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Especial: Tomada de Montese – A Batalha Mais Difícil do Exército Brasileiro!

Montese: missão difícil, missão cumprida!*

Nos meandros da finalização da Segunda Guerra Mundial, ainda restavam alguns sacrifícios a serem enfrentados pelos componentes da nossa gloriosa Força Expedicionária Brasileira. Dessa forma desencadeou-se o ataque a Montese entre os dias 14 e 15 de abril de 1945.

O município de Montese ocupa uma vasta área de colinas que faz fronteira com as Províncias de Modena e Bolonha. Possuí numerosos rios, uma rica vegetação, bosques e castanhais antigos que rodeiam os povoados medievais. Era considerada uma região de difícil acesso devido às fortificações alemãs construídas ao longo da Linha Gótica. As tropas alemãs encontravam-se na posse da região de Montese, em posição dominante sobre uma extensa área de colinas, tendo como fronteiras as Províncias de Modena e Bolonha.

Para o cumprimento da missão foi designada a 2ª Companhia do 1º Batalhão do 11º Regimento de Infantaria, sendo planejadas para uma execução eficaz duas fases, quais sejam:

1ª Fase: Missão secundária- Teria início as 09:00 h com o ataque de dois pelotões a dois postos avançados do inimigo. Conforme previsto no planejamento os dois pelotões atacaram os objetivos, com forte reação do inimigo. O 1º Pelotão foi detido pelo forte fogo inimigo, conseguindo conquistar o objetivo algumas horas depois. O 2ª Pelotão foi detido em um campo minado sento castigado pela concentração do fogo de artilharia . Neste ataque, seu comandante foi atingido mortalmente na cabeça. Devido a estes contratempos o objetivo definido para o 2º Pelotão não foi atingido

2ª Fase : Ataque Principal a cidade – Com início às 12:00, também com dois pelotões. Às 11:45, o comandante confirmou a operação, considerado como hora “H” para o ataque principal.

Na hora definida o 1º Pelotão atacou o cume, após vencido 1/3 do percurso, foi atingido por intenso fogo de artilharia (barragem), que acabou cortando o fio do telefone em vários pontos, dificultando o contato entre as equipes. Somados a isto alguns soldados foram atingidos.

Por se tratar de um momento de finalização da guerra houve um subestimação do inimigo por parte, principalmente do exercito norte-americano, pois tanto as tropas de montanha, quanto as tropas blindadas sofreram grande números de baixas, sejam elas por morte ou feridos, com um pequena progressão. Segundo relatos como o do Marechal Floriano de Lima Brayner, chefe do Estado Maior da FEB na Itália, foi uma das maiores concentrações de fogos realizados pelo exercito do III Reich, foram fogos de artilharia, morteiros de infantaria e demais artifícios disponíveis, eram os prelúdios finais de uma guerra sangrenta, porem, os alemães jamais se entregariam sem demonstrar seu preparo e experiência em combate.

O 11 RI, através de suas subunidades dispersas no terreno, com a astucia dos majores comandantes dos três Batalhões, com a valentia dos comandantes de pelotões e destemor de cada componente daquelas pequenas frações aferrados no terreno, fizeram com que mais uma vez o inexperiente soldado brasileiro se destacasse. Mesmo nas piores condições possíveis, a cobra fumava com todo seu vigor, pois foi no calor da batalha que o pracinha brasileiro mostrou sua capacidade de combater.

Destacaram-se comandando seus pelotões Tenente Iporan, que a frente conclamava seus comandados que o seguissem e o Tenente Rauen, que pela sua bravura acabou mortalmente ferido em combate. Não sendo diferentes as atitudes dos sargentos comandantes de Grupo de Combate, dos cabos comandantes de esquadra e dos nobres e valorosos soldados.

Como ainda citado pelo Marechal Floriano de Lima Brayner[1]: “Montese e realmente uma pagina brilhante da Infantaria Brasileira. Reforca a tese que sempre defendi, da capacidade de liderança dos nossos tenentes, auxiliados por bons sargentos. Os soldados olham para eles como par um espelho, durante a ação”.

Os principais combates foram realizados nos dais 14 e 15 de abril, onde houveram grande numero de baixas do exercito norte-americano e brasileiro, porem para haver a consolidação efetiva da região as atividades se prolongaram por mais de cinco dias. A partir daí foi aberto um eixo onde o Esquadrão de Reconhecimento deslocava-se entre Montese-Ranocchio-Bertochi.

 Estava consolidado mais um ponto estratégico nos campos de batalha da Itália no cerco contra o Nazifascismo. Mais uma vez saltava aos olhos das tropas aliadas o valor do pracinha brasileiro. A audácia, valentia, destemor, são algumas das características inerentes a verdadeiros heróis, brasileiros que representaram a sociedade brasileira de forma inconteste e que por uma diversidade de interesses e fatores permanecem em campos obscuros da historicidade brasileira.

* Artigo enviado pelo Historiador Alessandro Santos

 

Bibliografia

O Exército na História do Brasil (vol. III, República). Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora.

Böhmler Rudolf , Monte Cassino – Editora Flamboyant, 1966

Marechal Mascarenhas de Morais, Memórias (Volume 1)- Bibliex,1984

RODRIGUES, Agostinho José, Terceiro Batalhão – O Lapa Azul, Rio de Janeiro, BIBLIEX, 1985.

BRAYNER, Floriano de Lima. A verdade sobre a FEB – memórias de um chefe de Estado- Maior na Itália. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.


[1] BRAYNER, Floriano de Lima. A verdade sobre a FEB – memórias de um chefe de Estado- Maior na Itália. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968. P. 404

Patrulha Brasileira em Montese

 

Especial Monte Castelo – 67 anos. O Ataque Vitorioso de 21 de Fevereiro.

5º e último ataque ao Monte Castelo

            No dia 16 de Fevereiro de 1945 o General Critemberger, comandante do IV Corpo do Exército, deu a seguintes ordem à 1ª Divisão de Infantaria Divisionária:

  1. atacar o Monte Castelo após a 10ª Divisão de Montanha ter capturado Mazzancana
  2. guarnecer, mediante ordens, as regiões conquistadas pela 10ª, a fim de liberá-la para outras operações
  3. realizar uma manobra lateral, pelo fogo, na região entre Falfare e Livorno.

            O último ataque ao Monte Castelo foi feito sob comando do General Mascarenhas de Morais, sendo encarregado da ação principal o 1º R.I.,e da ação secundária um batalhão do 11° R.I., no caso este ficaria como reserva do comando. A operação deveria ser desencadeada após a conquista  da Região de Mazzancana.

            Na noite do dia 20 de Fevereiro, o 1º R.I., ocupou cuidadosamente a base de partida( Mazzancana – Bombiana – Le Roncole), onde encontrou um extenso campo minado pelo exército alemão. Ás 5:30 horas da manhã o III /1 R.I.,partiu com amissão de atacar frontalmente o Monte Castelo, e na mesma ocasião o I / 1º R.I., iniciou o avanço com a missão de investir pelo flanco.

            A 10ª Divisão de Montanha americana foi detida inesperadamente em capela de Ronchidos, fugindo completamente ao plano brasileiro – americano de ataque aos Monte Castelo e Toraccia, mas felizmente o exército alemão estava mais preocupado com a defesa de De la Toraccia, e enquanto a tropa brasileira progredia os americanos seguiam enfrentando forte resistência inimiga e, em face deste imprevisto os brasileiros seguiram sem esperar pelos americanos.

            O ataque se desenvolvia tão bem, que às 9:00 horas da manhã foi empregada uma companhia reserva para alimentar o ataque do batalhão Uzeda, e por volta das 1430 horas o I /1º R.I., conquistou as cotas 930 e 875 e o III / 1º R.I., conquistou a região de Fornello.A partir deste momento foi empregado o II / 1º R.I., enquanto o II / 11º R.I., se aproximava de Abetaia, com uma brilhante cobertura.

            Ás 16:00 horas o Major Uzeda, comandante do 1º Batalhão solicita que a artilharia bombardeie Monte castelo, e às 16:20 horas inicia-se o assalto final. Precisamente às 18:00 horas o pelotão do Tenente Aquino atinge o topo do Monte Castelo, seguido dos demais elementos da 1ª Companhia. Ao anoitecer o Monte Castelo já não oferecia resistência, e lá em cima nossos pracinhas comemoravam esta vitória tão árdua e esperada.

            Enquanto isto, a 10ª Divisão de Montanha não conseguia atingir ainda o seu objetivo que era o Morro de La Toraccia, e prevendo um possível contra ataque nossda tropa passa a se instalar em posições defensivas para passar a noite. O dia seguinte, foi dedicado a uma vistoria minuciosa das instalações alemãs, que estavam bem protegidas e aquecidas, enquanto nossos soldados enfrentavam um frio enregelante. Esta última investida custou à nossa tropa 87 baixas, enquanto o inimigo abandonou no terreno 30 mortos, e foram feitos 27 prisioneiros.

            Concluímos que o sucesso deste ataque deveu-se ao seguinte:

  1. abandono do ataque frontal , pois o Monte Castelo só caiu por ataque lateral
  2. a proteção do flanco esquerdo pela ocupação de Mazzancana pela tropa americana.
  3. Apoio maciço da aviação
  4. observação aérea ininterruptamente
  5. consequência das recorrentes derrotas do inimigo, com acentuada influência no ânimo da tropa.

            E assim caiu o Monte Castelo, pela manobra precisa de nossa tropa.

            Para nós o Monte Castelo, é um símbolo; para os alemães apenas mais um morro. A diferença é que o Brasil enviou à Europa uma Divisão Expedicionária, enquanto o inimigo dispunha de mais de uma centena de Divisões.

Croqui do Ataque Vitorioso

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