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Dia D – Relatos de Omaha – Parte II
Barnes e sua equipe de assalto tiveram uma sorte extraordinária. Cerca de 60 por cento dos homens da Companhia A vieram de uma mesma cidade, Bedford, Virgínia; para Bedford, os primeiros minutos em Omaha foram um completo desastre. As Companhias G e F deveriam entrar à esquerda da Companhia A, mas derivaram um quilometro mais a leste antes de desembarcar, por isso, todos os alemães em torno do barranco solidamente fortificado de Vierville concentraram seu fogo na Companhia A. Quando as rampas do barcos Higgins foram arriadas, os alemães logo concentraram sobre eles o fogo de metralhadoras, artilharia e morteiros, apenas duas dezenas sobreviveram, e praticamente todos eles feridos.
O Sargento Thomas Valance conseguiu sobreviver. “Quando descemos a rampa, estávamos com água mais menos à altura do joelho e começamos a fazer o que tínhamos treinados para fazer: mover-nos para frente e em seguida agachar-nos e atirar. O problema era que não sabíamos absolutamente em que atirar. Vi algumas balas traçantes vindas de um embasamento de concreto, que, para mim, parecia colossal. Nunca pensei que embasamentos de canhões pudessem ser tão grandes. Atirei nele mas não havia jeito algum de derrubar um gigante com uma .30”
“Ficou logo evidente que não íamos realizar muita coisa. Eu me lembro de patinhar na água com minha mão erguida no ar, tentando conseguir equilíbrio, quando fui baleado na palma da mão, em seguida através das juntas.”
“O praça Henry Witt estava voltando na minha direção. Lembro-me dele dizer: ‘Sargento, eles estão nos deixando aqui para morrer como ratos’.”
Valence foi atingido novamente, na coxa esquerda por uma bala que quebrou seu fêmur. Ele levou dois outros no corpo. Teve a mochila atingida duas vezes, e a jugular de seu capacete cortada por outro tiro. Ele se arrastou pela praia “e cambaleei de encontra à muralha marítima, e de algum modo caí ali prostrado, e o fato é que passei o dia inteiro na mesma posição. Os corpos dos meus camaradas estavam sendo arrastados pelas águas e eu era o único sobrevivente no meio de tantos de meus amigos, todos eles mortos, em muitos casos cruelmente feitos em pedaços”. 1
Do seu barco, o Tenente Edward Tidrick foi o primeiro a sair. Ao saltar da rampa na água levou um tiro que lhe atingiu a pescoço. Ele cambaleou para a areia, deixou-se pesadamente perto do praça Leo Nash e ergueu-se para dizer em voz entrecortada: “Avance com os cortadores de arame!” Naquele instante, balas de metralhadoras dilaceraram Tidrick da cabeça à cintura.
Por volta das 6:40 apenas um oficial da Companhia A estava vivo, o tenente E. Ray Nance, e ele fora atingido no calcanhar e na barriga. Todos os sargentos ou estavam mortos ou feridos. Em um barco, quando a rampa foi arriada, todos os trinta homens foram mortos entes que pudessem sair.2
- Depoimento Oral do Thomas Valance – Eisenhower Center
- S. L. A. Marshall, “First Wave at Omaha Beach”, novembro de 1960, p. 68