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Montese e o Aspirante Francisco Mega

 Artigo enviado pelo Pesquisador Rigoberto Souza.

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Montese e o Aspirante Francisco Mega

          Um dos pontos mais difíceis a ser conquistado na frente dos Apeninos e, que deveria ser conquistado era a pequena cidade de Montese, localizada em uma elevação abrupta, com uma alta torre de observação, de onde se podia ver todo o campo a sua volta. Ela era cercada por montanhas um pouco mais baixas, e muito bem guarnecida pelo exército alemão, o que a tornava um alvo inexpugnável.

             No dia 14 de Abril de 1944, o 11º RI se encontrava em posição de ataque, tendo sido designado ao Aspirante Francisco Mega minar a forte resistência alemã, nas proximidades de Serrete, ao pé de Montese. Ao chegarem ao local encontraram forte resistência, que os atacou com todo o tipo de armas disponíveis, provocando inúmeras baixas nas fileiras do pelotão do jovem Francisco Mega, mas este não se abatia de jeito nenhum, encorajando aos seus comandados a avançar, dando-lhes o exemplo.

             Os homens seguiam avançando, a uma distância de aproximadamente 200 metros, quando ouviram o silvo de uma granada, e rapidamente todos se jogaram ao chão. Passado o susto, se puseram de pé para seguir a progressão, quando se deram conta que seu comandante estava ferido. Do seu peito jorrava o sangue do soldado brasileiro. Pararam atônitos, como se todos estivessem feridos.

 –        O que vocês estão olhando? Por que pararam? – perguntou o Aspirante Mega aos seus soldados. – A guerra é lá na frente. Minha morte não significa nada! Avancem, vamos, continuem a lutar!

            Seu ordenança já estava amparando-o, pois suas forças se esvaiam rapidamente.

             Não havia mais possibilidade de salvá-lo, pois os estilhaços estavam encravados por todo o seu corpo. Só restava uma vontade muito grande de transmitir suas últimas ordens. Chamou o Sargento e perguntou-lhe se ele está ciente das ordens e dá-lhe instruções para prosseguir, e o pede para mostrar-lhe o seu mapa, pois o seu estava coberto de sangue, e imediatamente o transmite as últimas ordens, e lhe pede que não lamentem a sua morte, pois quando eu vim para cá, já sabia que isto poderia ocorrer.

             Todo o pelotão o cercava, pois era querido por todos e, nos seus últimos momentos de vida, despediu-se de cada um daqueles bravos, exigindo deles o compromisso de continuarem a atacar, agora sob o comando do Sargento. Então, pediu que tirassem de dentro do seu “fieldjacket” um terço de Nossa Senhora e, com a voz já bem enfraquecida, distribui os seus pertences entre seus comandados, e ao seu Sargento, entregou o seu anel, pedindo que o fizesse chegar ao seu pai, pois nele havia o retrato de sua mãe.

             Foi rezando o terço de Nossa Senhora, que a vida do bravo brasileiro foi-se esvaindo, sem dor, clamo, ante o silêncio daqueles que ele havia conduzido nos campos de batalha. O seu exemplo levou à frente ainda com mais garra os seus comandados, e a posição foi conquistada.

             Na realidade, o dia 14 de Abril,  marcou o início da guerra nos campos da Itália. Tanto o 5º, quanto o 8º exércitos se encontravam concentrados na rota de Bolonha, como se estivessem apostando uma corrida para ver quem chegaria primeiro aos Alpes. Seguiam céleres as tropas dos “Tigres”(1ª de blindados) e os “Cabeça de búfalo”(34ª de blindados).

             À direita de nossa tropa estava posicionada os homens muito bem treinados da 10ª Divisão de Montanha, pronta para dar o golpe decisivo na região dos Apeninos. Todo este esquema das tropas americanas estava montado e pronto para entrar em ação, entretanto ela não saiu do lugar.

             Só os pracinhas brasileiros, com um pelotão comandado pelo Tenente Iporã avançou e, depois de uma luta ferrenha e sangrenta, conseguiram desalojar os alemães da torre e Montese, que lá estavam espreitando nossas tropas, ceifando muitas vidas brasileiras.

             Neste ataque, o Esquadrão de Reconhecimento comandado pelo Capitão Plínio Pitaluga foi imprescindível para a vitória, que avançou com seus carros de combate, assustou os tedescos, que pensavam estar sendo atacados por uma divisão americana.

             Sobre a cidade de Monte, neste dia, foram despejadas aproximadamente 15.000 granadas de artilharia de vários calibres, quer aliadas, quer alemãs.

             A conquista de Montese é mais uma das belas páginas de glória do 11º Regimento de Infantaria.

Foto do Acervo Pessoal da Família enviada para o BLOG

Patrulha do Tenente Iporan sob fogo inimigo

2º Pelotão à frente da 8ª do 11º RI deixando Montese após vitória contra os alemães

ANVFEB-PE Realiza Cerimônia de Agraciamento.

Realizou-se nesta data, a cerimônia de entrega de Medalhas conferida a civis e militares pelos serviços prestados a memória e a manutenção do espírito da Força Expedicionária Brasileira no Estado de Pernambuco.

Por ocasião foram conferidas a Medalha Aspirante Mega ao Comandante do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Recife (CPOR/R) Coronel Antonio Carlos de Souza e ao Sr. Francisco Miranda Neto. Também foi conferida a Medalha Pracinha Antônio Vieira ao Tenente-Coronel Monteiro da 7ªRM/7ªDE e ao Subcomandante do CPOR/Recife Tenente-Coronel Vidal.

A ANVFEB-PE ofereceu, como forma de agradecimento, um quadro alusivo ao Major Adler Comandante da 14ª Bateria de Artilharia Antiaérea, uma unidade militar que tem se feito presente na vida da associação.

E por último foi entregue um escudeto ao jovem Joaquim Vinicius Fernandes como forma de agradecimento pela sua admiração aos Ex-Combatentes da FEB.

…A Cobra Segue Fumando!!

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Aspirante Mega – A Morte de um Herói Brasileiro

          Segue abaixo, texto enviado pelo Pesquisador Rigoberto Souza Júnior sobre a atuação e morte de umas das figuras lendárias do Exército Brasileiro e um Heróir Brasileiro de primeira grandeza.

           Passados alguns anos da Campanha da FEB na Europa, em suas considerações o Coronel Raul da Costa Mattos, se questionava da real necessidade de se levar Aspirantes para o Teatro de Operações da Itália, pois se por um lado há afoiteza e impetuosidade do jovem, falta-lhe bom senso dos homens maduros.  Quando o navio aportou em Nápoles, onde a crueza da guerra se mostrava com todas as suas cores, causando impacto no mais calejado militar, nos trazia a preocupação de pelo fato de não ter ido um contato mais próximo com os soldados, pois só na teoria estávamos preparados a comandar. O Aspirante, na carreira militar, vive a fase de transição, em que diante de casos práticos, só lhe vem à mente a teoria da difícil arte de comandar, e dentro desta ordem de ideias, o que dizer a um futuro Aspirante, para que lhe sirva numa contingência igual à vivida na 2ª Guerra Mundial.

  A cidade de Montese, que no consenso do IV Corpo, foi a posição mais duramente atingida e bombardeada pelos alemães desde Monte Casino,  foi o palco trágico da perda de uma vida preciosa: a o Aspirante Mega, carioca do Regimento Sampaio, sendo o único Aspirante a oficial tombado em combate, egresso da Escola Militar do Realengo, de onde havia saída há apenas três meses.

 O alemão se alojou numa posição, num último esforço de barrar a arrancada da 10ª Divisão de Montanha – linha de frente do IV Corpo, e que a FEB deveria cobrir, atacando aquela pequena cidade que se postava ao lado da Divisão Americana. Esta ação coube ao regimento Tiradentes, que por sua vez, era coberto ao Norte pelo Batalhão Syzeno do Regimento Sampaio, que participou daquela sanguinolenta batalha, por três longas jornadas, e devido ao pesado número de baixas, ficou conhecida pelos que lá combateram como a “cidade da torre sinistra”.

            O principal Herói desta Batalha foi o Aspirante Mega, que já fizera três lances vitoriosos por entre a fuzilaria, as minas e granadas, além do inferno imposto pela pesada artilharia do Exército Alemão. O ápice da luta se deu por volta das três da tarde de 14 de Abril de 1944, quando a cidade de Montese fumegava diante da artilharia da Força Expedicionária Brasileira, enquanto nossos infantes progrediam pelas encostas, repletas de casamatas, destruindo-as uma a uma.

            Impulsionados pelo vigor do Aspirante Mega, o seu Pelotão rompia os campos minados rumo à cota 778, seguido pelo Pelotão Amorim(que ainda não havia sido ferido), que os apoiava com seus fogos, por ordem do Capitão Vargas , comandante da Companhia. Em sua empreitada, o Aspirante Mega se defronta com uma casamata alemã, detém-se por alguns momentos, preparando sua bazuca e dispõe sue Pelotão para o assalto final. Neste momento um estilhaço de granada o acerta em cheio. Tomba, tenta erguer-se e tomba novamente. Seus homens vacilam diante do Chefe ferido,
e ele percebendo, antes que o assalto não se iniciasse e seus homens fossem trucidados pelos alemães, ele chama seu o Sargento Agenor, que se aproxima com os olhos marejados, encarando-o serenamente,  e ordena que assuma o comando, dizendo:

            “Por que estão parados diante de mim? A guerra é lá adiante, estou aqui por que quis, se vocês estão sentidos com o que aconteceu, se vinguem, acertando o Comandante deles. De nada valerá o meu sacrifício, se não conquistarem o objetivo. A minha vida nada vale. A minha morte nada significa diante do que vocês ainda tem por fazer. Prossigam na luta…”

            E apontando para o inimigo, o Aspirante Mega lançou seus bravos para frente, pedindo apenas um soldado para acompanhá-lo em suas orações. Ele morreu contemplando, heroico o último ataque que o Pelotão fazia sob seu comando.

 A  Associação Nacional dos Veteranos da FEB – Regional Pernambuco, tem orgulho de ter a efígie do Aspirante Mega, estampada em uma de suas medalhas, pois citando o Estadista e General Grego Péricles, do século V A.C. E grande artífice do apogeu da Grécia Antiga, berço da Arte Militar Ocidental.

 

            “Os que morrem por seu País o servem mais num só dia, do que os demais em todas as suas vidas”. 

Este post é dedicado a todos os amigos da  Associação dos Oficiais da Reserva do Recife –AORE e a todos que compõem o corpo do Centro de Preparação dos Oficiais da      Reserva –Recife.

 

Medalha Aspirante Mega - Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira - Seccional Pernambuco

Fonte: Livro “Do terço Velho ao Sampaio da FEB”  –  Ten Cel Nelson Rodrigues de Carvalho – Bibliex – 1953

Livro: “A presença do Brasil na 2ª guerra Mundial” – Cel Raul Mattos Simões

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