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A Igrejinha dos Ingleses – Recife
Numa época em que a Avenida Conde da Boa Vista ainda não estava sequer planejada e era apenas a Rua Formosa (essa rua começava na Rua da Aurora e ia até as imediações da Rua da Soledade, dali em diante sendo conhecida como Caminho Novo da Boa Vista; passaria depois a ser chamada como Rua Conde da Boa Vista e, depois ainda, de Avenida Conde da Boa Vista), havia, bem no local onde hoje se encontra o edifício Duarte Coelho e o Cine São Luiz, na esquina com a Rua da Aurora, olhando para o Capibaribe, em um terreno quase todo cercado de grades, uma igreja anglicana, a Holy Trinity Church, a que o povo, por conta de suas simples e pequenas instalações, que contrastavam com as igrejas católicas do Recife, chamava de igrejinha dos ingleses. Fundada em 1838, essa igreja, pela necessidade de se alargar a rua que daria lugar à nova e arrojada avenida, seria derrubada na década de 40 do século passado, passando, logo em seguida, a funcionar na Rua da Matinha (atual Rua Carneiro Vilela), em uma área vizinha ao Country Club. E, naquele seu novo endereço, embora já fosse mais tão pequena, continuaria a ser conhecida, ainda por muito tempo, pelo carinhoso diminutivo de igrejinha dos ingleses.
Vale registrar que, antes da construção do templo anglicano da Rua da Aurora, as práticas protestantes eram celebradas no prédio de nº 47, na Rua do Hospício, sob a capelania do padre G. Tuckins, que foi o primeiro ministro da igreja anglicana em Pernambuco. Pode decisão de comerciantes ingleses é que ficara acertado a construção de uma nova igreja, em edifício próprio na Rua da Aurora, solenemente instalada pelo ministro protestante padre Charles Adye Austin, que foi o seu primeiro capelão. A rua onde ele, durante algum tempo, morou, receberia, depois em sua homenagem, o nome de Rua Padre Inglês. O administrador do templo, desde 1838 até dezembro de 1905, quando faleceu aos 90 anos, foi, sem qualquer interrupção, Mr. Rubens Jane.
Os Motivos da Segunda Guerra Mundial
Há muito, temos uma onda de pensamentos e pesquisas sobre as causas e origens da Segunda Guerra Mundial, evidentemente é mais do que compreensível o interesse pelo assunto, haja vista suas conseqüências em todas as áreas de conhecimento da humanidade, até os nossos dias. Mas perguntas básicas sobre esse evento catastrófico ainda geram controvérsias que dividem opinião de historiadores, pesquisados e aficionados pelo assunto; perguntas como: quais as principais causas que levaram o novo confronto entre nações que estavam em guerra a menos de trinta anos? O nazismo foi um fenômeno político que gerou conseqüências sociais, e sua ascensão foi o principal motivo das agressões alemãs? Adolf Hitler foi um principal agente dos acontecimentos? Essas e muitas outras perguntas deixam repostas ainda encobertas por dúvidas e divisões. É Evidente que este artigo não tem a intenção de esclarecer qualquer questionamento, contudo queremos refletir sobre um prisma diferente das que são comumente usadas para avaliar os eventos que conhecemos como Segunda Guerra Mundial.
Estudar os acontecimentos relacionados à Segunda Guerra Mundial, em termos gerais, é consolidar informações que vão dos resultados econômicos do Tratado de Versalhes, que deu origem a opressão econômica das nações Aliadas contra a Alemanha, e consequentemente seus reflexos sociais com o surgimento do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores, da Alemanha, que ficou conhecido como Nazismo, e uma reflexão das posições internacionais e a concorrência armamentista de países europeus e asiáticos. Bem, sob os aspectos históricos não há nenhum problema, contudo é importante se estudar a sociedade da época de forma mais profunda, incluindo os valores defendidos pela sociedade da época e suas crenças políticas, sociais e filosóficas, e não se deixar levar por temas superficiais que são meros resultados dos desdobramentos referenciados no período.
Primeiro é necessário se pensar qual era o pensamento social comum, chamado pelos sociólogos de senso comum, sobre assuntos que foram explorados de alguma forma pelo pelos Nazistas e Aliados durante seu estado de beligerância. Vamos analisar os seguintes tópicos:
Racismo
Racismos nos termos acadêmicos é a tendência do pensamento, ou do modo de pensar em que se dá grande importância à noção da existência de raças humanas distintas e superiores umas às outra. Embora essa palavra tenha evoluído e sua utilização moderna tem se desdobrado imensamente, em termos gerais, o significado era exatamente esse no final do século XIX e início do século XX.
Todavia, para surpresa de muitos, essa palavra não era um pensamento ou atitude reprovável pela sociedade e isso perdurou por décadas até as mudanças de conceitos que foram sendo implementadas a partir dos anos 50, mas nesse período todas as nações, das mais democráticas as grandes ditaduras, possuíam formas de racismo aceitas como comum pela sociedade. Alguns exemplos claros disso: soldados americanos negros, índios e nipônicos lutaram por seus países, mas não podiam frequentar, morar ou andar em determinados lugares, bairros e ruas nos Estados Unidos que se auto denominavam defensores da justiça e liberdade, e isso ainda hoje fica evidente em determinadas regiões desse país; os próprios judeus eram considerados raça inferior, povo indigno de ter uma nação, pela maioria dos países onde habitavam, e esse pensamento era secular; negros, mesmo com a libertação da escravidão desde o século XIX, não eram reconhecidos como “homens”; O francês Joseph Arthur de Gobineau, o Conde Gobineau, Essai sur l’inégalité des races humaines (Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas). Nessa obra o autor sustenta que a raça ariana nasceu a aristocracia que dominou a civilização européia e cujos descendentes eram os senhores naturais das outras raças inferiores.
Todo o processo de idéia comum de raças superiores e discriminação étnica foi permissivo nas posições hitleristas, já que outros povos toleravam ou compactuavam com esse tipo de pensamento. Isso nos fornece indícios de que entre a tolerância e a permissividade do racismo exercido por vários povos, que vai do início das agressões nazista até sua capitulação, passando por indignação, muitas vezes hipócritas dos Aliados, que descobriram os campos de concentração nazistas e se indignavam, como é o caso da União Soviética, que praticava a execução seletiva havia anos, ou os americanos que possuíam campos de refugiados que simplesmente retiravam do convívio social os descendentes nipônicos, ou outros países que adotava leis sionistas estabelecidas. Evidente, guardando as devidas proporções com as disparates nazista e a industrialização da execução, mas temos que levar em consideração que a Alemanha só adotou um plano de execução em larga escala, quando os rumos da guerra já não os favoreciam, contudo no mundo de uma forma geral, o sistema social era completamente permissivo e conivente com a descriminação racial e religiosa, aceita ou praticada pela sociedade mundial de forma generalizada.
O sistema de governo
Importante elemento na composição da pesquisa histórica de qualquer período pelo fato de não existir, ainda que no século XX, qualquer exemplo de sistema de governo que conseguisse acabar com os males econômicos e sociais de um país (como ainda o é atualmente). A partir da década de 20, observamos tentativas de se implementar sistemas de governos baseado no socialialismo marxista dos filósofos Karl Marx e Friedrich Engels. Primeiramente com a queda do czarismo russo em 1917 e que aos poucos, foi colecionando seguidores ao redor do mundo, entre eles a própria Alemanha, que possui um partido comunista atuante. Mas de uma forma geral, o socialismo exercido pela URSS foi transformada em uma república stalinista, onde o próprio Joseph Stálin era o centro do poder. Um exemplo de república socialista mais próxima do marxismo foi a Finlândia, que por motivos territoriais acaba entrando em guerra com a URSS.
Não existia um sistema governamental referência de sucesso, a monarquia já não servia de parâmetro, pois o rei ou imperador, na maioria dos países que adotavam a monarquia, já se tornara objeto meramente cerimonial; a república capitalista, aos moldes americanos, ainda apresentavam sérios problemas, principalmente depois da queda da bolsa de valores de 1929. E logo depois, na década de 30, uma série de países passou a experimentar um totalitarismo moldados pelo argumento nacionalista como respaldo, por isso, como exemplo desse fenômeno para solução dos problemas econômicos e sociais, o Nacional Socialismo angaria apoio popular e vai ao poder legitimamente na Alemanha; na Itália, Benedito Mussolini cria o fascismo; no Brasil Vargas implanta o Estado Novo. Enfim, ocorre um fenômeno de militarização de várias nações.
Demais Problemas
É necessário também entender que a máquina de propaganda nazista foi a primeira experiência de manipulação de massa da humanidade, o arquiteto Paul Joseph Goebbels, como ministro da propagada seduzia o povo alemão e massificava a idéia da superioridade ariana e a necessidade da nação ter um líder, um homem que pudesse ser o catalisador dos anseios da povo, nasce o lema: um só povo, um só líder uma só nação.
Os resultados
Associe os fatores citados anteriormente aos problemas econômicos mundiais da época, também as relações agressivas das nações européias e os problemas históricos envolvendo nações asiáticas.
Conclusão
Não podemos elencar apenas um fator preponderante na eclosão da guerra em 39, podemos apontar cenários e prognósticos que determinaram o início das agressões. Quando a Alemanha bombardeou a Polônia em 01 setembro de 1939, Hitler declara: “A guerra é como um quarto escuro, você não sabe o que irá encontrar…”. Ele tinha razão.
O importante é não focar em uma única visão para definir as causas do conflito e suas consequências, o que não é apropriado, tendo em vista que há questões mais profundas do que meramente o estudo Eixo X Aliados.