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Fotos de Montese com Legenda

Em alusão a uma data tão significativa, o vice-presidente da Associação Nacional dos Veteranos da FEB/Regional Pernambuco, Rigoberto de Souza Júnior, nos enviou algumas excelentes fotos de um dia que insiste em ser esquecido por nossa nação.

 

O Cemitério Militar de Pistóia e o Último dos Brasileiros Morto na Itália

 O quanto uma nação pode contemplar tanto descaso histórico ao ponto de ignorar escandalosamente o sacrifício de gerações passadas? Quem somos afinal? Que nação o Brasil irá se tornar se continuamos a vivenciar o descaso com brasileiros que deram suas vidas para forjar esse país? Muito pior, quando observamos que o descaso governamental se baseia em argumentação ideológica destrutiva de nossa própria identidade como povo, que se orgulha em cantar “Mas, se ergues da justiça a clava forte, Verás que um filho teu não foge à luta,!”.

Segundo o pensamento científico o que move a humanidade são as perguntas e não as respostas, mas neste caso, as perguntas estão sem respostas década após décadas.

 

Pistóia foi a cidade que acolheu os corpos dos brasileiros que deram sua vida pelo seu país. Isso mesmo, eles deram a vida pelo seu país, pois foi o Brasil que os enviou! Para lutarem e morrerem na Itália. Todos brasileiros! Todos nascidos em diversas regiões do país que, deixando suas famílias e suas vidas, partiram para lutar a Segunda Guerra Mundial ostentando a Bandeira do Brasil e de lá só retornaram a sua terra natal, em 22 de dezembro em cotejo fúnebre para repousar eternamente no Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial e para repousarem na memória dos brasileiros que nem mesmo entendem que a bela construção arquitetônica no Aterro do Flamengo guarda os restos mortais de brasileiros natos, bravos e que honram a frase: “ Nem teme, quem te adora, a própria morte.” , enquanto deixamos a desejar como nação: “ Dos filhos deste solo és mãe gentil…

 

O MONUMENTO VOTIVO MILITAR BRASILEIRO DE PISTÓIA


Depois de quase 5 anos em que o terreno do antigo Cemitério foi deixado repousar para permitir a drenagem da terra, foram começados os trabalhos para a construção do Monumento. Neste meio tempo muito grande foi a tarefa diplomática para conseguir os recursos e as autorizações necessárias para conseguir realizar o Monumento Votivo do Cemitério Militar Brasileiro. Foi o filho do então Embaixador Francisco D’Alamo Lousada, Engº Dr. Carlos Eduardo, que realizou uma grande opera de persuasão junto as personalidades e Autoridades do Governo e ao Ministro das Relações Exteriores Juracy Magalhães, vencendo inúmeras dificuldades para conseguir recursos governamentais. O Monumento foi projeto do Arquiteto Olavo Redig de Campos, discípulo do projetista de Brasília Oscar Niemayer, auxiliado pelo Engenheiro italiano Luigi Cafiero na realização que foi executada pela firma Zarri. A inauguração aconteceu em 7 de junho de 1966, na presença das mais altas Autoridades brasileiras, com destaque para S. E. Francisco D’Alamo Lousada, Embaixador junto ao Governo italiano em Roma, o Embaixador junto à Santa Sé Henrique de Souza Gomes, o General do Exército brasileiro Floriano de Lima Brayner, chefe da delegação especial das Forças Armadas brasileiras. Também as Autoridades italianas prestigiaram a cerimônia sendo presentes, entre outros o Ministro das Relações Exteriores, o subsecretário da Defesa ,o Prefeito de Pistóia, o Bispo da diocese de Pistóia, além de inúmeros representantes das Forças Armadas italianas.

Varias simbolizais caracterizam o Monumento, como muito bem explicado na entrada onde em duas colunas em base triangular são gravadas as palavras:


A TERRA

A terra de sepultura
É terra sagrada
Na Itália o campo-santo
É a terra intocável
Do antigo cemitério
E lá continua agreste
Como antes
Sagrada pelo “Sangue dos heróis”

A CRUZ

A cruz toma posse do terreno
Fixa seus limites
Consagra seu destino
São as linhas brancas
Da enorme cruz
Que marcam o lugar para sempre
Ao altar de Deus
Se ascende pelo pé da cruz
Os braços se abrem
Em verdes campos
De esperança e fé

O SACRIFÍCIO
Ao centro da cruz
Está o altar de Deus
Pelo sacrifício do altar
Os mortos se elevam
À glória de Deus
Aqui domina a vertical
As colunas elevam o pálio
Bem alto

A ÁGUA

O horizonte é o perfil da terra
Da terra que recebe os mortos
Para o descanso eterno
É a linha horizontal
Do longo espelho d’água
Serena, estática
Como as coisas acabadas
Como um cálice

A PEDRA

A pedra é símbolo da resistência
A pedra é tenaz
A pedra é dura
O muro de pedra guarda
Gravados para sempre
Os nomes gloriosos
E a memória dos vivos
Os nomes emergem
Das águas tranqüilas
As águas refletem os nomes no céu
É a gloria dos heróis

A GLÓRIA

Para ascender à gloria dos mortos
Um longo caminho
Em meio às pedras
O caminho das batalhas vencidas
O das vitorias
Alcançadas no sacrifício
O nome de Monte Castelo
E tantos outros
Gravados no chão de pedra
Reúnem a longa caminhada
De nossos irmãos

O RESPEITO

A presença dos vivos
É marcada pelo respeito
Um lugar apartado
Para a glorificação
Na contemplação
À direita do altar
No lugar de honra
A Bandeira do Brasil
E a gratidão da pátria.

Olavo Redig de Campos

ESTA TERRA SAGRADA FOI SEPULTURA DOS SOLDADOS BRASILEIROS MORTOS NO CAMPO DE HONRA PELA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. SEUS NOMES ESTÃO GRAVADOS NESTA PEDRA PARA ETERNA MEMÓRIA DOS HOMENS

A atender as visitas desde o 1947 foi o Sr. Miguel Pereira, integrante da FEB que teve a honra de ficar como guardião, recebendo inúmeras importantes visitas (passaram até dois Presidentes do Brasil) e sem poupar esforços, ao longo dos anos, recuperou boa parte dos extraviados, bem como os contatos com as Prefeituras dos locais onde os soldados brasileiros atuaram, estreitando ainda mais as relações entre os dois países. Falecido em fevereiro de 2003 deixou ao filho a tarefa de continuar a “missão” de cuidar deste singelo lugar onde Historia, Honra e Glória estão de mãos dadas, num cartão postal que fala num conjunto único das qualidades humanas do povo do Brasil.

Mário Pereira
Administrador Monumento Votivo Militar Brasileiro

Último dos Brasileiros

 Foi no fim da mesma cerimônia que um idoso da cidade de Montese – onde aconteceu uma das mais duras batalhas – declarou conhecer o local onde um brasileiro estava ainda sepulto. Depois de um ano de pesquisa, o Guardião do Monumento, Miguel Pereira, conseguiu localizar os restos exatamente no local indicado, achando provas que não deixavam dúvidas quanto à nacionalidade dos restos e sim sobre a identidade certa de quem podia ser o corpo, entre os ainda 15 desaparecidos. A decisão de deixá-lo repousar no Monumento, enquanto Desconhecido, e então representando todos os irmãos tombados no cumprimento do Dever, transformou o local – de fato – num Sacrário.

Autoridades administrativas, judiciárias e policiais da Comuna de Montese e da Província de Módena assistem à entrega da urna do "Pracinha de Montese", às autoridades brasileiras, no Cemitério de Montese. O Subtenente Miguel Teixeira, da Reserva do Exército, ex-Expedicionário, encarregado da Conservação do Monumento de Pistóia, conduzirá a urna ao seu destino definitivo. Montese 30/5/1966\

Autoridades administrativas, judiciárias e policiais da Comuna de Montese e da Província de Módena assistem à entrega da urna do “Pracinha de Montese”, às autoridades brasileiras, no Cemitério de Montese. O Subtenente Miguel Pereira, da Reserva do Exército, ex-Expedicionário, encarregado da Conservação do Monumento de Pistóia, conduzirá a urna ao seu destino definitivo. Montese 30/5/1966

   É necessário que se faça menção ao trabalho do Arquivo Histórico do Exército (AHEX). Um oásis para os pesquisadores do período. Mantém um acervo maravilhoso e também disponibiliza material ONLINE (www.ahex.ensino.eb.br).  Temos que divulgar!

Montese: Há 68 Anos Brasileiros Perdiam a Vida Por Esta Cidade!

Sabe que dia é hoje? Não é dia de Futebol! Pelo menos para História do Brasil! Tem ideia de quantos brasileiros foram mortos ou feridos há exatos 68 anos atrás? Mais de 400!! E sabe quem foram eles? Pois é!!

Montese, a mais dura das batalhas para os brasileiros!

A AGO (Ordem Geral de Operações) nº 15, de 12 de abril de 1945, do IV Corpo, determinada à 1ª DIE a seguinte missão: cobrir permanentemente o flanco esquerdo (ocidental) da 10º Divisão de Montanhas, conquistar Montese, explorando o êxito até o corte do Rio Panaro, e ficar em condições de progredir na direção Rocca-Vignola. A conquista de Montese se impunha para permitir o franco avançado da 10º Divisão de Montanha para o norte. A ação teve início às 10h15 de 15 de abril, pelo lançamento de fortes patrulhas sobre objetivos delimitados. Às 13h30 desencadeia-se o ataque propriamente dito. E às 15h o 1º/11 RI (Batalhão Major Lisboa) entrava em Montese apoiado pela 2ª Companhia do 9º Batalhão da Engenharia de Combate. Houve grande e tenaz resistência dos alemães, que à 18h ainda se mantinham em pontos de resistência dentro da cidade. A reação inimiga foi extraordinária. A limpeza total da cidade e a conquista das elevações que a dominavam foram outras verdadeiras ações de combate, que se prolongaram pelos dias 15 e 16 de abril. Para se uma ideia do que foi o combate em Montese, basta cita que sobre aquela cidade somente no dia 15 caíram 3200 granadas de vários calibres da artilharia alemã e que sobre as posições inimigas lá existentes a nossa artilharia fez 9660 disparos. A ação sobre Montese foi exclusivamente brasileira e nela tivemos 426 baixas. A partir de 19 de abril entrava a 1ª DIE francamente na exploração do êxito rumo ao vale do Rio Panaro e por ele a planície do vale do Rio Pó em extraordinário lances diários que chegaram a alcançar 80km.

Relato do Tenente Iporan

Eram 12 horas e estávamos bastante preocupados com a possibilidade de recebermos tiros pela retaguarda vindos de Montaurigola. Saímos para o ataque. Mal o pelotão transpôs em linha a crista, partiram de Montese foguetes de sinalização com estrelas vermelhas, denunciando nosso ataque.

A tropa ultrapassou os pontos mais elevados com grande rapidez, facilitada em muito pelo terreno íngreme. Após o pelotão ter vencido um terço da elevação, sua retaguarda foi batida por densa e compacta barragem de artilharia, que cortou o fio telefônico em vários ponto e colocou fora de combate um soldado da equipe de minas e outro da Saúde. No terço inferior da elevação, aproveitando-se de uma estrada carroçável, que oferecia boa proteção, o pelotão reajustou o sei dispositivo e lançou à frente o 3º Grupo de Combate (Sargento Celso Racioppi); os outros GCs apoiaram o avanço trocando tiros dispersos com as primeiras resistências inimigas, mal definidas no terreno.

O 3º Grupo, após um pequeno deslocamento, para e assinala a existência de minas. O comandante do pelotão, ao chegar no ponto assinalado pelo sargento, constatou, com satisfação, que não se tratava de um campo minado e sim de boody-trap (armadilhas) ligadas a minas antipessoais. Neutralizamos as minas, pois conhecíamos o manuseio daqueles artefatos. Mandamos o 3º G.C. continuar a progressão, ao mesmo tempo em que determinamos o avanço do 2º G.C. (Sargento José Matias Júnior), passando a marchar com este.

O grupo mais avançado começou a galgar as elevações de Montese, favorecido pelo terreno, que assemelhava-se a grandes escadas; ao chegar ao topo, o grupo foi detido por fogos oriundos das residências colocadas na frente de uma casa de grande porte. Juntamo-nos ao grupo para estudarmos a situação e constatamos que as posições inimigas estavam a cerca de 150 metros e o espaço que nos separava era formado por uma espécie de bacia, com encostas suaves e vegetação rasteira. Determinamos então ao comandante do G.C manter a posição após o avanço do 2º G.C., que seria empregado à esquerda, enquanto o primeiro G.C. (Sargento Rubens) foi puxado para a frente. Naquela oportunidade, o pelotão tinha perdido toda a ligação com a companhia e o rádio deixou de transmitir devido à distância e ondulações do terreno, e ainda não havíamos conseguido estabelecer nenhuma ligação com o pelotão de Ary Ranen, que deveria estar atuando à direita. Preocupados com a falta de comunicação, enviamos um mensageiro ao comandante da companhia dando ciência de nossa posição e da situação.

O 2º G.C. teve seu avanço sustado por fogos vindos do flanco direito da casa e de duas outras colocadas à esquerda. Sua situação era análoga ao do outro, ou seja, no topo das escadas, separados do inimigo por curtas distâncias, tendo de permeio um terreno limpo. Competia ao comandante do pelotão empregar o último grupamento, mas achamos melhor conservá-lo, pois isso poderia levar à vitória.

Depois de estudarmos detalhadamente o terreno e o inimigo, chegamos à conclusão de que atuando pela esquerda seria melhor, porque os degraus seguiam quase juntos às casas da esquerda. Depois disso, mandamos que o sargento Rubens avançasse como o último G.C.. Para ficarmos com as nossas atenções inteiramente voltadas para a ofensiva deste grupo, determinamos que o segundo-sargento auxiliar Nestor comandasse o apoio de fogos dos detidos em proveito do atacante. Inicialmente a progressão foi feita com relativa facilidade, mas, à proporção que se aproximava as casas, diminuía o seu ímpeto; constatamos, em dado momento, que o ataque estava parado. Resolvemos então impulsioná-lo; deslocamo-nos pra a frente, passando a atuar tal qual um comandante de grupo. O sargento ponderou, achando que o tenente estava fazendo “loucuras”, mas passou a atuar com mais energia e denodo, e avançamos ouvindo o pipocar das granadas de mão dos alemães, que explodiam nas proximidades.

O grupo, com o tenente à frente, quando se aproximava do topo das escadarias do terreno, a cerva de 40 metros das casas, e se preparava para tomar o dispositivo para o ataque recebeu denso bombardeio da nossa Artilharia, que envolveu juntamente com o inimigo. Num relance verificamos que não havia nenhuma baixa e bradamos “Avante às casas!!”.

O grupo atingiu as posições inimigas enquanto não havia se dissipado a fumaça da artilharia. Os alemães permaneceram no fundo de seus abrigos quando as nossas ultrapassavam as suas posições camufladas. Tentaram então reagir, mas foram postos fora de combate. O comandante de pelotão procurou imediatamente reconhecer o terreno em frente e, quando o fazia, foi metralhado de um das janelas laterais da casa grande. Não foi atingido, mas teve a calça chamuscada. Procurou então refúgio no interior da casa. Logo conseguimos restabelecer as ligações pelo rádio com o comandante da companhia, que foi informado que havíamos introduzido uma cunha na defesa adversária, porém, precisávamos de ajuda para manter a posição e que suspendessem o bombardeio que começara momentos antes.

Um úlitmo mensageiro foi enviado pelo Tenente Iporan informava o seu comandante de companhia que havia atingido o seu primeiro objetivo Montese.

Fonte:

Diário de Paisano na Segunda Guerra Mundial – Rudemar Marconi Ramos

Montese, Marco Glorioso de uma Trajetória  – Coronel Adhemar Rivermar de Almeida

Montese – A Conquista Final

Artigo enviado pelo Pesquisador Rigoberto Souza em comemoração a aniversário da Tomada de Montese em 16 de abril de 1945.

Nos primeiros dias de Abril de 1945, o 5º exército Americano decidiu atacar com os seus Corpos de Exército justapostos, pela rota 64 e atingir o norte do Apeninos entre os rios Reno e Panaro, com o objetivo de isolar ou conquistar a cidade de Bolonha.

            Coube a 1ª Divisão de Infantaria Divisionária a proteção do flanco esquerdo do IV Corpo nesta investida. O General Critemberg resolveu fazer o ataque frontal com a 10ª Divisão de Montanha.

            O ataque , marcado para o dia 12 de Abril, foi adiado para o dia 14, em virtude das condições climáticas, pois elas não permitiam o apoio indispensável da força aérea. A 10ª Divisão de Montanha se impôs de tal maneira à admiração dos brasileiros que, durante a reunião dos chefes militares do IV Corpo de Exército, o General Mascarenhas ofereceu e foi aceito figurar a região de Montese como objetivo da D.I.E., dessa maneira, a afamada Divisão Americana ficaria aliviada no seu flanco esquerdo para se dedicar inteiramente à difícil missão.

            Neste ataque seria utilizada uma quantidade enorme de homens e materiais, com o intuito de fazer um rombo na linha defensiva e, ao adentrarem, iriam transformar os Apeninos, que serviam de linha defensiva alemã, em uma enorme muralha da de sua própria prisão.

            Devido a isto, a Divisão de Infantaria Divisionária entrou num ritmo intenso de recompletamento de pessoal e de material. Estas medidas foram tomadas, prevendo principalmente consertos de estradas, reabastecimento de combustível, encaminhamento de prisioneiros. Em todos nossos soldados, estava a certeza de vitória, seria apenas uma questão de tempo.

            Nesta ação de cobertura do flanco esquerdo, figurava a conquista da cidade de Montese, e a progressão seguindo a direção Zocca-Vignola.

            A conquista de Montese correspondia na realidade à tomada de um trio de elevações, constituída por Montese-Zocco-Montello (não confundir Zocco, que é uma elevação, com Zocca, que é um povoado mais ao norte, que foi posteriormente conquistado) e, que viria a contituir o mais duro combate travado pela FEB.

            Uma vez mais, as condições climáticas fariam com que o comando brasileiro atacar sem o apoio de observação aérea, permitindo que a artilharia alemã, sempre inativa durante o dia, abrisse fogo à vontade contra as nossas tropas.

            Às 10:30 hs do dia 14 de Abril partiram os elementos de reconhecimento, que atingiram os seus objetivos através de pequenas mas rápidas incursões. Por volta das 13:30 hs o 11° RI, sob comando do Coronel Delmiro, sendo a ação principal por conta do 3º Batalhão, e depois de decorridos 90 minutos do início do ataque, Montese foi dominada mas, os dois vértices da base defensiva triangular tivessem sido capturados: Zocco e Motello.

            Na manhã seguinte, dia 15 de Abril, o ataque prosseguiu com as mesmas tropas e, em face da ausência do apoio aéreo, a DIE suportou e enfrentou as repetidas e terríveis barragens da artilharia alemã e,  ao término da jornada, somente os objetivos intermediários  de Montesuffone e Paravento haviam sido conquistados.

            O General Mascarenhas solicitou do comando superior e, obteve esse objetivo, como uma homenagem à brava e sempre exaltada 10ª Divisão de Montanha, assim, a unidade americana, que conquistara briosamente Monte Belvedere e Monte Della Toraccia, ficaria aliviada em suas responsabilidades. Sem querer, os brasileiros livraram seus companheiros da armadilha que a artilharia alemã lhes havia reservado.

            Os numerosos mortos e feridos da FEB nesse combate, resgataram a dívida anterior, quando o sacrifício das tropas do General Hayes, tornou mais fácil a conquista de Monte Castelo.

            Apesar da árdua jornada de Montese ter surpreendido os soldados brasileiros, verificou-se que a Seção de Informações, não deixou dúvidas quanto aos recursos que o inimigo dispunha para causar as sérias baixas aos vitoriosos pracinhas da FEB.

            A linguagem utilizada não poderia ter sido mais clara, tanto que dizia afirmativamente: “O inimigo defenderá fortemente o triângulo Montese-888-Montello”, mas a 3ª Seção é mais otimista e encarou a situação em termos definitivos, dando prosseguimento da ação:

“Procurar melhorar a posição, com a posse da linha Montese-888-Montello e da região de 747, partindo daí sobre Bertichi, Ranocchio e Montespecchio”.

  A conquista de Montese

            O ataque à cidade Montese, foi precedido de uma compacta preparação de nossa Artilharia Divisionária e, com apoio de tanques e agentes fumígenos da Companhia de Morteiros Químicos Americana, às 13:30 hs do dia 14 de Abril de 1945, foi desfechado o ataque, com o seguinte dispositivo: I e III  Batalhões do 11º RI e II Batalhão do 1º RI, constituindo assim o 1° escalão de ataque.

             Por volta das 15 horas, o I Batalhão do 11º RI, sob comando do Major Lisboa, demonstrando elevado espírito ofensivo, conseguiu penetrar em Montese, desarticulando a resistência alemã, mas a primeira tropa a entrar em Montese foi o pelotão comandado pelo Tenente Iporan Nunes de Oliveira, da 1ª Companhia do 11° RI.

             Às 15:15 hs, o 11º Regimento de Infantaria conquistava Serreto, e alcançava as imediações de Paravento e, finalmente às 18:00 hs, os tanques americanos atingias as cercanias de Montebuffone, seguidos de perto pela Infantaria Brasileira. Valendo-se do apoio de nossos canhões e morteiros, o III do 11º RI, completou o assalto às “casamatas” alemãs, alcançando as cotas 806 e 808 – Montese  e Serreto.

             Apesar dos violentos ataques de nossa Infantaria, tudo indicava que os obstinados alemães, não estavam dispostos a abandonar Montese e, esperava-se a qualquer momento, um contra-ataque de blindados alemães, com o objetivo de recuperar \Montese e Serreto e, assim, nesta expectativa, encerrou-se a jornada do dia 14.

             Não parecia indicado continuar o ataque na manhã seguinte, com a mesma tropa do 11º RI, que havia dispendido um esforço muito grande, com muitas baixas no seu efetivo. O General  Mascarenhas pretendia empregar nas operações do dia 15, o III do 6º RI, porém, diante do elevado moral da tropa do 11º RI, cujos comandantes manifestaram o desejo de continuar na missão, ele, levando em conta, principalmente a economia de tempo e de meios, aceitou o pedido.

             Os fogos da Artilharia alemã, pareciam mais ajustados e certeiros que os do dia anterior, causando muitas baixas em nossas linhas. Embora o 9º Batalhão de Engenharia participasse ativamente do ataque, acompanhando palmo a palmo nossa Infantaria, os campos minados e as traiçoeira armadilhas fizeram muitas vítimas entre nossos pracinhas.

             A estafa e o levado números de baixas, aconselharam a retirada do III do 11º RI da linha de combate, cuja retração foi feita na noite do dia 15 para 16 de Abril, sendo substituído pelo II do 6º RI.

             Foram quatro jornadas severas, vividas sob os mais pesados bombardeios que a tropa brasileira experimentou durante a Campanha da Itália. Somente nas áreas de Montese, Serreto e Paravento, ocupadas pelos brasileiros, houve maior bombardeio de artilharia inimiga do que no restante da frente ocupada pelas demais tropas do IV Corpo do Exército.

Balanço das baixas da FEB

              1º RI              –   8 mortos e 27 feridos, totalizando 35 baixas

              6º RI             – 14 mortos, 131 feridos, 3 extraviados, totalizando 148 baixas

            11º RI             – 12 mortos, 224 feridos, 7 extraviados, totalizando 243 baixas

            O número de 426 baixas foi o preço pago pela conquista de Montese.

Montese e o Aspirante Francisco Mega

 Artigo enviado pelo Pesquisador Rigoberto Souza.

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Montese e o Aspirante Francisco Mega

          Um dos pontos mais difíceis a ser conquistado na frente dos Apeninos e, que deveria ser conquistado era a pequena cidade de Montese, localizada em uma elevação abrupta, com uma alta torre de observação, de onde se podia ver todo o campo a sua volta. Ela era cercada por montanhas um pouco mais baixas, e muito bem guarnecida pelo exército alemão, o que a tornava um alvo inexpugnável.

             No dia 14 de Abril de 1944, o 11º RI se encontrava em posição de ataque, tendo sido designado ao Aspirante Francisco Mega minar a forte resistência alemã, nas proximidades de Serrete, ao pé de Montese. Ao chegarem ao local encontraram forte resistência, que os atacou com todo o tipo de armas disponíveis, provocando inúmeras baixas nas fileiras do pelotão do jovem Francisco Mega, mas este não se abatia de jeito nenhum, encorajando aos seus comandados a avançar, dando-lhes o exemplo.

             Os homens seguiam avançando, a uma distância de aproximadamente 200 metros, quando ouviram o silvo de uma granada, e rapidamente todos se jogaram ao chão. Passado o susto, se puseram de pé para seguir a progressão, quando se deram conta que seu comandante estava ferido. Do seu peito jorrava o sangue do soldado brasileiro. Pararam atônitos, como se todos estivessem feridos.

 –        O que vocês estão olhando? Por que pararam? – perguntou o Aspirante Mega aos seus soldados. – A guerra é lá na frente. Minha morte não significa nada! Avancem, vamos, continuem a lutar!

            Seu ordenança já estava amparando-o, pois suas forças se esvaiam rapidamente.

             Não havia mais possibilidade de salvá-lo, pois os estilhaços estavam encravados por todo o seu corpo. Só restava uma vontade muito grande de transmitir suas últimas ordens. Chamou o Sargento e perguntou-lhe se ele está ciente das ordens e dá-lhe instruções para prosseguir, e o pede para mostrar-lhe o seu mapa, pois o seu estava coberto de sangue, e imediatamente o transmite as últimas ordens, e lhe pede que não lamentem a sua morte, pois quando eu vim para cá, já sabia que isto poderia ocorrer.

             Todo o pelotão o cercava, pois era querido por todos e, nos seus últimos momentos de vida, despediu-se de cada um daqueles bravos, exigindo deles o compromisso de continuarem a atacar, agora sob o comando do Sargento. Então, pediu que tirassem de dentro do seu “fieldjacket” um terço de Nossa Senhora e, com a voz já bem enfraquecida, distribui os seus pertences entre seus comandados, e ao seu Sargento, entregou o seu anel, pedindo que o fizesse chegar ao seu pai, pois nele havia o retrato de sua mãe.

             Foi rezando o terço de Nossa Senhora, que a vida do bravo brasileiro foi-se esvaindo, sem dor, clamo, ante o silêncio daqueles que ele havia conduzido nos campos de batalha. O seu exemplo levou à frente ainda com mais garra os seus comandados, e a posição foi conquistada.

             Na realidade, o dia 14 de Abril,  marcou o início da guerra nos campos da Itália. Tanto o 5º, quanto o 8º exércitos se encontravam concentrados na rota de Bolonha, como se estivessem apostando uma corrida para ver quem chegaria primeiro aos Alpes. Seguiam céleres as tropas dos “Tigres”(1ª de blindados) e os “Cabeça de búfalo”(34ª de blindados).

             À direita de nossa tropa estava posicionada os homens muito bem treinados da 10ª Divisão de Montanha, pronta para dar o golpe decisivo na região dos Apeninos. Todo este esquema das tropas americanas estava montado e pronto para entrar em ação, entretanto ela não saiu do lugar.

             Só os pracinhas brasileiros, com um pelotão comandado pelo Tenente Iporã avançou e, depois de uma luta ferrenha e sangrenta, conseguiram desalojar os alemães da torre e Montese, que lá estavam espreitando nossas tropas, ceifando muitas vidas brasileiras.

             Neste ataque, o Esquadrão de Reconhecimento comandado pelo Capitão Plínio Pitaluga foi imprescindível para a vitória, que avançou com seus carros de combate, assustou os tedescos, que pensavam estar sendo atacados por uma divisão americana.

             Sobre a cidade de Monte, neste dia, foram despejadas aproximadamente 15.000 granadas de artilharia de vários calibres, quer aliadas, quer alemãs.

             A conquista de Montese é mais uma das belas páginas de glória do 11º Regimento de Infantaria.

Foto do Acervo Pessoal da Família enviada para o BLOG

Patrulha do Tenente Iporan sob fogo inimigo

2º Pelotão à frente da 8ª do 11º RI deixando Montese após vitória contra os alemães

Especial: Tomada de Montese – A Batalha Mais Difícil do Exército Brasileiro!

Montese: missão difícil, missão cumprida!*

Nos meandros da finalização da Segunda Guerra Mundial, ainda restavam alguns sacrifícios a serem enfrentados pelos componentes da nossa gloriosa Força Expedicionária Brasileira. Dessa forma desencadeou-se o ataque a Montese entre os dias 14 e 15 de abril de 1945.

O município de Montese ocupa uma vasta área de colinas que faz fronteira com as Províncias de Modena e Bolonha. Possuí numerosos rios, uma rica vegetação, bosques e castanhais antigos que rodeiam os povoados medievais. Era considerada uma região de difícil acesso devido às fortificações alemãs construídas ao longo da Linha Gótica. As tropas alemãs encontravam-se na posse da região de Montese, em posição dominante sobre uma extensa área de colinas, tendo como fronteiras as Províncias de Modena e Bolonha.

Para o cumprimento da missão foi designada a 2ª Companhia do 1º Batalhão do 11º Regimento de Infantaria, sendo planejadas para uma execução eficaz duas fases, quais sejam:

1ª Fase: Missão secundária- Teria início as 09:00 h com o ataque de dois pelotões a dois postos avançados do inimigo. Conforme previsto no planejamento os dois pelotões atacaram os objetivos, com forte reação do inimigo. O 1º Pelotão foi detido pelo forte fogo inimigo, conseguindo conquistar o objetivo algumas horas depois. O 2ª Pelotão foi detido em um campo minado sento castigado pela concentração do fogo de artilharia . Neste ataque, seu comandante foi atingido mortalmente na cabeça. Devido a estes contratempos o objetivo definido para o 2º Pelotão não foi atingido

2ª Fase : Ataque Principal a cidade – Com início às 12:00, também com dois pelotões. Às 11:45, o comandante confirmou a operação, considerado como hora “H” para o ataque principal.

Na hora definida o 1º Pelotão atacou o cume, após vencido 1/3 do percurso, foi atingido por intenso fogo de artilharia (barragem), que acabou cortando o fio do telefone em vários pontos, dificultando o contato entre as equipes. Somados a isto alguns soldados foram atingidos.

Por se tratar de um momento de finalização da guerra houve um subestimação do inimigo por parte, principalmente do exercito norte-americano, pois tanto as tropas de montanha, quanto as tropas blindadas sofreram grande números de baixas, sejam elas por morte ou feridos, com um pequena progressão. Segundo relatos como o do Marechal Floriano de Lima Brayner, chefe do Estado Maior da FEB na Itália, foi uma das maiores concentrações de fogos realizados pelo exercito do III Reich, foram fogos de artilharia, morteiros de infantaria e demais artifícios disponíveis, eram os prelúdios finais de uma guerra sangrenta, porem, os alemães jamais se entregariam sem demonstrar seu preparo e experiência em combate.

O 11 RI, através de suas subunidades dispersas no terreno, com a astucia dos majores comandantes dos três Batalhões, com a valentia dos comandantes de pelotões e destemor de cada componente daquelas pequenas frações aferrados no terreno, fizeram com que mais uma vez o inexperiente soldado brasileiro se destacasse. Mesmo nas piores condições possíveis, a cobra fumava com todo seu vigor, pois foi no calor da batalha que o pracinha brasileiro mostrou sua capacidade de combater.

Destacaram-se comandando seus pelotões Tenente Iporan, que a frente conclamava seus comandados que o seguissem e o Tenente Rauen, que pela sua bravura acabou mortalmente ferido em combate. Não sendo diferentes as atitudes dos sargentos comandantes de Grupo de Combate, dos cabos comandantes de esquadra e dos nobres e valorosos soldados.

Como ainda citado pelo Marechal Floriano de Lima Brayner[1]: “Montese e realmente uma pagina brilhante da Infantaria Brasileira. Reforca a tese que sempre defendi, da capacidade de liderança dos nossos tenentes, auxiliados por bons sargentos. Os soldados olham para eles como par um espelho, durante a ação”.

Os principais combates foram realizados nos dais 14 e 15 de abril, onde houveram grande numero de baixas do exercito norte-americano e brasileiro, porem para haver a consolidação efetiva da região as atividades se prolongaram por mais de cinco dias. A partir daí foi aberto um eixo onde o Esquadrão de Reconhecimento deslocava-se entre Montese-Ranocchio-Bertochi.

 Estava consolidado mais um ponto estratégico nos campos de batalha da Itália no cerco contra o Nazifascismo. Mais uma vez saltava aos olhos das tropas aliadas o valor do pracinha brasileiro. A audácia, valentia, destemor, são algumas das características inerentes a verdadeiros heróis, brasileiros que representaram a sociedade brasileira de forma inconteste e que por uma diversidade de interesses e fatores permanecem em campos obscuros da historicidade brasileira.

* Artigo enviado pelo Historiador Alessandro Santos

 

Bibliografia

O Exército na História do Brasil (vol. III, República). Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora.

Böhmler Rudolf , Monte Cassino – Editora Flamboyant, 1966

Marechal Mascarenhas de Morais, Memórias (Volume 1)- Bibliex,1984

RODRIGUES, Agostinho José, Terceiro Batalhão – O Lapa Azul, Rio de Janeiro, BIBLIEX, 1985.

BRAYNER, Floriano de Lima. A verdade sobre a FEB – memórias de um chefe de Estado- Maior na Itália. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.


[1] BRAYNER, Floriano de Lima. A verdade sobre a FEB – memórias de um chefe de Estado- Maior na Itália. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968. P. 404

Patrulha Brasileira em Montese

 

Um Verdadeiro Soldado Brasileiro – Rigoberto de Souza

Esse post é mais do que uma mera descrição da história! Por várias vezes publicamos material baseado na pesquisa, na indicação ou em algum material que é enviado para este blog. Mas este POST é diferente! Recai sobre meus ombros a descrição da experiência de um verdadeiro Soldado Brasileiro. Materializar através dessas linhas um paraibano bravo que combateu na Itália e que, apesar dos seus 88 anos, possui na firmeza de seus pensamentos e na eloquência de sua voz, um relato de um integrante atuante da Força Expedicionária Brasileira.

Rigoberto de Souza Vice-Presidente da Associação Nacional dos Veteranos da FEB – Seção Pernambuco, não possui nem de longe o perfil do soldado brasileiro que os historiadores gostam de exemplificar: “o pracinha incauto com pouca educação”, muito pelo contrário, Doutor Rigorberto é um erudito, com uma biblioteca farta ele manuseia seus livros com a firmeza de conhecer e dominar cada publicação, indicando livros e fazendo menções de relatos e autores. Tivemos o prazer de passar uma tarde na presença desse homem que, entre outras coisas, possui um acervo que surpreende pela qualidade. Tudo isso tornou a visita uma verdadeira aula de história prática, que deixaria qualquer professor universitário completamente renovado da profissão. Foi uma especialização em FEB!

O Sargento Rigoberto serviu no 11º Regimento de Infantaria, Companhia de Canhões Anticarros (C.C.A.C), depois convertida para Subunidade de Fuzileiros, onde comandou um grupo de combate. Participou dos ataques a Monte Castello e a Montese, sendo condecorado com as seguintes medalhas: Cruz de Combate de 2ª Classe; Medalha de Campanha; e Medalha de Guerra. Ao retornar ao Brasil ingressou na Universidade Federal de Pernambuco, se formando posteriormente em Odontologia. Foi um dos fundadores da ANVFEB-PE, tendo atuado fortemente em 1988 pelo reconhecimento pela Constituição da situação dos Ex-Combatentes da FEB.

Mas seria injusto se não fizesse menção ao braço operacional da ANVFEB-PE, Rigoberto de Souza Júnior nosso contato, e uma  pessoa apaixonada pelo legado do pai e que, gentilmente proporcionou, não apenas esse encontro, mas também as fotos do seu acervo pessoal, e se demonstrou um grande soldado que batalha pela herança histórica da FEB no Brasil. Graças a seu exemplo, podemos ratificar nossas esperanças de continuar o trabalho em busca do reconhecimento de todos que fizeram a Força Expedicionária Brasileira um exemplo de dedicação ao Brasil.

 Uma Citação:

“A Cobra segue Fumando!”

Patrulha Brasileira - Ao Fundo a Cidade de Montese

Cidade de Montese

Sabre - Baioneta do Fuzil M1Garand

Pistola Semi-automática wz.35 Vis

 O Sargento Rigoberto em uma patrulha com o seu grupo de combate encontraram um alemão morto e sob seu corpo estava essa pistola wz.35 Vis – Arma de fabricação polonesa e que foi adotada pelo Exército polonês a partir de 1935 como armamento padrão. Posteriormente foi utilizado pela Wehrmacht com a anexação da Polônia pela Alemanha.

Informações sobre a Pistola: http://it.wikipedia.org/wiki/Radom_Pistolet_wz.35_Vis

Dog Tag - Original

Insígnia de Assalto de Tropa AlemãNegociado com um Prisioneiro de Guerra Alemão

Símbolo da FEB

Medalhas Recebidas

Desfile Sete de Setembro

Satisfação em Fechar esse Post na Presenção do Ilustre Ex-Combatente

Informações Adicionais:

http://www.anvfeb.com.br/Rigoberto_Souza.htm

Três Heróis Brasileiros

 Jovens cheios de sonhos e de vida. Mas veio a guerra e os levou para bem longe da terra natal, para o outro lado do Oceano Atlântico, a Itália, onde tiveram que enfrentar os alemães e seus canhões, as noites geladas e a brutalidade do front. Quando o mundo lembra os 70 anos do início da Segunda Guerra, vale a pena conhecer mais sobre essa história e reverenciar o ato de bravura de três soldados. Geraldo Baêta da Cruz, 28 anos, natural de Entre Rios de Minas, Arlindo Lúcio da Silva, de 25, de São João del Rey, e Geraldo Rodrigues de Souza, de 26, de Rio Preto, na Zona da Mata, que morreram como heróis na cidade italiana de Montese, onde ocorreu uma das mais sangrentas batalhas do conflito mundial com a participação da FEB.

De acordo com os registros, os três pracinhas integravam uma patrulhado 11º RI de São João del Rey que teve como esforço principal o combate em montanhas com densos campos de minas e sob o fogo cerrado das metralhadoras alemãs. Em Montense, a tenacidade, o ardor combativo e as qualidades morais e profissionais dos brasileiros foram demonstradas em seu raro espírito ofensivo, sob os fogos da Infantaria e Artilharia do Inimigo, transpondo caminhos desenfiados, neutralizando campos minados, assegurando e posteriormente, para a Divisão Brasileira, a posse definitiva dessa importante posição alemã dentro do contexto da Guerra. Em uma dessas incursões, os pracinhas mineiros se viram frente a frente com uma companhia alemã composta de aproximadamente 100 homens. Era 14 de abril de 1945. Eles receberam ordens para se render, mas continuaram em combate até ficarem sem munição e serem mortos.

  O detalhe é que, em vez da vala comum, mereceram as honras especiais do Exército alemão. Admirado com a coragem e resistência do trio, o comandante nazista mandou enterrá-los e colocar, sobre a cova, uma cruz e placa com a inscrição: “Drei Brasilianische Helden” ou “Três Heróis Brasileiros”. Terminada a guerra, seus restos mortais foram trasladados para o Cemitério de Pistoia, na Itália, e depois para o Monumento aos Pracinhas, no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro/RJ, (foto). Mereceram as condecorações Medalha de Campanha (participação na guerra), de Sangue do Brasil (quando há ferimento) e Cruz de Combate(feitos de destaque).

  No coração dos familiares e amigos ainda está a marca do dia da convocação dos jovens para a guerra e, depois, no caso dos três mineiros, do trágico comunicado sobre a morte. “Foi horrível e doloroso para todos nós. No mês seguinte, à partida de Geraldo Baeta, minha mãe sofreu um derrame cerebral e morreu. Uma vizinha ouviu no rádio que o navio em que ele estava fora a pique. Só que a mulher confundira tudo, era mentira, o meu irmão prosseguia viagem”, conta Natanaela Baeta Morais, de 79 anos, casada, moradora do Bairro de Lourdes, em Belo Horizonte. Numa caixa, ela guarda todas as cartas e medalhas conquistadas nos campos da Itália, e um pouco das cinzas do herói.

Enquanto abraça a foto do irmão, “que era arrimo de família de 10 filhos”, Natanaela conta que Geraldo Baeta nunca ficou sabendo que a mãe morrera tão rapidamente: “Achamos melhor não falar nada”. As cartas não paravam de chegar e, numa delas, o pracinha fez uma brincadeira com a mãe, dona Sinhá, dizendo que arrancaria e traria o bigode de Hitler para ela escovar o sapato. “Foram meses muito tristes, nossa família se reunia para chorar”, recorda-se Natanaela, certa de que os jovens precisam conhecer esses episódios para valorizar mais a participação dos brasileiros no conflito mundial. “Tudo isso só não pode cair no esquecimento das novas gerações”, pede Dona Natanaela Morais.

“Eles não morreram em vão”

GERALDO BAETA DA CRUZ – IDENT. MILITAR N° IG-295.850
Classe 1916. 11º Regimento de Infantaria. Embarcou para além-mar em 22 de setembro de 1944. Natural do Estado de Minas Gerais, filho de Antonio José da Cruz e Maria Conceição da Cruz, residente em João Ribeiro, MG. Faleceu em ação no dia 14 de abril de 1945, em Montese, Itália, e foi sepultado no Cemitério Militar Brasileiro de Pistóia, na quadra C, fileira nº 4, sepultura nº 47, marca: lenho provisório.

Foi agraciado com as Medalhas de Campanha, Sangue do Brasil de Combate de 2ª Classe. No decreto que lhe concedeu esta última condecoração, lê-se: “Por uma ação de feito excepcional na Campanha da Itália”.

GERALDO RODRIGUES DE SOUZA – IDENT. MILITAR N° 4G-88.714
Classe 1919. 11º Regimento de Infantaria. Embarcou para além-mar 20 de setembro de 1944. Natural do Estado de Minas Gerais, filho de Josino Rodrigues de Souza e Maria Joana de Jesus, residente à rua Cajurú nº 4, Serra Azul, SP. Faleceu em ação no dia 14 de abril de 1945, em Natalina, Itália, e foi sepultado no Cemitério Militar brasileiro de Pistóia, na quadra B, fileira 9, sepultura nº 98, marca: lenho provisório.

Foi agraciado com as Medalhas de Campanha, Sangue do Brasil de Combate de 2ª Classe. No decreto que lhe concedeu esta última condecoração, lê-se “Por uma ação de feito excepcional na Campanha da Itália”.

ARLINDO LÚCIO DA SILVA – IDENT. MILITAR N° 1G-291.827
Classe 1920. 11° Regimento de Infantaria. Embarcou para além-mar em 20 de setembro de 1944. Natural do Estado de Minas Gerais, filho de João Olímpio da Silva e Maria Cipriana de Jesus, tendo como pessoa responsável D.Maria Cipriana de Jesus , residente à rua Vargo de faria n° 177, São João del-Rei, Estado de Minas Gerais. Faleceu em ação no dia 14 de abril de 1945, em Montese, Itália, e foi sepultado no Cemitério Militar Brasileiro de Pistóia, na quadra C, fileira nº 4, sepultura 44: lenho provisório.

Foi agraciado com as Medalhas de Campanha, Sangue do Brasil de Combate de 1ª Classe. No decreto que lhe concedeu esta última condecoração, lê-se: No dia 14 de abril, no ataque a Montese, seu Pelotão foi detido por violenta harragem de morteiros inimigos, enquanto uma Metralhadora alemã, hostilizava violentamente o seu flanco esquerdo, obrigando os atacantes a se manterem se manterem colados ao solo. O Soldado Arlindo, atirador de F.A, num gesto de grande bravura e desprendimento, levanta-se, localiza a resistência inimiga e sobre ela despeja seis carregadores de sua arma, obrigando-a a calar-se nessa ocasião, é morto por um franco-atirador inimigo”

Fontes:

http://www.anvfeb.com.br/fatos_e_depoimentos.htm

http://www.entreriosnews.com.br/tresheroisbrasileiros.htm

http://heroisofilme.blogspot.com/

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