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Archive for 24/07/2011

Por que a 148ª Divisão Alemã se entregou somente aos brasileiros na Itália?

É obrigação dessa geração lutar pelo reconhecimento histórico da honra dos nossos soldados que lutaram na Itália:

Esse pequeno exemplo representa muito bem a índole dos nossos combatentes, muito diferente daquele que tentam nos imputar: a de torturadores e facínoras.

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Por que a 148ª Divisão Alemã se entregou somente aos brasileiros na Itália?

“Foi em abril de 1945. Os alemães tinham retraído da Linha Gótica depois da nossa vitória em Montese, e provavelmente pretendiam nos esperar no vale do rio Pó, mais ao Norte. Nosso Esquadrão de Reconhecimento, comandado pelo Pitaluga, os avistou na Vila de Collechio, um pouco antes do rio. A pedido  do General fui ver pessoalmente e lá, por ser o mais antigo, coordenei a  noite um pequeno ataque com o esquadrão e um pelotão de infantaria, sem intenção maior do que avaliar, pela reação, a força do inimigo. Sem defender  efetivamente o local, os alemães passaram para o outro lado do rio e explodiram a ponte. Então observamos que se tratava de uma tropa muito maior  do que poderíamos ter imaginado. Eram milhares deles e nós tínhamos atacado  com uma dezena de tanques e pouco mais de cinquenta soldados”.

“Informamos ao comando superior que o inimigo teria lá pelo menos um regimento. O comando, numa decisão ousada, pegou todos os caminhões da  artilharia, encheu-os de soldados e os mandou em reforço à pequena tropa que  fazia frente a tantos milhares.” – ” Considerei cumprida a minha parte e fui  jantar com o Coronel Brayner, que comandava a tropa que chegara” prosseguiu  Dionísio. “Durante a frugal refeição de campanha, apresentaram-se três  oficiais alemães com uma bandeira branca, dizendo que vieram tratar da  rendição. Fiquei de interprete, mas estava confuso; no início nem sabia bem  se eles queriam se entregar ou se estavam pensando que nós nos  entregaríamos, face ao vulto das tropas deles, que por sinal mantinham um violento fogo para mostrar seu poderio”.

“Esclarecida a situação, pediram três condições: que conservassem suas  medalhas; que os italianos das tropas deles fossem tratados como prisioneiros de guerra (normalmente os italianos que acompanhavam os alemães  eram fuzilados pelos comunistas italianos das tropas aliadas) e que não  fossem entregues à guarda dos negros norte-americanos”.

“Esta última exigência merece uma explicação: a primeira vista parece racismo. Que os alemães são racistas é óbvio, mas porque então eles se  entregaram aos nossos soldados, muitos deles negros? Bem, os negros americanos naquela época constituíam uma tropa só de soldados negros, mas  comandada por oficiais brancos. Discriminados em sua pátria, descontavam sua raiva dos brancos nos prisioneiros alemães, aos quais submetiam a torturas e  vinganças brutais. É claro que contra eles os alemães lutariam até a morte.  Não era só uma questão de racismo”.

“Eu perguntei ao interprete do lado alemão (nos entendíamos em uma mistura  de inglês, italiano e alemão), por que queriam se render, com tropa muito  superior aos nossos efetivos e ocupando uma boa posição do outro lado do  rio. Ele me respondeu que a guerra estava perdida, que tinham quatrocentos  feridos sem atendimento, que estavam gastando os últimos cartuchos para sustentar o fogo naquele momento e que estavam morrendo de fome. Que queriam  aproveitar a oportunidade de se render aos brasileiros porque sabiam que  teriam bom tratamento”.

“Combinada a rendição, cessou o fogo dos dois lados. Na manhã seguinte  vieram as formações marchando garbosamente, cantando a canção ‘velhos  camaradas’, também conhecida no nosso Exército”.

“A cerimônia era tocante” – prosseguiu Dionísio. “Era até mais cordial do  que o final de uma partida de futebol. Podíamos ser inimigos, mas nos  respeitávamos e parecia até haver alguma afeição. Eles vinham marchando e  cada companhia colocava suas armas numa pilha, continuando em forma, e seu  comandante apresentava a tropa ao oficial brasileiro que lhe destinava um  local de estacionamento. Só então os comandantes alemães se desarmavam. A primeira Unidade combatente a chegar foi o 36º Regimento de Infantaria da 9°  Divisão Panzer Grenadier. Seguiram-se mais de 14 mil homens, na maioria  alemães, da 148° Divisão de Infantaria e da Divisão Bessaglieri Itália que  os acompanhava”.

“Entretanto houve um trágico incidente: Um nosso soldado, num impulso de  momento, não se conteve e arrancou a Cruz de Ferro do peito de um sargento  alemão. O sargento, sem olhar para o soldado, pediu licença a seu comandante  para sair de forma, pegou uma metralhadora em uma pilha de armas a seu lado  e atirou no peito do brasileiro, largou a arma na pilha e entrou novamente  em forma antes que todos se refizessem da surpresa. Por um momento ninguém sabia o que fazer. Já vários dos nossos empunhavam suas armas quando o  oficial alemão sacou da sua e atirou na cabeça do seu sargento, que esperou  o tiro em forma, olhando firme para frente. Um frio percorreu a espinha de todos, mas foi a melhor solução” – Concluiu Dionísio.

Ao ouvir esta história, eu já tinha mais de dez anos de serviço, mas não  pude deixar de me emocionar. Não foram as tragédias nem as atitudes altivas  o que mais me impressionaram. O que mais me marcou foi o bom coração de  nossa gente, a magnanimidade e a bondade de sentimentos, coisas capazes de  serem reconhecidas até pelo inimigo. Capazes não só de poupar vidas como  também de facilitar a vitória. É claro que isto só foi possível porque os alemães estavam em situação crítica; noutro caso, ninguém se entregará só  porque o inimigo é bonzinho, mas que a crueldade pode fazer o  inimigo resistir até a morte, isto também é real. Na História Pátria podemos ver como Caxias, agindo com bondade, só pacificou, e como Moreira César, com sua crueldade, só incentivou a resistência até a morte em Canudos.

O General Dionísio e o interprete alemão – Major Kludge, se tornaram amigos e se corresponderam até a morte do primeiro, no início dos anos 90. O General Mark Clark, comandante do 5° Exército norte- americano, ao qual a FEB estava incorporada, disse que foi um magnífico final de uma ação  magnífica. Dionísio disse apenas que a história real é ainda mais bonita do que se fosse somente um grande feito militar.”

Cel.Hiram Reis e Silva

Mensagem do Gal. Eisenhower sobre as áreas de desembarque em D+2

CONFIDENCIAL

DE: POSTO DE COMANDO DO SHAEF, Comandante Supremo.

PARA: AGWAR

DATA: 8 de Junho de 1944

Acompanhado do Almirante Ramsay ontem eu fiz um tour completo de Destróier nas áreas de desembarque, começando pela direita.

Os desembarques na península Cotentin ocorreram aparentemente tão bem quanto esperado com a 101ª Divisão Aerotransportada executando suas missões de uma boa forma. Informações sobre a 82ª Aerotransportada são poucas, mas o General Bradley me informou que o Sétimo Corpo fez contato com ela. Na praia a oposição ao Quinto Corpo foi fortemente inesperada devido à presença de uma divisão inteira alemã nas praias, que estava manobrando. As baixas foram consideráveis nessa força e os desembarques foram mais difíceis devido à proteção das praia por artilharia inimiga. Além disso, uma grande parte dos tanques afundaram no caminho da praia. Devido ao tempo ruim essa decisão foi tomada em outras praias. Os tanques foram descarregados diretamente nas praias a partir dos LCT’s que os carregavam.

À tarde no dia 7 de Junho, General Bradley percebeu que as condições estavam melhorando em Omaha Beach e alguns passos estavam sendo tomados para substituir a artilharia que foi perdida no desembarque devido a fogo de artilharia e o afundamento de barcaças. Por causa da formação do terreno nessa área em particular, a pontaria para o fogo naval foi particularmente difícil e assim que os problemas surgiram em terra, particularmente de baterias fixas, tanto o bombardeio aéreo quanto os tiros navais foram relativamente ineficientes em apoiar o desembarque.

Em todo o front americano o plano tático imediato foi alterado com o objetivo agora dos dois corpos executarem em breve uma corrida para Carentan para se unir, depois disso as concepções originais serão seguidas.

No fronte da 15ª Divisão Britânica o avanço foi muito bom embora, como nos outros lugares, o desembarque foi afetado pelo tempo ruim. Da mesma forma nas frentes da 3ª Britânica e da 3ª Canadense o avanço foi satisfatório embora o tempo ruim forçou o Comandante da Força Naval a ordenar a secagem completa dos LSTs porque as barcaças ‘Rhino’ não funcionavam. Nessa frente em particular as praias estavam planas e duras e acredita-se que não houve nenhum dano aos LSTs.

Por todo o fronte nos perdemos um numero considerável de pequenas barcaças de desembarque, tanto pelo tempo ruim quanto pelas minas. Essas eram minas Teller que abriram buracos consideráveis nas barcaças de desembarque, mas um grande numero delas pode ser consertada assim que os grupos de manutenção chegarem em terra e começarem a trabalhar. A perda dessas embarcações, somadas ao tempo ruim, atrasou o desembarque de todos os suprimentos e na tarde do dia D+1 nós estávamos aproximadamente 24 horas atrás de nossa agenda de descarga planejada. O tempo melhorou acentuadamente na noite do dia D+1. Se esse intervalo de tempo bom se prolongar por alguns dias faremos muito em direção ao nosso objetivo.

Ao longo do dia eu falei com o General Montgomery e o General Bradley e com os Almirantes Kirk, Cian, Douglas Pennant e Oliver. Todos estavam desapontados com as condições de desembarque desfavoráveis e todos acham que a melhora do tempo teria uma correspondente melhora de nossa posição.

No retorno do Almirante Ramsay e eu aos Quartéis Avançados às 10 p.m. nós nos informamos que aparentemente capturamos Bayeux.

Hoje de manhã eu fui informado que um contra-ataque alemão por parte de duas divisões Panzer está ocorrendo na direita do setor Britânico e teve algum progresso. No entanto, ontem à tarde enquanto eu estava presente naquelas praias a 7ª Divisão Blindada estava ocupada descarregando e essa ameaça inimiga deve ser efetivamente retaliada.

Nas praias americanas a 2ª e a 19ª Divisões estavam para desembarcar ontem à noite e, apesar de eu não ter nenhum relatório essa manhã, eu acredito que o bom tempo ontem a noite permitiu o desembarque de consideráveis reforços naquelas regiões.

Devido à natureza flexível da batalha, está sendo extremamente difícil dar alvos lógicos à maioria de nossas forças aéreas, mas eu estou certo que se o tempo permitir nós iremos intervir por ar efetivamente em qualquer tentativa de contra-ataque do inimigo.

Fim da mensagem.

CONFIDENCIAL

O Dia D – Visto por um ângulo Diferente

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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