a liberdade do mundo, dos quais, muitos tombaram e tantos outros não estão mais entre nós.

Agradecemos imensamente ao General Benzi, Comandante Militar do Nordeste, e o General Aguiar, Comandante da 7ª Região Militar, pelo reconhecimento e apoio a este projeto.

Evidentemente outros colaboradores militares e civis atuaram para que o GHAFM estivesse presente, entre comandantes de Unidade Militares, Diretores, Chefes de Seção e o apoio de militares que se envolveram direta ou indiretamente em todo o processo. A todos a nossa continência!

Pátria! Brasil!

 

 

 

Grupamento Histórico Aspirante Francisco Mega – Um Marco!

O Aspirante Francisco Mega morreu durante os duros combates na Batalha de Montese em abril de 1945. Atualmente o jovem Aspirante é um dos principais exemplos de liderança em combate do Exército Brasileiro. A Associação da Força Expedicionária Brasileira – Regional Pernambuco possui como principal honraria a Medalha Aspirante Mega que, em conjunto com a Medalha Pracinha Antônio Vieira, formam os baluartes dessa regional.

No ano passado, em conjunto com o atual vice-presidente Rigoberto Souza, vislumbramos a ideia de formar um Grupamento Histórico que pudesse representar os nossos Veteranos. Esse grupamento seria formado por militares da ativa e da reserva que, indicados e de forma voluntária, pudesse compreender a nobre missão de representar o contingente da Força Expedicionária Brasileira com fidelidade histórica e a marcialidade de uma tropa da ativa.

O projeto passou a ser concebido a partir da incorporação de elementos da Associação SEMPRE POLÍCIA DO EXÉRCITO (ASSPEx), entidade que reúne militares da ativa e da reserva e veteranos da Polícia do Exército, e não poderia haver contingente mais preparado para a missão, pois o Policial do Exército tem por notoriedade a marcialidade e a disciplina, com a mística UMA VEZ PE, SEMPRE PE, tornar-se-á o perfeito efetivo para compor o Grupamento. Como o presidente da Associação SEMPRE PE estava envolvido no projeto, como colaborador da ANVFEB-PE, ficou fácil a formação do contingente que iria formar o Grupamento Histórico.

Em seguida foi realizado um estudo histórico sobre os uniformes utilizados pela Força Expedicionária Brasileira na campanha da Itália, para tanto, eram necessários pesquisas em diversas fontes, inclusive fontes estrangeiras, realizadas com o apoio do Coronel Lima Gil, Francisco Miranda, Mário Messias e Rigoberto Souza, todos envolvidos por literaturas e fotos para embasar de forma consistente a utilização dos vários tipos de uniformes utilizados pela FEB, e que poderiam ser adotados pelo Grupamento Histórico.

Escolhido o uniforme, conseguimos através do vice-presidente da SEMPRE PE, Belarmino, uma empresa que assegurou um protótipo que serviria de modelo para ser avaliado com os detalhes históricos necessários.  O modelo foi apresentado em reunião formal da Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira – Regional Pernambuco,  para que os próprios Veteranos pudessem testificar a veracidade e a fidelidade dos uniformes utilizados por eles. Ajustes foram necessários, mas resultado final impressionou a todos os presentes na Reunião, pela fidelidade histórica. Mais uma importante etapa concluída.

O próximo passo seria a oficialização do projeto junto às organizações militares. E fomos em busca do apoio da 7ª Região Militar, externando o projeto ao Sr. Coronel Edivaldo, Chefe do Estado Maior da Região Matias de Albuquerque, que vibrou com a ideia. No tramite apoiado pelo Coronel, a ANVFEB-PE oficializou o projeto através da assessoria cultural, a cargo do Coronel Romero, que despachou diretamente com o General Aguiar, seguindo para conhecimento do Comandante Militar do Nordeste. Nesse momento surge o apoio, mais que importante, do Coronel Medeiros Júnior, Assistente do Comandante Militar do Nordeste, que nos aconselhou a buscar o reconhecimento da ANVFEB-RIO, na formalização com o objetivo de padronização para uma possível abrangência nacional. Procuramos o Presidente da Associação dos Veteranos da FEB no Rio, através do Tenente Israel Blajberg, chegamos ao General Rosendo, atual presidente ANVFEB, e como bom conhecedor dos propósitos da nossa regional, consolidou a autorização junto ao General Bezi, Comando Militar do Nordeste. O caminho estava completo.

 O treinamento do Grupamento Histórico foi um grande exemplo de colaboração e integração. Através do apoio do Coronel Ricardo Pereira de Araújo, o Grupamento passa a trainar com toda a logística e apoio do 4º Batalhão de Polícia do Exército que. Também contribuíram para a missão o Major André, como Oficial de Ligação e o Sargento Torre das Relações Públicas.

Próximo de 07 de setembro de 2012 entrará para história dessa regional como um marco na preservação da Memória da Força Expedicionária Brasileira. Esse Grupamento Histórico não é mérito de um ou dois homens, mas é mérito de todos que buscaram, apoiaram e se comprometeram com o objetivo de preservação de uma parte importante da História do Exército Brasileiro.

O Grupamento Histórico Aspirante Francisco Mega (GHAFM), estará presente todas as vezes que a memória de seu Patrono for lembrada. Esse é o principal agente motivador que faz com que essa ideia se materialize nos uniformes históricos ostentados por esse grupamento.

Nossos agradecimentos:

  1. General Rosendo – Presidente da ANVFEB
  2. General Benzi – Comandante Militar do Nordeste
  3. General Aguiar – Comandante da 7ª Região Militar
  4. Coronel Edivaldo – Chefe do Estado Maior da  7ª Região MIlitar
  5. Coronel Romero – Assessor Cultural da 7ª Região Militar
  6. Coronel Medeiros Júnior – Ajudante de Ordens do Comandante Militar do Nordeste
  7. Coronel Ricardo – Comandante do 4º Batalhão de Polícia do Exército
  8. Coronel Castilho – Diretor do Parque de Manutenção Regional
  9. Coronel Lima Gil – Colaborador da ANVFEB-PE (realizando curso no exterior)
  10. Tenente-Coronel Monteiro – Produtos Controlados
  11. Major Antoine – Comandante da 2ª Companhia de Guardas
  12. Major André – Relações Públicas 4ºBPE
  13. Tenente R/2 Israel Blajberg – ANVFEB
  14. Sargento Torre  – Relações Públicas do 4º BPE
  15. Sargento José Aguinaldo – Membro da ASSPEx
  16. Cabo Sérgio e Equipe de Banda – 4º BPE

E a todos os que fazem a Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira.

Cenas que Merecem Registro. Brasileiros, Acima de Tudo!

 Nada mais justo quando se tem acesso a determinadas situações e informações que merecem registro para a posteridade. Particularmente creio que seja o papel de cada elemento que se importa com a história de nosso país, conduzir para as próximas gerações impressões, marcas e informações que devem ser guardadas para sempre.

 Portanto cumprindo minha obrigação, divulgo o evento que, pessoalmente não participei, mas que tive acesso ao registro. Refiro-me ao agraciamento em 2010, concedido pela Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira – Regional Pernambuco ao Presidente do Conselho Nacional de Oficiais R/2 do Brasil, Tenente Sérgio Monteiro que, além da importante função que exerce, é um exímio e apurado historiador, autor do Livro O Resgate do Tenente Apollo e curador de maravilhoso acervo histórico mantido nas dependências do CPOR do Rio de Janeiro.

 A honraria foi entregue pelo Veterano Rigoberto de Souza. O 3º Sargento Rigoberto membro do 11º Regimento de Infantaria, participou das principais batalhas no Teatro de Operações na Itália, das quais destacamos Monte Castello e Montese, sendo detentor das Medalhas Sangue do Brasil, Cruz de Combate, Medalha Mascarenhas de Morais e Medalha de Campanha.

Nada mais justo que a Medalha Aspirante Mega tenha sido entregue a um historiador desse quilate, como é o caso de Sérgio Monteiro, das mãos de um puro representante nordestino do soldado brasileiro, que viveu e combateu ardentemente pelo seu país. Isso configura um quadro importante, pois nos conduz para uma perspectiva otimista do nosso futuro como nação. Homens dignos de gerações diferentes, mas brasileiros que defendem os mesmo valores, em tempo de paz ou não!

Se cada brasileiro entender o significado de sua própria história, inclusive a recente, sem ideologias ultrapassadas, poderemos olhar dignamente para frente, para o futuro! E saber o valor daqueles que lutaram ontem pelo mundo que conhecemos hoje, bom ou ruim ele é possível graças ao sangue e a vida de muitos.

Tenente Monteiro recebe a Medalha Aspirante Mega das mãos do 3º Sargento Rigoberto Souza do 11º Regimento de Infantaria

Sargento Rigoberto Souza na campanha da Itália entre 1944 e 1945

Da esquerda para a direita: Veteranos Rigoberto Souza, Tenente Monteiro, TC Monteiro, Veteranos Virgílio

Desfile da Vitória – A Seta indica o Sargento Rigoberto no desfile

Entrega da Medalha

Este slideshow necessita de JavaScript.

AMAN e ANVFEB-PE entregam Medalha Aspirante Mega – Reconhecimento Histórico

            A Associação Nacional dos Veteranos da FEB – Seção Regional Pernambuco fez a entrega da Medalha Aspirante Mega no dia 10 de maio, na Academia Militar das Agulhas Negras, ao cadete primeiro colocado do terceiro ano do Curso de Infantaria, sendo agraciado com a honraria após participar do exercício da liderança, cuja execução visa desenvolver atributos das áreas afetiva, cognitiva e psicomotora, inerentes ao futuro comandante dos pelotões da Arma de Infantaria.

            Esta prova é realizada em uma única oportunidade durante o ano de instrução, sendo desencadeada ao longo de três jornadas ininterruptas. Ao longo deste período, os cadetes são submetidos a intensos esforços físicos, sendo avaliados quanto à sua capacidade de comando sob condições adversas, as quais buscam a imitação das extenuantes situações de combate.

            O nome dado à prova foi inspirado na heroica ação de combate desencadeada pelo Aspirante Francisco Mega, único Aspirante a oficial a tombar em combate no Teatro de Operações da Itália. No dia 15 de Abril de 1945, ele lançou-se à frente do seu pelotão contra as tropas inimigas instaladas na Cota 778 à leste da cidade de Montese e, mesmo sendo ferido mortalmente  no momento do assalto, buscou  a motivação dos seus homens na manutenção do ataque, proferindo as seguintes palavras: “Porque estão parados em torno de mim? A guerra é lá na frente. Quem está no fogo é para se queimar! Estou aqui por que quis! Se vocês estão sentidos com o que aconteceu, vinguem-se acertando o comandante deles! De nada valerá o meu sacrifício se não conquistarem o objetivo. A minha vida nada vale, a minha morte nada significa diante do que vocês ainda tem para fazer . Prossigam na luta…”

            Através deste legado deixado pelo Aspirante Mega, o Curso de Infantaria da Academia Militar das Agulhas Negras, por meio da referida prova, procura forjar o caráter militar de cada um dos seus Cadetes.

           A Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira sente-se honrada em poder agraciar estes Cadetes que souberam enfrentar com bravura e dignidade as dificuldades impostas, honrando a memória dos nossos verdadeiros Heróis.

“Conspira contra sua própria grandeza,  o povo que não cultiva os seus feitos heroicos”

Aspirante Francisco Mega

 

 

Foto da Turma do Aspirante Francisco Mega da Escola Militar de Realengo – 1942

Montese e o Aspirante Francisco Mega

 Artigo enviado pelo Pesquisador Rigoberto Souza.

____________________

Montese e o Aspirante Francisco Mega

          Um dos pontos mais difíceis a ser conquistado na frente dos Apeninos e, que deveria ser conquistado era a pequena cidade de Montese, localizada em uma elevação abrupta, com uma alta torre de observação, de onde se podia ver todo o campo a sua volta. Ela era cercada por montanhas um pouco mais baixas, e muito bem guarnecida pelo exército alemão, o que a tornava um alvo inexpugnável.

             No dia 14 de Abril de 1944, o 11º RI se encontrava em posição de ataque, tendo sido designado ao Aspirante Francisco Mega minar a forte resistência alemã, nas proximidades de Serrete, ao pé de Montese. Ao chegarem ao local encontraram forte resistência, que os atacou com todo o tipo de armas disponíveis, provocando inúmeras baixas nas fileiras do pelotão do jovem Francisco Mega, mas este não se abatia de jeito nenhum, encorajando aos seus comandados a avançar, dando-lhes o exemplo.

             Os homens seguiam avançando, a uma distância de aproximadamente 200 metros, quando ouviram o silvo de uma granada, e rapidamente todos se jogaram ao chão. Passado o susto, se puseram de pé para seguir a progressão, quando se deram conta que seu comandante estava ferido. Do seu peito jorrava o sangue do soldado brasileiro. Pararam atônitos, como se todos estivessem feridos.

 –        O que vocês estão olhando? Por que pararam? – perguntou o Aspirante Mega aos seus soldados. – A guerra é lá na frente. Minha morte não significa nada! Avancem, vamos, continuem a lutar!

            Seu ordenança já estava amparando-o, pois suas forças se esvaiam rapidamente.

             Não havia mais possibilidade de salvá-lo, pois os estilhaços estavam encravados por todo o seu corpo. Só restava uma vontade muito grande de transmitir suas últimas ordens. Chamou o Sargento e perguntou-lhe se ele está ciente das ordens e dá-lhe instruções para prosseguir, e o pede para mostrar-lhe o seu mapa, pois o seu estava coberto de sangue, e imediatamente o transmite as últimas ordens, e lhe pede que não lamentem a sua morte, pois quando eu vim para cá, já sabia que isto poderia ocorrer.

             Todo o pelotão o cercava, pois era querido por todos e, nos seus últimos momentos de vida, despediu-se de cada um daqueles bravos, exigindo deles o compromisso de continuarem a atacar, agora sob o comando do Sargento. Então, pediu que tirassem de dentro do seu “fieldjacket” um terço de Nossa Senhora e, com a voz já bem enfraquecida, distribui os seus pertences entre seus comandados, e ao seu Sargento, entregou o seu anel, pedindo que o fizesse chegar ao seu pai, pois nele havia o retrato de sua mãe.

             Foi rezando o terço de Nossa Senhora, que a vida do bravo brasileiro foi-se esvaindo, sem dor, clamo, ante o silêncio daqueles que ele havia conduzido nos campos de batalha. O seu exemplo levou à frente ainda com mais garra os seus comandados, e a posição foi conquistada.

             Na realidade, o dia 14 de Abril,  marcou o início da guerra nos campos da Itália. Tanto o 5º, quanto o 8º exércitos se encontravam concentrados na rota de Bolonha, como se estivessem apostando uma corrida para ver quem chegaria primeiro aos Alpes. Seguiam céleres as tropas dos “Tigres”(1ª de blindados) e os “Cabeça de búfalo”(34ª de blindados).

             À direita de nossa tropa estava posicionada os homens muito bem treinados da 10ª Divisão de Montanha, pronta para dar o golpe decisivo na região dos Apeninos. Todo este esquema das tropas americanas estava montado e pronto para entrar em ação, entretanto ela não saiu do lugar.

             Só os pracinhas brasileiros, com um pelotão comandado pelo Tenente Iporã avançou e, depois de uma luta ferrenha e sangrenta, conseguiram desalojar os alemães da torre e Montese, que lá estavam espreitando nossas tropas, ceifando muitas vidas brasileiras.

             Neste ataque, o Esquadrão de Reconhecimento comandado pelo Capitão Plínio Pitaluga foi imprescindível para a vitória, que avançou com seus carros de combate, assustou os tedescos, que pensavam estar sendo atacados por uma divisão americana.

             Sobre a cidade de Monte, neste dia, foram despejadas aproximadamente 15.000 granadas de artilharia de vários calibres, quer aliadas, quer alemãs.

             A conquista de Montese é mais uma das belas páginas de glória do 11º Regimento de Infantaria.

Foto do Acervo Pessoal da Família enviada para o BLOG

Patrulha do Tenente Iporan sob fogo inimigo

2º Pelotão à frente da 8ª do 11º RI deixando Montese após vitória contra os alemães

Aspirante Mega – A Morte de um Herói Brasileiro

          Segue abaixo, texto enviado pelo Pesquisador Rigoberto Souza Júnior sobre a atuação e morte de umas das figuras lendárias do Exército Brasileiro e um Heróir Brasileiro de primeira grandeza.

           Passados alguns anos da Campanha da FEB na Europa, em suas considerações o Coronel Raul da Costa Mattos, se questionava da real necessidade de se levar Aspirantes para o Teatro de Operações da Itália, pois se por um lado há afoiteza e impetuosidade do jovem, falta-lhe bom senso dos homens maduros.  Quando o navio aportou em Nápoles, onde a crueza da guerra se mostrava com todas as suas cores, causando impacto no mais calejado militar, nos trazia a preocupação de pelo fato de não ter ido um contato mais próximo com os soldados, pois só na teoria estávamos preparados a comandar. O Aspirante, na carreira militar, vive a fase de transição, em que diante de casos práticos, só lhe vem à mente a teoria da difícil arte de comandar, e dentro desta ordem de ideias, o que dizer a um futuro Aspirante, para que lhe sirva numa contingência igual à vivida na 2ª Guerra Mundial.

  A cidade de Montese, que no consenso do IV Corpo, foi a posição mais duramente atingida e bombardeada pelos alemães desde Monte Casino,  foi o palco trágico da perda de uma vida preciosa: a o Aspirante Mega, carioca do Regimento Sampaio, sendo o único Aspirante a oficial tombado em combate, egresso da Escola Militar do Realengo, de onde havia saída há apenas três meses.

 O alemão se alojou numa posição, num último esforço de barrar a arrancada da 10ª Divisão de Montanha – linha de frente do IV Corpo, e que a FEB deveria cobrir, atacando aquela pequena cidade que se postava ao lado da Divisão Americana. Esta ação coube ao regimento Tiradentes, que por sua vez, era coberto ao Norte pelo Batalhão Syzeno do Regimento Sampaio, que participou daquela sanguinolenta batalha, por três longas jornadas, e devido ao pesado número de baixas, ficou conhecida pelos que lá combateram como a “cidade da torre sinistra”.

            O principal Herói desta Batalha foi o Aspirante Mega, que já fizera três lances vitoriosos por entre a fuzilaria, as minas e granadas, além do inferno imposto pela pesada artilharia do Exército Alemão. O ápice da luta se deu por volta das três da tarde de 14 de Abril de 1944, quando a cidade de Montese fumegava diante da artilharia da Força Expedicionária Brasileira, enquanto nossos infantes progrediam pelas encostas, repletas de casamatas, destruindo-as uma a uma.

            Impulsionados pelo vigor do Aspirante Mega, o seu Pelotão rompia os campos minados rumo à cota 778, seguido pelo Pelotão Amorim(que ainda não havia sido ferido), que os apoiava com seus fogos, por ordem do Capitão Vargas , comandante da Companhia. Em sua empreitada, o Aspirante Mega se defronta com uma casamata alemã, detém-se por alguns momentos, preparando sua bazuca e dispõe sue Pelotão para o assalto final. Neste momento um estilhaço de granada o acerta em cheio. Tomba, tenta erguer-se e tomba novamente. Seus homens vacilam diante do Chefe ferido,
e ele percebendo, antes que o assalto não se iniciasse e seus homens fossem trucidados pelos alemães, ele chama seu o Sargento Agenor, que se aproxima com os olhos marejados, encarando-o serenamente,  e ordena que assuma o comando, dizendo:

            “Por que estão parados diante de mim? A guerra é lá adiante, estou aqui por que quis, se vocês estão sentidos com o que aconteceu, se vinguem, acertando o Comandante deles. De nada valerá o meu sacrifício, se não conquistarem o objetivo. A minha vida nada vale. A minha morte nada significa diante do que vocês ainda tem por fazer. Prossigam na luta…”

            E apontando para o inimigo, o Aspirante Mega lançou seus bravos para frente, pedindo apenas um soldado para acompanhá-lo em suas orações. Ele morreu contemplando, heroico o último ataque que o Pelotão fazia sob seu comando.

 A  Associação Nacional dos Veteranos da FEB – Regional Pernambuco, tem orgulho de ter a efígie do Aspirante Mega, estampada em uma de suas medalhas, pois citando o Estadista e General Grego Péricles, do século V A.C. E grande artífice do apogeu da Grécia Antiga, berço da Arte Militar Ocidental.

 

            “Os que morrem por seu País o servem mais num só dia, do que os demais em todas as suas vidas”. 

Este post é dedicado a todos os amigos da  Associação dos Oficiais da Reserva do Recife –AORE e a todos que compõem o corpo do Centro de Preparação dos Oficiais da      Reserva –Recife.

 

Medalha Aspirante Mega - Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira - Seccional Pernambuco

Fonte: Livro “Do terço Velho ao Sampaio da FEB”  –  Ten Cel Nelson Rodrigues de Carvalho – Bibliex – 1953

Livro: “A presença do Brasil na 2ª guerra Mundial” – Cel Raul Mattos Simões

%d blogueiros gostam disto: