Os alemães e o Brasil – A Imigração Alemã
A partir de hoje estaremos publicando uma série de artigos do Mestre em História Alessandro dos Santos Rosa.
O Mestre Alessandro Santos é natural da cidade de Carazinho no Rio Grande do Sul. Graduado em História em 2002 pela Universidade Católica Dom Bosco, UCDB, Campo Grande-MS, realizou especialização na Universidade Paranaense, UNIPAR, Umuarama-PR. Na Universidade Federal do Paraná realizou Mestrado, defendendo a seguinte tese: A REINTEGRAÇÃO SOCIAL DOS EX-COMBATENTES DA FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA (1946-1988). Com uma brilhante abordagem acadêmica sobre um tema tão pouco explorado dentro de nossas universidades, Alessandro conseguiu produzir um retrato fidedigno das dificuldades que todos os pracinhas enfrentaram ao se depararem com a pouca receptividade do país até a promulgação da Constituição de 1988.
Alessandro também é um palestrante e colaborador da Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira – Seccional Pernambuco – (ANVFEB-PE).
São exemplos como o do Mestre Alessandro Santos que projetam luz sobre a escura ignorância histórica, para que as próximas gerações possam conceber os aprendizados do passado, e honrar os sacrifícios realizados por pessoas que não perderam a vida nos campos de batalha, mas quase perderam a dignidade pelo esquecimento governamental.
Os alemães e o Brasil
A Imigração Alemã
No início do século XIX, a sociedade européia passava por evoluções no campo econômico, havendo um grande impulso na industrialização, fato esse que exigiu mão-de-obra especializada. Como reflexo, ocasionou a ruína de muitos artesãos e trabalhadores que desenvolviam atividades em pequenas indústrias domésticas dentro da Alemanha.
Impossibilitados de desenvolverem suas atividades, esses trabalhadores livres começaram a formar um grande contingente de mão-de-obra (barata) assalariada para a indústria que hora vinha surgindo dentro no país germânico.
Como conseqüência do surgimento dos novos maquinários, da mecanização no campo, houve um aumento na produção, mas, em contrapartida, houve a diminuição da necessidade de mão-de-obra, causando o desemprego de inúmeras das pessoas que viviam da agricultura.
A Alemanha passava por um momento de desintegração dos resquícios da estrutura feudal, ocasionando desemprego no campo e migração para os grandes centros, aumentando as estatísticas de proletariados.
Grande parte destes agricultores expulsos do campo na Alemanha veio para o Brasil, em um movimento imigratório ocorrido entre os séculos XIX e XX. Os mesmos dirigiram-se principalmente para o sul do país, devido as condições climáticas assemelharem-se às da terra natal, qual seja, a Alemanha. As causas deste processo podem ser encontradas nos freqüentes problemas sociais que ocorriam na Europa, como analisado anteriormente, e a fartura de terras no Brasil, aguardando uma ocupação.
Aqueles que saíram da Alemanha e imigravam para o Brasil, de uma forma geral eram os que haviam sido prejudicados pelas evoluções industriais que ocorreram na Europa. Eram trabalhadores que haviam perdido suas terras, mas também indivíduos insatisfeitos com o cenário alemão, ex-artesãos e empreendedores. Eram pessoas que perderam tudo e estavam passando por grandes dificuldades.
O governo germânico criava incentivos para que os alemães se estabelecessem em outras terras, em algumas situações até contratava administradores e profissionais liberais para formação de colônias. Com o surgimento da máquina a vapor e a evolução dos meios de transportes marítimos, houve também uma maior procura pela imigração, pois a travessia do além-mar estava com suas dificuldades parcialmente resolvidas.
Os primeiros imigrantes alemães foram trazidos ao Brasil a mando do Rei Dom João VI, em 1818. O governo assentou famílias suíças nas serras fluminenses e estas fundam o município de Nova Friburgo. No mesmo ano, colonos alemães são mandados para a Bahia, porém tratava-se de algumas poucas famílias, em número pouco representativo ante a imensidão de terras de que era composto o território brasileiro.
Em 1820, chegam as primeiras famílias de alemães a Nova Friburgo, no estado do Rio de Janeiro. Dom João VI tentava atrair mais imigrantes alemães. Em 1823, após a independência, foram criados grandes grupos de estrangeiros para povoar as terras ainda não ocupadas. Essa inserção dos imigrantes alemães tinha como objetivo central a garantia da soberania nacional.
Os primeiros alemães que chegam ao Sul do Brasil, no ano de 1824, são assentados à margem sul do Rio dos Sinos, onde a antiga Real Feitoria do Linho Cânhamo fora adaptada para servir como sede temporária dos recém-chegados, na atual cidade de São Leopoldo, como analisado por Dennison de Oliveira: “O início da imigração alemã para o Brasil remonta à conjuntura imediatamente posterior à Proclamação da República (1889), entraram no Brasil pouco mais de setenta e oito mil alemães”. (p. 14).
Então, a busca oficial por colonos (nesta fase, alemães) passou a ser uma política imperial, pois havia necessidade de ocupar os territórios por hora demarcados e pertencentes ao Brasil.
Relacionando o número de etnias que imigraram para o Brasil, os alemães não representaram a maior soma, conforme abordado por Dennison:
No período republicano, auge do movimento de imigração para o Brasil, a maior parcela de imigrantes correspondeu aos portugueses, com 31% do total (ou 1.604.080 indivíduos), seguidos de perto pelos italianos com, 30% (1.576.220”), e espanhóis, com 14% (711.177). Aos alemães coube contribuir com apenas 4% do total de imigrantes (208.142), parcela menor até que a dos japoneses com 5% (247.312). (p.13).
A ocupação alemã no Rio Grande do Sul com a fundação da colônia de São Leopoldo sofreu uma interrupção com um movimento que eclodiu neste Estado, a Revolução Farroupilha, vindo a ser normalizada novamente na década de 1850. Em Santa Catarina, a chegada dos alemães ocorreu em um período posterior. Em 1828 instalam-se na colônia de São Pedro de Alcântara, aumentando o fluxo duas décadas mais tarde.
Segue abaixo um quadro demonstrativo do fluxo da imigração alemã:
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (1984)
Na tabela acima pode ser verifica as flutuações da imigração alemã dentro dos períodos que correspondem a décadas, tendo o maior fluxo de imigrantes na década de 20 do século XIX.
Referencia Bibliográfica
* Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
* GERTZ, René. O perigo alemão. Porto Alegre: Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1991
* OLIVEIRA, Dennison de. Os soldados alemães de Vargas. Curitiba: Juruá, 2008
* SEYFERTH, Giralda. A colonização alemã no vale do Itajaí – Mirim. Porto Alegre: Movimento, 1985
SEYFERTH, Giralda. A colonização alemã no vale do Itajaí – Mirim. Porto Alegre: Movimento, 1985. p. 21
GERTZ, René. O perigo alemão. Porto Alegre: Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1991. p. 11
OLIVEIRA, Dennison de. Os soldados alemães de Vargas. Curitiba: Juruá, 2008. p. 14
Idem. p.13
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
isso ai e uma besteira taaaaaaaa
Seja mais específica Laisa. O que é uma “Besteira”?
olá amigo eu sou descendente de alemães, e meus antepassados vieram da Prússia em 1824 para a cidade de São Leopoldo no Rio Grande do Sul.
Lembrando que não existia Alemanha unificada em 1824.
Eu só gostaria de colocar um adendo ao comentário acima os alemães vieram para São Leopoldo primeiramente por incentivo da Imperatriz Leopoldina, do Império dos Hasburgos na Áutria, que conhecia Dom Pedro.
A escolha dos alemães, principalmente os oriundos da Prússia foi devido a necessidade de proteger as fronteiras do Brasil . Como precisavam de um povo que tinha experiência militar e já havia fracassada os holandeses no Brasil, escolheram o Prussiano que tinha história militar.
No mais gostaria de deixar tb relatado que aqui no Rio Grande do Sul principalmente em cidades pequenas, temos familias alemãs que ainda falam o idioma alemão e os costumes e cultura são totalmente germânicos!
Getúlio Vargas acabou com estas comunidades alemãs no Sul.
Elas viviam fechadas , uma pequena Alemanha dentro do Brasil, Getúlio proibiu o idioma alemão e abriu as fronteiras da cidade para estrangeiros.
nao perguntei nada para voce taaaaaa idiota!!!!!!!!!!!!!!
só complementando ainda, os alemães vieram ao Brasil porque procuravam uma vida melhor e aqui no Sul havia um clima mais próximo da Europa. Eles fugiam das Guerras Napoleônicas quando migraram para o Sul do Brasil.
Eu concordo com o Luiz Afonso, já li vários documentários referentes a este assunto.
conheço parte significante da história da Alemanha, já que meu Avô serviu na primeira gerra mundial como marinheiro e meu Pai serviu na segunda gerra mundial tambem como marinheiro, chegou ao Brasil em 1949 com o Navio Santarém do Loyd Brasileiro sei que não tem nada a haver com seu assunto mas tudo que faz parte da história da imigração alemã sempre me desperta certa curiosidade.